Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   A julgar pelos olhos de Ucker naquele exato momento, milhares de pensamentos absurdos e enlouquecidos devem ter gritado em sua mente. Haviam várias opções para resolver uma situação como aquela e isso incluía armas, socos, tiros e muito sangue. Ele respirou fundo, obrigando seus pés a se moverem e sua mente a raciocinar. A tradicional surra nunca falhava. Ucker bufava quando atravessou em milésimos de segundos a enfermaria, em direção a maca onde Dul estava. A ruiva ouviu os passos apressados e se assustou, olhando para o lado, dando de cara com um tipo de expressão que nunca tinha visto antes no rosto no namorado. Ela teve uma reação defensiva, deu três passos pra trás se afastando, e foi muita sorte, porque no outro segundo, Ucker estava puxando o outro soldado pela gola da camisa.

- Que isso? – Smith arregalou os olhos e segurou a mão de Ucker, mas já estava preso.

- Quem você pensa que é, seu... – Ucker jogou o soldado pra o lado, o mesmo caiu sob uma mesinha de metal, derrubando todos os utensílios de enfermagem, caindo no chão todo errado.

- Para com isso! – Dul segurou o braço dele.

- Me solta, Dul! – Rebateu ele, encarando Smith que estava deitado no chão, tirando um bisturi fincado no seu braço.

- Ai! – Resmungou Smith. – Você tá maluco, Uckermann? Eu não fiz nada!

- Você é um merda, eu nunca gostei de você!

- Ei, ei. – Dul o virou de frente para si. – Calma, tá bom? Calma. – Ela segurou o rosto dele com as duas mãos. – Não faz isso.

   Ucker olhou nos olhos dela e começou a respirar fundo, se acalmando as poucos. O soldado Smith estava deitado no chão e observava a cena com os olhos arregalados, outras pessoas começaram a se aproximar, atônitas.

- Entendi tudo agora! – Smith gargalhou. – Você tá comendo a enfermeira gostosa!

   Não teve como Dul segurar Ucker naquele momento, ele voou com tudo na direção de Smith, bufando de raiva e apoiando seu corpo sobre o dele, deu-lhe um soco no rosto. Dul olhava a cena horrorizada, pedindo pra que Ucker parasse, mas o soldado deu mais três socos em Smith antes que alguém conseguisse tirá-lo de cima do soldado.

- Enlouqueceu? – Era o capitão, ele segurava Ucker com os dois braços envolvidos no tronco dele. – Controle-se imediatamente, cabo! – Ordenou ele e Ucker parou com todo a ataque de fúria.

- Tudo bem, tudo bem, me solta. Eu estou calmo. – Ele ergueu as duas mãos e parou.

   O general virou-se de frente pra ele, os encarando, primeiro olhou para Ucker, depois para Smith, jogado no chão.

- Qual o probelema com vocês dois? – O homem perguntou. – Perderam completamente a noção de quem é o inimigo? Guardem toda essa macheza e todo essa testosterona para o campo de batalha! Eu não quero provas que são bons soldados dentro da minha base, quero lá no combate! Entendido?

- Sim, senhor. – Smith respondeu, levantando-se com a ajuda de um outro soldado.

- Uckermann? – O general voltou-se para ele.

- Sim, senhor. – Assentiu ele, por fim.

- E eu só não mando prender os dois agora, porque vamos para o combate ainda hoje! – Ele apontou para os dois e depois saiu, marchando com suas botas pesadas.

   Ficou um silêncio constrangedor no ambiente, os soldados e as enfermeiras se encaram, todos estavam calados e atônitos. Smith levantou-se e lançou um olhar de raiva para Ucker, antes de sair rapidamente dali, o resto também começou a se dispersar e Dul se baixou para catar o que tinha caído no chão.

- Deixa isso aí. – Suspirou Ucker.

- Não, eu... eu preciso... – Ela começou a soluçar, lágrimas caíram.

- Para, Dul. – Ucker sussurrou e se abaixou ao lado dela, segurando as mãos de Dul.

- Vamos fazer um curativo nisso aqui. – Dul olhou pra sobrancelha dele e se levantou. Ucker apoiou-se na maca e ela abriu uma gaveta num pequeno armário, pegando uma bola de algodão e a molhando num líquido. – Eu não vi ele te acertar um soco.

   Ucker riu de leve e não respondeu.

- Está com medo? – Sussurrou Dul, passando o algodão pelo rosto dele, ardia um pouco, mas nem era um corte muito grande, supercílio é conhecido por sangrar demais.

- Já tive machucados bem piores. – Ele deu de ombros.

- Não estou falando do machucado, Ucker.

   Ucker suspirou pesado.

- Não por mim. – Respondeu, por fim. – Por nós, enfim, por você.

   Dul ficou em silêncio por alguns segundos, continuando a realizar seu trabalho.

- Papai me mandou uma carta. – Ela murmurou.

- Que bom. Como ele está? – Ucker fechou os olhos enquanto ela limpava.

- Está bem. Muito preocupado comigo. Quase implorou pra que eu voltasse. – Dul respondeu, naturalmente.

   Ele abriu os olhos e segurou na mão dela.

- Que voz apreensiva é essa? – Ucker perguntou. – Aconteceu alguma coisa, Dul?

- Não. – Ela desviou o olhar.

- Dul, está me escondendo algo, tenho certeza.

- Papai me deixou... hum, intrigada, vamos dizer.

- Divida comigo. – Ele pediu.

- Ele disse que sonhou comigo e descreveu um sonho onde eu estava fardada, correndo atrás de você no meio dos tiros e da guerra.

- E você está preocupada com isso? – Ucker questionou.

- Isso não. – Ela jogou o algodão fora, ficando de costas pra ele. – Com o fato de no sonho, eu estar com uma barriga de grávida enorme.

   Ela virou de frente pra ele, colocando as duas mãos nas costas e Ucker engoliu em seco.

- Dul, você acha que pode...

- Shii. – Dul o interrompeu, colocando a mão na boca de Ucker e olhando para os lados. – Ninguém pode saber disso, pelo amor de Deus.

   Ucker a ficou encarando com os olhos arregalados e assentiu, Dul tirou de leve a mão da boca dele.

- Eu parei de tomar meu anticoncepcional desde que cheguei na Legião. Não dava e eu também não tinha planos de transar, Ucker. – Dul sussurrou muito baixo, mas ele entendeu. – E agora, bom, naquele dia no banheiro... Ucker, não nós protegemos. Eu nem pensei nisso, nunca usei preservativo.

- Isso tudo quer dizer que nesse exato momento... – Ele sussurrou no mesmo tom.

- Eu posso estar grávida. – Dul o interrompeu e sorriu de nervoso.

- Ai, meu Deus. – Ucker teve que prender as duas mãos na beira da maca para se manter de pé.

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Beijocas ;*