Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

De manhã saí da casa da Mabi antes que ela acordasse. Toquei a campainha lá de casa e meu pai atendeu.

–– oi Sr. Luiz –– falei sorrindo de lado.

–– Bernardo? –– ele franziu a testa –– tudo bom filho?

–– não muito. Onde estavam ontem? –– perguntei antes que ele perguntasse o que eu não queria.

–– sua mãe deu plantão no hospital e eu deveria estar dormindo. Estava cansado –– ele explicou.

Entrei. Tomei um banho, troquei de roupa e tomei café com meus pais. Falamos um pouco de tudo até chegar ao assunto do apto. Eles não entendiam, ou melhor, minha mãe não entendia muito bem porque eu não queria ficar lá. Meu pai sabia, mas não sabia o motivo.

–– por favor, pai –– implorei –– eu estou esperando a vaga de um estagio, eu pago meu aluguel.

–– você não vai conseguir se sustentar sozinho com um estágio, Bernardo –– meu pai me disse sério –– e outra, eu deixei pago o semestre inteiro. Você não pode, simplesmente, sair de lá.

–– merda! –– bufei e fechei os olhos.

–– Bernardo! –– minha mãe reclamou.

Depois de umas duas horas com eles, fui pro apto. Afinal eu tinha aula hoje. Teria que encontrar com a Tati, o Fred, a Mabi e o Lucas. Era muita pressão pra minha cabeça. Ela iria explodir. Cheguei lá e não tinha ninguém. Ou a Tati tinha ido pra aula com o Fred ou tava no boxe com a Mabi, pois quando sai da casa dos meus pais, o carro da Mabi não tava na garagem dela. Troquei de roupa e arrumei minha mochila. Estava na cozinha preparando um misto quente com suco de caixinha, quando eu ouvi vozes. Os sons das vozes aumentaram e eu me virei de frente à entrada da cozinha. Era Mabi e a Tati. Elas me olhavam assustadas e eu não sabia o que fazer. Meu corpo tremia inteiro. As pernas haviam travado. A sanduicheira apitou e eu despertei. Peguei o pão com um guardanapo e meu suco e passei entre as duas sem olhar para nenhuma. A Tati choramingou meu nome e segurou em meu braço, mas eu puxei e me tranquei no quarto. Com a chave. E queria podê–la engolir para nunca mais sair dali e fazer merda na minha vida. 

Tatiana narrando.

Sentamos a mesa da cozinha e ofereci suco pra Mabi que não aceitou. Ela se quer queria entrar comigo. Só entrou porque eu insisti muito. E também porque ela pareceu ficar preocupada comigo. Passei a aula de boxe toda descontando minha raiva e chorando enquanto treinava.

–– porque ele tem que ser tão cabeça dura? –– perguntei a Mabi que estava aérea –– Mabi! –– a chamei.

–– oi –– ela me olhou assustada.

–– o que foi? –– perguntei franzindo a testa.

–– nada. Eu preciso ir Tati, tenho aula –– ela disse já se pondo de pé.

–– ta bom. Eu te levo na porta –– eu disse também me levantando –– você ta bem mesmo? Quase não falou hoje, só ficou me escutando reclamar do Bernardo.

–– Tati, posso te pedir uma coisa? –– ela me interrompeu e eu assenti com a cabeça –– não fala mais do Bê não, ta?

–– ué, por quê? –– ela ergueu a sobrancelha.

–– porque apesar de achar que você errou, ele também não deveria ter agido assim. Ele não pode fazer as coisas pra confundir as pessoas. Agir por impulso, nem todos estão preparados pra esse jeito dele e... –– ela parou e respirou.

–– calma Mabi –– falei a segurando pelos ombros –– o que foi?

–– nada. Deixa –– ela sorriu –– nos falamos depois.

Ela me abraçou e me deu um beijo no rosto. Entrei no apto, tomei banho e fui me vesti. Depois de pronta bati na porta do Bernardo, ele não abriu, estava trancada. Descei e peguei um táxi pra ir pra aula.

Bernardo narrando

Cheguei na minha sala e sentei no lugar de sempre. Logo a Carla se aproximou e sorriu pra mim, mas eu não consegui retribuir. Ela se sentou ao meu lado e me olhou.

–– você está péssimo –– ela disse.

–– creio que isso não tenha sido uma pergunta –– falei revirando os olhos.

–– não. Você ta com uma carinha... –– ela fez uma careta.

–– terminei com a Tatiana –– falei olhando para frente, mas vi que a Carla fez uma expressão de surpresa.

–– espero que não tenha sido por causa de sábado –– ela disse confusa.

–– não. Na verdade foi muita coisa junta, sabe? –– eu a olhei e ela tinha os olhos atentos em mim –– não tava legal, apesar do meu sentimento por ela.

–– eu entendo Bernardo. Dava pra ver que você gostava dela e que queria fazer dar certo –– ela sorriu –– mesmo você sendo um pouco safado –– disse sem jeito e eu gargalhei.

–– nem fala isso... –– eu disse balançando a cabeça negativamente –– tentei mudar, pela segunda vez, por uma garota e não deu certo. Desisto desse lance de ser certinho, ser fiel, ter uma namorada... To achando que esse tal negócio chamado amor, não é pra mim –– desabafei.

–– mas é assim Bernardo. Nunca é perfeito, se é amor, sempre tem que sofrer um pouco –– ela disse com um sorriso doce nos lábios.

–– então eu não quero mais saber de amor, quero saber de me divertir, isso sim –– fiz uma careta.

–– e como a Tatiana está? –– ela ergueu as sobrancelhas.

–– pergunta do Fred –– falei sorrindo cínico e ela me deu um tapa no braço –– o que eu fiz? –– perguntei fazendo bico.

–– me tratando com grosseria –– Carla disse emburrada –– não gosto disso, poxa.

–– nem to te tratando assim Carla. Deixa de coisa –– eu revirei os olhos.

–– claro que está –– ela de ombros –– eu não fiz nada pra você, quem fez foi sua namorada –– disse entortando os lábios.

–– ex –– falei fazendo careta.

–– tanto faz –– ela revirou os olhos impaciente –– não pretende voltar mesmo?

–– não –– falei seco.

–– nem vai procurá–la? –– ela insistiu.

–– não.

–– não vão conversar melhor? Porque devem ter terminado no meio de uma briga e... –– ela falava com calma.

–– não Carla. Não tem volta –– eu disse alterando o tom de voz.

–– desculpa –– ela arregalou os olhos assustada com a minha reação –– não ta mais aqui quem perguntou.

–– ah Carla, foi mal, vai –– falei chateado –– eu só to sem cabeça com tudo isso acontecendo.

–– tudo bem, eu não deveria ter me metido na sua vida –– ela sorriu de lado e pôs a mão sobre meu braço –– não falo mais nada. Você que decidi.

–– valeu –– a olhei e sorri.

Avistei a Mabi e o Diego chegando próximos de nós e percebi que a Mabi olhava pra mão da Carla sobre a minha. Continuei a encarando e ela desviou o olhar. Diego sentou ao lado de Carla e lhe cumprimentou com dois beijos. A Mabi ao lado dele e foi logo abrindo o caderno, mas ainda faltava uns quinze minutos pra aula começar. Talvez eu devesse esperar essa reação dela depois de ontem à noite. Já que ela SEMPRE sentou ao meu lado.

–– e aí Bernardo! –– Diego fazendo um toque com as mãos.

–– fala Diego –– retribuí.

–– ta rolando o boato que você está livre e desimpedido agora. A informação confere?  –– ele perguntou sorrindo.

–– confere –– joguei meu corpo pra trás e bufei.

–– sem voltas? –– ele insistiu.

–– se eu fosse você, ficava caladinho. Ele ta estressado –– Carla sussurrou pro Diego.

–– eu to ouvindo, viu Carla? –– falei a olhando e ela riu.

–– Ih, nem vou querer saber o motivo... –– ele deu de ombros –– só perguntei pra saber se você não ta a fim de ir em baladinha na quarta –– Diego me olhou.

–– porra, mal fico solteiro e você já ta dando em cima de mim, Diego? –– falei sério e ele e a Carla gargalharam.

–– o que foi Mabi? Ta quieta –– Diego observou–a.

–– ah, nada... –– ela murmurou olhando para nós três.

Eu olhei em seus olhos e percebi que ela engoliu a seco aquela situação. Desviei o olhar para o quadro à espera do professor e do inicio da aula. Mas não foi ele quem apareceu na porta. Tati subiu a escadaria que dava acesso às nossas cadeiras. Abri o livro e tampei meu rosto. Percebi quando a Carla e o Diego me olhavam.

–– Bernardo –– ele sussurrou.

–– diz pra ela que eu morri –– falei respirando pesado.

Minutos após, ouvi seus passos longe. Abaixei o livro e a observei deixando a sala. Os dois ao meu lado me olhavam curiosos enquanto a Mabi tinha a cabeça baixa sobre o braço, na carteira dela.

–– coitada, porra –– Diego respondeu se referindo ao modo com o tratei a Tati.

–– ta com pena? –– falei cinicamente –– vai namorá–la. Ela e ao Fred.

Eles não responderam, temendo o meu mau humor naquele momento. A aula passou vagarosa. Vira e mexe eu olhava para o lado e perguntava algo para Carla, mas na verdade eu apenas queria olhar a Mabi. Ela tinha os olhos fixos no quadro e não trocamos nenhuma palavra. Quando soou o fim da aula, ela se levantou e saiu sozinha na frente de todo mundo. Nós três fomos andando para o refeitório apenas falando besteiras. Era a hora do almoço quando a Carla recebeu um telefonema em seu celular e saiu de perto de nós devido à bagunça. Pouco tempo depois todos foram chegando. Estávamos na mesa eu, Diego, JP e Raquel. Tatiana chegou ao lado de Liane e Fred. Ignorei os dois e continuei a puxar assunto com o Diego. Mas na verdade, meu coração quase saltitava de tanto nervosismos. Pouco tempo depois a Mabi e o Lucas chegaram de mãos dadas. Ai que meu coração só faltou explodir. Eles sentaram com suas bandejas e começaram a comer. O Lucas me cumprimentou e eu sorri pra ele.

–– ta com uma cara péssima –– ele sussurrou pra mim.

–– você também –– sussurrei de volta.

–– cansado –– ele fez uma careta –– faculdade e estágio não é pra qualquer um.

–– anda muito ocupado, é? –– perguntei como se não soubesse de nada.

–– demais. Não tenho tempo nem pra dormir direito –– ele revirou os olhos.

–– pra dormir tem sim. De sobra, porque é o que você faz quando está comigo –– Mabi respondeu mal humorada.

–– ô amor –– Lucas fez um bico e a abraçou de lado –– eu já disse que logo vai melhorar. Prometi e vou cumprir pegar menos disciplina semestre que vem –– ele lhe deu vário beijos pelo rosto e depois um na boca.

Desviei o rosto para o outro lado a fim de não ver aquilo e meu olhar encontrou–se com o de Tati. Ela parecia suplicar uma desculpa me olhando daquele jeito. Sustentei o olhar enquanto suspirava. A minha comida ainda estava na bandeja. Eu quase não havia tocado. Não tinha fome, apenas uma vontade de sumir. De repente eu senti alguém pulando no meu colo e me abraçando forte. Quase a cadeira cai pra trás, mas consegui me equilibrar. Eu conhecia aquele perfume que me sufocou. Os cabelos escuros dela estavam bagunçados e ela me olhou eufórica. Todos nos olhavam assustados. Assim como eu também a olhei.

–– passamos Bernardo. Passamos –– ela disse sorrindo largo enquanto ainda tinha os braços no meu pescoço.

–– não sei pra onde nós passamos, mas pode continuar no meu colo que eu to gostando –– falei sorrindo de lado.

–– você não presta mesmo –– ela revirou os olhos e se sentou na cadeira dela, ao meu lado –– nós passamos pra vaga de estágio. A entrevista é hoje à tarde.

–– ta zoando? –– ergui as sobrancelhas e sorri.

–– não, né?! –– ela disse fazendo careta –– perguntei se poderiam me informar se você também havia passado e disseram que não estão conseguindo entrar em contato com você.

–– puta merda! –– resmunguei –– to sem celular –– falei lembrando–me que quebrei.

–– então me agradeça, porque se não, você teria perdido a entrevista hoje à tarde –– ela disse ainda eufórica.

–– quer que eu me ajoelhe nos teus pés? –– falei irônico, erguendo uma sobrancelha.

–– sem graça –– ela fez uma careta e virou–se para o JP e Raquel, continuando a conversar.

Fiquei ali na mesa por mais uns poucos minutos. O Lucas estava com a cabeça deitada sobre a mesa e a Mabi acariciava seus cabelos enquanto a Tati conversava com o Fred e a Liane. Apesar de aparentar tristeza, ela parecia estar melhor do que eu. O Fred era só sorriso, né? Falso do caralho! Levantei–me dali e nem me despedi de ninguém, sai andando pelo corredor em direção à próxima aula que eu pagaria. Sentei em meu lugar e não demorou muito para que Carla sentasse ao meu lado. Ela sorriu pra mim e puxou assunto. Ficamos falando da entrevista por uns minutos até a Tati entrar. Ela parou em minha frente e olhou para a Carla e depois para mim.

–– podemos conversar? –– ela perguntou acanhada.

–– não –– falei seco e virei o rosto pro lado oposto.

–– sente aqui Tatiana –– Carla disse se levantando.

Segurei em seu pulso com força e olhei ferozmente pata Tati.

–– eu já disse que não temos nada pra falar. Se não falo com você em casa, não é aqui que eu vou conversar.

–– parou vocês dois! – Carla  disse brava e se levantou saindo dali bufando –– conversem –– resmungou.

Eu a vi sair da sala e Tatiana sentar ao meu lado. Ela ficou brincando com os próprios dedos e encarando o vazio.

–– minha aula vai já começar –– eu disse.

–– você não vai me desculpar não né? –– ela perguntou com um sorriso fraco nos lábios.

–– desculpar eu desculpo, só não quero mais nada –– respondi.

–– eu não te trair, Bernardo –– ela falou indignada.

–– mas não ia demorar muito pra isso acontecer –– falei interrompendo–a –– não dá Tatiana. Entende que não dá mais pra namorar você e o Fred –– joguei meu corpo para trás e bufei. Ela se calou por alguns segundos.

–– você quer que eu desista? –– Tatiana perguntou suspirando após um tempo.

–– eu quero um tempo... –– falei pensativo –– não vou mentir dizendo que eu já te esqueci, porque não é assim, rápido. Mas eu não quero mais esse relacionamento pra mim.

–– tudo bem Bernardo –– ela disse abalada –– pense o que você tiver que pensar... Por enquanto, eu não tenho pressa. Mas me garanta uma coisa.

–– o que? –– eu a olhei.

–– não fique com a Carla antes de se resolver comigo –– ela disse se pondo em pé.

–– porque esse medo todo da Carla? –– ergui a sobrancelha.

–– porque com ela, eu sei que alguma coisa séria poderia rolar –– ela deu um sorriso de lado e saiu dali com seu material em mãos.

[...]