Fanfic: O Amuleto -

Ainda não tinha acostumado com toda aquelas regalias da nova escola, o café da manhã era todo elaborado e todos usavam guardanapos nos colos, o salão ainda me assustava e todos pelo corredor comentavam algo depois de me ver, todos quando me olhavam cochichavam e logo após soltavam risinhos, em uma dessas passagens pelo corredor alguém comentou bem alto” nossa escola deve ter virado manicômio” e todos outros riram, eu estava ganhando fama de doida, a doida do refeitório, me sentia péssima e mais que tudo queria voltar pra casa. Então uma menina baixinha de olhos puxados puxou meu uniforme e me encarou. Olhei pra ela com raiva, será que ela também iria fazer algumas piadinhas sobre a cena no refeitório.

_Você é a garota que desmaiou no refeitório não é?Perguntou sua voz era fina de uma maneira irritante, seus cabelos eram negros que nem a escuridão, seus olhos eram puxados e por isso deduzi que ela era japonesa.

_Sou eu. Respondi mal humorada._Vai fazer piadas sujas, quer que eu dê uma medalha de mais um de idiota pra você? Respirei fundo pra tentar manter a raiva afastada de mim.

_Calma. Disse assustada._Só acho o que eles fazem idiotice, sabe não se deve brincar com a doença dos outros. Disse seria, e então eu arregalei meus olhos e tive um ataque de raiva.

_Eu não tenho doença nenhuma. Gritei empurrando ela, mas quando vi Jonatan estava no meio de nós duas me segurando.

_Calma garotas sei que sou lindo, mas não precisa brigar por mim. Riu me levando pra fora do corredor.

_Saiba que seu dia nessa escola acabou novata estranha. Gritou a japonesa irritante.

Jonatan me levou pra fora, me levou pra longe de toda aquela gente, pra longe da japonesa chata e irritante, mas mesmo com aquilo tudo ainda estava furiosa, ainda estava com raiva, ainda queria chutar a bunda daquela japa idiota, eu não era doente, e aquilo nunca tinha acontecido comigo, como podem ser tão maldosos e idiotas, achava que aquele tipo de gente só existisse nos filmes.

_Me solta. Gritei com Jonatan e então ele obedeceu.

_Se acalme ta legal. Suspirou._Você sempre foi de brigar na escola? Perguntou.

E então me vi chorando na frente de Jonatan novamente, porque eu nunca tinha brigado na escola antes, nem alterado a voz, eu era tão calma até aquilo tudo acontecer.

_Não. Falei limpando meus olhos.

_Sempre foi tão sensível?Perguntou.

_Também não. Falei mais uma vez tentando parar as lagrimas de sair._É que essa escola me deixa louca.

Ele me olhou compreensivo.

_Deixa todo mundo louco. Riu._Aquela lá era a Annie, ela costuma fazer isso com tudo mundo que comete algum deslize na escola, mas ela só é uma menina insegura tentando ter amigos e se sentir bonita.

_Como sabe isso tudo dela? Perguntei, então ele deu um sorriso meio estranho e eu entendi o porquê.

_Por que dormiria com uma menina como aquela? Perguntei.

_Porque eu não mereço deitar com ninguém que seja bom. Olhou serio pra mim._Não mereço deitar com ninguém que valha a pena, minha alma é mais ou menos como a deles, só que mais impura.

Revirei meus olhos.

_Ninguém é totalmente bom, nem totalmente ruim Jonatan, eu acredito que por pior que a pessoa seja em algum momento da vida dela ela vai agir certo com alguém, como você agiu comigo no refeitório. Sorri._Então não acho que você seja igual eles.

_Você não sabe de todas as coisas ruins que eu já fiz. Sorriu com um olhar maldoso e por um momento vi em Jonatan, o Jonatan dos meus sonhos, mal e que só queria destruir as pessoas.

_Fazia, não faz. Disse vacilante afinal, não sabia nada do garoto a minha frente, só que ele tinha um péssimo habito de intimidar as pessoas.

Então ele deu risinho e se virou começando a caminhar pra longe.

_Pra onde você vai? Perguntei me levantando também.

_A aula, não me siga garota. Falou me olhando de um jeito assustador e então mais uma vez o obedeci.

As outras aulas se passaram muito rápido, algumas vezes chegavam bilhetinhos de garotas me chamando de estranha, outra me perguntado o que tinha acontecido, esses eram os mais generosos, e por um motivo que eu não entendia Annie tinha todas as aulas comigo e em todas me olhava de maneira assustadora, algumas vezes colocava dedo e teve uma que ela me mandou um bilhete dizendo ”Não fique perto de Jonatan, ele é meu gato”, revirei os olhos, provavelmente Annie é uma garota iludida por Jonatan, como todas da escola pareciam ser, talvez ele tivesse dormido com todas menos com Mary, eu tinha quase certeza que Mary nunca se submeteria a isso, até porque a maneira como ela olha pra ele é estranho.

Na aula de educação física vesti minha roupa de esportes e comecei a jogar vôlei com as meninas, elas riam algumas vezes e comentavam sobre mandar a bola de leve pra estranha que desmaiou, mas nem importei e joguei com o meu melhor, então quando foi a vez de outro time de meninas entrar pro vôlei, fui pro campo de futebol olhar os meninos a jogar, Jonatan não estava por lá, mas mesmo assim fiquei olhando enquanto um grupo de líder de torcidas treinavam um dos seus passos para o próximo jogo, me senti meio estranha porque quando eu estudava na minha outra escola , nunca via os treinos dos jogos nem espiava as lideres de torcida treinando seus passos, nosso grupo de amigos tinham uma idéia muito seria de nunca fazer isso nem se estivéssemos loucos, nós odiávamos tudo aquilo, odiávamos esportes e quase sempre matávamos a educação física e fugíamos para aulas de musicas de outra turma, era divertido, talvez foi por isso que minha mãe tenha me levado pra essa escola que era mais como um prisão, talvez ela tenha descoberto que eu matava aula de educação física pra ficar com a banda da escola , ou pra tocar algum instrumento com meus amigos,se fosse isso eu estava realmente arrependida de tudo.

_Aqui está você. Escutei uma voz irritante atrás de mim e quando me virei era ela, Annie vestida seu uniforme de líder de torcida, então ela sentou perto de mim e disse muito arrogante.

_Sai de perto do Jonatan. Falou.

Eu respirei e inspirei três vezes e então finalmente olhei pra ela.

_Não tenho nada com Jonatan, somos apenas amigos, ele apenas me ajudou a levar para a enfermaria, apenas isso e você é algo dele? .Disse mesmo sabendo que não, mesmo sabendo que Jonatan não tinha nenhum vinculo com aquela garota, nem com nenhuma das outras, e eu sabia também pelo pouco tempo que tínhamos nos encontrado, que ele odiava isso tudo até mais que eu.

_Não somos nada, mas como um dia ele me disse, ele é minha carinha bonita. Sorriu e foi de volta pra perto de grupos de lideres de torcida.

Senti meu estomago revirar ao perceber que Jonatan falava aquilo para todas as garotas, e que eu também estava sendo mais uma carinha bonita, será que ele esperava fazer comigo como fez com as outras?Suspirei ainda não dava pra saber, só nos conhecíamos a dois dias e alem disso eu estava tendo sonhos com eles nada agradáveis.

Olhei pro prédio da escola e vi em uma das janelas de vidro Mary e a diretora que pareciam estar em uma briga profunda,  imaginei que talvez a diretora tivesse descoberto todas as escapadas de Mary durante a noite.Assim que Mary saísse de lá iria buscar respostas, porque eu sempre fui muito curiosa.

Sai da arquibancada e fui até o vestuário trocar de roupa, tomei um banho e sai direito pro lago, porque as aulas haviam acabado e todos os alunos estavam fazendo alguma coisa no gramado grande, alguns continuavam a jogar futebol, outros estavam rindo sobre alguma coisa, e eu estava sozinha sentada na beira da lagoa olhando o outro lado que estava Jonatan deitado sobre um pano olhando para o céu pensativo, queria ir até a ele mais não fui, e então senti uma pressão sobre meus ombros.

_Acho que ele não é bom pra você. Reconheci de imediato a voz de Mary.

_Mary!Exclamei de alegria._Senti sua falta à tarde inteira onde você estava?Perguntei.

Ela sorriu mostrando todos os seus dentes brancos e retos.

_Estava resolvendo alguns problemas com a diretora. Disse sem nenhuma preocupação.

_É porque você estava fora ontem à noite?Perguntei e então ela olhou pra mim com os belos olhos azuis arregalados.

_Nada disso. Riu._Era só algumas coisas da classe. Deu de ombros.

Então Mary sentou do meu lado e olhou pra Jonatan também.

_Acho ele meio estranho. Cochichou._Os olhos verdes demais, o cabelo, o jeito de andar e o fato dele nem mesmo gostar entrar na piscina e sempre foge das aulas de natação. Riu

_Você acha que ele é hidrofóbico?Perguntei.

_Não acho que ele seja Hidrofóbico só acho que ele possa ter uma grande cicatriz, mas ainda não posso dizer isso. Suspirou._São tantos trabalhos pra fazer.

_Se ele fosse mesmo ruim, por que me levaria pra enfermaria ontem? Perguntei

_E por que não levaria? Sorriu.

Suspirei e não entendi o que ela disse, voltei a olhar pra Jonatan só que agora ele estava sentado sobre a grama e meio que sorria pra mim, sorri de volta.

_Está gostando dele?Perguntou ainda sussurrando.

_Não estou apaixonada por ele. Sussurrei._Eu nunca apaixonei instantaneamente, mas só acho que ele seria um bom amigo. Sorri, mas Mary parecia preocupada.

Ficamos caladas por um bom tempo, tempo demais e Jonatan já não estava mais ali, eu estava sentada apenas olhando os cisnes nadarem do lago, e Mary estava deitada olhando para o céu, algumas vezes suspirava e então ela quebrou o silencio.

_Esqueci. Disse._Tenho alguns sanduíches pra gente. Deu-me um pacote o abri e vi que era um sanduíche com presunto, tomate, mussarela, bacon e alface, sorri porque eu sempre gostei daquele sanduíche.

_Como sabia?Pergunte.

_Descobri em uma das cartas que sua mãe te deu. Falou normalmente, olhei pra ela desapontada por ter aberto minha correspondência.

_Eu sei desculpa, mas eu não pude evitar. Riu meio nervosa.

_Só não faça mais isso. Suspirei._E está perdoada por ter trago meu sanduíches prediletos.

_Então é assim. Riu._Já sei o segredo pra você não ficar tão brava comigo.

Olhei pra ela meio sorrindo mais se ela fosse toda vez me desapontar e logo em seguida me dar um sanduíche de Bacon eu gostaria que ela me desapontasse mais vezes.

_Mas lembre, leve um sanduíche. E nós duas rimos juntas.