Fanfic: Tarde Demais | Tema: Laliter; Quase Anjos

Capitulo 35

Eram por volta das nove horas que Mariana tocava a campainha da casa de Peter. Já tinha passado em casa, tomado um banho e colocado um vestido de algodão verde musgo. Pela tarde, Mariana tinha tentado mais de cinco vezes ligar para Peter, só que nenhuma das vezes foi atendida. Tal fato que a fez ficar ainda mais nervosa. Peter estaria realmente chateada com ela? Perguntou para si, mordendo o lábio inferior, tensa. Mas deixou a pergunta de lado, quando escutou a porta da casa dele se abrindo.

Mariana: Amor.. -entrou no apartamento de Peter, dando um abraço nele- .. Porque não atendeu minhas ligações? Poxa, eu soube que hoje foi lá na empresa e.. -notou a feição séria mesclada com tristeza que Peter a observava- Peter? Que cara é essa?

Peter respirou fundo, engolindo seco. Fechou a porta de casa, ainda sem falar nada e depois voltou a olhá-la. Viu Mariana o mirando com o cenho franzido de preocupação. Ele suspirou, não sabia se iria fazer o que era certo. Mas tinha certeza que faria o que era melhor.

Peter: Senta aí no sofá! -falou, tentando ser o mais racional e passivo que podia-
Mariana: Que houve, hein Peter? -perguntou, enquanto se encaminhava até o sofá junto com ele- Porque você está tão estranho assim?

Peter mais uma vez não respondeu a pergunta de Mariana, apenas se sentou no sofá e esperou Mariana sentar ao seu lado. Suspirou, mordendo o lábio inferior, dando três piscadas seguidas. Estava realmente nervoso.

Mariana: Não vai me responder, não? -negou com a cabeça, começando a se irritar- Eu te conheço, e sei que tem algo de errado! Você não morde o lábio e da esses seus tiques malucos aí, de piscar os olhos à toa -suspirou, e o mirou séria- Me conta de uma vez por todas o que houve.
Peter: Eu.. quero terminar.

Disse com a voz meio falida, desviando o olhar para o chão e engolindo todo o nó e a sensação de perda que cresceu em seu coração. Tinha que se controlar, tinha que ser 
forte.

Mariana: Como? -Mariana perguntou, franzindo o cenho, totalmente confusa- O que você disse? Repete que acho que não escutei direito.
Peter: Foi isso mesmo -respirou fundo, voltando a encará-la- Eu, Peter, quero terminar com você, Mariana!

Mariana: Está brincando, não é? -sorriu irônica, negando com a cabeça- Você só pode estar brincando.
Peter: Quem dera que fosse brincadeira.. -sorriu desgostoso, a olhando decidido- .. Mas eu estou falando a verdade.
Mariana: Peter.. Eu..

Mariana tentou falar algo, mas fora inútil. Estava confusa, incrédula, assustada. Como assim Peter queria terminar com ela? Ontem mesmo ele tinha a pedido em namoro! Ela negou com a cabeça.. alguma coisa estava errada!

Mariana: Porque você está fazendo isso? -perguntou, enquanto passava a mão no rosto- Assim, do nada?
Peter: Porque é o certo! -respondeu frio. Não estava afim de discutir com ela sobre o real motivo. Aquele assunto realmente não era do seu agrado- E não quero mais discutir isso!

Mariana arregalou os olhos, indignada. Então era assim? Ele decidia terminar tudo do nada sem dar nenhuma justificação? Quem Peter pensava que ele era? Ou melhor, quem Peter pensava que ela era? Levantou-se do sofá, já com a fúria em si e começou a rosnar palavras na cara do moreno.

Mariana: Então você decide terminar tudo e não quer me dizer nem o motivo? -riu irônica, andando de um lado para o outro- Vem cá, ô Peter, quem você pensa que é? -virou-se para ele 
Peter: Mariana.. -suspirou, fechando os olhos por alguns segundos- Vai embora, e esquece isso! As coisas serão bem mais fáceis assim.
Mariana: Como é que é? -perguntou, agora com o rosto vermelho de raiva- Você acha que eu sou uma qualquer, é isso? Que na hora que você enjoa você dispensa sem ao menos dizer o porque? -soltou o ar com força, recuperando o fôlego- Quer saber? Era 
muito bom para ser verdade! Você continua o mesmo de seis anos atrás..

Peter: Mariana, por favor.... -pediu, tentando não se alterar-
Mariana: A verdade dói, é? - negou com a cabeça, rindo irônica- Mas eu vou acabar de dizer... Você continua o mesmo IDIOTA, CRETINO, GALINHA, ESTUPIDO, SEM CAR..
Peter: CALA A BOCA! -Gritou, não aguentando mais escutar calado- VOCÊ ACHA MESMO ISSO? QUE BOM! MAS PENSE O QUE QUISER, PORQUE SE TEM UMA IDIOTA, CRETINA, SEM CARATER E O CARA*HO A QUATRO É VOCÊ!

Mariana se calou, ao ver a repentina mudança de humor de Peter. O que estava acontecendo? Porque ele estava a xingando? Por Deus, o que ela tinha feito? Pensou até em responder toda aquela ofensa, mas Peter parecia que tinha ainda o que falar. E a raiva no seu olhar era tão nítida que Mariana achou melhor não interromper.

Peter: PORQUE SÓ ALGUÉM COM TODAS ESSAS CARACTERISTICAS FICARIA COM ALGUÉM POR PENA, COMO VOCÊ FEZ!

Mariana estava já com a boca aberta para falar algo, mas a fechou na mesma hora que escutou as últimas palavras de Peter. Pena? Pena dele? O que Peter estava falando?

Peter: VOCÊ ACHA QUE EU NÃO ESCUTEI TUDO QUE VOCÊ FALOU PRO TIO NICOLAS? -foi a vez dele rir irônico, negando com a cabeça- AÍN PAI TÔ COM DÓ DO PETER.. EU ESTOU SENDO OBRIGADA A FICAR COM ELE.. EU VOLTEI PELA DOENÇA DELE!

Falou tudo, imitando a voz extremamente aguda de Mariana. Entre outros casos, Mariana soltaria uma gargalhada com a bizarra imitação, mas àquela hora não cabia risada. E sim lágrimas. Lágrimas que já estavam se formando nos olhos da morena.

Peter tinha entendido tudo errado. Sabia que ele tinha escutado a conversa que tivera com seu pai, mas não imaginava que ele tinha entendido tudo errado. E o pior. Sabia que ia ser difícil mostrá-lo o contrário. Conhecia Peter e seu orgulho mais que ninguém. E se tinha uma coisa que para Peter era inaceitável, era compaixão.
Suspirou, se vendo num abismo. Peter não podia deixá-la e ainda mais por um motivo tão ‘sem-motivo’.

Mariana: Peter.. as coisas não foram bem assim -falou, sentindo as lagrimas nos seus olhos, já quererem transbordar-
Peter: E foram como, hein? -negou com a cabeça, sarcástico- Por favor, vai embora!
Mariana: Peter, eu não vou deixar você terminar com o nosso namoro por nada -falou, limpando as lágrimas, enquanto se aproximava dele- E nosso plano de morar juntos? E o nosso amor? -segurou a mão dele- Por favor, não faça isso!
Peter: Eu estou decidido -respondeu, afastando seus corpos- Vai ser melhor assim, você além de não ser obrigada a ficar ao lado de um tuberculoso, não tem necessidade de passar por toda agonia que eu irei passar!
Mariana: Cala boca, Peter! -negou com a cabeça, incrédula- Você nunca será uma obrigação pra mim.. eu te amo, poxa!
Peter: Eu também te amo.. -disse com um nó na garganta-.. e é por isso que vou terminar tudo! Não estou pensando só em mim, mas também penso em você.
Mariana: Se pensasse em mim mesmo, ia entender que o meu bem é do seu lado!

Peter se calou por um tempo, com o olhar perdido. Sentia uma tristeza. Sentia uma angustia. Sentia até medo. A ideia de perder Mariana era assustadora, e ele não conseguia aceitar para si mesmo que estava fazendo o certo. Mas ele tinha que conseguir. Ele tinha que tentar aceitar. Não queria e nem ia ser um estorvo para Mariana. Ela era magnífica, e merecia viver uma vida sem estar obrigada a ficar com alguém, e muito menos por pena. Ela merecia ter as escolhas dela. E não ia deixar que sua doença atrapalhasse isso.
Uma lágrima caiu rapidamente de seus olhos, e ele limpou discretamente. Voltou olhar para Mariana, que o mirava com os olhos vermelhos, mas com nenhuma lágrima caindo. Não mais. Ele suspirou e negou com a cabeça. Caminhou até a porta e a abriu, 
expulsando Mariana com a cabeça. Aquilo tinha que terminar. Era torturante ter que convencer Mariana, e convencer a si próprio que sua atitude era correta. Ele a amava, e por amá-la, ia deixá-la livre. Mariana não merecia prender sua vida no auge de sua juventude a um tuberculoso.

Peter: Vá embora! -respirou fundo, olhando para fora de casa- Não torne as coisas mais difíceis do que já estão sendo.
Mariana: Eu vou.. -falou em um mumurro, derrotada- ... Mas eu volto! - ajeitou a bolsa em seu ombro e caminhou para fora do apartamento- Eu não vou deixar você cometer essa loucura!

Dito isso, a morena voltou a andar e chamou o elevador, e logo em seguida entrando nele. Peter observou de tudo, na porta de seu apartamento e assim que viu a porta do elevador se fechando, fechou com tudo a porta e se tacou no sofá. Ele estava acabado.. literalmente!