Fanfic: SumemerTime Adaptada / Vondy | Tema: Vondy
- Ei, Dul, acorda, querida – Dulce ouviu sua mãe sussurrar e a chacoalhar. - Primeiro dia de aula.
Dulce colocou o travesseiro na cabeça, com raiva por ter sido acordada tão cedo. Já não lhe bastavam as horas de insônia regadas a lágrimas que ela estava cheia de derramar. Devia ter dormido uns quarenta minutos apenas, e agora sua mãe estava ali, a arrastando para fora da cama, para que ela encarasse aquela porcaria de colégio.
Seria fácil fazer isso, mesmo estando um trapo, se ela fosse simplesmente uma ninguém dentro do colégio.
Mas obviamente Murphy tinha uma paixão enlouquecedora por ela, e ela ainda era popular, imitada e teria que discursar em prol do começo das aulas. Dali a dois dias provavelmente suas olheiras virariam moda. Ótimo. Desistiu de lutar contra sua mãe e foi até o banheiro, irritada, tomar um banho quente. Encontrar com Christopher ainda seria o pior de tudo. Não sabia como reagiria, sabia simplesmente que tinha... Desistido.
Dulce Maria não desiste. Mas depois de ver o cara que ela tanto ama pronunciar que não confia nela com todas as letras, achou que a melhor coisa a fazer era parar de tentar. Bom, pelo menos parar de tentar fazê-lo acreditar nela. Mas a garota ainda não tinha engolido aquela história de Christopher ter aparecido na despensa. Ela encurralaria Brian, faria de absolutamente tudo, mas descobriria a verdade.
- Para esfregar na cara daquele idiota... - murmurou, enquanto limpava o espelho para ver seu rosto.
Sabia que aquilo era mentira. Ela queria mesmo era que Christopher a visse que estava errado e a "perdoasse". Mas poxa, ele não devia acreditar nela?
Ajeitou os cabelos em um coque mal preso - sabia que Sophia iria dar um chilique ao vê-la assim -, passou um corretivo nas olheiras para dar-lhe ao menos um ar de dignidade, um gloss, e vestiu o uniforme.
Quando desceu as escadas, Poncho estava comendo cereal na cozinha.
- Bom dia! - ele disse de boca cheia, e Dul sorriu.
- Bom dia, chuchu! - Ela lhe apertou as bochechas, fazendo o garoto reclamar. - Vamos?
- Come alguma coisa... - ele disse, limpando a boca com o guardanapo. - A Ane vai vir nos buscar.
Ótimo, a bronca do visual desarrumado viria antes do esperado.
- Tenho pensando tanto em mim ultimamente que nem perguntei... Como vocês estão? Digo... Juntos e tal... – Dul perguntou vagamente, vendo o garoto colocar cereal para ela em uma grande xícara. Torceu o nariz, pois esperava que ele tivesse se esquecido do café da manhã. - Estamos muito bem – Poncho abriu um sorriso radiante. - Ela é... Bom, totalmente diferente de mim, sabe? A gente não tem quase nada em comum. Mas acho que a graça é essa.
Dul brincou com a colher dentro da xícara.
- Eu estou vendo que você tá enrolando... – Poncho disse, e a menina fez careta.
- Você não é a mamãe.
- Mas eu sou. - A Sra. Salviñón apareceu na cozinha, fazendo Poncho gargalhar. - Pode comer.
- Mãe, eu não tô com...
-Dulce Maria! Você acha que eu já não fui adolescente? Acha que eu nunca perdi a fome por causa de algum namorado? No entanto eu fui obrigada a comer porque percebi que minha vida é mais importante do que um garoto que usa as calças tão caídas que aparecem até a cueca.
Dul arregalou os olhos, e Poncho torceu o nariz.
- Ei! Eu também uso calças assim!
- Filho... - A Sra. Salviñón o abraçou de lado. - Eu te amo e você sabe disso. Mas nunca disse que você tinha um bom gosto para moda.
- Outch! – Dul cutucou, fazendo o irmão levantar o dedo do meio discretamente.
- Cala boca e come, Dulce - ele revidou, e Ane entrou na sala, rindo alto.
- Vocês são tão fofos, sabe? - Ela rolou os olhos. -Dulce, que coque é esse?
Dul riu.
- Vamos embora, eu como essa maçã – Dul se adiantou, deixando Ane reclamando para trás, vindo de mãos dadas com seu irmão.
Dulce e Anahí cumprimentaram vários desconhecidos quando chegaram ao colégio. Poncho ficou meio estupefato com tantos olhares - a maior parte deles corria do cabelo amarrado de Dulce até sua mão que segurava a de Ane- e aquilo o deixou um pouco assustado. Ficou feliz quando viu Rodrigo,Amanda e Christian em um banquinho onde os garotos sempre costumavam sentar.
- Pessoas conhecidas, amém! – Poncho disse, fazendo os amigos rirem.
- Tem pessoas olhando para cá. Não param! - Rodrigo disse, com um olhar estranho que fez luinha rir.
- Deve ser porque elas não se acostumaram com a ideia de tantas garotas sexies e deliciosas sentadas com um bando de losers... - Amanda riu da cara de Marques. - Losers que são um pouquinho... Bem pouquinho... Sexies.
Dulce assistiu os amigos rirem, enquanto olhava em volta, nervosa.
A qualquer momento ele chegaria, obviamente. Ficou feliz em ver Mai se aproximar, mas enquanto sua amiga cumprimentava um a um com beijos no rosto, e depois sentou no colo de Christian, Dul se deu conta de que estava sobrando ali no meio de três casais.
- Adoro segurar vela... - ela murmurou, fazendo Amandinha rir.
- Awn, amor, você sabe que meu coração é todo seu! - Amanda a apertou, arrancando uma risada da menina. - O Rodrigo é só meu passatempo, você é sempre prioridade!
- Valeu, hein? - Marques fez um joinha com o dedo, fazendo todos rirem.
- Sorry, querido, eu vi primeiro... – Dul entrou na brincadeira, puxando Amanda pela mão. - Toda minha!
Enquanto riam de algumas trivialidades, Ane penteava os cabelos de Dul para deixá-los soltos, e tudo estava num clima muito ameno, até que Christian avistou Christopher atravessando o pátio. Ele era a peça que faltava, é claro. Todos estavam observando as trocas de carinho entre os losers e as populares, e luinha, a mais querida delas, estava lá, sem ninguém. Quando viram Christopher, metade do pátio o acompanhou com o olhar. Dulce percebeu uma certa movimentação, e virou a cabeça, sentindo seu coração quase parar.
Lá estava ele, a gravata do uniforme sempre mal amarrada, as calças caindo, como sua mãe bem notaria, Vans nos pés e os fones do iPod nos ouvidos. Ele olhava para o chão, mas não parecia estar com a feição tão acabada quanto a dela. Não tanto quanto ela gostaria, afinal, queria saber se ele também se sentia mal por estarem separados. O único vestígio ainda era a mão mal enfaixada. Christopheros encarou, e pareceu acordar de um transe, tirando os fones e mexendo na tela do aparelho.
- Bom dia - disse preguiçosamente.
Amanda se ajeitou na cadeira. Mai parou de rir das idiotices de Christian, Ane soltou seus cabelos, Poncho e Rodrigo fixaram o olhar em Christopher.
"Mas que beleza!", Dul pensou, irritada. "Isso vai ser pouco incômodo".
- Bom dia! – Christian respondeu após alguns segundos, e então o resto dos tapados pareceu acordar ao redor de Christopher, fazendo o mesmo.
- Então é por isso que estava todo mundo me olhando... – Chris disse com um sorrisinho. - Vocês estão... - Ele apontou para os casais em sua frente.
- Achou que fosse por quê,Uckermann? - Amandinha fez voz de desdém, mas todos sabiam que era uma piada. Nunca o tratara mal, mesmo quando nem se falavam direito.
Chris riu. O som da risada dele provocou uma onda de calor dentro de Dulce.
- Hum, talvez por eu ficar muito gostoso de uniforme... - Ele sorriu, fazendo os amigos rirem.
O silêncio seguinte não estava previsto. Poncho pensou em abrir a boca para dizer algo, mas viu que Chris olhara para Dul pela primeira vez desde que tinha se aproximado deles. Ao sentir o olhar de Chris sobre si, Dul ficou paralisada, mas o encarou de volta, e eles ficaram por incontáveis segundos assim, estáticos. A garota coçou o pescoço, confusa, com as mãos gelando. E então Chris fez um barulho estranho com a boca, chacoalhando a cabeça.
- Eu vou...
- Vai? - Mai provocou, fazendo Christian chacoalhar a cabeça.
- Ali – Chris respondeu simplesmente, deixando a rodinha.
Dulce riu, sem humor.
- Vai ser sempre assim... - disse baixo e Amandinha a abraçou pelos ombros.
- Claro que vai, até o dia que vocês pararem de ser idiotas. - Amanda sorriu com todos os dentes, e quando viu que luinha iria protestar, a puxou pela mão, fazendo o mesmo com disse, arqueando a sobrancelha.
- Eu sei de tudo, meu amor! - Amanda riu, presunçosa. - Sei que você tem aula de Geografia comigo, sei que o Poncho e Ane vão cabular aula para ficar se pegando, sei que o Rodrigo quer me corromper a fazer isso também, e mais importante... - ela fez uma pausa, sorrindo. - Sei que Dulce e Christopher serão sempre um casal, mesmo não sendo um casal. O que significa que em breve eles estarão de volta.
Dulce ficou boquiaberta, enquanto os amigos riam, mas não disse nada quando foi puxada pelo jardim.
- Dude, para de ser idiota! - Rodrigo cochichou, enquanto a Sra. Brown passava um vídeo, como ela gostava de fazer nas primeiras aulas. - A Dulce não fez por.ra nenhuma!
Chris chacoalhou a cabeça, rindo baixo.
- Não, fui eu quem estava lá na despensa com o Brian, né? - disse, sarcástico.
- Isso tudo é orgulho? – ele riu, sem humor. - Eu sou seu amigo! Eu tô te dizendo que ela não fez nada!
- Ah, fica na tua, dude! Tá escrito na sua testa que você é "Team Dulce".
Dessa vez Rodrigo riu um pouco alto demais, levando um olhar atravessado da professora.
- Team Dulce? Para de ser idiota, pelo amor de Deus... - Marques riu. - Se ela tivesse te chifrado eu seria o primeiro a te apoiar, mas eu acredito na Dul, sabe? Coisa que você deveria fazer.
Chris bufou, e então virou para Rodrigo pela primeira vez.
- Faz o seguinte? Cuida da SUA vida e para de falar merda, antes que eu me irrite com você – Chris disse, sério, e Rodrigo chacoalhou a cabeça.
- Tá escrito na SUA testa que você é "Team Dulce " - ele provocou, sorrindo. - Só que eu não sabia que você era tão idiota de cair na do Brian e perder a única menina que você realmente quer. - Marques olhou para a tela. - Mas é melhor eu cuidar da minha vida, mesmo... Só não diga que eu não avisei quando você...
- Cala a boca! – Chris sussurrou, nervoso, e virou para frente.
Rodrigo apenas riu. Sabia que o amigo estava louco de vontade de correr até a sala de Dul e agarrá-la. E também sabia que tinha o irritado o suficiente para que ele ficasse com uma pulga atrás da orelha. Score. Mais cedo ou mais tarde, ele cairia na real.
Ao deixar a aula de geografia, Dul e Amandinha caminharam juntas até o outro prédio. Tinham aulas diferentes, mas iam para o mesmo lugar. Christian tinha ido para o ginásio onde teria sua temida aula de educação física.
- Ah, droga! - Dul parou de andar, fazendo Amanda a encarar.
- O que foi?
- O Christian esqueceu o celular dele comigo... – Dulce girou o aparelho na mão, com cara de sono. - Vamos lá entregar?
- Ih, amiga, bem que eu queria ficar passeando, mas tenho aula do Sr. Thompson... - A simples menção do nome do professor de álgebra fez Dul torcer o nariz, e Amanda rir.
- Então não se atrase, não dê mais motivos para aquele cara te odiar – Dulce riu. - Aliás, ele nos odeia acima da média dos professores. Tenho medo.
Amanda gargalhou.
- É porque nós somos gostosas e ele não! - Amanda disse, rindo, e então correu pelo corredor.
luinha caminhou devagar, olhando para dentro de algumas portas entreabertas das salas. Chegou ao ginásio em poucos minutos, e logo avistou Christian, devidamente sentado na arquibancada e com cara de tédio, enquanto todos os garotos começavam a se aquecer. Aquela imagem a fez rir.
- Seu celular, tontinho esquecido - ela disse, e o garoto riu.
- Também te amo, Dul- ele disse, enquanto a menina sentava ao seu lado. - Não tem aula agora?
Ela deu de ombros.
- História da arte.
- Aqui é educação física - o garoto disse, divertido, levando um beliscão.
- Tá me expulsando,Christian ? – Dulce disse com uma voz afetada, e os dois riram.
Não demorou muito para que luinha virasse o olhar e visse quem estava entrando na quadra. E uma corrente de ódio tão gigantesca cresceu dentro dela que Christian não conseguiu segurá-la quando ela atravessou a quadra até Brian.
- Hey! Não vejo você desde... - ele ia dizer, com um imenso sorriso, quando a garota fincou as unhas em seu braço.
- Cala a boca! - ela disse baixo, mas com a ira transbordando na voz. - Vem comigo, agora!
- Eu tenho aula, querida, não posso... - O cinismo de Brian estava quase lhe causando um colapso. Ela o empurrou com força em direção às escadas, quase fazendo com que o garoto tropeçasse.
-Dul, calma... – Christian apareceu ali, e ela não o olhou.
- COMO VOCÊ PÔDE FAZER AQUILO? - Dul berrou, ouvindo o eco de sua voz no corredor. Respirou fundo, pois não queria dúzias de caras suados correndo na direção deles. - Você vai me dizer AGORA como é que...
- Eu não sei o que você está falando.
- BRIAN! - A menina gritou de novo, fazendo alguns garotos quase pararem de correr. - Brian. Portman. Não. Me. Faça...
- Vai fazer o quê? - ele riu. - Nada que você possa fazer vai mudar alguma coisa... - ele sorriu largamente -, docinho...
Dulce não conseguiu ouvir mais nada. Acertou um murro na bochecha de Brian. Um murro, não um tapa. Ele pareceu assustado com a reação, gemendo como uma garotinha, e segurando o rosto claramente marcado pelo enorme anel que a menina usava.
- Ai, meu Deus! - Christian a puxou-Dul, você vai pra detenção, vamos sair daqui...
Brian riu, ainda segurando o rosto.
- Você é mais homem do que seu ex-loser.
- Cala a boca, seu idiota! – Dulce se desvencilhou de Christian. - Antes que você tome outro desses, é melhor você falar logo como que você conseguiu armar aquilo tudo!
Brian se aproximou dela, sorrindo.
- Eu não armei nada. Você entrou lá porque quis. Você me beijou de volta porque quis.
Dulce quase gritou de ódio. Não acreditava que ele estava dizendo aquilo. Queria o quê, que Christian se virasse contra ela também?
Foi quando ouviu uma risada bem característica em suas costas, e entendeu tudo.
- Bela direita, docinho – Chris sussurou perto do ouvido de Dul, que ainda estava de costas. - Da próxima vez, tente fazer isso dentro de uma despensa, e quem sabe o próximo idiota que te namorar acredita em você?
Dul virou para Chris, que ainda estava ali perto, com Poncho. Não sabia o que ele tinha ouvido - muito provavelmente só o que Brian tinha dito - mas ele tinha visto o soco, nem que fosse de longe. Devia pelo menos cogitar que ela podia ter razão. Ou, do jeito que a mente de Christopher andava distorcida, devia achar que era tudo outra armação. Mas ela estava com raiva. Pela primeira vez desde o ocorrido, sentiu apenas raiva de Christopher. E uma vontade crescente de também marcar seu anel na cara dele.
- Dispenso sua ironia, Christopher - ela sorriu, sarcástica. - Você quer uma marca do meu anel na sua cara para combinar com a mão enfaixada que você ganhou ao socar o espelho... Porque... Ah, sim, porque você me ama tanto que só consegue agir como um merda?
Christopher ficou paralisado, mas logo se recuperou.
- Isso não tem nada a ver com você.
Dulce riu.
- Claro que não. Tem a ver com sua insegurança e orgulho. Tem a ver com sua idiotice - ela riu. - Está tudo bem. Quando você perceber que errou, pelo menos terá uma cicatriz pra se lembrar disso. Pra sempre - ela o encarou. - Para sempre, o dia em que você me perdeu... docinho.
Dois dias tinham se passado após a cena envolvendo Brian no pátio. Dulce ainda não sabia como fazer o garoto falar a verdade, no entanto, estava com tanta raiva de Christopher, que isso parecia menos importante.
Estava com raiva por ele não ter corrido atrás dela, por não ter acreditado nela, por não ter sequer demonstrado que estava abalado com as coisas que ela tinha dito. Quem via de fora, parecia que nada tinha mudado.
Parecia que eles tinham ido e voltado os mesmos da Riviera. As mesmas briguinhas inúteis, os mesmos olhares de fúria, era como ter acordado no passado.
- Bom dia, coisas lindas da Dul! - A garota saltitou até os amigos, e eles riram. - Como estão?
- Muito bem... - Rodrigo beijou a bochecha da menina. - Você que parece estar radiante.
- Nada como uma boa noite de sono ouvindo John Mayer. - Ela sorriu. - Aquela voz sexy no meu ouvido a noite inteira, tem como não dormir com os anjos?
- Tem certeza que era o John Mayer? Aposto que você só estava sonhando comigo – Christopher apareceu, com um sorriso cínico estampado no rosto. - Aposto que você estava pensando em como era sexy ouvir minha voz no seu ouvido, agora que você não tem nada. - Ele gargalhou, e então a segurou pela cintura, sussurrando com uma voz quase pervertida: - Docinho.
Dul não deixou que um sorriso vitorioso se formasse nos lábios de Chris, quando ele percebeu que a pele do pescoço da menina tinha arrepiado.
- Ah, querido, você está enganado... A voz do John me faz dormir, porque ela é sexy, é suave... É a voz de um anjo. - Ela sorriu, acariciando o rosto de Christopher com uma das mãos. - Da última vez que eu cometi o erro de lembrar da sua voz, passei a noite nauseada e correndo para o banheiro. Sabe como é, você perdeu o efeito, baby - E então ela o imitou, sussurrando em seu ouvido: - Sua hora já passou, docinho.
Dulce abriu um largo sorriso ao ver o garoto desnorteado em sua frente.
Não se lembrava do quanto era boa nas brigas com Christopher.
O sinal tocou, e todos se levantaram, ainda meio abalados com a cena que tinham presenciado.
- Alguém tem aula de literatura agora? - Aguiar perguntou, e logo viu a expressão satisfeita de Dul cair por terra. Ah, não! Chris não aguentaria duas aulas seguidas com ela.
Aquilo era uma merda, uma grande merda. Literatura de novo. A aula que os juntou, ali, de novamente, com ela. E só com ela.
Mas Chris não teve tempo de processar a ideia. Viu dul andando sozinha pelo corredor cheio de alunos, a caminho da aula, e bufou, depois de sentir um tapinha nas costas e ouvir a risada de Rodrigo.
Quando chegou na sala, havia um lugar disponível bem atrás da carteira de Dul. Havia outro, bem em frente à mesa da professora. Resolveu escolher a primeira opção, mesmo quase certo de que ficar encarando a Sra. Brown o tempo todo era menos torturante do que o que ia fazer. Dulce não se moveu quando ele sentou. Continuou conversando com uma cheerleader japonesinha que estava ao lado dela. Christopher lembraria o nome daquela garota, se por acaso prestasse atenção nas garotas com que ficava antes... Dela.
- Bom dia, classe! - A Sra. Brown entrou na sala. - Muito bom revê-los! Tive uma experiência muito boa com alguns de vocês em nossa última aula antes das férias.
Christopher ouviu Duylce bufar e rolou os olhos.
A senhora começou a aula, mas Christopher não conseguia prestar atenção em nada do que ela dizia. Dulce estava se movimentando desconfortavelmente na cadeira, como se quisesse sair correndo dali. Ela pegou um lápis no estojo e começou a fazer um coque.
"Não... Não", chris passou as mãos nos cabelos, sentindo o perfume da menina enquanto ela enrolava o cabelo.
Ela terminou rapidamente um coque perfeito, todo preso, e Chris teve que conter o impulso maluco que teve de tocar sua nuca descoberta. Ela sabia ser sexy até sem querer. Aquilo não estava lhe fazendo bem, se ficasse mais dois minutos encarando seu pescoço, faria algo de que se arrependeria. Viu Dul cochichando com a japonesinha e subitamente lembrou o nome da garota. Respirou fundo, aproximando o rosto do ombro de Dulce, que levou um susto.
-Christopher, o que diabos você... - a menina virou um pouco o corpo, mas ele fez sinal de silêncio com os lábios.
- Relaxa aí - disse, seco, e virou-se para o lado. - Autumn, certo?
A garota sorriu, visivelmente empolgada por ter sido lembrada por ele.
- Certo - ela disse baixo.
- Quanto tempo não nos falamos. – Chris continuou com o queixo apoiado na curva do pescoço de Dulce, para falar com Autumn. Aquele perfume estava o matando.
- Deve ser porque você parou de me ligar - a japonesa respondeu, e Chris ouviu a risada de Dul, acompanhada de um pedido de silêncio da professora.
- Espere aí – Christopher murmurou para Autumn, e pegou um papel, escrevendo qualquer idiotice. Então, tocou o ombro de Dulce, que virou, nervosa.
- O que você quer, garoto?
Chris não respondeu nada. Apenas estendeu o papel dobrado e fez sinal com a cabeça para que ela o passasse para Autumn. Ela girou os olhos discretamente, mas passou na maior pose de quem não ligava.
Até mais ou menos o quinto papel.
- Escuta aqui,Uckermann! - ela disse, nervosa. - Se você quer ficar paquerando no meio da merda da aula de literatura, faça você mesmo, pare de encher meu saco! – Dul viu a cara de susto de Autumn, e então amoleceu. - Desculpe, querida. Não é nada com você. É que...
- Eu sei. - Autumn sorriu. - Vocês se odeiam. Todo mundo sabe.
Dulce e Christopher trocaram um olhar muito breve, mas ficaram quietos.
- Hey! - Mai correu até Dulce, na hora do intervalo. Tinha tido uma aula de matemática sem nenhum dos amigos, mas qualquer coisa era melhor que Chris a importunando.
Quem ele pensava que era pra ficar trocando risinhos com uma garota qualquer na frente dela?
- luinha, como foi a aula com o...?
Dulce não deixou que ela acabasse.
- Insuportável. Me deixe perto dele por dois minutos e eu juro que choco a cabeça dele contra a parede – Dul disse tão séria que fez Maite rir. - Tá maluca? Perdeu a noção do perigo? – Dulce colocou a mão na cintura, e Mai engoliu o riso.
- Desculpa, é só... Engraçado.
- O que é engraçado, Maite? Esse pentelho infernizando minha vida?
- Não - Mai disse, quando as duas já avistavam seus amigos. - Você tendo ataques de ciúme.
- EU TENDO O QUÊ?
- Ela tendo O QUÊ? - Rodrigo a imitou, e Dul só ficou mais puta.
- Ataques de... - Mai ia dizer, mas o olhar de dulce a interrompeu. - Tá, parei, parei.
Sentaram para comer em uma mesa quase no centro do pátio. Essa mesa sempre foi delas, mas ultimamente andava frequentada pelos garotos. Enquanto Christian e Poncho faziam uma guerra de comida que quase acabou em tragédia - sujando o cabelo de Ane, que provavelmente processaria ambos – Dul pareceu engasgar.
Christopher estava sentando na mesa com Lisa James, duas outras líderes de torcida que luinha não reconheceu, e Autumn. Ele pareceu sentir o olhar sobre ele, pois olhou pra ela no mesmo instante. Chris estava abraçando Lisa pelos ombros, enquanto Autumn ria. Dul desviou o olhar, tomando um longo gole do suco, e fingiu não ter visto nada.
Mas ele fez questão de, cinco minutos depois, vir andando com Autumn pendurada em seu pescoço até eles.
- Hey, peraí, baixinha! - ele riu, e Autumn também.
Ah, agora com ela é apelidinho fofo?
- Hey... Dude! - Christian disse com uma voz estranha.
- Gente, essa aqui é Autumn, lembram dela? Vocês devem conhecê-la por causa do...
- Time de cheerleaders - Mai acrescentou de má vontade. - A gente sabe.
- Posso sentar aqui com vocês? - Autumn perguntou, olhando especificamente para luinha.
Mal sabia que isso não era a melhor coisa a ser feita. Dulce engoliu o ódio e sorriu largamente.
- Mas é claro, meu anjo, você é sempre bem-vinda.
A cara de Christopher foi impagável. Ele não conseguiu deixar de transparecer o choque.
- Tudo bem mesmo? - perguntou, com a voz meio estranha. Dul sorriu novamente.
- Claro que sim.
Todos estavam meio boquiabertos encarando Dul. As meninas nem tanto - sabiam da capacidade da amiga de fingir muito, muito bem quando queria. Era uma atriz, no fim das contas.
O intervalo foi até bastante fingidamente agradável. Quando o sinal tocou,Dulce percebeu, pelos horários, que tinha educação física com as amigas. Menos mau. Uma hora inteira de fofocas e quase nada de suor - já que elas sempre davam um jeito de fugir do principal - parecia perfeita para tentar liquidar os sentimentos sádicos que estava criando em relação Uckermann.
- Hey, Poncho, estou indo pra casa, precisa de carona? – Dul perguntou, chegando ao lado de Mai no fim das aulas. Ele negou.
- Vou almoçar com a Ane em algum lugar, depois vamos ao cinema... Quer vir?
Dulce riu.
- Não, obrigada, não gosto de segurar vela. - Antes que ele protestasse, continuou: - Aliás, tenho uma pesquisa enorme de filosofia pra fazer. - Ela torceu o nariz.
- Ai caramba, ainda tem essa! - Mai bateu na testa, e Dul riu. - Bom, eu vou pra casa também. Te ligo mais tarde, tá? - Ela beijou o rosto de Dul, e depois o de Poncho.
Dulce se despediu do irmão e andou por entre os carros do estacionamento do colégio. Avistou seu New Beatle amarelo, que era fácil de encontrar, e dirigiu-se até ele. Enquanto abria o carro, viu, mais adiante, Chrise Autumn.
Eles estavam encostados no capô do carro que ela reconheceu como o de Lisa. Autumn estava entre as pernas de Christopher, e eles conversavam perto demais. Ele a segurou pela cintura e a puxou, depois olhou para o lado. Bem na direção do New Beatle. Autumn fez com que ele olhasse pra frente de novo, e o beijou.
Dul entrou no carro rapidamente, sentindo os olhos arderem e uma sensação de raiva e nojo tomou conta dela. Saiu arrancando com o carro, quase atropelando duas garotas que estavam por ali. Não olhou para trás. Não daria esse gostinho a ele.
Chris mordeu levemente o lábio de Autumn, separando o beijo.
A garota sorriu, satisfeita. Era realmente muito bonita. Se fosse em outros tempos, ele estaria orgulhoso de si mesmo.
- Hey, eu vou para casa... – Chris disse baixo, e a garota fez bico.
- Se você quiser, podemos ir para a minha... Eu sei... Cozinhar - Autumn soou quase pervertida, e Chris chacoalhou a cabeça, rindo.
- Claro que sabe - ele piscou. - Mas realmente preciso ir. Tenho trabalho de física.
- Ah... - Autumn acariciou seu rosto. - Eu posso passar na sua casa mais tarde?
- Hm... – Chris olhava para o nada, enquanto a garota se pendurava em seu pescoço. - Não dá. Desculpe. Tenho outras coisas pra fazer.
Ele não esperou que Autumn protestasse. Deu um beijo em sua bochecha, e desencostou do capô do carro, ligando os fones do iPod. Encontrou seu carro e partiu pra casa, ignorando o celular que tocava, já com Autumn ligando.
Quando entrou em casa, jogou a mochila em uma poltrona e se jogou no sofá. Esticou o braço e apertou o botão da secretária eletrônica.
"Christopher, querido, é a mamãe. Como você está? Nunca mais me ligou! Bom, eu volto no fim da semana, como você sabe. Quando chegar, quero ver os potes de comida que eu congelei para você todos vazios, ok, meu amor? Ah, não durma muito tarde e não esqueça os deveres de casa. Amo você. Me ligue assim que ouvir isso, beijos."
Rolou os olhos, deletando a mensagem. Ligaria para ela assim que tivesse paciência, coisa que já nem sabia mais o que era. Caminhou até a cozinha, abrindo a geladeira e pegando uma garrafinha de Heineken. Puxou a porta do congelador, vendo pilhas e pilhas de comida congelada ali dentro. Fez uma careta. Amava a comida da sua mãe, mas tudo que andava colocando no estômago era Doritos ou Ruffles, e mesmo assim, quase nunca. Não conseguia comer. Era ridículo, simplesmente não tinha fome. Tomou mais um gole da cerveja, voltando ao sofá, e ligou o som bem alto. Os vizinhos andavam reclamando disso? Que se fodam todos eles. O celular vibrou na mesa e ele se irritou ao ver uma mensagem de Autumn. Mas que porra era aquela? O que aquela menina queria tanto com ele?
Não era quem ele queria. Não era dela que ele esperava uma ligação.
Christoipher não conseguia fazer nada em casa. Parecia um marionete no colégio, cheiroso e que dava em cima das garotas, só pra esfregar na cara de Dulce. Só queria saber se ela se importava. Tinha vontade de bater em si mesmo quando se pegava pensando nela vinte e quatro horas por dia, olhando as fotos estúpidas que estavam na câmera, mas que ele não tinha coragem de passar pro computador, e ouvindo músicas que marcaram as férias.
Ele era uma garota, só isso explicava. Não era possível sofrer e querer alguém tanto assim.
Gay, muito gay.
Cada vez que ele dizia algo pra ela, parecia que seu coração ia parar de bater, e quando ela revidava, irritada, tudo o que ele pensava era em agarrá-la ali mesmo. Onde estivessem.
E ao contrário disso, ficava dando bola para líderes de torcida biscates e pegajosas.
Como ele queria Dulce. Só ela o entendia.
Aqueles assuntos de Autumn? Preferia conversar com um poste. Os beijos dela eram muito bons, mas para ele, era mecanizado, como colocar uma camiseta dentro da máquina de lavar. Não é algo que você quer fazer, mas você faz. Não tinha vontade de arrancar as roupas dela do nada, ou de gritar qualquer idiotice para fazê-la rir. Não ficava com a imagem fixa do sorriso dela em sua mente quando tentava dormir.
Honestamente, não queria porcaria nenhuma com aquela garota.
Arthur jogou a garrafa vazia no lixo, subindo as escadas para trocar de roupa. Era possível que suas próprias roupas lembrassem Dulce?
- ARGH! - gritou, nervoso, e se jogou pra trás na cama.
Ele acreditava nela, Rodrigo estava certo. Algo dentro dele sempre disse que ela não estava mentindo.
Mas agora já tinha colocado os pés pelas mãos e não sabia mais como agir. Ainda não suportava a imagem dela com Brian, mas e se... E se fosse tudo uma armação maluca, mesmo?
Desceu as escadas, pegando o telefone para ligar para sua mãe - antes que ela concluísse que ele estava morto - quando tocaram a campainha. Xingou Autumn mentalmente, mas abriu a porta, e tropeçou em uma caixa. Quando olhou para para o outro lado da rua, tomou um susto ao ver Dul abrindo seu carro.
- O que diabos é isso? - gritou, olhando para a caixa e depois para ela. Dul sorriu, sem humor.
- Isso? Isso sou eu deixando você pra trás,Christopher. - Ela entrou no carro e partiu, deixando-o com cara de nada olhando o horizonte.
Christopher colocou a caixa na mesa de centro. Respirou fundo anets de abrir. Claro que sabia que não era uma bomba ou algo do tipo, mas ainda assim não sabia o que pensar. Sentiu o estômago rodar quando encarou seu relógio, um urso de pelúcia que ele havia lhe presenteado, dois CDs e um pedaço de papel - a carta de literatura - e... a blusa vermelha.
A blusa que ela fez tanta questão o verão inteiro, a blusa pela qual eles "brigaram" o tempo todo.
E então soube que estava realmente acabado. Ele tinha a perdido de vez.
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Autor(a): smileforvondy
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aucker Postado em 29/12/2020 - 01:01:38
Ameei a fic
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aucker Postado em 28/12/2020 - 19:37:17
São muito fofos
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aucker Postado em 28/12/2020 - 14:14:55
Iniciei hj e já tô curtindo...
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dayanerodrigues Postado em 28/09/2020 - 21:06:14
Lendo pela a segunda vez. Amo essa fic
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dayanerodrigues Postado em 12/05/2020 - 16:25:25
Amei essa fic
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dayanerodrigues Postado em 11/05/2020 - 07:15:17
Amando essa fic
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stellabarcelos Postado em 25/04/2016 - 15:13:39
Muito lindos! Amei
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sophiedvondy Postado em 27/02/2014 - 14:00:39
leiam minha nova fic ;) http://fanfics.com.br/fanfic/30822/passado-distorcido-adaptada-vondy-rebelde
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crisslucas Postado em 10/11/2013 - 19:57:55
UI!!!!! amei tua web ...por favor posta outras...essa web vondy foi muito fofa...amei!!!!!eu e minhas amix ficamos babando....é muito love S2
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alwaysvondy Postado em 12/10/2013 - 04:13:46
ameeeeeeeeeei a web :( pena q ela foi curtinha...