Fanfic: Merdaa...O astronauta vermelho desceu! •1ª e 2ª Temporada•

Aproximei-me dela tentando agir o mais normal possível, cumprimentando-a com o beijo no rosto.
—Como foi no médico?
—Bem. —Falei já tentando pensar na melhor maneira de contar a “novidade”.
—Ele receitou algum remédio? —Me perguntou, desligando o fogão, e vindo em minha direção com a panela, deixando-a sobre a mesa. Na minha frente, pra ser mais especifica.
Fiquei olhando para todo aquele doce encantada.
—Receitou? —Ela repetiu a pergunta, me entregando uma colher.
Já disse que amo minha mãe?
—Não, ele não receitou. —Respondi me deliciando com esse manjar brasileiro.
—Como não receitou? —Minha mãe perguntou pondo a mão na cintura, já com os olhos como de uma leoa defendendo sua cria. —Que espécie de médico é esse, que a pessoa vai doente e ele não receita nada?
—O que eu tenho não precisa de remédio, mãe. —Falei já sentindo minha pressão arterial subir a mil.
—Como não? —Ela me olhou franzindo o cenho. Isso não era um bom sinal. —O que o meu bebê tem?
Ok. Finjam que não viram minha mãe falar isso. Ela ainda não se conscientizou que a filha dela já tem 29 anos e está quase pulando para a casa dos trinta. Ou seja, não é bebê nem aqui nem na China. E sim que a filha dela está carregando um bebê dentro dela, o que, se eu bem conheço ela, vai ser um tremendo choque.
Respirei fundo e respondi baixinho:
—Estou grávida, mãe.
—Jesus! —Ela se levantou brutalmente, batendo o braço no cabo da panela, derrubando todo o meu doce.
—Ah, mãe! A senhora derrubou tudo! —Reclamei olhando todo meu precioso brigadeiro no chão.
—Que-Que-Que—Mamãe começou a gaguejar com os lábios trêmulos e os olhos esbugalhados. Sim, agora eu tenho certeza, eu estou ferrada. —Como assim grávida? —Ela me perguntou com um fio de voz.
—A senhora vai ser avó, eu vou ser mãe. Simples assim. —Sorri tentando descontrair o momento, o que não deu muito certo.
—Mas...Você nem é casada. —Mamãe estava pálida de perplexidade.
—Divorciada. —Corrigi-a, como se fizesse alguma diferença.
—Mas você se divorciou há quase dois anos então não tem como esse filho ser do Christopher. —Ela se sentou, como se tivesse visto um fantasma. —Dulce, não vá me dizer que você não sabe quem é o pai.
—É claro que eu sei quem é o pai, mãe! —Me senti ofendida por ela pensar tal coisa sobre mim. —O que a senhora pensa que eu sou?
—Santa é que não é. —Ela disse melancólica. Como se estivesse decepcionada. —Dulce, esse filho não é do Christian, é?
—Mãe! —Resmunguei. —Eu já te disse mais de mil vezes que o Christian é só meu amigo. Nada mais.
Houve um longo e irritante silêncio, até mamãe dizer:
—Dulce, depois disso...Como eu vou entrar em uma igreja de cabeça erguida? —Ela falou com os olhos enchendo de lágrimas. —Eu achei que agora que você vai comigo todo domingo de manhã pra igreja, estivesse tomando rumo. E voltando às boas novas com Deus, como você sempre diz. E agora... — Suspirou tristonha. —Sai por aí fornicando.
—Mãe, eu não saí por aí fornicando. —Falei me sentando ao seu lado. —E acho que até Deus não acha errado o que eu fiz. Pelo menos é isso que a senhora diz. —Me arrisquei com esse argumento.
Ela me olhou com aquela típica cara não-sei-do-que-você-está-falando.
—Mãe, a senhora não sempre diz que esse meu divorcio não é valido para Deus e que casamento perante Deus só acaba quando morremos?
Ela acenou que sim.
—Então... —Coloquei minhas mãos sobre as dela. —Estar grávida do Christopher não é errado.
Ela me olhou sem compreender.
—Mas já faz mais de um ano que vocês se separaram, Dulce.
—Eu sei.
E de repente ela foi me olhando com aquela cara de desconfiada, que normalmente significa que ela está entendendo tudo...

CONTINUA...