Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

Bernardo acordou pela manhã sem fazer idéia de que horas eram. Ele só teria aula à tarde e nem estava se importando em dormir mais um pouco. Virou–se para o lado e percebeu que Suzana não estava em sua cama. Sonolento como estava, imaginou que ela já teria ido embora, uma vez que ele sempre deixava a chave na porta.

Tatiana saiu do apto das meninas por volta das 10 h da manhã. Entrou em seu apto, indo direto para a cozinha. Estava faminta. Parou quase na porta e decidiu tomar um banho e trocar de roupa antes, mas desistiu quando ouviu um barulho vindo da cozinha acompanhado de um gemido. Franziu a testa e foi até lá.

– Bernardo? – ela perguntou entrando com cautela.

– Bernardo? – a voz desconhecida disse a mesma coisa.

Tatiana e Suzana se esbarraram e gritaram ao mesmo tempo um sonoro “Aí”.

– que susto garota! Quer me matar do coração? – Tati gritou em seguida.

– quem é você? – Suzana perguntou pondo as mãos na cintura.

– eu que te pergunto: quem é você? – Tati também perguntou, irritada.

– sou a Suzana – ela disse naturalmente – e você?

– Tatiana. Eu moro aqui – disse enfezada ao ouvir o nome da dita cuja.

– ahhhhh – Suzana exclamou sorrindo – você é a irmã do Bê.

– irmã? Bê? – Tati repetiu atônita – eu não sou irmã do Bê – ela disse com ironia.

– ué, ele me falou – Suzana disse fingindo de inocente.

– Suzana... Suzana... – Tati fingiu pensar – ah! Você é a peguete de final de semana do Bernardo, né? – disse com sarcasmo – lembrei do clube, porque ele nunca falou de você pra gente.

– peguete de final de semana? – Suzana repetiu indignada.

– aliás, o que você está fazendo na minha casa?

– o Bê me chamou pra dormir aqui – disse tentando ser o mais natural possível – ele falou que estava sozinho em casa.

– mas... Mas... – Tatiana falava enquanto bufava – eu mato o Bernardo – resmungou furiosa.

– algum problema? – Suzana perguntou franzindo a testa.

– no momento meu problema é uma loira, que eu não conheço, semi–nua em minha cozinha – ela disse cerrando os dentes.

– ei, calma aí! – Suzana disse ponto o dedo na frente do rosto de Tati – eu não sou qualquer uma não. Eu e o Bê estamos quase namorando e eu não estou semi–nua.

Tati não teve reação. Ficou estática em frente à loira, que vestia apenas calcinha e uma camiseta de Bernardo que não alcançava as coxas. “Como assim namorada?” era o pensamento que rondava a cabeça de Tatiana.

– olha, não precisa ficar chateada. Prometo que nas próximas vezes eu trago um pijama... – Suzana falava quando fora interrompida por Tati.

– chega! – ela resmungou e saiu andando furiosa pro quarto de Bernardo.

Eu estava deitando, quase cochilando, quando escuto abrir a porta do meu quarto bruscamente. Levantei–me e fiquei sentado na cama.

– que porra é essa? – perguntei sem olhar direito pra porta.

– eu que pergunto Bernardo – disse a Tati.

– hã? – franzi a testa confuso.

– o que ela está fazendo aqui? – ela perguntou nervosa.

– ela quem? – perguntei confuso. Preferi não acreditar que ela se referia à Suzana.

– poxa Bernardo... – ela disse amolecendo o corpo – ela ta semi–nua na minha cozinha.

– hã... – fiquei olhando–a sem saber o que falar ou fazer – então Tati, é que ela dormiu aqui – falei quase engasgando.

– eu não to acreditando nisso – Tati disse segurando as lágrimas.

Seus olhos estavam vermelhos e eu sentia que ela iria explodir de raiva. Logo a Suzana entrou no quarto. Realmente ela vestia uma camiseta minha que lhe ficava curta e tinha um sorriso cínico nos lábios.

– bom dia Bê – ela me deu um selinho e se deitou na cama ao meu lado, que estava sentado. Aquele sorriso se mantinha.

– hã, bom dia Suzana – falei sem jeito.

Tatiana não disse mais nada. Virou–se e saiu dali bufando. Levantei–me e fui atrás dela. Ela entrou em seu quarto e eu entrei em seguida.

– Tati... – falei em tom ameno.

– o que foi Bernardo? – ela sequer me olhou. Falava de costas pra mim.

– desculpa, mas é que...

– tudo bem – ela mexeu os ombros – você também mora aqui. O apto também é seu.

– eu... Eu... – fiquei repetindo por falta do que falar.

– agora se você me der licença, eu vou tomar um banho pra ver se eu desperto. Preciso ir pra aula às 10:30 – ela disse se virando de frente a mim.

– hum... Passou a noite em claro? – perguntei sem querer parecer me importar.

– não te interessa – disse seca.

Ao me lembrar que ela havia saído na noite anterior com aquele garoto, me subiu novamente uma raiva. Eu precisava conversar com alguém. Alguém que me entendesse. E como hoje era segunda feira, dia da matéria que eu pago com a Mabi. Sai do quarto dela sem mencionar nenhuma palavra. Entrei no meu quarto e a Suzana estava se vestindo.

– o que você falou de mim pra ela? – Suzana perguntou com a feição não muito boa.

– hã... Nada.

– hum... Não foi bem isso que ela me disse.

– o que ela falou? – perguntei me deitando na cama e olhando para ela.

– não se faz de cínico Bernardo – ela disse irritada.

– o que eu fiz?

– Bernardo – ela disse se aproximando de mim – você gosta de mim?

– hã... – hesitei em responder – gosto – disse indeciso.

– sério? – ela sorriu.

– por quê?

– nada não – ela deu de ombros – já vou, tenho aula à tarde.

– ta.

Tatiana tomou um banho quase rápido, pois só tinha 20 minutos pra se arrumar, antes que o Fred passasse para buscá–la. Pôs uma calça e uma blusinha qualquer, prendeu o cabelo e separou o material, quando Fred ligou avisando que estava descendo.

A Suzana me deu um beijo e pegou suas coisas. Acompanhei-a até na porta. Antes de ir, ela se aproximou novamente e selou nossos lábios. De repente aquele selinho se tornou um beijo bem mais animado. Abri os olhos ainda beijando–a e vi o Fred saindo do elevador. Ele me olhava como se quisesse dizer alguma coisa, mas eu não entendia o que.

– dá licença – disse a Tati passando ao meu lado.

Ela saiu de cabeça baixa e entrou no elevador. Logo a Suzana parou de me beijar e sorriu.

– tchau Bê – ela disse e saiu andando rápido, alcançando o elevador e entrando junto com a Tati e o Fred.

A única coisa que eu pensava era: “Fudeu”. E não foi literalmente, infelizmente. Voltei pro meu quarto, peguei meu celular e me joguei na cama. Disquei o número da Mabi. Ela atendeu depois de muitos toques.

– oi Bê.

– oi Mabi – sorri ao ouvir sua voz.

– aconteceu alguma coisa? – ela perguntou ofegante.

– você está ocupada? – perguntei.

– na verdade eu estou no treino de boxe – ela riu.

– ah sim. então deixa...

– não. Fala.

– hã... É que aconteceu uma coisa e eu queria conversar com você.

– hum... Se quiser eu chego mais cedo na universidade – disse ela.

– ah, lá não. É que é sobre a Tati... Não queria que ela nos visse.

– ah sim... Então – ela ficou um tempo em silêncio – quer almoçar comigo?

– pode ser, mas... – falei em duvidas.

– mas o que Bê?

– e o Lucas?

– ah tudo bem. Eu aviso pra ele. De boa.

– beleza então... Até mais.

– tchau.

De alguma forma aquilo me reconfortava. Eu sei que ela ama o Lucas e ele a ama, assim como eu, e que não rolaria nada entre nós. Mas tê–la ao meu lado me deixava feliz. Esperei o horário do almoço. Tomei banho, pus uma roupa, peguei o material pra aula e mandei um SMS pra Mabi. Marcamos o restaurante e eu fui ao encontro dela.

Tati e Fred saíram da aula em torno de meio dia. Ele estava faminto, mas ela se quer ligava pra qualquer coisa hoje.

– Tati – Fred a chamava – tatiii... TATI! – ele gritou próximo ao ouvido dela enquanto caminhavam pelo corredor.

– ah, oi Fred – ela disse despertando do transe.

– vamos almoçar?

– to sem fome... – ela disse.

– você parece triste. O que foi? – ele perguntou.

– nada Fred – Tatiana tentou sorri, mas não obteve sucesso.

– essa não colou Tati – ele riu – me diz.

– to cansada só... – ela deu de ombros.

Fred parou em meio ao corredor e a segurou pelo braço, parando–a e ficando em sua frente. Ela olhava pra baixo. Fred levantou seu rosto com a mão e ficaram se encarando.

– você está assim por causa do Bernardo, né? – ele perguntou.

– não Fred.

– você mente muito mal Tatiana – disse ele sério.

– ah Frederico, me deixa – ela disse se afastando.

Fred foi atrás dela, alcançando–a.

– tudo bem. Se você não quer falar, eu não vou insistir. Mas não queria te ver assim – ele disse andando ao seu lado.

– não precisa se importa comigo Fred. Curta sua vida – Tati sorriu sincera.

– vem comer. Eu pago teu almoço – ele a puxou até o refeitório e ela se deixou levar.

Sentaram–se e começaram a comer.

– sabe uma coisa Tati – Fred começou a falar – eu amava minha namorada. Nenhuma das meninas gostava dela, mas eu gostava. Fazia de tudo por ela.

– o que aconteceu? – ela perguntou.

– depois que ela foi embora, me trocou por outro cara aí.

– ela foi pra por quê?

– o pai dela foi transferido e ela foi com ele. Acho que no fundo, ela não queria mais continuar. Mas eu não queria enxergar isso. O amor nos cega.

– sinto muito.

– tudo bem. Eu superei. Demorou, mas superei. Já gosto de outra menina – ele disse tímido e antes que Tati perguntasse, ele se adiantou em falar – não digo quem é.

– ahhhh – ela riu – tudo bem – deu de ombros.

De repente Fred fitou a mesa e se perdeu em seus pensamentos. Tati estalou os dedos em sua.

– oi – ele disse.

– você não merece sofrer – disse ela – você é muito especial.

– obrigada – Fred sorriu.

Pela primeira vez Tatiana prestou atenção realmente no garoto. Seus olhos verdes eram brilhantes e seu sorriso parecia iluminar o rosto. Por alguns instantes se perdeu ali. Se não fosse o sentimento por Bernardo, quem sabe Fred...

– eu passei por algo parecido – ela disse.

– como? – ele perguntou distraído.

– um relacionamento – ela revirou os olhos – nem foi namoro.

– ah sim... Quer falar sobre?

– se você estiver disposto a escutar – ela deu de ombros.

– comece – Fred brincou se arrumando na cadeira.

– então... Eu estudava em uma escola de freiras. Mas passávamos os finais de semana em casa com a família. Só que eu não tinha a casa, não a família. Minha mãe morreu...

– mas – Fred a interrompeu – o Bernardo comentou conosco uma vez que você havia dito pra ele que sua mãe disse que ele era bonito – Fred franziu a testa.

– ah – ela sorriu – minha avó. Eu a chamo de mãe.

– ela te criou?

– não. Os empregados do meu pai que me criaram. Mas eu via minha avó às vezes. Ela conhece a família do Bernardo.

– entendi... Continue.

– certo. Eu morava sozinha em um apto em fortaleza. Meu pai nunca vinha me ver. Ele não se importa comigo – ela balançou os ombros – eu ficava sozinha. Aí um dia conheci um cara, amigo de uma colega minha da escola. Não sabia por que exatamente, mas ele gostou de mim... – o olhar de Tatiana ficou vago por alguns instantes – ou fingiu... – seus olhos marejaram.

– quer continuar? – Fred perguntou preocupado.

– ele me procurava. Ia ao meu apto. Passávamos a noite juntos. Ele dizia gostar de mim – ela falava com o olhar vago, fixo em algum lugar desconhecido – mas era só ali. Escondido de todos. Eu só servia pra satisfazer algum tipo de ego que ele tinha.

– como assim ego? – Fred perguntou confuso.

– ele pegava garotas lindas na minha frente, não se importava comigo. Fingia que nem me conhecia... Mas no dia seguinte ele aparecia, no meu apto, carinhoso, me tratava como uma princesa...

– nossa, que canalha! – Fred exclamou.

– pior nem é isso – ela riu – ele não era amigo da minha colega. Era namorado – Tati suspirou – ele a traia com todo mundo, até comigo, já que ficávamos a semana na escola. Eles só a via nos finais de semana. À ela e a mim – ela fez uma cara de nojo – quando eu descobri, ameacei contar pra minha colega e ele espalhou pra todo mundo que eu dava em cima dele... – as lagrimas começaram a cair e ela se calou.

– nossa Tati. Que péssimo!

– pois é. Ainda perguntam por que não quero me envolver com outra pessoa – ela deu um sorriso nervoso.

– você não precisa se privar do amor Tati... Não é por que...

– “não é porque um cara te magoou que todos vão fazer isso” – ela riu e Fred ficou sem entender – o Bernardo me disse isso – balançou a palavra negativamente.

– você gosta dele, né? – ele perguntou sorrindo, mas não parecia contente.

– hurum – disse ela com um olhar triste.

– e porque não fala com ele? – Fred perguntou erguendo as sobrancelhas.

– não damos certo – ela riu e balançou a cabeça novamente.

– se você diz, né?! – ele deu de ombros – precisando de ajuda, pode contar comigo – deu um sorriso final.