Fanfic: Merdaa...O astronauta vermelho desceu! •1ª e 2ª Temporada•

Se há uma coisa que eu sou é sobrevivente a grandes apuros. Eu sobrevivi aos cinco sermões do meu pai.
Mas tem uma coisa que eu não acredito que eu vá sobreviver. E essa coisa, ou melhor, esse encontro, está acontecendo nesse preciso instante. Estou cara-a-cara com o lindo, sexy, maravilhoso, encantador, cachorro, safado e galinha, do meu ex-marido. Não que ele tenha me traído, quer dizer, não que eu saiba; mas o fato de em menos de um mês depois da nossa separação ele ter saído com um número imenso de mulheres — ou seja, uma única —não colabora a seu favor. Não concordam?
Mas, vamos voltar ao assunto em questão. O meu almoço, para tratar sobre “problemas da separação”, mas cá entre nós, sabemos que na realidade só vim aqui para informá-lo que será pai.
—Então... —Ele pigarreou, tentando me fazer desembuchar. Coisa que eu não consegui fazer, pois estava nervosíssima. E minha voz sempre falha nesses momentos, então ficar calada e jogar a bola da vez de volta para ele era a melhor solução.
—Então... —Pigarreei, rebatendo a vez de iniciar um assunto, após os comprimentos formais de “Olá, como vai?”.
—Acho melhor comermos antes de tratarmos de assuntos “chatos”. —Ele sorriu, me fazendo admirar aquele rosto, que estava mais lindo do que nunca, sorrindo.
Ele chamou o garçom, fizemos nossos pedidos e toda aquela ladainha que sempre acontece.
Eu estava uma pilha de nervos então é meio obvio que não consegui comer coisa nenhuma e que a única coisa que fiz foi ficar brincando com a comida (Naqueles movimentos de “põe tudo pra esquerda, depois tudo pra direita”).
Quando eu já estava me cansando de ficar enrolando com a comida, senti uma imensa coragem e resolvi que seria o melhor momento para contar.
—Bem... Então... Eu... —Talvez eu não esteja tão corajosa assim. —Am... Não sei como contar. —Suspirei nervosa, com um sorrisinho amarelo.
—É algo grave? —Balancei a cabeça para os lados demonstrando que não era nem tão grave, mas nem tão simples. —Hummm... É algo importante?
—Importantíssimo. —Respondi nervosa.
—QUERIDOOOOOOO, finalmente te encontrei! —Ouvi uma voz escandalosa gritar. E peraí, ela (a mulher que gritou) estava vindo em nossa direção ou era só impressão minha?
Quando vi que a pessoa, ou talvez o animal exótico, loiro parou na nossa mesa, pra ser mais exata atrás do Chris, e cochichou —Um cochicho bem alto. Falar baixo, pelo visto, não é o forte da criatura. —bem coladinho do ouvido dele:
—Senti saudades, amor.
Se vocês vissem o sorriso de felicidade que ele fez, vocês compartilhariam o mesmo asco que eu senti. Nunca pensei que ele poderia ficar tão apaixonado por outra mulher.
—Também senti, querida.
Ok. Eu não vou olhar esses dois se beijando na minha frente. Não que eles estejam se engolindo. Pois não estão, em respeitos aos demais no recinto (eu acho), mas mesmo assim vê-lo beijar outra mulher sempre me deixa... Digamos que enciumada e encabulada, uma mistura que eu odeio.
Quando a seção “terror” parou e eu pude dar uma grande conferida no “material”, percebi que esse rosto não me era estranho. Esses olhos são idênticos aos do tio Michel, seria... Não, claro que não. Impossível. Ela mora na Europa, se esqueceu?
—Hei, eu te conheço. —A moça loira, falou olhando para mim. —Você não é a... A... Dulce! É esse o nome. —Ela entusiasmada bateu palmas contente, parecendo uma criança de três anos. —Você é a filha da tia Blanca não é?
Jesus! É ela mesma. Meu Deus, a nova namorada do Chris é minha...Minha... Minha...
—Fernanda, é você? —Perguntei, temendo que fosse.
—Claro que sou! —Ela disse vindo em minha direção. —Quanto tempo, Dulce! —Ela me deu um apertado abraço.
Por mais que eu não gostasse da idéia dela ser a nova namorada do Chris, não pude evitar abraçá-la. Fazia anos que não nos víamos. Embora triste por um lado, uma pequena parte de mim ficou feliz.
—Muito tempo mesmo. —Sorri quando nos separamos do abraço.
—Você está tão diferente! —Ela disse me olhando.
—Estou é? —Perguntei, tentando achar em que estou tão diferente assim. Todo mundo diz que minha cara continua a mesma de quando eu era pequena.
—A última vez que nos vimos você não era ruiva. —Nos duas rimos.
—Isso é. Mas você também não tinha um cabelo tão claro assim. Era um loiro mais escuro, se me lembro bem.
—É. Mas não conte para ninguém. —Ela piscou o olho para mim—Segredo nosso.
Sorrindo como duas bobas, nos sentamos.
—Então quer dizer que vocês dois se conhecem? —Fernanda me perguntou, olhando para o Christopher e depois para mim.
—Muito mais do que você possa imaginar. —Afirmei, sentindo raiva do Christopher. Por que, com tanta mulher no mundo, ele foi escolher justo ela?
—Onde vocês se conheceram? —Nos perguntou Fernanda.
Olhei para ele sem saber o que responder.
—Responde, Christopher. —Mirei em seus olhos, fervendo de raiva.
—Nos conhecemos há muitos anos no hospital em que eu trabalhava. —Ele resolveu falar.
—Que bom que você dois já são velhos amigos. —Fernanda felicíssima afirmou. —Porque assim fica mais fácil de contar. —Ela suspirou como se não se agüentasse de tão feliz. —Dulce, eu e o Chris vamos nos casar.
Levantei-me da cadeira, assustada.
—Como assim... Casar? —Indaguei, tremula pelo choque.
—Casar, casando, Dulce! —Fernanda respondeu-me sorrindo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Enquanto o Christopher, por sua vez, estava sem ação.
Senti ódio dele. Como pôde. Logo ela? Podia ser qualquer uma, menos ela.
Foi com essa linha de pensamento que comecei a sentir raiva dele. Muita raiva. Muito ciúme. E muita surpresa.
—Quer dizer então que você vai casar com a minha PRIMA? —Perguntei (pra dizer a verdade, eu gritei) para o Christopher pasma.
—Mas o que há de errado com o nosso casamento, Dulce? —Fernanda não conseguia entender.
—Fernanda, a Dulce é a minha ex-mulher. —Informou-a, Chris.
—O QUÊ? —Ela gritou sem conseguir esconder sua surpresa.

Continua...