Fanfic: Tarde Demais | Tema: Laliter; Quase Anjos

Capitulo 31

Gaston pensou até em falar alguma coisa, mas estava nervoso demais para conseguir fazê-lo. Sorriu amarelo, fechando a porta atrás de si e Peter insistiu, cada vez mais confuso.

Peter: O que você faz aqui? - falou, mas depois percebeu que tinha sido um pouco grosso- Digo, não esperava por sua visita.
Gaston: Mariana me convidou.
Peter: Mariana? -arqueou o cenho, passando a mão na barbicha- Nossa, ela não me avisou nada!
Gaston: Essa era a intenção! -suspirou, coçando a nuca-
Peter: Intenção?
Gaston: Bom, ela conseguiu meu novo número pela Euge, e me ligou anteontem! Nós marcamos de jantar juntos ontem e ela me chamou.
Peter: Não estou entendendo nada. Porque ela não me avisou e porquê disso tudo?
Gaston: Peter -revirou os olhos, e depois soltou um longo suspiro- Nossa amizade não esta mais a mesma, quer dizer, nem amizade tem mais! Mariana me procurou para tentar salvar aquilo que nós estávamos deixando morrer. E ela me fez perceber o erro que estamos fazendo.
Peter: Estamos? Não julgue na terceira pessoa, porque se tem algum errado aqui, você sabe que ele é exclusivamente você. - respondeu, em um tom amargo que não passou despercebido por Gaston-
Gaston: Talvez você tenha razão, mas é por isso mesmo que estou aqui! Sei que é tarde, mas antes tarde do que nunca.
Peter: Tarde? Imagina, só dois anos sem mal se falar, só isso. -Sorriu irônico, balançando a cabeça-
Gaston: Suas ironias também não ajudam em nada! -Revirou os olhos, e depois encarou Peter- Eu vim aqui para conversar com você, e tentar recuperar aquilo que nunca devíamos ter perdido... Você pode me escutar?

Peter assentiu com a cabeça, olhando para o lado. Sentou na cama, e Gaston fez o mesmo que ele, mas na beirada. Peter estava nervoso, estava tenso, surpreso e até diria que apesar de tudo, feliz. Gaston, seu melhor amigo desde que se conhecia por gente, estava ali, tentando reatar a amizade, e isso ele não podia esconder que tinha o agradado.

Gaston: Bom, primeiro queria te pedir desculpas -inspirou fundo, encarando as mãos, que suavam frio, era sempre assim quando ficava nervoso- .. Por tudo que eu fiz, e até pelo que eu não fiz. Você e Nico não mereciam que eu tivesse trocado vocês, e nem eu sei porque eu fiz isso, acho que foi mais por estar experimentando algo novo, e achar que com aquilo eu tirava onda.
Peter: Que onda, hein? -falou, sarcástico, negando com a cabeça- Ainda não sei como você pode virar um viciadinho de merda, juro que não sei.
Gaston: Nem eu, nem eu -suspirou, mordendo seu piercing que tinha no lábio inferior- E só fui me dar conta de toda a merda que eu tinha feito, quando eu perdi a .. -engoliu seco, sentindo o coração comprimir-.. Rochi! -Peter assentiu com a cabeça, e Gaston continuou- Quando eu, você e Nico tivemos aquela pequena discussão e paramos de nos falarmos direito, Eu fiquei com raiva de vocês, por achar que vocês não eram meus amigos, e que tinham que me apoiar sempre.. mas só quando eu trai a Rochi e vi o que vocês estavam sempre tentando me avisar era verdade, eu vi que tinha feito tudo errado.
Peter: Mas Gaston, porque você não veio me falar tudo isso antes? Não foram duas semanas ou dois meses.. foram dois anos que você ficou sem fazer mínima questão da minha amizade. Você sabe como era para mim passar por você e ter que me limitar em dizer um “ Oi, tudo bem?” -olhou para o amigo, negando com a cabeça- Isso foi o que mais me machucou, e eu realmente fiquei muito decepcionado com você, com essa sua .. Hun .. -tentou achar a palavra certa- .. esse seu descaso, isso descaso.

Gaston: Peter, não pense que eu não estava ligando para a sua amizade e a do Nico, não mesmo -negou com a cabeça- Eu tive medo que vocês não quisessem ser mais meu amigo e aí tivesse outra recaída nas drogas. Sabe, meu avô sofreu demais, vendo seu único neto assim, e eu quando percebi o mau que estava fazendo para ele, decidi mudar e depois perdi a Rochi, e aí foi o pontapé para eu parar com aquela minha vidinha. E eu tinha medo de ficar tão triste, e recair nas drogas, e magoar mais uma vez meu avô. Você sabe que ele foi o pai que eu não tive, que foi ele que me criou, então, eu estava perdido e fui covarde. Fiquei com medo de mim mesmo, e por isso não procurei vocês. Sem falar na vergonha que eu tinha, por ter sido o amigo mais filho da puta de todos os tempos.
Peter: Também não é assim, cara -suspirou, ajeitando o cabelo, sentindo agora compaixão de Gaston- Você não foi tão filho da puta assim, foi apenas.. ingrato? -perguntou para si mesmo, e depois deu de ombros- Não sei se ingrato é a palavra certa, mas você entende o que eu quero dizer? -Gaston assentiu, com pesar- E eu e Nico..
Nico: O que tem eu aí?

O loiro perguntou, entrando no quarto, fazendo os olhares de Gaston e Peter cair sobre ele.

Nico pareceu um pouco surpreso ao ver Gaston ali e fechou a porta do quarto, caminhando até a poltrona que tinha próximo a cama de Peter, e se sentando ali.

Nico: Quando cheguei Mariana me disse que você estava me chamando aqui -falou, olhando para Peter-.. Mas vejo que perdi algo! -e desviou o olhar para Gaston-
Peter: Senta aí, que temos muito do que conversar. - suspirou, jogando o olhar para Gaston- Acho que você vai ter que recomeçar tudo.
Nico: Recomeçar tudo? -olhou para Peter, cada vez mais confuso-
Gaston: Recomeçar a dizer o porquê estou aqui, pois sei que pela sua cara você deve estar se perguntando isso.
Nico: Nossa, vejo que ainda me conhece. – sorriu sarcástico e Gaston olhou para os lados sem graça-
Peter: Vamos, Nico, nada de ironias ou sacarmos, escuta o que o Gaston tem a dizer.

Nico assentiu e Gaston começou a falar tudo, mais uma vez, explicando toda a história para Nico. Ele esperava realmente pelo perdão dos amigos, dos seus melhores amigos, ou ex, ainda não sabia ao certo.

Euge: Morena do meu coração, você pode parar de roer suas unhas? -falou, negando com a cabeça- Coitada da sua manicure.

Mariana e Euge estavam na sala, uma do lado da outra, sentadas no sofá. Euge  estava vestida com um vestido verde bebe, que tinha uma fita abaixo do busto e caia perfeitamente nela. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo mal feito, e os olhos verdes com uma pequena sombra branca deixando-os realçados, além do contraste com o vestido. Estava linda, como sempre.

Mariana: Eu estou nervosa, Euge! -soltou o ar com força, relaxando a cabeça sobre o ombro da amiga- Será que esta dando tudo certo?
Euge: Ainda não escutei nenhum berro e muito menos algum barulho de porrada. -revirou os olhos, abraçando Mariana contra si- Vai tudo acabar bem, deixa de ser boba.
Mariana: Se eles não se entenderem, o Peter vai me matar.
Euge: Nico também, ainda bem que dessa eu não tive nada a ver.
Mariana: Você é muy amiga, hein! -revirou os olhos, desencostando da loira- Sabe como confortar alguém. -negou a cabeça, irônica-
Euge: To brincando, morena! -sorriu, de leve- Vai dar tudo certo, relaxa.
Mariana: Tomara, Euge, tomara.
Euge: Mas e ai, o Peter.. como esta a saúde dele? -perguntou, cruzando as pernas, jogando os cabelos para o lado, e tentando mudar de assunto-
Mariana: Ah, ele ta a mesma coisa, né? -suspirou, negando com a cabeça- Já te contei que a doença dele não é a tuberculose pulmonar e sim uma rara lá.
Euge: Sério? -Arqueou o cenho, curiosa- Não me falou nada disso não.
Mariana: Então, é uma tal de miliar! Mas pelo menos essa aí não é contagiosa, aí facilita muito mais o convívio dele socialmente.. e é até bom, porque nessas horas você precisa dos seus amigos, família, ao seu lado, e não com repulsão a você porque você esta com uma doença contagiosa! Assim, é mais tranquilo dele se socializar.

Euge: Pelo menos isso, né? -suspirou, dando um sorriso confortativo- Mas ele está seguindo o tratamento?
Mariana: Unrum, eu também to com ele sempre. Quando acordo para ir pro trabalho, é a hora dele tomar os remédios, aí dou uma ligada o acordando para tomar e a noite antes de dormir é a outra dose, aí eu lembro de novo. Porque Peter é um cabeça de vento, se fosse deixar nas mãos dele.. Meu Deus. -negou com a cabeça, dando um sorrisinho-
Euge: Você e sua responsabilidade! -sorriu, dando um tapa de leve na perna da amiga- Aí como eu senti saudade da sua chatice!
Mariana: Eu era chata? -arregalou os olhos, fingindo-se de ofendida-
Euge: Sua nerdisse exagerada era uma chatice legal -sorriu amarelo- Rochi e eu tínhamos um culhão de boi pra aguentar e ainda gostar.
Mariana: Ah Euge, garanto que não era pior do que te escutar falando do quanto Nico era perfeito, ta? -negou com a cabeça, começando a imitar a amiga- “Aí eu e Nico.. O Nico e eu .. Ah ele é tão lindo .. Vocês não sabem o que ele me disse .. Nico, Nico e mais Nico” -revirou os olhos, e Euge gargalhava, negando com a cabeça- Não ria, é vero.
Euge: Sua vaca -empurrou de leve o ombro de Mariana, negando a cabeça- Nem era tão assim, vai..
Mariana: Realmente, era pior.

Euge  soltou um gritinho de ofendida, e voltou a sorrir junto com Mariana. As duas se recompuseram, e Euge abraçou a morena de lado, dando um beijo na bochecha dela.

Euge: Vendo você aqui agora, não sabe como é bom ter você do meu lado.
Mariana: Own que coisa mais linda -sorriu emocionada, abraçando a loira mais forte- Você me fez tanta falta e .. -empurrou a Euge, e falou, atônita- Ta escutando? São passos..
Euge: Eles estão vindo..