Fanfic: Entre Anjos E Demônios
Amelia socorria o filho que agora não sangrava mais com lágrimas nos olhos, Carlos sorriu tristemente para Alexandre agradecendo pela ajuda.
–O que fazemos agora? - Bruna perguntou olhando para Marcos que nem se abalará ainda abraçado ao corpo de Camila.
–Temos que providenciar o enterro. - Carlos falou friamente, segurando-se para não chorar ali mesmo.
–Isso é tudo culpa de vocês. - David gritou atraindo atenção de todos.
–David, agora não é hora. - Jessica segurou a mão do namorado tentando conforta-lo.
–Não é hora? Não é hora? - ele gritou repetindo indignado. - Se eles não tivessem entregando a minha irmã para desconhecidos, ela não estaria com a garganta agora. - ele gritou apontando para Marcos e o corpo.
–Você sabe que fizemos pelo bem dela, filho. - Amelia falou ajoelhada no chão aonde o filho estava a pouco sangrando. Ouvi aquelas palavras vinda do seu filho mais velho, fazia seu peito rasgar por inteiro por dentro.
–O bem dela era ficar do nosso lado. - David retrucou. - Deveriam ter cuidado para que Caio não a tivesse encontrado e protegido de todas as formas, mais não, vocês preferiram se livrar dela. - ele acusou.
–Fique calado, David. - Carlos ordenou ajudando a esposa a ficar de pé. - Não nos julgue, você não sabe os apertos e o sofrimento que passamos até aqui. Então sugiro que você fique calado. - Carlos falou abraçando Amelia.
–E eu? Eu não passei por nada? - David insistiu. - Cresci sabendo que a irmã que eu nem conhecia poderia morrer a qualquer momento. E olha só, ela já está morta. Veio parar bem debaixo dos nossos narizes e nem sabiam que ela era a minha irmã, a qual eu deveria proteger e cuidar.
–Cale a boca, David. - Amelia gritou farta daquela discussão. - Eu que fiquei sem um dos meus filhos, você não sabe de nada, então cale a porra dessa boca. - ela completou por fim.
–E tudo isso foi pra quê? NADA. Foi para a merda de um grande NADA. Então não me venha mandar calar a boca sabendo que vocês que estão errados. Vocês ferraram com a vida dela. - David falava em meio ao choro. - Ela está morta e eu nem pude dizer que eu a amo, mesmo sem ter tido a oportunidade de conhece-la. Eu nunca poderei dizer isso a ela. - David deixou-se cair de joelhos na grama aos prantos.
Amelia mesmo magoada com as palavras duras do filho, se separou do marido e o abraçou. Ela não aguentava ver seu filho sofrendo.
– Ela está morta, mãe. - David falou agarrando-se desesperadamente a mãe aos prantos.
Carlos andou até eles abraçando sua esposa e filho e chorou. Chorou por saber que agora era definitivo e um ponto final naquela história. Sua filha nunca mais voltaria para os seus braços.
Bruna chorava comovida com a dor daquela família abraçada a Marcelo que tentava consolá-la em vão. Em um canto mais afastada, Jessica assistia tudo com remorso e culpa. Ela não queria que nada daquilo acontecesse, ele tinha prometido a ela que não machucaria a irmã do namorado, mais foi enganada.
Mas o que ela poderia ter feito? Caio e Ana eram e sempre serão seus pais, mesmo apesar de tudo o que ouvia sobre seus pais serem do ´´mal``, ela não acreditava nisso. Ela enxergava bondade neles e achava que eles só precisavam de uma oportunidade para poder expressá-la.
Mas estava redondamente errada. Só havia maldade e crueldade em suas almas e Camila acabou por pagar com a vida o preço disso.
Ela olhou para o corpo do pai e chorou por ter percebido tarde demais, que só fora usada. Ele a mataria junto com os outros sem dó e nem piedade. E agora era ele que estava morto e dividido em dois, se ele ainda estivesse vivo, o mataria sem nem pensar duas vezes.
O ódio e fúria se apossaram do coração de Jessica, ela queria vingança e iria atrás da única pessoa que poderia pagar, sua mãe Ana. Ela ainda estava viva andando livremente por aí. Mas não por muito tempo. Jessica pensou raivosa, mais deixou seus pensamentos de lado quando viu que o corpo do pai havia se mexido. Não mesmo. Agora seria ela a mata-lo. Jessica já estava pronta para atacar quando Bruna gritou.
–Caio ainda está vivo. - Bruna gritou olhando para o corpo dele que agora se mexia fazendo os dois pedaços do corpo se juntarem.
Amelia, Carlos e David levantaram no mesmo instante também prontos para dessa vez matar Caio, mais antes o torturariam. Iriam fazê-lo, sentir a mesma dor que sentiam. Enquanto todos viam o corpo de Caio auto se curar, Marcos apenas balançava o corpo de Camila, ele só queria poder ver os olhos dela abrindo e sorrindo para ele. Mais isso não seria possível. Não mais.
Caio ainda estava com o corpo esparramado no chão, quando abriu seus olhos gritando de dor. Mas aquela não era qualquer dor. Caio ainda gritando, rasgou sua camisa como se aquilo pudesse fazer a dor se extinguir. Ele gritou ainda mais quando seu peito foi rasgando de dentro para fora por duas mãos pequenas. As mãos rasgava e destruía tudo que estava em seu caminho atrapalhando sua liberdade.
Todos olharam para a cena assustados, vendo aquela coisa pequena e brilhante sair do peito de Caio que ficou imóvel quando ´´aquela coisa`` saiu completamente de seu corpo. Ninguém sabia o que era aquilo que ficou pairando sobre o corpo de Caio que foi aos poucos, tornando-se poeira sobre a grama.
Jessica assustou-se quando a pequena luz brilhante voou em sua direção, mais nada a luz lhe fez. Apenas foi em direção a Bruna e Marcelo e também não fez nada, para logo em seguida ir em direção a David e Carlos e por fim em Amelia, onde a luz ficou na altura de sua barriga mais também nada fez. Todos estavam confusos com aquilo, mais a luz brilhante parecia está procurando por algo, acabando por parar em frente a Marcos e Camila, deixando todos curiosos para ver o que iria acontecer.
Marcos que até então estava completamente fora de si, levantou sua cabeça no momento exato em que viu aquela luz ir abaixando e entrando no corpo de Camila que imediatamente teve suas feridas curadas, mais permaneceu imóvel nos braços do Marcos.
Todos ali no jardim, se aproximaram do casal na expectativa de que Camila acordasse, mais novamente foi tudo em vão.
–Camila, se estiver me ouvindo. Volta pra mim por favor, eu te amo. - Marcos sussurrava no ouvido da amada, mais nada de diferente acontecia.
–Acho que é melhor levarmos o corpo de Camila para outro lugar. - Bruna se pronunciou. - Temos que cuidar do corpo.
–Ninguém vai tocar nela. - Marcos falou por entre os dentes.
–Marcos, temos que enterra-la. - Bruna falou como se conversasse com uma criança.
–VÁ PARA O INFERNO. - Marcos gritou. - Camila é minha e ninguém vai tirá-la de mim. - ele falou abraçando mais fortemente o corpo de Camila e liberando suas asas. Ele lutaria contra quem se atrevesse a tentar tirar Camila de seus braços.
–Ela é nossa filha, Marcos. - Carlos aproximou-se de Marcos que ficou de pé olhando-o raivosamente. - Você não pode levá-la. - Carlos liberou também suas asas. Marcos estava fora de si. Ele não deixaria ninguém tirar Camila de seus braços.
–Ela está carregando um filho meu, ela é minha e você e nem ninguém vai enterrá-la. - Marcos deixou o aviso.
–Marcos, você não...
Amelia foi interrompida por Camila que acordou respirando fundo, como se estivesse com o corpo submerso na parte mais profunda do oceano, assustando a todos.
Marcos olhou espantado para Camila que o olhou confusa e depois olhou ao seu redor. Marcos gentilmente a colocou de pé e abraçou deixando que novas lágrimas caísse. Mais essas eram de felicidade, sua Camila havia voltado.
–Você voltou. - ele falou ainda surpreso afastando-se e encarando Camila.
–O que aconteceu, Marcos? A gente estava na sua casa e depois disso não me lembro de mais nada. - Camila perguntou confusa.
–Nada que valha a pena relembrar. - ele falou beijando-a desesperado para sentir o gosto dela.
Camila estava confusa e imagens passavam por sua mente deixando seu raciocínio ainda mais confuso e lento. Mais ela sentia no beijo o desespero do Marcos e retribuía o beijo na mesma medida tentando acalma-lo.
Quando o ar se fez necessário, Marcos separou seus lábios do de Camila encostando sua testa na dela sorrindo aliviado.
–Eu te amo tanto Camila, eu não posso viver num mundo onde você não existe. - ele declarou inflando o peito de Camila de felicidade.
–Eu também te amo e nunca vou me separar d você. - ela o abraçou e viu que Bruna sorria feliz em meio as lágrimas.
Ela separou-se do Marcos e olhou novamente em volta vendo todos ali, ela sentiu seu coração acelerar ao ver o corpo de Caio e apertou a mão do Marcos.
–Está tudo bem, meu amor. - Marcos falou tentando faze-la relaxar. - Ele nunca mais poderá lhe fazer mal. - ele declarou por fim.
–O que aconteceu aqui Marcos? - ela voltou a perguntar.
Marcos respirou fundo e tocou o rosto de Camila, usando seus poderes para poder compartilhar seus pensamentos com ela. Camila ofegou quando Marcos tirou a mão do seu rosto e olhou para a família Albatroz que a olhavam com esperanças de que ela não os rejeitassem.
–Eu não sou a filha de vocês. - Camila falou calmamente e viu Amelia abrir a boca para dizer o contrário.
Mais Camila fechou os olhos e quando os abriu, viu que estavam em um quarto e uma garota de cabelos loiros, olhos verdes e pele clara os olhava assustada.
Agora foi a vez de Amelia ofegar, aquela menina era a cópia fiel de sua bisavó.
–Ela é a sua verdadeira filha. - Camila esclareceu. - Quando Caio invadiu minhas lembranças, ele acidentalmente quebrou a barreira que bloqueava para que eu lembrasse do feitiço. E quando ele roubou meus poderes, o feitiço das duas almas foi desfeito por completo. - Camila explicou.
Todos se voltaram para trás quando ouviram o barulho de vidro se quebrando e viram a tia de Camila parada ao pé da escada.
–Camila? O que faz aqui? - Patricia perguntou confusa e assustada. Como sua sobrinha conseguiu chegar até ali?
–Eu já sei de tudo tia. - Camila explicou o pedido mudo da tia por explicação.
–É verdade? - Amelia perguntou a Patricia sem tirar os olhos da filha.
–Sua filha sofreu um ataque de um caçador de bruxas. - Patricia começou com o seu discurso olhando para sua sobrinha. - Ela quase foi morta e eu não tive escolha a não nascer transferir a alma dela para a minha sobrinha, para que sua filha não morresse de vez. - Patricia explicou.
–Espera aí... - Camila riu sem humor. - Como assim um caçador de bruxas? - ela perguntou confusa.
–As lembranças não eram suas, sempre da Katherine. Foi ela quem namorou o Kelvin e não você. - Patricia explicou. - E quando e mandei você para essa escola, eu não sabia que a família que o regia, eram a mesma família que entrego a filha aos seus pais. Me desculpe. - ela pediu.
–Será que podem me explicar o que está acontecendo aqui? - Katherine explicou e Marcelo andou até ficar em sua frente assustando-a ainda mais.
Marcelo segurou a cabeça de Katherine forçando-a a olhar em seus olhos fazendo com que ela visse tudo desde que Amelia estava grávida. Quando a soltou, Katherine olhou para Amelia com os olhos molhados por suas lágrimas.
–Mãe? - Katherine perguntou indecisa. Ela entendeu tudo que viu em sua cabeça. Ela nunca se sentiu parte daquela família na qual pertenceu sua vida toda, e agora entendia o porquê desse sentimento. - Mãe. - Katherine repetiu novamente, acabando por receber um abraço de uma Amelia desesperada.
–Me perdoe filha. Eu nunca deveria tê-lá entregado, me perdoe. - Amelia pedia apertando cada vez a filha entre seus braços.
Carlos e David aproximaram-se e abraçaram as duas mulheres de suas vidas. Jessica sorria alegre pelo namorado e decidiu ali, que nada mais importava para ela a não ser o seu amado com aquele mesmo sorriso todos os dias e faria tudo para mante-lo, só que sentia um pouco culpada por não contar a verdade, ela sabia muito bem que David jamais a perdoaria se souber de toda a historia, mais iria compensar sua traição e mentira, fazendo-o feliz até seu último dia de vida. Agora sim, a família Albatroz estava completa...
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7 MESES DEPOIS...
–Vamos Camila. - Bruna falava com pressa.
–Será que dá pra esperar, não é você que está com um barrigão. - Camila falou rolando os olhos calçando suas sapatilhas. - Agora estou pronta. - Camila falou sorrindo para Bruna.
–Quando chegarmos no jardim, a festa já vai ter acabado. - Bruna falou abrindo a porta.
–Exagerada. - Camila falou dando a língua para ela.
As duas caminharam pelos corredores da escola conversando sobre os últimos retoques no quarto do Alexandre, Camila fez questão de homenagear o professor dando seu nome ao seu filho. Quando chegaram no jardim, Camila sorriu largamente ao ver Marcos vindo em sua direção.
–Você está linda. - Marcos falou dando-lhe um beijo.
–Estou enorme, parecendo um balão. - Camila falou melosa.
–Você que pensa, você está linda esperando um filho meu. - Marcos falou acariciando a bochecha da sua noiva. Isso mesmo, ele a pediu em casamento no mesmo dia em que ela voltou a vida.
–Anda, tenho que entregar o presente da Katherine. - Camila falou entrelaçando seu braço no dele e caminhando até a garota loira que só sabia sorrir desde que reencontrou a família.
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–Posso me sentar aqui? - Katherine perguntou para Camila qe estava em uma mesa mais distante do restante da festa, observando em como a família Albatroz estava feliz e completos.
–Claro. - Camila respondeu sorrindo.
–Vou pegar alguma coisa pra você beber. - Marcos falou levantando-se e beijando a testa de Camila.
–Eu acho tão lindo vocês dois juntos. Espero encontrar um garoto que goste assim também de mim. - Katherine falou suspirando.
–Já eu acho que você já o encontrou maninha. - Camila falou sorrindo de lado apontando para Douglas que não tirava os olhos de Katherine desde que chegou.
–Pára, ele não gosta de mim. Somos só amigos. - Katherine falou ficando com as bochechas rosadas.
–Eu também achava isso com o Marcos e olha onde eu acabei? - Camila apontou para si mesma. - Estou gravida e irei me casar daqui um mês. E isso só porque eu achava que era só uma amizade. - ela debochou.
–Você acha mesmo que ele gosta de mim? - Katherine perguntou reparando melhor no rapaz.
–Certeza absoluta. - Camila garantiu. - Katherine? - Camila chamou atenção da sua irmã. - Depois de tudo pelo que passamos, merecemos ser feliz. Eu já estou construindo minha felicidade com o Marcos, agora falta você começar a construir a sua. - Camila falou segurando a mão de Katherine que apertou gentilmente.
–Você tem razão. Eu vou falar com ele. - Katherine levantou da mesa e caminhou para longe, mais depois voltou e abraçou Camila. - Não importa o que aconteça daqui pra frente. Você sempre foi e sempre será a minha irmã. - Katherine declarou agora caminhando decidida em direção a Douglas.
–Acho que teremos mais um casal. - Marcos falou sentando ao lado de camila abraçando-a.
–Espero que ela seja feliz. - Camila falou recebendo os carinhos do noivo.
–Assim como somos e sempre seremos. - ele sussurrou em seu ouvido afagando sua barriga, sentindo o bebê chutar como se concordasse com o pai.
Assim como Deus escreve certo por linhas tortas, assim como os males que vem para o bem e assim com um mal entendido acaba por ser o certo no final. O mal nessa historia acabou por proporcionar tanta coisa boa, que fica difícil ficar relembrando o sofrimento que reinou até ali.
Agora só tinha espaço para a paz, e momentos felizes para lembrar.
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Obrigada a quem leu e aqueles que irão ler...
Autor(a): BiaRuz
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