Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   Mais de uma semana se passou, e o tempo trouxe um certo alívio para a situação. As roupas de Ucker tinham chego, enviadas por Johnny, Laura estava hospedada na cidade, no único hotel que havia pela redondeza e passava os dias ligando para Ucker e reclamando sobre estar com enjoos ou desejos absurdos. Isso fazia Dul respirar fundo ao ver o namorado largar tudo para atender as loucuras da futura mamãe. Estava ficando insuportável dividir aquilo e Dulce imaginava como seria quando a criança viesse a nascer.

   Numa tarde ensolarada, Dul e Ucker estavam andando de bicicleta, como duas crianças, Ucker controlava enquanto Dul vinha sentada no guidão, balançando as pernas e gargalhando ou gritando toda vez que o namorado fazia curvas e tremia propositalmente. Eles estenderam um lençol vermelho no chão de grama, num campo aberto que havia na floresta, onde geralmente alguns homens vinham praticar algum esporte em bando, mas hoje estava completamente vazio. Ucker sentou-se e Dul sentou entre as pernas dele, apoiando as costas no peito do namorado, enquanto olhava para a paisagem.

- Sabe o mais engraçado disso tudo? – Ele murmurou.

- Deixa eu adivinhar... Você achava que nunca ia passar por isso novamente? – Sugeriu Dul, sorrindo. – Achou que nunca mais fosse ficar comigo assim, abraçadinho?

- Obrigado, Dul. – Ele fechou os olhos.

- Pelo quê? – Ela virou o pescoço para encará-lo.

- Obrigado por não desistir de mim, mesmo eu te dando motivos para isso.

   Dul assentiu e virou-se por cima dele, beijando-o enquanto se deitavam sobre o lençol. Depois de abraçaram e Dul colocou a cabeça apoiada naquele peito forte e largo e fechou os olhos, tentando esquecer do mundo que havia fora daquilo.

- Você está bem?

- Sim, acho que sim. – Dul suspirou profundamente.

- No que está pensando? – Ele acariciou o cabelo dela.

   Ela permaneceu calada por aguns instantes.

- Dul?

- Eu andei pensando em nós dois e...

   Antes que ela terminasse de falar, o telefone de Ucker emite seu alto som de chamada e Dul fecha a boca novamente. Nos últimos dias só o que tinha escutado ao lado do namorado era o toque celular dele enquanto Laura arrumava mil e uma dores e desculpas para afastar Ucker de Dulce e aproximar o soldado dela. A ruiva revirou os olhos e respirou fundo, Ucker se afastou delicadamente dela, sentando no lençol e atendendo logo no segundo toque.

- O que foi agora, Laura? – Ele levou a outra mão até o rosto. – Hum, sim. Sim, sei. Porque não me avisou isso antes?... Olha, eu não estou próximo de casa, não. Na verdade, fica meio difícil daqui... É o quê? Tudo bem, estou indo, então.

- Você o quê? – Dulce logo perguntou enquanto ele finalizava a chamada.

   Só aceitaria a ida dele em caso de morte.

- Eu... hum, preciso ir numa consulta com a Laura. – Ucker coçou atrás da nuca.

- Agora?

- Daqui a meia hora.

- Ucker...

- Dul, hoje é a consulta pra saber o sexo do bebê. – Ele a cortou.

- Mas já?

- Sim, mais de três meses de gestação. – Ucker uniu as sobrancelhas, tinha certeza de já ter falado isso para a namorada, e Dul costumava ter sempre uma memória muito boa. Talvez ela apenas tenha ignorado aquela informação, seu cérebro simplesmente bloqueou o que não lhe fazia bem.

- Essa menina não tem família?

- A família dela agora somos nós. – Sussurrou ele, se referindo a si e ao bebê que estava a caminho.

- Nós não, eu não engravidei  ninguém. – Dul levantou-se, batendo com as mãos no short jeans.

- Não dê uma de burra ou de imcompreensível, Dul, não combina contigo, você é muito inteligente para isso. – Ucker também se levantou.

- Eu? Inteligente? – Uma pitada de ironia apareceu na voz dela. – Inteligente é a Laura, conseguiu fazer um sonho seu ser realizado. Ela arrumou um filho seu e te fez ter um elo eterno com ela, não poder sair da sua vida nunca mais. Mas eu? Que garantia eu tenho que de hoje pra amanhã você não caia numa de viver ao lado da mãe do seu filho e criar um moleque loirinho?

- Dul, não começa com isso de novo. Pensei que já estivesse resolvido.

- Não, falta uma coisa. – Dul deixou uma lágrima escorrer, mas em sua face a expressão era de quem tá orgulhosa de si, quem sente a força e a coragem que está tendo. – A gente já devia ter aceitado, porque a vida tá jogando na nossa cara: não nascemos pra ficar juntos. Temos um amor lindo, Ucker, mas ele tá desgastado porque nós só sabemos sofrer. Sabe, se colocar numa balança o que já choramos e o que já sorrimos, nós dois sabemos que lado vai pesar mais. Só aparecem dificuldades e quando eu penso que tá tudo bem, que vai ficar tudo bem e que o último capítulo da novela chegou, não chega. Acontece mais alguma coisa, mais alguma coisa pra te afastar de mim, pra te jogar de volta pro lado contrário do que estou. Porque é exatamente assim que eu penso, isso aqui é como uma novela. Nós brigamos e isso dá raiva, porque seria tão mais fácil resolver. Que história complicada essa nossa, Romeu e Julieta perde... – Ela secou mais lágrimas. – E a gente luta, luta, vence, passa por cima, desvenda os mistérios e as intrigas, mas o final feliz nunca chega. Porque talvez ele nem exista. Talvez ele só vá existir quando você virar de costas e voltar para a França e ficar por lá até encontrar um desses personagens arranjados em final de novela pra não deixar ninguém sozinho. E eu vá ser feliz pela metade com alguém que nem apareceu direito na história. Mas assim, pelo menos assim, a paz vai chegar pra nós dois. Longe, distante, afastado, mas em paz.

   Ucker ficou calado e quando piscou os olhos, as lágrimas caíram. Não conseguia acreditar que como num filme repetido, aquilo estava acontecendo de novo. Quando abriu a boca pra falar, Dul o calou com o dedo e olhou em seus olhos.

- Me desculpa. Eu queria ter sido melhor. Você é a pessoa certa, só que na hora errada. – Ela fungou o nariz e soluçou. – Eu queria ficar com você, porque eu já imaginava uma vida toda ao seu lado. Envelhecer e dormir com o pé enrolado no seu. E rir quando pensasse a quantidade de décadas que passamos juntos.

- Isso pode acontecer, Dul.

- Não, não pode. Olha, o seu destino é outro.

- Eu mudo. – O rosto do soldado estava molhado de lágrimas, mas a voz dele estava firme. – Eu mudo todo o destino, eu troco ele e vivo o seu. Ou então criamos um juntos,

- Ucker...

- Dul, por favor, não faz sentido você fazer isso comigo. Não podemos passar por isso de novo. – Ele não parava de falar, desesperado.

- Ucker... – Pedia ela, a voz baixa.

- Não destrói tudo.

- Ucker... Shii. Por favor. Fica calado e olha pra mim. Me escuta, meu amor. – Ela calou o soldado e olhou pra ele. – Eu estou grávida. Eu vou ter um filho, mas ele não é seu.

   Christopher Uckermann foi pego em total choque. Estava paralisado, completamente, abriu os olhos e a boca sem ter o que falar. Não sentia raiva dela, sentia algo como uma sensação horrível de algo escapando de suas mãos. Perdendo algo que lhe faria falta. Perdendo algo que vivia em constante montanha russa, uma hora era sua, na hora seguinte, não. Quando ele se perdeu em pensamentos, paralisado, viu a mulher que tanto amava virando-se de costas e indo embora, caminhando lentamente para um futuro o qual ele não pertencia, caminhando para um destino do qual ele não fazia mais parte.

   Perdê-la seria muito mais difícil do que tinha sido encontrá-la.

Comentem, hein...

Desculpem o sumiço, fim de semana complicado, mas aí está, não chorem (nem me matem) !