Fanfic: Inalcanzable *Portiñon*-Finalizada | Tema: Rebelde, Portiñon

Apenas duas semanas depois eu recebi uma ligação às 4 da manhã e meu coração disparou, pesando que havia chego a hora e que jamais iria a ver de novo. Tirei o BiPAP, me conectei ao cilindro de oxigênio e atendi o celular.

“Boa noite, Anahi Giovanna.” Veio sua voz suave e alegre.

Eu dei um suspiro de alívio. “Boa noite, Chuck.” Falei, sorrindo um pouco.

“Queria ouviu sua voz.” Ela continuou, dando longas puxadas de ar. Seus pulmões estavam ficando como os meus... “Desculpa te acordar.”

Eu sabia que ela ligara por algum motivo. Provavelmente estava se sentindo horrível e estava com medo de partir sem tentar me avisar de alguma forma antes. Me ligar no meio da noite devia ser seu jeito de fazer isso. E eu estava com medo.

“Não tem problema. Quer falar sobre alguma coisa?” Perguntei, sentando completamente na cama e me escorando na cabeceira.

“Bom, eu assisti o jogo do Vasco antes de ir dormir.” Ela comentou. “Ele ganhou do Flamengo de 3x0, será que você pode esfregar isso na cara do seu pai amanhã?”

“Vai ser a primeira coisa que eu farei quando o vir.” Prometi, sorrindo mais um pouco. “Quer que eu fale sobre os oito campeonatos que o Vasco ganhou?”

“Amor, eu te amo muito, mas, por favor, não fale oito campeonatos ou eu vou ter que te bater.” Ela suspirou. “Foram bem mais que oito campeonatos.”

“Mas pensei que aquelas estrelinhas na sua camiseta do Vasco fossem o número de títulos.” Franzi a testa.

“Eu devia ter arrumado uma namorada que entende de futebol.” Ela brincou.

“Aí você não poderia ficar explicando durante horas para ela sobre isso.” Retruquei.

Dulce riu, depois tossiu um pouco e suspirou. “Lembra-se da primeira vez que a gente se viu?” Perguntou de repente.

“Dulce, não...” A gente não ia ter essa conversa, não agora, não naquela noite, porque eu não estava pronta para perdê-la e nunca estaria, mas eu não queria ter aquela conversa, a nossa última conversa, pois sei que jamais iria aguentar suportar aquilo.

“Eu pensei que você era a garota mais linda que eu já vira.” Ela me interrompeu. “E ainda penso constantemente nisso. Que você é a garota mais linda e mais incrível que já conheci. E eu tenho tanta sorte em ter você ao meu lado. Você percebeu que eu sussurrei algo para Peter antes de ir montar os equipamentos?”

Eu tive que pensar um pouco, mas me lembrei claramente daquele dia, como se tivesse ocorrendo naquele momento. “Sim.” Sussurrei.

“Eu disse: vou me casar com aquela garota.”

Eu engasguei um pouco e algumas lágrimas desceram pelas minhas bochechas. “Dul...”

“Eu sei que é um pouco estranho te ligar às quatro da manhã, quando eu, claramente, estou morrendo. Mas lembra-se do dia em que te pedi em namoro? Eu te levei para a Casa dos Gênios, disse que ainda não tinha gasto minha oportunidade de ter meu maior sonho realizado. Eu liguei para eles hoje à tarde.” Dulce parou de falar por alguns segundos para recuperar o fôlego. “Eles conseguiram achar alguém que tirou um diploma da internet para poder realizar casamentos e saíram correndo para arrumar um local. Acabaram de me ligar. Está tudo pronto e disseram que podemos nos casar amanhã, mas eu não posso esperar. Por isso te liguei agora. E é por isso que vou te pedir isso: Anahi Giovanna, quer se casar comigo?”

Algumas coisas na vida você nunca esquece. Como, por exemplo, seu aniversário de dez anos, seu primeiro beijo, seu primeiro namoro, um Natal onde você ganhou aquele presente que sempre quis, um Ano Novo que você passou na praia ou em algum outro lugar que você ame. Para mim, esses momentos inesquecíveis estavam bem guardados ao lado do dia que recebi o diagnóstico de câncer, o dia que minha avó me deu uma boneca, o último presente que recebi dela, o dia que conheci Dulce, a primeira vez que fizemos amor, a primeira vez que a vi chorando e eu tenho certeza que aquele momento ficaria gravado em minha mente até o dia que eu morresse.

Ela estava me pedindo em casamento. Às 4 horas da manhã. (Mais tarde eu poderia acrescentar: duas semanas antes de sua morte).

“Sim.” Falei, sorrindo largamente.

“Ótimo, que alívio! Christopher vai ir aí buscar você e seus pais.”

“Dulce! O que eu vou usar?!” Perguntei, começando a me desesperar um pouco.

“Você pode vir pelada que eu não vou me importar.”

“Pelo menos seu humor ainda está intacto.” Ouvi a voz de Poncho do outro lado do telefone, ao lado dela.

Eu ri. “É sério, Dulce.”

“Use aquele vestido branco que você usou no nosso primeiro encontro, Duende. Isso vai ser mais do que suficiente e eu vou ficar muito feliz em vê-la nele.” Dulce respondeu.

Eu sorri. “Quando Christopher chega?”

“Ele já está saindo.”

Acordei meus pais e contei a eles em uma única frase o que estava acontecendo: “Vou me casar com Dulce!”. Antes de sair correndo para o banheiro. Fiquei pronta em quarenta minutos, coloquei o vestido branco que Dulce falou, um tênis estilo sapatilha simples, cabelos caindo livremente pelas minhas costas e sem nada de maquiagem. Meus pais ainda estavam meio atordoados quando chegamos ao parque perto da minha casa e Poncho abriu a porta para eu sair.

Ele nos levou até o meio do parque, onde lindos balões coloridos com lâmpadas dentro estavam espalhados pelo chão e pendurados nas árvores. Um longo tapete vermelho estava indo da trilha onde estávamos até a frente da fonte, que estava ligada e cercada por piscas-piscas de Natal. O chão estava cheio de arranjos de flores e pétalas de rosas estavam jogadas em volta do tapete vermelho. Era simples, mas incrivelmente belo.

Em pé ao lado do tapete estavam Maite, Christopher, sua noiva, Peter e o pai de Dulce. Além de algumas pessoas que eu não conhecia, mas que deviam fazer parte dos Gênios. Um homem estava parado no fim do tapete vermelho, usando um terno bem alinhado. Dulce estava ao seu lado, sentada em sua cadeira de rodas, usando as roupas do nosso primeiro encontro, seu sorriso mais vivo do que nunca. Christian estava logo atrás de sua cadeira, sorrindo para mim. Maite se encaminhou para um piano que só naquela hora eu percebi, enquanto Poncho ia se juntar aos seus amigos.

De repente, a “Marcha Nupcial” começou a tocar e eu agarrei o braço de meus pais, antes de começar a andar pelo tapete vermelho até o amor da minha vida.

Quando cheguei até ela, Maite parou de tocar o piano e Dulce se levantou com a ajuda de Christian, que se mantinha perto para o caso de algo acontecer. Ela me deu um selinho demorado e sorriu.

“Boa noite, Anahi Giovanna.” Sussurrou.

“Boa noite, Dulce Maria.” Sussurrei de volta, um sorriso ainda maior.

O homem de terno, que eu imaginei ser o tal cara com diploma da internet, limpou a garganta e começou a falar. “Estamos aqui hoje reunidos, às cinco da manhã, do dia 15 de maio, para celebrar a união de Dulce Maria Saviñon e Anahi Giovanna Portilla. Devido às circunstancias nada favoráveis, irei pular as partes chatas.” Declarou, fazendo Dulce sorrir. “Acho que podemos ir direto aos votos.”

OS VOTOS! Como eu fui me esquecer dos votos?!

“Só tenho a dizer que eu te amo demais, Duende. E que não importa o que me aconteça eu sempre estarei contigo, ao seu lado, te fazendo companhia. Gostaria de passar o resto da minha vida ao seu lado, mas acho que a vida não é uma fábrica de sonhos. Quero que saiba que você é a pessoa mais impressionante que já conheci e ouso dizer que você é perfeita. Eu te amo, Anahi Giovanna.” Ela concluiu.

Eu já estava chorando, ótimo. “Eu te amo, Chuck, amo muito mesmo. Tenho certeza que você é o amor da minha vida e que eu vou te amar para sempre, não importa o que esteja destinado a acontecer com a gente. Amo esse seu humor inteligente e sua capacidade de me fazer rir a qualquer momento, amo esse seu estilo de chapéu torto e amo esse seu jeito convencido.”

“Não esqueça de sua inteligência.” Christopher sussurrou, recebendo uma cotovelada da noiva.

“Ela não é tão inteligente assim.” Eu falei, franzindo a testa. “É que pessoas bonitas costumam não ser tão inteligentes, mas ela é mais inteligente que elas, por isso impressiona tanto.” Expliquei.

Dulce riu e concordou. “Eu sou linda mesmo.” Falou, dando de ombros.

Percebi que sua perna começara a tremer, então acelerei um pouco. “Mas eu te amo mesmo assim. Mesmo careca, parecendo um fantasma e sem uma perna. Eu te amo, porque você é muito mais do que as pessoas conseguem ver. E eu vou te amar, sempre, Dulce Maria.” Conclui.

Ela sorriu bastante e pude ver que uma lágrima escorreu por seu rosto e caiu em seu colete. Saí de meus pensamentos ao ouvir o retomar do discurso do homem de terno. “Repita comigo, Dulce. Eu, Dulce Maria Saviñon...”

“Eu, Dulce Maria Saviñon...”

“Te faço minha esposa, Anahi Giovanna Portilla...”

“Te faço minha esposa, Anahi Giovanna Portilla...”

“E prometo te amar e respeitar...”

“E prometo te amar e respeitar...”

“Na alegria e na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.”

“Na alegria e na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.”

“Agora você, Anahi. Eu, Anahi Giovanna Portilla...”

“Eu, Anahi Giovanna Portilla...”

“Te faço minha esposa, Dulce Maria Saviñon...”

“Te faço minha esposa, Dulce Maria Saviñon...”

“E prometo te amar e respeitar...”

“E prometo te amar e respeitar...”

“Na alegria e na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.”

“Na alegria e na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.”

“Eu vos declaro, esposa e mulher. Pode beijar a noiva.”

Eu sabia que “até que a morte nos separe” não demoraria tanto assim para chegar, mas não pensei que seria tão rápido...

Apenas avisando que faltam 4 capítulos para o fim! Como avisei antes é uma web bem curta.

Se querem que eu poste todo o resto amanhã comentem bastante =)

Dessa vez serei um pouco má com vocês kkk`