Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   Não havia nada que ele quisesse mais no mundo do que levantar daquela cama e impedir aquela droga de casamento. Mas e se estivesse se precipitando? Se ela estivesse prestes a ser feliz, se ela gostasse do cara de verdade? Porque era isso que ela queria. Ele tinha ido embora, se afastado dela com aquele objetivo, pra que ela fosse feliz com outra pessoa que pudesse estar ao seu lado sempre. E agora, o que ele estava fazendo, voltando atrás da sua decisão? Tinha que ser maduro o suficiente pra aceitar a perda, pra entender que Dulce não era mais dele.

   Johnny, o canadense de olhos verdes, pulou em cima de Ucker, tentando animar seu amigo soldado.

- O que aconteceu, Uckermann? – Disse ele, sentando-se na beira da cama.

- Eu sou um idiota. Vou ser um velho sozinho. – Ucker sentou-se ao lado dele.

- Por que isso agora?

- A Dul vai se casar com outro cara. Amanhã. – Ele sentiu os olhos arderem. – E eu não posso fazer nada pra impedir isso. Se eu não tivesse ligado, eu nem saberia, ela ia casar e eu nem saberia.

- O que você queria afinal, cara? – Johnny uniu as sobrancelhas. – Você disse pra ela ser feliz, pra ela te esquecer e seguir a vida dela. Ela só está tentando atender seu pedido, cara. Não está errada.

- Eu sei, Johnny. Mas a Dul é a mulher da minha vida, ela é minha. Você quer que eu fique feliz sabendo que ela agora será de outro homem?

- Você acha que vai resolver ficar sentado aí, se afogando em lágrimas e baba? – O soldado canadense sugeriu, erguendo as sobrancelhas. – Joga um dinheiro na carteira e vai atrás dela.

- Não posso.

- Por que não? Olha, se não fizer isso, sabe que vai viver com isso pra sempre na sua vida. Só tem vinte e cinco anos e vai ser um amargurado pra sempre... – Jonathan disse, bem sério. – Quer isso pra sua vida? Ter dezenas de mulheres na cama mais não amar nenhuma? Não dizer um “eu te amo” enquanto deita-se com uma mulher?

- Não posso fazer isso. Eu tenho que ser forte, por ela, cara.

- Você acha que ela tá casando por amor? Ela só tá tentando tapar o buraco que você deixou. Ela também nunca será feliz, cara.

   Ucker abaixou o rosto, pensativo. Seu coração começou a acelerar e uma adrenalina, uma ansiedade de fim de filme o estava invadindo. Então, ele levantou-se, olhando no espelho por um momento. Depois de tomar uma ducha gelada e se vestir, ele se olhou no espelho enquanto arrumava sua boina e pegava sua carteira, jogando-a no bolso de trás.

- Valeu, meu amigo. Eu vou lá.

- Boa sorte. – Johnny sussurrou e eles se abraçaram por um instante amigável.

   Então, o soldado saiu do alojamento para cumprir uma missão: impedir aquele casamento e trazer Dul de volta para onde era seu lugar. Em seus braços.

   Dul estava deitada, abraçada a Fernando. Ambos estavam na casa dele, deitados seminus na cama, ele dormia serenamente enquanto ela permanecia com os olhos abertos olhando para o teto. O que estava fazendo? Em que mundo estava entrando? Seria que estaria destinada aquela vida atuada, fingindo pra sempre? Porque era isso que ela sentia. Quando deitava-se com Fernando, sentia nojo de si mesma. Nunca imaginara que fosse um dia, pertencer a outro homem. Que um dia ela fosse beijar, deitar e ser de outro homem que não fosse Christopher Uckermann. Ela estava abraçada a um corpo quente, mas estava sentindo-se fria.

   A ruiva levantou-se, passando as mãos nos cabelos e não fez nenhum barulho para não despertar seu noivo. Desceu a escada da casa, passos delicados nos degraus, e caminhou até o banheiro. Quando parou diante do grande espelho que ocupava uma parede inteira, viu a mulher que costumava trazer sempre um sorriso no rosto e uma felicidade intensa após fazer amor. Agora, essa mesma mulher estava ali, com um conjunto de calcinha e sutiã brancos, se encarando com desgosto.

   Ela foi até a cozinha, passando pela grande sala de estar, então procurou uma taça no armário e pegou uma garrafa de vinho. Se serviu, bebericando de leve e sentindo o gosto suave do vinho em sua boca. Depois de mais uma golada, seus lábios estavam vermelhos e levemente sensuais. Seu celular tocou e ela atendeu no primeiro toque, esperando que fosse o soldado mais lindo do mundo ligando.

- Ucker? – Dul sorriu.

- Não. Por que seria o Ucker? – A voz de Annie soou no ouvido de Dulce. – Estava esperando a ligação dele? Oh, então vou desligar...

- Não, pare com isso. Não diga besteira. – Dul levou a mão até a testa.

- Que voz é essa, TPC? – Annie riu.

- O que?

- TPC. – Repetiu Ananí, entendiada, como quem fala com uam criança. – Tensão pré-casamento.

- Não, nem é isso. E pare de inventar siglas.

- Não inventei. – Anahí sussurrou. – E você está fugindo da nossa conversa?

- E qual seria nossa conversa? – Dul passava o dedo indicador na barra da taça.

- Você tem certeza do que está prestes a acontecer amanhã?

   Dul se calou. Depois de beber um gole, pensou.

- Não.

- Então porque está se arriscando desse jeito? Você vai casar com ele sem amá-lo? – Anahí murmurou. – Olha, casamentos já são difícies com amor, imagina sem?

- Annie, não faz isso. Já chega. Eu não vou ficar sofrendo pelo Ucker pelo resto da vida.

- Dul, você vai aturar um casamento de mentira na sua vida inteira. Ter que suportar isso numa tentativa fraca de esquecer o Ucker?

- Não. – Suspirou Dul. – Sim.

- Eu adoro o Fernando, eu sei que ele faria tudo por você, mas...

- Ele me faz feliz, Annie. Você não quer ver minha felicidade?

   Annie respirou fundo.

- Tudo bem, amiga. Então, tudo bem. – A loira rendeu-se. – Tenha uma boa noite de sono, porque amanhã o dia vai ser longo. Eu estarei aí bem cedo pra te ajudar.

- Ótimo. Até amanhã, amiga.

   Annie desligou em seguida. Dul suspirou e tomou mais um gole de seu vinho, depois quando virou-se, Fernando estava descendo a escada só de cueca.

- Fugiu da cama? – Perguntou ele, quando entrou na cozinha.

- Não, eu só vim beber um pouco.

- Você não bebe, Dulce. – Ele tirou a taça da mão dela e colocou sobre a mesa.

- Agora bebo. E é só vinho.

- Tá tudo bem?

- Uhum. – Ela assentiu com a cabeça.

- Nervosa?

   Dul sorriu e concordou, mordendo o lábio inferior.

- Vai dar tudo certo, tá bom? – Ele beijou a testa dela e a abraçou, Dul encostou a cabeça no peito dele. – Amanhã será o primeiro passo para sermos felizes para sempre.

   “Não, pelo contrário. Será o primeiro passo para me torturar para sempre”, pensou ela, apertando os olhos. 

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