Fanfic: Inalcanzable *Portiñon*-Finalizada | Tema: Rebelde, Portiñon

Eu fui dormir depois das 22:30h, depois de conseguir tirar todo resquício de maquiagem, então eu acordei tarde no dia seguinte. Eu almocei e pedi para minha mãe me levar no shopping comprar um dos livros que Dulce me indicou e ela concordou imediatamente, feliz em me ver querendo sair de casa. Na verdade, eu compraria pela internet, mas iria demorar dois dias para chegar e eu não tinha nada para fazer o dia inteiro.

No shopping minha mãe me levou comprar algumas roupas novas, me deixou comprar um milk shake e depois nós fomos à livraria, onde eu passei o nome dos livros para ela me ajudar a procurar. Não demorou muito e eu tinha conseguido achar a coleção dos Jogos Vorazes e mais dois outros que ela indicou, quando eu achei que era o suficiente para duas semanas de leitura e pagamos. Quando eu estava no carro de volta pra casa, minha mãe perguntou se eu não queria parar para fazer mais alguma coisa, mas eu já estava cansada, então fomos direto pra casa.

Logo que entrei no meu quarto, colocando os livros com cuidado na cama, meu celular tocou e eu peguei, vendo que eu não conhecia o número, mas atendi mesmo assim.

“Anahi Giovanna.” A voz suave falou do outro lado.

Foi impossível não sorrir. “Dulce Maria.” Respondi.

Quando ela falou de novo eu podia ouvir o sorriso em sua voz. “Estava aqui pensando e eu não tenho nada para fazer hoje.” Comentou.

“Bom, eu acabo de comprar alguns livros que você indicou, então tenho bastante coisa para ler por duas semanas.” Respondi.

“Obrigada por cortar meu clima.” Ela respondeu.

Eu ri. “Você fez apenas um comentário.”

“Com segundas intenções, como você deve ter percebido.” Ela disse, sorrindo de novo. “O que acha de sair hoje à noite?”

“Nós saímos ontem.”

“A culpa é sua de eu não conseguir esperar mais.”

“Ah, e como a culpa pode ser minha?” Perguntei, sentando na cama.

“Você é linda, inteligente, linda, gosta das minhas piadas, linda, tem conversas inteligentes, linda, saiu comigo em um primeiro encontro, eu já disse linda?”

“Algumas vezes.”

“A culpa é sua também, apesar de seu pai e sua mãe também terem uma parcela da culpa aí.” Ela disse e eu ri de novo. “Então, aceita sair hoje comigo?”

“Eu adoraria, Dulce. Mas eu fui com minha mãe no shopping e estou muito cansada.” Falei, e eu realmente queria ir e sentia muito em não poder.

Ela suspirou. “Tudo bem. Seus pais estão em casa?”

“Sim, por que?”

Mas ela não respondeu, o celular ficou mudo e eu, confusa, coloquei-o na cama ao meu lado. Ela realmente estava me cativando.

Foi apenas vinte minutos depois, enquanto eu estava lendo o primeiro livro de Jogos Vorazes, que eu ouvi a campainha tocar que eu fui entender o que aconteceu. Cerca de cinco minutos depois alguém bateu na porta do meu quarto e eu mandei entrar. Era minha mãe, que sorria largamente.

“Dulce está aqui para te ver.” Anunciou.

“O que?!” Perguntei, surpresa.

Minha mãe deu um passo para o lado e Dulce apareceu em meu campo de visão, usando uma regata preta e calção masculino preto com o desenho de um dragão vermelho na perna esquerda, chinelo havaianas e um chapéu panamá preto. Ela tem uma coleção de chapéus?

“Boa tarde, menina bonita.” Ela cumprimentou, sorrindo.

Minha mãe sorriu para ela. “Vou deixar vocês a sós, mas a porta vai ficar aberta.”

“Sem problemas, não se preocupe.” Dulce sorriu para ela. Minha mãe saiu e Dulce terminou de entrar no meu quarto. “Em que pagina está?”

“58.” Falei. Eu leio rápido.

“Prim vai ser escolhida na colheita e Katniss vai se voluntariar no lugar dela.” Disse.

“NÃO!” Gritei. “Não me conte! É crueldade fazer isso!”

Dulce riu e deu de ombros. “Ok, eu não faço mais.” Segundos se passaram, antes que ela falou de novo. “Ela não fica com Gale.”

“Para!” Exclamei, jogando meu travesseiro nela. Pateticamente, ele nem caiu no chão, bateu no fim da minha cama e lá ficou.

Dulce riu de novo. Eu estava irritada com ela, mas depois de alguns minutos eu bati com a mão no meu lado na cama. Ela sorriu e sentou do meu lado, se escorando nos meus travesseiros. “Já me chamando pra sua cama?” Ela provocou.

“Já me arrependi, pode ir ficar em pé lá no meio de novo!” Rebati.

Dulce sorriu. “Eu não posso ficar em pé muito tempo.”

“Sente naquela cadeira.”

“Não é tão confortável quanto sua cama.”

“Você tem uma resposta pra tudo?”

“Você é sempre tão ranzinza?”

“Estou morrendo de câncer, quer que eu cante e dance?”

“Não, na verdade é preferível que chore e esperneie. Assim vou te achar um pouco normal.” Dulce deu de ombros.

“Ainda me chamando de estranha?” Perguntei.

“A menos que você prove que não é tão normal quanto parece.”

“Sou estranha porque sou normal?”

“Ao contrário, você é tão você, que não existe ninguém igual. Você não tenta se enquadrar em todos os parâmetros e isso, nessa sociedade, é estranho.”

“E você?”

“Também sou estranha.”

“Isso eu sei. Mas estava perguntando sobre o que você acha sobre isso.”

“Acho que você é a garota mais incrível que já conheci.” Ela respondeu sem nem piscar.

Eu olhei seus lindos olhos castanhos com pontinhos verdes. Eu sabia, antes dela fazer qualquer movimento, que ela ia me beijar, mas eu interrompi qualquer avanço. “Você sempre usa chapéu?”

“Eu luto contra o câncer.” Ela respondeu simplesmente, não parecendo tão abalada com a mudança de assunto.

“Você é careca só em cima da cabeça?” Perguntei.

Ela sorriu. “Não, mas meu cabelo tem algumas falhas. Não são grandes e podem ser escondidas com o resto do cabelo. Mas eu gosto de usar chapéu. Por que? Algo contra?”

“Não, mas ele tem que estar sempre torto?” Pedi, franzindo a testa e endireitando ele em sua cabeça.

Ela revirou os olhos e entortou ele para o lado esquerdo de novo. “Isso é estilo. Meu estilo.”

“Tudo bem, senhorita Estilo. Eu vou voltar a ler.” Declarei, abrindo o livro de novo.

“Ok, senhorita Mau Humor.” Ela respondeu.

O resto da tarde passou rápido, minha respiração ainda ficou ofegante por um tempo, mas acabou melhorando depois de algumas horas. Minha mãe convidou Dulce para jantar lá, mas ela recusou, alegando ter que passar na pizzaria e levar uma pizza para seu pai, irmão e ela jantarem, como havia prometido fazer.

A mãe de Dulce havia morrido quando ela tinha 3 anos, então ela não se lembrava dela. Morava com o pai, que ainda sofria com a morte da esposa e com o câncer da filha, e com o irmão, que fazia faculdade de educação física, o que ela declarou como uma ironia contra ela.

Eu jantei pouco e logo fui para meu quarto para continuar a ler. Durante a tarde inteira, enquanto eu lia, Dulce me observava, ou me acompanhava na leitura em algumas partes que ela gostava e sabia de cor. Não era estranho, no entanto, ser observada por ela, nem tê-la ali do meu lado.

Dois dias que eu a conhecia, míseros dois dias, que nem completavam 48h direito ainda, mas eu sabia que estava começando a me apaixonar por ela. Disso eu sabia.