Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   Ucker começou a respirar fundo e não sabia se ria ou se chorava. Começou a sentir uma onda de nervosismo, de felicidade, de medo, de tristeza, caramba, ele não sabia o que sentia, na verdade.

- Você não pode tá grávida, não pode. – Ucker cerrou os dentes, parecia com medo.

- Shii. Fala baixo, Ucker, por favor. – Ela olhou em volta e colocou a mão na boca dele de novo. – Eu não tenho certeza, as chances nem são tão grandes, calma. Foram só três dias atrás.

   Eles ficaram se olhando por longos segundos, até que ele assentiu, parecendo mais calmo, então Dul tirou a mão da boca dele.

- Esquece isso. – Ela pediu. – Eu só queria dividir com alguém, em especial, com você. Não tenho com quem conversar aqui... – Dul fez um biquinho.

- Tudo bem, amor. Não vamos nos preocupar com isso agora. – Ucker assentiu e acariciou o rosto dela.

- Você tem que ir. – Ela estava prestes a chorar.

- É, eu tenho mesmo. – Ucker suspirou.

- Pro combate...

- Infelizmente. – Ele entortou os lábios, tinha que engolir o choro.

- Você vai sentir minha falta? – Dul deixou a primeira lágrima cair.

- Todas as vezes que meu coração bater. – Ucker suspirou e a abraçou rapidamente, dando um beijo em sua testa.

   Mais uma despedida para o histórico deles. Mais uma que doeria neles e que os separaria por um tempo indeterminado.

   Ucker foi embora naquela tarde, junto com todos os outros soldados da base, marchando em direção a guerra. Nem pode olhar pra trás e acenar para a enfermeira que chorava com a sua ida, com a mão instintivamente sobre a barriga. Ela rezou pra que o tempo passasse rapidamente e que Ucker fosse protegido de qualquer mal e perigo que a guerra tinha a lhe oferecer.

   Suas preces foram escutadas e o tempo passou. Cinco semanas se passaram, os grupos rebeldes islâmicos continuavam a atacar o Mali, mas os legionários estavam se saindo muito bem na missão e apenas nesse tempo, conseguiram controlar e eliminar quase metade dos grupos. Mas o pior, o principal, estava atacando e dominando territórios importantes. Isso estava deixando o general cada vez mais preocupado e Dul também. Ela olhava nome por nome na baixa, que estava sendo atualizada duas vezes ao dia, torcendo para que seus olhos nunca encontrassem o nome de Ucker ali. Ela até arregalou os olhos ao ver o nome do soldado Smith na lista. O resto, ela não conhecia de nome, mas sabia que eram soldados com famílias os esperando em casa, talvez com namoradas, esposas, filhos que os esperariam para sempre. Tantos homens perdendo sua vida por causa de uma guerra.

   O dia estava quente, Dul estava parada em frente ao papel colado na porta da enfermaria, deixando que seu dedo escorregasse pelos nomes escritos na baixa daquela tarde. Quando a lista acabou, Dul sorriu, ele estava vivo. Uma onda de alívio percorreu seu corpo e ela fechou os olhos, encostando a testa no papel e agradecendo a Deus mentalmente. Mais um dia de sobrevivência, mais uma vitória, mais um dia vencido. Quando abriu os olhos e se ajeitou na postura certa, sentiu as pernas tremerem e tudo ficou muito escuro, como se uma luz estivesse sido apagada. A visão ficou apagada, e tudo girou, Dul apenas sentiu seu corpo caindo, lentamente, como se caísse num buraco imenso, num lugar sem chão.

- Dulce, Dulce. – Uma voz disse ao seu lado, ao longe, bem no fundo, ela podia ouvir agora o eco em sua mente. A enfermaria não estava cheia, longe disso, mas Dul temeu por quem tinha assistido aquilo. – Ai, meu Deus, ajuda aqui.

   Logo depois, ela sentiu alguém erguendo seu corpo e aos poucos, a visão começou a clarear. O soldado colocou Dul sobre uma maca e Luna apoiou a cabeça dele.

- Dulce. Tá me ouvindo?

- Uhum. – Ela assentiu com a cabeça e fechou os lábios em seguida, um gosto forte e amargo estava tomando conta de sua boca.

- O que está sentindo? – Luna perguntou.

- Eu... estou bem. – Ela tentou sentar, mas foi impedida. – Estou bem, Luna. Foi... o calor.

- Dul, você está numa enfermaria, pelo amor de Deus, deite-se que eu vou ver sua pressão.

- Não posso. – Dul disse, entredentes. – Com licença.

   Dul levantou-se da maca rapidamente e correu até o banheiro, em passos apressados, quase tropeçando. Luna arregalou os olhos ao ver a garota com a mão na boca, tendo um mal pressentimento. A ruiva caiu na frente da privada e começou a vomitar tudo o que tinha almoçado no refeitório, vomitou até não ter mais nada no pra sair. Depois, levantou-se e lavou a boca na pia, apoiando as duas mãos. Molhou a mão na água gelada e passou na testa suada, quando foi surpreendida por Luna, bem atrás de si.

- Você está grávida, não está? – Luna sussurrou, lhe entregando uma toalhinha branca pra Dul.

- Tenho quase certeza que sim. – Dul abaixou o rosto.

- O Christopher sabe?

   Antes de responder, Dul sentiu uma pontada muito forte na barriga e disse “ai”. Luna se aproximou dela e a deu apoio.

- Senti uma pontada. – Dul arfou e acariciou a barriga. – Calma, já passou. – Ela olhou pra Luna.

   Não, não tinha passado. Ela não imaginava, mas estava sentindo o perigo que Ucker corria. Sentia o que estava pra acontecer com o soldado. Aquilo era um aviso que ela não imaginava.

Comentem, ganham mais ! Reta final chegando ;*