Fanfic: Tarde Demais | Tema: Laliter; Quase Anjos

Capitulo 18

Eram oito horas da noite quando Mariana acabava de chegar em casa. Mais um dia de trabalho redobrado... não aguentava mais. Suspirou cansada e foi indo com passos pesados até seu quarto. Durante o caminho, gritou para Emília, avisando que tinha chegado e logo depois entrou no seu quarto, tacando sua bolsa no chão e seu corpo amolecido na cama. Ficou um tempo de olhos fechados, relaxando, até que tomou coragem e levantou da cama, indo em direção ao banheiro para tomar banho. Tirou a roupa e ligou a água quente, logo entrando debaixo do chuveiro. Ficou um tempo sentindo a agua quente bater em seu corpo e fazendo seus músculos relaxarem... nada como um banho bem quente, pensou para si! 

Depois de tomar banho, Mariana vestiu um roupão e enrolou sua toalha em seus cabelos. Foi em direção ao seu armário e tirou de lá uma baby doll confortável, e depois se tacou na cama, pegando seu notebook que estava em cima do criado mudo. Quando o notebook ainda estava ligando, escutou a porta de seu quarto abrir e viu Emília entrando, parando em sua frente.

Emília: Mariana .. não vai jantar não?
Mariana: Hoje estou sem fome, mãe! Tomei um milk shake com a Cande quando estava voltando pra cá.
Emília: Ah sim -assentiu com a cabeça, mas depois ficou séria- Essa coisa de ficar trocando refeição faz mal, sabia? E eu não gosto!
Mariana: Eu sei, mãe, eu sei. -revirou os olhos-
Emília: Mas enfim .. se ficar com fome é só ir lá e esquentar a comida, ok? -Mariana afirmou, mexendo a cabeça- Agora vou dormir... Qualquer coisa me chama.
Mariana: Boa noite, mãe.

Emília sorriu e foi até Mariana dando-lhe um beijo na cabeça e em seguida virou e saiu do quarto. Mariana se ajeitou na cama, procurando uma posição mais confortável e voltou a olhar seu notebook. Entrou logo em seu e-mail, para ver se Peter tinha lhe respondido, e sorriu ao ver que sim.

De: peterlanzani@hotmail.com
Enviada: segunda, 24 de fevereiro de 2014 4:30:34 
Para: Marianaesposito@hotmail.com

Pequena ..
Então quer dizer que seu chefe tá pegando pesado? Hn .. se eu fosse você pedia demissão e voltava aqui pra Buenos Ares, eaí juntando o útil com o agradável, você voltaria a ficar comigo (hahahahahaha). Mas enfim, eu não digo mais nada, se não seu discursinho chatinho e insuportável da sua cabeça dura vai voltar ¬¬
Agora responde? Cortou o cabelo mesmo? Ah eu gostava do seu cabelão quase chegando na sua bunda, era sexy. Mas tudo bem, deve esta linda do mesmo jeito.. Afinal, você é você e até careca ia ficar perfeitamente perfeita.. e minha, né? Só minha!
Hn eu sei que nada é igual quando eu não estou aí, afinal, eu sou o cara e faço a diferença 8) (hahahahaha)Tô brincando, aqui também não tem a mesma graça sem você, tudo fica tão.. amargo(?) Há.. gostou do trocadilho né? ¬
Ah hoje, depois do trabalho vou lá no médico, pegar os exames. Mas não se preocupa não, deve ser nada demais. Você sabe como minha mãe é exagerada, né? Se não fosse por ela eu nem tinha ido fazer os exames.. isso que eu tenho é cansaço do trabalho, e só.
Também estou morrendo de saudade, minha pequena.. muitas, muitas, muitas e muitas mesmo! E vou ressaltar mais uma vez quanto eu tô feliz por você está respondendo meus e-mails, viu? 
Ah nem sei mas o que falar, então vou dizer o que você já sabe: Te amo muito e demais. Pode deixar que mandarei os beijos para as devidas pessoas e principalmente o meu, que recebi de muito bom grado.
Agora vou trabalhar, teu pai tá entrando aqui na sala agora ¬¬
sogrão me explora, tá pensando o que? (hahahaha)
beijos e te amo muito.
( e espero que volte mesmo, tá ? rs )

Mariana acabou de ler, soltando um suspiro apaixonada e fechou a janela, deixando para responder amanhã, já que estava muito cansada e não teria cabeça para responder algo decente. Desligou o notebook, o colocando novamente no criado mudo e se deitou na cama, puxando a coberta e não demorou muito para adormecer.

Gimena: O que houve, filho ?

Perguntou Gimena, preocupada ao ver o estado de Peter. A segundos atrás o mesmo tinha chegado na casa da mãe, e Gimena mal tinha aberto a porta, para sentir um abraço forte de seu filho. Estranhou, preocupada, ainda mais por ver a tensão e a tristeza explicita no olhar do mesmo. Acariciava os cabelos dele, enquanto sentia cada vez mais seu filho mais nervoso em seus braços.

Gimena: Calma, meu amor! -se afastou do abraço e disse passando delicadamente a mão no rosto do moreno- Vamos entrar e você me conta o que aconteceu, sim?

Peter apenas afirmou com a cabeça, poupando de falar muito. Gimena o guiou até a sala de sua casa, e se sentou junto com ele no sofá. O moreno tinha uma expressão gélida e olhava em direção ao seu sapato, não encarando Gimena.

Peter: Tô doente, mamãe. -sussurrou, com a mão no rosto- Tuberculose .. eu posso morrer, mãe.

Gimena sentiu o ar faltar no momento e ficou algum tempo tentando raciocinar a notícia que acabara de receber. Seu filho .. tuberculose? Não podia acreditar! Se aproximou do filho, lhe abraçando como se quisesse transmitir seu apoio, já que sabia que no momento não ia conseguir dizer nenhuma palavra que melhorasse a situação .. ela estava mal por ele , mal pela notícia e mal por tudo. Sentiu Peter acariciar levemente sua mão com polegar e continuar dizendo.

Peter: O médico disse que tem cura, é só seguir o tratamento. - sussurrou, sentindo um nó se formar em sua garganta- Mas a doença é séria, mamãe... contagiosa!

Gimena ficou calada, apenas escutando as lamentações de seu filho. Já tinha muitos anos de vida para saber como aquela doença era complicada e difícil de tratar. Estava sentindo pena de Peter, medo por ele e .. Porque Deus não tinha lhe deixado doente ao invés dele? Para ela seria muito melhor do que ter que presenciar essa tristeza e infelicidade na voz e no olhar de seu filho. Até que escutou a voz de Peter, interromper seus pensamentos.
Peter: Você me deu a BCG, mãe?
Gimena: Você nunca tomou vacina, meu filho. Sua vó era extremamente religiosa e não acreditava em vacinas, e eu nunca peguei nenhum tipo de doença assim, só catapora! Então nunca acreditei também, mas..
Peter: Então tá explicado, o médico falou que todo mundo que toma a BCG não tem esse risco.
Gimena: Desculpe, filho. Hoje em dia eu sei que é obrigatório, mas na época não era, então...
Peter: Então eu fiquei com tuberculose! -sorriu sarcástico -
Gimena: Desculpe mesmo, Peter! Eu nunca pensei
Peter: Não estou te culpando, mas só estou .. nem sei como estou! -atirou o corpo pelo sofá, e fechou os olhos- A culpa não é sua, mas me bate uma raiva em saber que se eu tivesse tomado essa maldita vacina eu não estaria assim. Eu tô sem saída, mãe, não sei o que pensar o que fazer, como a agir .. eu não sei de mais nada .

Deixou seu corpo cair sobre o colo de Gimena, quem prontamente começou a acariciar os cabelos do filho. Gimena engoliu o choro, sentindo uma parcela de culpa pesar em si. Poderia ter evitado tudo isso, mas tinha preferido acreditar nas crenças de sua mãe. Segurou o choro, querendo se mostrar forte para seu filho e disse, apoiando-o.

Gimena: Mas tudo vai dar certo, filho! Você vai se curar, Deus tarda mais não falha.