Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

Tatiana chegou ao apto indo direto para seu quarto. Pôs a bolsa no chão e tirou sua roupa. Entrou no chuveiro e ficou ali chorando. Não sabia exatamente o porquê daquela briga, mas sabia que algo de errado entre os dois estava acontecendo.

No dia seguinte, Tatiana resolveu ir ao apto das meninas, avisar sua volta. Após o café, foi imediatamente para a porta de suas amigas.

– Tati! – Raquel berrou.

– raquelzinha – Tati disse sorrindo.

As duas se abraçaram forte quando Luiza apareceu na sala.

– amiga! – ela também gritou para Tatiana.

– cadê Liane? – ela perguntou quando se soltaram.

– ainda viajando – Luiza explicou.

– cadê o Bê? – Raquel perguntou.

– ficou lá com os pais. Só volta no final de semana antes das aulas – ela explicou.

– ah sim... Então vamos chamar os meninos e fazer um almoço – Luiza comemorou empolgada.

A 1 h da tarde todos estavam no apto das meninas comendo panqueca que Luiza havia feito com a ajuda de Tati.

– e o JP? – ela perguntou em tom de voz baixo para Raquel.

– não para de me encher o saco – ela revirou os olhos – de vez em quando ficamos, mas não to a fim de nada sério com ele.

– nossa, estou surpresa mesmo! – Tati exclamou.

– ah Tati, se eu for dar bola pro JP, ele volta a pisar em mim – ela disse triste – prefiro ficar com ele, fingindo que eu não gosto enquanto ele pode ficar com outras meninas por aí – ela deu de ombros.

– ah sim...

– oi – Fred disse sentando–se ao lado das duas no sofá – porque não me avisou que iria voltar? – ele perguntou para Tati.

– vou ajudar o Theo e o JP a lavar a louça – Raquel disse se levantando.

– eu voltei de repente, sei lá – ela deu de ombros.

– e o Bernardo? – ele perguntou.

– o que tem ele? – Tati perguntou assustada e Fred a olhou curioso.

– ele ficou lá ou vai voltar também? – ele perguntou rindo.

– ah, ele ficou, vem quando estiver próximo às aula – ela disse desconfiada.

– hum – ele murmurou e se calou.

Após alguns minutos apenas vendo televisão, Fred virou o rosto para o lado e ficou olhando–a.

– o que foi Fred? – ela perguntou rindo.

– fiquei com muitas saudades suas – ele disse sério e Tati deu um sorriso sem graça.

– eu também fiquei – ela respondeu encostando a cabeça no ombro dele.

– podíamos sair hoje, né? – Fred perguntou enquanto passava o braço pelo ombro da Tati.

– vou falar com o pessoal – ela disse.

– eu tava falando só de nós dois – ele disse olhando–a e a puxando para se aconchegar no peitoral dele.

– ah Fred... É que... – ela iria falar quando ele a abraçou.

– um cinema, um teatro, conversar, sei lá – ele disse apertando–a contra seu corpo – o que fazíamos antes... – ele falou e no fim lhe deu um beijo no rosto.

– tudo bem – ela sorriu torto – vou ver se as meninas precisam de ajuda – se levantou indo até a cozinha.

[...]

À noite daquele mesmo dia, liguei inúmeras vezes para o celular da Tati e ela não me atendeu. Cada vez que caia na caixa de mensagens, eu ficava mais e mais impaciente. Já era quase 22 h, quando eu peguei meu carro, escondido dos meus pais e fui até o apto. No nosso não havia ninguém. Ou ela havia saído ou estava na casa das meninas. Fui ao apto do Fred e toquei a campainha muitas e muitas vezes, mas ele também não atendeu. Liguei no celular dele e ele não atendeu. Resolvi ir procurar o JP. Liguei pro celular dele e pedi que ele me encontrasse na parte da frente do prédio. Alguns minutos depois ele estava lá.

– fala Bernardo! – ele me cumprimentou.

– e ai JP. Beleza?

– eu to, mas você... – ele olhou pra minha cara – o que aconteceu?

– cara... Você sabe da Tati? – perguntei.

– sei que ela voltou, por quê? – ele disse franzindo a testa e rindo – o que aconteceu lá?

– pois é, ela voltou... – falei pensativo – ela saiu com as meninas? – perguntei com esperanças.

– não. A Lu ta com o Theo lá em casa e eu tava vendo um filme com a Raquel, mas ela acabou dormindo sem nem me dar um beijinho – ele fez bico e eu tive que rir.

– pobre coitado – falei – e o Fred? – perguntei desconfiado.

– ele disse que ia ao cinema – ele respondeu.

– com quem? – perguntei imediatamente.

– sei não cara, por quê? – ele perguntou desconfiado – pra que esse interrogatório?

– nada não – falei puto – falô ae JP – falei me afastando.

– falô... – ele disse de testa franzida.

Voltei pra casa muito, mas muito puto. Lá pelas 23:30 meu celular tocou, atendi sonolento, pois já estava dormindo. Era o Fred.

– alô – falei mal humorado quando vi o nome no visor.

– fala Bernardo – ele disse – vi que me ligou.

– ah sim... Eu tava querendo falar com a Tati, mas ela não atendia – eu disse sem mostrar interesse.

– devia está no silencioso – ele respondeu – mas liga agora que ela já está em casa.

– tudo bem – respondi irritado – vocês saíram pra onde?

– cinema – ele disse parecendo sorrir.

– valeu então Fred – falei grosseiramente e desliguei.

Eu juro, juro mesmo, que se eu pudesse, iria naquele exato momento na casa do Fred e sentava a porrada na cara cínica dele. E com a Tati eu não sei nem o que faria. Peguei o aparelho e liguei pra ela.

– oi Bê – ela disse com a voz sonolenta.

– dormindo amor? – perguntei com a voz calma.

– é, peguei no sono há poucos minutos – ela disse bocejando.

– e o cinema com o Fred, foi bom? – perguntei sorrindo cinicamente.

– ah Bê... – ela disse quase sem jeito.

– boa noite pra você também – falei desligando em seguida.

Ela ligou mais algumas vezes e eu não atendi. Desliguei o aparelho e me levantei. Ótimo! Agora não conseguiria dormir. Mexi nos canais da TV e não tinha nada passando. Meu vídeo game estava no apto e não tinha nada pra eu fazer. Peguei meu carro e saí por aí pra vê se eu conseguia esquecer tudo aquilo. Rodei, rodei, rodei... Parei em uma loja de conveniência, comprei algumas ices e tomei sozinho enquanto ouvia música no carro. Depois de quase 2 horas passeando por aí, resolvi voltar pra casa e dormir. Não consegui parar de pensar naquela situação um minuto se quer, mas consegui ficar bêbado o suficiente pra ressaca de amanhã me fazer odiar mais o Fred e a Tatiana.

[...]

Não dava. Cada dia que se passava aquilo latejava em minha cabeça. Como minha mãe tinha resolvido deixar de ser médica e ser mãe por uma semana, tive que agüentar as conseqüências. Guardei meu celular desligado dentro da cabeceira do meu quarto e entrei, pateticamente, na onda da Dona Paula. Passei o final de semana em um lugar com água, arvores e pessoas chatas. Meus pais conseguiram me convencer de ir à um resort ou sei lá o que seja aquilo. Era fora da cidade. Mas foi bom pra minha cabeça. Aproveitei pra pensar um pouco sobre essa relação. E foi bom também para o meu fígado, já que me mantive cheio de cerveja por 3 dias. Igual ao meu pai. Acho que ele também não agüentava mais a programação da minha mãe e de suas amigas. Sim, minha mãe chamou dois casais amigos deles pra ir conosco. Cada casal ficou em um chalé e eu, como tenho apenas 10 anos, segundo minha mãe, fiquei em uma cama de solteiro no mesmo chalé que eles.

Segunda pela manhã nós voltamos e a primeira coisa que meu pai fez, foi vestir o jaleco e ir trabalhar. E antes que você pense que ele não goste da nossa família, ele gosta sim. É apenas um workaholic. Terça, quarta, quinta... A semana foi passando e todos os dias eu e minha mãe fazíamos um programa diferente. Eu tentava aproveitar aquilo o máximo que eu pudesse pra não pensar na Tati, mas confesso que tive pesadelos com isso. Espero que a Tatiana não fosse burra o suficiente pra ficar com o Fred. Não agora, quando tínhamos nos acertado. A história do cinema já estava esfriando na minha cabeça.

Sexta eu iria voltar para o apto. Na verdade era pra ser só no sábado, pois as aulas começavam na próxima segunda. Mas consegui convencer minha mãe a aproveitar a sexta pra ir a um salão de beleza. Arrumei minhas coisas, peguei a bolsa e dirigi até lá. Assim que rodei a chave na porta, ouvi risadas. Entrei no meu quarto, pus a bolsa lá e fui à cozinha. Não tinha ninguém. Bati na porta do quarto da Tati e não obtive resposta. Abri uma fresta e ela estava deitada na cama com o JP, o Fred e a Raquel. Dei um sorriso falso e entrei.

– e ai – falei vendo–a arregalar os olhos.

– bê! – a Raquel gritou e veio me abraçar.

– oi raquelzinha – falei enquanto a abraçava.

Meu olhar pra Tati não era nada animador. Trocávamos um sorriso sem graça. O JP me cumprimentou e o Fred apenas acenou com a mão de onde estava.

– aproveitou os dias sem mim Tatiana? – perguntei cínico e o sorriso nos lábios dela se desfez.

– claro Bernardo – ela disse em suspiro – eu aproveitei e limpei o apto todo. Não tinha você por perto pra bagunçar – deu um sorriso falso no final enquanto eu me aproximava da cama.

– hum... – murmurei quando sentei ao seu lado – engraçado que mesmo longe, você conseguiu bagunçar com a minha vida – sussurrei pra ela.

– acho que precisamos conversar – ela sussurrou de volta.

– sério? – franzi a testa sendo irônico.

– ô vocês dois aí! – JP reclamou – não atrapalha o filme!

– outra hora – sussurrei de volta a ela e ela assentiu com a cabeça – sozinhos – falei quando me levantava – ou com o Fred. Como você preferir – pisquei e sai do quarto.

O pessoal ficou vendo filme até o inicio da noite. Eu me tranquei no meu quarto e dividi meu dia entre vídeo game e internet. Naveguei por todos os sites possíveis e joguei ate contra mim mesmo nos joguinhos de futebol e de luta. Depois que cansei, tomei meu banho e enquanto me vestia a Tati bateu na porta.

– oi – ela disse escorada na porta.

– oi – falei sem olhá–la.

– Bê, me desculpa pelo dia do cinema... – ela começou a falar entrando pelo quarto.

– qual a desculpa dessa vez? – perguntei a interrompendo.

– que desculpa? – ela franziu a testa.

– por ter saído com ele.

– ele me chamou porque queria conversar – ela deu de ombros e se sentou na cama.

– conversar? – ergui as sobrancelhas – que ótimo. Falou de nós dois pra ele?

– conversar sobre ele Bê – ela revirou os olhos – a ex dele que diz estar voltando e ele ta ficando agoniado.

– tomara que ela volte, eles voltem e nós possamos voltar – falei emburrado.

– estamos terminados? – ela perguntou surpresa.

– estamos? – perguntei respondendo a pergunta dela.

– você pensa aquilo mesmo de mim? – ela perguntou fugindo do assunto – acha que eu só mantenho a amizade com o Fred pra caso eu perder você, tenha ele?

– não Tatiana. Eu não acho que você vá me trair com o Fred e nem quero que você deixe de ser amiga dele, mas se são tão amigos, você não poderia contar pra ele que estamos namorando? – falei como um desabafo.

– estamos namorando? – ela me olhou surpresa.

– se você quiser – dei de ombros.

Ela me olhou pensativa enquanto mordia os lábios.

– ta –– ela disse sorrindo.

– ta o que? – perguntei.

– eu quero namorar você – ela disse com o mesmo sorriso.

– sério? – franzi a testa.

– hurum.

– e o lance do Fred? como fica? – cruzei os braços esperando ela desistir de tudo logo.

– vou falar pra ele – ela disse como se fosse obvio.

– hum – ergui as sobrancelhas – se quiser, eu posso falar – dei de ombros.

– acho que prefiro falar, ta? – ela piscou e veio me abraçar.

Não sabia exatamente porque, mas não senti firmeza nessas palavras. Quando o abraço terminou, ela me olhou sorrindo e me deu um selinho.

– amanhã o pessoal ta combinando de ir ao shopping – ela explicou – vai ter a inauguração de uma loja e depois vamos lanchar.

– tudo bem – dei de ombros – que horas?

– lá pelas 9 h.

– ta – falei sem interesse – vou tomar um banho.

– Bê – ela me chamou com a voz um tanto manhosa.

– oi – parei na porta do banheiro, já sem camisa.

– posso tomar banho com você? – ela pediu tímida, me fazendo sorri com certa malicia.

– não precisa nem pedir – fui até ela e a puxei pela cintura.

Os braços dela pousaram em meu pescoço e eu comecei a beijá–la. Aos poucos fomos despindo–nos e quando menos imaginamos, já estávamos dentro do box do banheiro, transando embaixo do chuveiro. Naquela noite, dormimos na mesma cama, abraçados, sentindo o cheiro e o toque do outro. Como eu queria que todos os dias fossem assim.

[...]

Eu estava sentado na mesa com o JP e o Theo. A Luiza e Raquel haviam saído para pegar os lanches e Tati e Fred estavam escorados em um canteiro um pouco distante de nós, mas onde eu pudesse ver com exatidão o que acontecia. Ela havia chamado–o para conversar. Era o que tínhamos combinado, ela falaria sobre nosso namoro e depois iríamos contar para o pessoal na mesa.

Tatiana estava parada em frente à Fred. Estava inquieta, nervosa, não sabia como o amigo iria reagir àquilo, mas não agüentava mais essa situação com Bernardo. Queria poder ficar com ele na frente de todos, mas sem perder seu melhor amigo. Antes que pudesse falar, alguém chegou por trás e tampou os olhos de Tatiana.

– adivinha quem é?! – ela perguntou.

– Liane! – Tati disse eufórica, se virando de frente para abraçar a amiga – você chegou e não disse nada a ninguém.

– falei pro JP e decidimos fazer uma surpresa – a garota respondeu – oi Fred – ela disse o abraçando também.

– o pessoal ta ali – Tati disse indicando a mesa.

– vamos lá então – Liane saiu puxando a amiga pela mão.

– Tati, o que você queria falar comigo? – Fred perguntou indo atrás delas.

– ah, depois eu falo Fred – ela disse fugindo do assunto.

Distrai–me por uns minutos, quando olho, os três estavam vindo pra mesa. As meninas ficaram empolgadas com a volta da Liane e a Tatiana aproveitou pra sentar próxima às meninas, mas quem estava em seu lado? O Fred. Sempre o Fred... O tempo foi passando e a Li não parava de falar um só minutos sobre as férias na casa dos pais. Eu estava agoniado pra saber se a Tati tinha falado com ele, mas logo tirei minhas próprias conclusões. Ele estava ao seu lado e mexia em seu comprido cabelo, enquanto ela estava distraída na conversa. Enrolava as pontas e brincava parecendo absorto naquilo. De alguma forma estava me agoniando. Era uma coisa besta, mas estava me tirando do sério. Eu não prestava mais atenção em nada, só nele. Um tempinho depois, quando a Li já tinha encerrado o assunto e todos conversavam sobre a tal inauguração da loja, o JP me cutucou.

– ta bem cara? – ele perguntou.

– mais ou menos – falei – to encucado com uma coisa.

– com que? – ele perguntou erguendo as sobrancelhas.

Não respondi. Desviei meu olhar dele e fui direto aos dois. Ele segurava a palma da mão dela e passava o dedo pelas linhas da mão. Falava alguma coisa que a fazia sorrir.

– o que o Fred tem com a Tati? – sussurrei olhando para o JP.

– além de esperança de um dia pegá–la? – JP disse rindo – acredito que nada.

– mas ele é a fim dela, né?

– você não percebeu isso ainda? – ele franziu a testa.

– nós estamos juntos – falei imediatamente.

– vocês quem? Você e o Fred? – ele juntou as sobrancelhas e tinha um sorriso irônico nos lábios.

– ha ha ha muito engraçado – falei fazendo careta – eu e a Tatiana.

– sério? – ele disse surpreso – o Fred sabe? – JP, assim como eu, desviou o olhar para o casal a frente. Agora eles falavam sobre as unhas de Tatiana.

– pelo visto não... – entortei a boca – mas vai saber agora.

Arranhei a garganta e todos me olharam, inclusive os dois.

– queria contar uma coisa pra vocês – falei.

Todos continuaram me olhando atentos.

 – aliás, nós... – perguntei sorrindo a ela que não respondeu nada.

– fala Bernardo – Téo pediu.

– er... Eu... To – falei olhando sério pra Tati que também estava séria – namorando.

– sério? – Téo e as meninas perguntaram rindo.

– é... – eu disse engolindo a seco o fato da Tati está calada.

– quem é a sortuda? – Fred perguntou com um sorriso nos lábios.

– é, quero conhecer minha cunhada – Raquel disse rindo.

– apresente–se Tatiana – eu disse com um sorriso de lado.

Todos olharam pra ela surpresos. Menos o Fred. Ele parecia nem acreditar, tanto que continuou segurando em sua mão.

– oi? – Tati disse confusa.

– vocês estão juntos mesmo? – Fred perguntou desfazendo o sorriso que tinha nos lábios.

– é – Tati disse suspirando – ficando há um tempo, mas começamos a namorar ontem – ela disse olhando para o Fred.

Nesse momento ele largou a mão de Tatiana e passou a fitar o chão. Todos na mesa sorriam e nos cumprimentavam. Apesar de ela sorria, vez ou outra eu a pegava olhando de lado, onde Fred estava cabisbaixo.

– e porque estavam escondendo? – Luiza perguntou – todas nós sabíamos que a Tati era a fim de ti – ela se virou pra mim.

– e nós sabíamos que o Bernardo queria a Tati – Téo completou.

– a Tati não queria assumir. Acho que ela tinha vergonha de mim – falei de brincadeira, mas jogando verde.

– ah gente, nada a ver – Tati deu de ombros – só que... Eu queria saber a opinião das minhas amigas – ela olhou pras meninas sorrindo – e do meu amigo também – disse olhando agora para o Fred que retribuiu o olhar com um sorriso falso.

– por mim ta aprovado – Liane disse batendo palmas freneticamente.

– por mim também – Raquel disse sorrindo.

– e eu nem preciso falar nada, né? – Luiza esticou a mão para Tati que segurou e sorriram juntas.

– e você Fred? Aprova? – perguntei com um sorriso cínico.

– eu? – ele perguntou surpreso e todos o olharam – bom, por mim... – balançou os ombros, como se fizesse pouco caso – quem sou eu pra impedir que a Tatiana tenha um rolo com alguém? – ele disse frio, me olhando nos olhos.

– não temos um rolo – falei o fitando ferozmente – estamos namorando sério. Super sério – sorri.

– se você diz... – ele deu de ombros de forma irônica.

– qual o problema Frederico? – ergui a sobrancelha.

– nenhum Bernardo – ele respondeu ríspido.

– ah sim... Achei que o fato de eu estar com a Tati, te incomodava.

– claro que não – ele cerrou os olhos – quero que sejam muito felizes.

– seremos – falei com um sorriso largo.

– mas então... – JP disse interrompendo o papo tenso – que horas é a inauguração da loja?

– ah, já deve ta começando. Vamos gente? – Luiza falou se pondo de pé.

Eu e o Fred trocávamos olhares fulminantes. Tati se levantou me olhando feio e saiu andando com a Liane e a Raquel. Eu fui ao lado do JP e o Fred com o Téo e a Luiza mais a frente.

– clima tenso, hein?! – JP comentou.

– nem me diga... – bufei – e a Tatiana ainda fica com raiva de mim – balancei a cabeça negativamente.

– mas então, me conta esse rolo de vocês aí... – ele me deu uma cotovelada, rindo.

Contei tudo que tinha acontecido, desde o primeiro beijo que demos até o papo de ontem, sobre o Fred.

– concordo contigo Bernardo – ele disse – não entendo qual o problema do Fred saber. Se ele é a fim dela e ela não gosta dele, isso não é empecilho pra vocês.

– também acho nada a ver. Ela disse que não queria magoá–lo, porque são muito amigos. Que ele a ajudou muito desde que ela chegou aqui.

– será que eles tiveram alguma coisa e ele não quer contar? – JP franziu a testa.

– não planta semente na minha cabeça, porque é fértil – falei o olhando de lado – plantando, tudo dá – brinquei.

– não se preocupe meu amigo, não vou envenenar o namoro de vocês e nem a amizade do Fred e da Tati – ele sorriu.

– se é que ainda tem amizade, né? – indiquei com a cabeça os dois que andavam bem afastados.

– infantilidade do Fred se for afastar–se dela – JP disse – se bem que é difícil você ser apaixonado por uma amigona sua e ela não te querer – ele disse com pesar.

– pior ainda era morar com ela e ela te evitar – falei rindo.

– ou ela ficar com outros caras na tua frente – ele disse suspirando.

– e teu rolo com a Raquel? – perguntei mudando de assunto.

– ah... Não tem rolo – ele deu de ombros – acho que ela não gosta mesmo de mim.

– cansou de levar corte – falei rindo – quis dá uma de gostosão.

– eu tinha medo de ficar com ela e magoá–la – ele disse pensativo – mas não imaginei que eu fosse me apaixonar... Nem sabia o que era isso – ele suspirou.

– é bom às vezes deixar de ser garanhão – comentei dando–lhe um abraço de lado.

– é bom gostar de alguém – ele disse sorrindo.

– melhor ainda é ser correspondido – completei.

– acho que melhor ainda é transar com ela – ele riu e eu em seguida.

– e eu achando que você tinha resolvido entrar pro clube dos caras que prestam – falei às gargalhadas.

– é serio Bernardo – ele me olhou e ergueu a sobrancelha – não consigo mais.

– consegue o que JP? – perguntei ainda rindo.

– transar – ele disse em um sussurro.

– o que? – franzi a testa – você ficou broxa?

– comentário ridículo – ele fez cara de tédio – claro que não. Só que eu não consigo comer ninguém sem pensar na Raquel primeiro. Isso ta me incomodando.

– normal pô... – eu sorri – eu comia a Suzana pensando na Tati – falei como se fosse natural.

– normal não é... – ele me olhou de lado – claro que se tivessem dez Suzanas e uma Raquel, eu iria ficar com a Raquel... Mas não tem nem comparação – ele balançou a cabeça rindo – Suzana deve ser um furacão na cama.

– ela é um furacão na vida de qualquer um... – comentei – mas gostoso mesmo é ter a mulher que você ama. Na cama, melhor ainda – sorri.

Chegamos até a tal loja, mas nem quisemos entrar. As meninas estavam olhando as roupas e o Fred e o Téo os óculos. Eu e JP ficamos escorados na grade do corredor. Após alguns minutos, vi o Fred ir até onde a Tati estava e puxá–la pela mão.

– posso arrebentar a cara dele? – perguntei ao JP.

– por quê? – ele franziu a testa e eu indiquei com a cabeça os dois.

– acho que ele se aproveita da situação... – falei enfezado.

– relaxa Bernardo – JP me deu um tapinha no ombro – não arruma confusão não. Vocês são amigos – ele falou, fazendo–me olhar feio para ele – ou eram, né? – ele fez uma careta.

– o quero bem longe de mim e da Tatiana – falei.

– acho difícil, viu? Eles são tipo Gaspard e Lisa.

– quem são esses? – perguntei confuso.

– é um desenho da Discovery kids. Você não assiste não? – ele perguntou quase chocado.

– claro que não né JP? – falei com olhar de tédio.

– os personagens são melhores amigos e fazem tudo junto – ele disse se divertindo e eu fiz cara de nojo

– tenho coisa melhor pra fazer – resmunguei.

– tipo sexo com a Suzana e a Tati? – ele ergueu a sobrancelha.

– nem sonha que você nunca vai saber como a Tatiana é na cama – falei rindo e saí andando.

– eu não to interessado em saber – ele gritou vindo atrás de mim – não da Suzana.

Eu nem respondi, apenas dei risada. Entramos na loja e eu fui logo procurar a Tati. Ela conversava com o Fred em um canto. Cheguei e a abracei por trás.

– oi amor – falei beijando o pescoço dela.

– depois terminamos – Fred disse sério e se afastou imediatamente.

– o que ele queria? – perguntei virando–a pra mim.

– não quero brigar Bernardo – ela disse séria – nem com ele, nem com você e nem quero briga entre vocês.

– se ele deixar minha namorada em paz, eu não brigo com ninguém – falei fazendo bico.

– espero que não brigue mesmo – ela revirou os olhos e sorriu – mas ainda temos que conversar, viu? Você deveria ter me dito que iria falar.

– vamos continuar com esse assunto? – ergui a sobrancelha – acho que isso já passou.

– certo – ela disse suspirando e me dando um beijo.

Aproveite–me do selinho e lhe dei um beijo de verdade. Obvio que eu sabia que o Fred estava olhando de algum lugar. E se ele pensava que eu iria dar alguma brecha, estava enganado.

[...]