Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   Dulce estava parada diante do grande espelho de sua casa, se olhando. Não gostava muito daquele vestido branco, a mãe de Fernando era quem tinha escolhido e no dia, a noiva fingiu adorar. Mas foi só pra acabar logo com aquela tarde de compras torturantes e voltar pra casa. Agora, olhando bem, não era o que ela esperava para o dia de seu casamento. Não que fosse feio, mas não era do jeito que ela queria. Talvez não fosse o vestido, talvez fosse o casamento em si. Ela com certeza ia ficar botando defeitos em tudo, mas sabia muito bem o porquê. Não era nada parecido com os casamentos comuns, que as mulheres aguardam ansiosamento o dia, para se tornarem esposas. Dul só estava ali pra construir uma vida e uma família e no final, não ter tido uma existência sem sentido. Ela nem fez questão de sorrir quando lhe sacaram uma foto.

   Dulce entrou na limousine que a esperava, cumprimentando o motorista e batendo a porta. Estariam todos a sua espera, claro, mas ela não estava muito atrasada. Agora ela estava se preparando mentalmente e psicologicamente para sorrir até suas bochechas doerem e lembrar de suas aulas de teatro quanto tinha sete anos. Porque era isso que faria ali, fingiria, atuaria, se enterraria. Chame como quiser.

   Enquanto isso, na rodoviária, um soldado descia de um ônibus correndo, passando pelas pessoas com certa velocidade. Nem acreditava que tinha dado a sorte de conseguir um avião e um ônibus, porque era a primeira vez que fazia o caminho sozinho. Estava com medo de não dar tempo e não fazia a menor ideia de que horas seria o casamento, mas lembrava-se de Chris dizer um dia no telefone: “certo, três horas é um bom horário” e alguma coisa lhe dizia que era sobre o casamento. Agora fazia sentido porque o loiro desconversou quando questionado sobre o assunto. Ucker continuou a correr, sem nenhum sinal de cansaço, sem nenhuma gota de suór, apenas dizendo “da licença” misturados e rápidos. Não fazia ideia que era tão tarde até olhar no relógio grande da parte sul da rodoviária, informando-lhe que já eram quase quatro horas da tarde. “Se acalma, Ucker. Noivas sempre se atrasam”, pensou ele, puxando o ar pelo nariz e soltando pela boca. Mas e se Dul tivesse sido bem pontual também no dia de seu casamento? Ou se tivesse se atrasado meia hora?

   Ele balançou a cabeça, afastando a ideia. Ficar tendo aqueles pensamentos não adiantaria em nada. Ele então concentrou-se para lembrar o nome da igreja, mas nem precisou disso quando viu um amontoado de gente em frente a igreja matriz da cidade, todos bem arrumados. Assim que ele parou, checando e processando as informações, uma limousine preta e comprida parou diante da igreja e alguém abriu a porta. Uma mulher de branco desceu de lá, com um buquê nas mãos. O véu curto escondia os cabelos vermelhos soltos para trás, mas para Ucker, ela era inconfudível. Meu Deus, ela estava linda, mas ele precisava ter uma reação ou ficaria parado ali, olhando-a entrar na igreja. Era agora ou nunca, precisava se decidir? Impedia ou não? Já tinha atravessado um oceano por ela, desistir estava fora de questão.

- Dul! – Gritou ele e as conversas altas pararam imediatamente. Todos os convidados que estavam parados ali fora, até mesmo o pai de Dulce, olharam para ele. Só ela que não, parecia estar em choque, completamente paralisada.

   Dul não conseguia e nem podia acreditar que era a voz de Ucker que estava gritando seu nome. Sua mente devia estar lhe pregando uma peça, só podia ser isso. Mais que droga, pra onde todo mundo estava olhando? Ou melhor, pra quem?

- Dul! – Chamou ele, de novo, impaciente, dessa vez sua voz estava mais próxima.

   A ruiva virou-se de uma vez só, jogando o cabelo no rosto e olhando para o homem mais lindo que já pisou na face da Terra completamente fardado, com perfeição da cabeça aos pés. A vontade dela era correr até ele e pular em seu colo, envolvendo as pernas em seu quadril enquanto beijava cada centímetro daquele rosto queimado de sol.

- Você está maravilhosa. – Sussurrou ele, sorrindo de leve.

- O que você está fazendo aqui? – Dul sentiu a voz falhar e as mãos tremiam.

   As pessoas começaram a sumir de repente, sem dizer uma palavra, para deixá-los a sós.

- Vim pra lhe encontrar. Te dizer que eu sinto muito. – Ucker abaixou o olhar para o rosto dela. – Você não sabe o quanto amável é.

   A ruiva sentiu os olhos lacrimejarem.

- Eu tive que te encontrar, te dizer que eu preciso de você. E te dizer que eu te deixei de lado. – O soldado estava sendo o mais sincero possível e impossível. – Foi uma pena nós nos separarmos. Eu te amo, Dul. E eu queria que se, sei lá sabe, se for pra você se casar, case-se sabendo disso.

- Eu estou feliz, Ucker. Era isso que você queria.

- Você não parece feliz.

- Mas estou. – Rebateu Dul.

- Ele te faz rir como eu fazia?

- Não.

- Então por que está com ele?

- Porque ele não me faz chorar como você me fez.

   Ucker ficou calado.

 - Quando você estava triste, eu fui a sua palhaça. Quando eu estava triste, você foi o motivo. – Disse Dul e as lágrimas cederam, mas ela as secou em seguida. – Tenho pena dele e de quem me conheceu depois de você, assim, desacreditada. Dá vontade de falar “desculpa, é que já passou alguém por aqui e levou tudo”.

   O soldado segurou a mão dela.

- Me perdoa, Dul.

- O que você quer, que eu desista de me casar?

- Que você faça o melhor para você.

   Dul então puxou a mão.

- Você é inconstante, Ucker. É instável. Eu não posso me arriscar mais desse jeito.

- Você o ama, Dul?

- E isso importa? Hoje em dia, amor não é mais tudo. – A ruiva disse, convicta. – E eu posso aprender a amar.

- Você quer mesmo isso?

   Dul riu, de nervoso, porque lágrimas ainda enfeitavam seu rosto.

- Engraçado, vê como as coisas mudaram, o rumo diferente que tomamos, a promessa de eternidade que não foi cumprida. Achei que entre nós era diferente, que amor assim só se encontrava uma vez na vida. Talvez essa seja minha sina, decepções. Mas não me arrependo, de verdade, da minha parte você teve amor e fidelidade, por mim ainda estaríamos juntos, mas como sempre você complicando tudo, não se deu a chance de tentar ser feliz. Ainda me perco pensando como o que você sentia por mim acabou, todos os “eu te amo” que você me disse, todas as vezes que te arranquei suspiros…não é possível que não tenha sobrado nada. Mas eu continuo aqui, tentando encontrar minha felicidade, tentando encontrar um amor, torcendo que ele seja retribuído. Desejo o melhor pra você, apesar de você ser o meu cara, espero que nenhuma garota te faça sofrer como você me fez. A dor com um tempo vai diminuindo, mas sempre vai tá presente, como um fantasma da ideia de uma vida perfeita ao seu lado. Só não esquece que eu vou sempre ser a sua garota, independente do que me aconteça. Isso nunca vai mudar.

  Depois disso, Dul abaixou o rosto, passando a mão nas bochechas, secando os vestígios de lágrimas, depois virou de costas e saiu, indo até onde seu pai lhe aguardava. Assim que ela parou com o braço dado com Juan, espalhou um sorriso no rosto e a música matrimonial começou a tocar quando as portas da igreja se abriram.

    Ucker a observou ir, com uma certeza: Dul tinha desacreditado no amor que ele sentia por ela. Agora, a ruiva não achava que ela a amasse da forma que dizia. O que ele precisava fazer para provar isso?

    Bom, isso ele ainda não sabia. Mas uma coisa ele tinha certeza: aquele casamento não ia se realizar. Nem por cima de seu cadáver.

Comentem, meus doces <33

Adorei os comentários, também tô vibrando aqui, a próxima cena é uma das minhas preferidas na história toda...