Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela
Carla narrando
–– ta falando sério? –– ele me perguntou sorrindo e eu me deitei na cama sorrindo.
–– to Bernardo –– sorri pra ele –– ta com medo agora? –– provoquei.
–– to com medo de levar um tapa quando eu tiver me aproximando –– ele falou entortando os lábios e eu ri.
Ele se deitou de lado, apoiando o corpo no cotovelo na cama e me olhava fazendo bico. Olhei em seus olhos enquanto eu sorria e esperava ele me beijar. Eu queria aquilo. Há muito tempo, mas o medo de me apaixonar por alguém tão galinha, safado e complicado, havia acabado com boa parte da atração que eu sentia por ele. Ergui o tronco e pus minha mão na nuca dele ao tempo em que encostei nossos lábios. Dei-lhe um selinho enquanto ele sorria por eu ter tido a iniciativa. A mão dele veio imediatamente para a minha cintura e a minha acariciava sua nuca, o puxando para mim. Ele deitou com o corpo sobre o meu e aumentou o ritmo do beijo. Minha outra mão foi para o quadril dele e passei acariciar sua cintura por debaixo da blusa. Ele pôs boa parte do corpo dele sobre o meu e apertou minha cintura, me beijando com uma velocidade maior. Permanecemos naquele beijo por longos minutos. Devemos ter ficado por uns vinte minutos ali e não estou exagerando. Quando o ar nos faltava, ele descia beijando meu pescoço, mordendo minha orelha e apertava minha cintura, subindo minha blusa, mas sem sair do controle. Eu estava completamente arrepiada. Meu corpo pedia pelo o dele e meu coração não desacelerou por nenhum segundo. Aquilo estava começando a me assustar. E quando senti sua excitação comprimindo o meu sexo, fiquei mais assustada ainda. Eu não queria deixar o beijo evoluir pra algo maior. Não naquelas condições. Eu aproveitei quando ele parou para respirar e encerrei o beijo. Ele ergueu o tronco e ficou me olhando sério. Dei um sorriso fraco e me levantei da cama como se nada tivesse acontecido.
–– preciso usar o banheiro –– falei indo direto pra lá.
Não o deixei falar nada. Tranquei a porta e me sentei no vaso sanitário. Minhas pernas tremiam e eu mal sei como cheguei ali. Minhas mãos ainda estavam tremulas e eu me sentia uma garota de quinze anos no meu primeiro beijo. Lavei o rosto, passei a água gelada no pescoço e deixei escapar um sorriso de satisfação ao me olhar no espelho. Eu também havia ficado excitada, mas Bernardo não precisava saber disso. Ninguém precisava, nem eu mesma queria saber disso. Tenho um bom auto controle e não queria perdê-lo por uma vontade do Bernardo. Abri a porta do banheiro e o olhei. Ele sentava com as pernas dobradas como borboleta, mas tinha o rosto abaixado fitando a cama e os cotovelos apoiados nas coxas. Assim que dei a volta pela cama, ele ergueu a cabeça e me olhou, sério.
–– ta tudo bem? –– ele perguntou.
–– ta sim –– sorri –– só estava apertada.
–– que hora pra ter vontade de fazer xixi –– ele fez uma careta e eu ri alta.
–– desculpa –– falei me sentando na cama e dei de ombros.
Olhamo-nos desconfiados e eu não sabia o que falar. Ficamos quase três minutos em silencio, apenas nos olhando e logo o senti avançando em cima de mim. As mãos dele estavam em meu pescoço e ele me beijou calorosamente. Passamos o resto da tarde, da noite e da madrugada ali. Apenas nos beijando. Não passou disso, mesmo que eu quisesse e aposto que ele mais ainda. Pouco conversamos já que ele não parava de me beijar e aquilo não me importou nem um pouco. Acabamos adormecendo entre a troca de carinhos e quando despertei, ele não estava mais na cama.
–– claro que não estaria aqui –– falei comigo revirando os olhos.
Fui ao banheiro e fiz minha higiene. Tomei banho pensando no que havia acontecido. Obvio que ele não levaria aquilo a sério. Eu sabia desde o inicio. E esse foi o motivo pelo o qual eu fiquei com ele. Para que ele realizasse essa vontade dele e me deixasse em paz antes que fosse impossível de eu conviver com ele. Parecia que havia dado certo. Vesti minha roupa para ir à faculdade e fui até a cozinha. Encontrei-o sentado à mesa comendo pão com Nescau.
–– bom dia –– falei o olhando surpresa.
–– bom dia. Achei que não fosse acordar. Estamos atrasados –– ele sorriu pra mim.
–– acordou agora? –– perguntei.
–– nada, eu já até saí pra comprar pão, suco, queijo, leite e Nescau –– ele disse olhando para a mesa.
–– hum... –– ergui as sobrancelhas e fui até a mesa, me sentando também –– deveria ter me chamado.
–– você tava tão bonitinha dormindo –– ele disse sorrindo e eu corei –– bom, vou em casa me trocar e passo aqui para irmos para a aula, ta? –– ele se levantou e me deu um beijo na testa, saindo em seguida.
Deixei um sorriso escapar e terminei meu café, limpando a mesa em seguida.
Tatiana narrando
Acordei no horário de costume para ir para o boxe. Tomei meu banho e pus uma roupa. Fui à cozinha e bebi apenas um iogurte rapidamente. Como de costume eu iria com a Mabi, mas a nossa relação estava um tanto estranha depois que eu e o Bernardo terminamos, que comecei a duvidar de que ela só andava comigo por ter algum interesse nele ainda. Apesar de termos terminado há mais tempo, tinha umas duas semanas que eu não ia com ela para as aulas. Quando o Fred não se oferecia para me levar, eu ia de táxi ou se acordasse mais cedo ia de ônibus. A semana passada toda eu faltei. O André até me ligou para saber o que estava acontecendo e eu inventei que estava gripada. A Mabi veio falar comigo na faculdade sobre eu não estar indo e perguntou se o problema era carona. Obvio que eu menti dizendo que não era, que eu estava indisposta. Conversamos um pouco, mas tudo bem superficial. Ela estava estranha. Peguei minha mochila e saí do prédio às pressas. Parei na calçada para avistar um táxi e vi aquele carro azul, pequeno, que eu conhecia muito bem. Ela desceu e veio em minha direção.
–– oi –– sorriu pra mim, mas parecia incomodada.
–– oi Mabi. Bom dia –– eu sorri confusa.
–– então, carona? –– ela apontou para o carro dela logo atrás.
–– eu ia de táxi, mas tudo bem –– sorri de um jeito simpático e fomos em silêncio até entrar no carro.
–– prometi ao André que não iria deixar você falta –– ela disse ligando e arrancando –– ele ta achando que você quer desistir.
–– que nada –– dei de ombros –– foi só uma semana ruim que eu tive.
–– ta melhor, já? –– ela me olhou.
–– mais ou menos –– fiz uma careta –– e você ta bem?
–– na verdade Tati, eu vim aqui não pelo André, mas por que eu to precisando conversar com você –– ela disse ficando séria e mantendo o olhar na direção.
–– eu percebi mesmo que nossa amizade, se é que pode falar assim, mudou –– falei seca.
–– não fala assim comigo, por favor –– ela pediu com a voz chorosa.
–– o que aconteceu? –– eu a olhei –– você mudou comigo depois que e o Bernardo terminamos. Eu te juro que pensei que você só era minha amiga para poder tê-lo por perto, sei lá –– dei de ombros.
–– você se importa em se atrasar para o boxe? –– Mabi me olhou e eu neguei com a cabeça –– posso parar na praça pra tomarmos um suco?
–– claro –– sorri satisfeita em ter aquela conversa.
Descemos e fomos até um lanche de café da manhã. Estava lotado. Pedimos apenas suco e umas rosquinhas.
–– então –– ela abaixou a cabeça e entrelaçou as mãos –– eu gosto da nossa amizade e nunca queria ter me afastado de você. Pelo o que você falou, sobre eu ter me afastado de ti depois que você e o Bê terminaram, não é bem pelo motivo que você está pensando.
–– você não me deixou outra opção –– dei de ombros.
–– na verdade é o contrario –– ela me olhou e eu ergui as sobrancelhas confusa –– no dia em que vocês terminaram... –– Mabi se calou e respirou fundo enquanto eu a olhava atenta –– ele apareceu lá em casa. Os pais dele não estavam em casa, ele estava sem chaves e havia quebrado o celular, então ele ficou por lá. Estava transtornado, chorava muito, reclamava de você com o Fred... –– se calou.
–– aconteceu o que eu to pensando? –– perguntei imaginando que eles haviam transado.
–– nós ficamos –– Mabi disse com os olhos cheios d’água e eu fiquei chocada –– foram apenas uns beijos, mas isso me deixou muito mal. De verdade Tati, eu queria não querer. Eu te juro.
–– eu... Eu... Eu... –– falei tentando respirar –– não esperava isso... Era uma coisa provável de acontecer, mas...
–– me perdoa, por favor –– ela pediu segurando em minha mão –– foi muito difícil depois. Eu tive que me afastar dele, de você, do pessoal da faculdade por que isso mexeu demais comigo.
–– e o Lucas? –– perguntei tentando engolir aquilo.
–– ele não sabe –– ela limpou as lágrimas –– por favor...
–– não vou contar –– eu a interrompi –– eu não tinha mais nada com o Bernardo e não tenho o porquê estragar teu namoro.
–– obrigada –– ela sorriu –– ta com raiva de mim ainda?
–– não sei bem o que está se passando na minha cabeça agora –– falei sincera –– se fosse logo depois que tudo aconteceu, eu iria querer te matar –– sorri de lado –– mas agora que eu to tentando de verdade me desprender do sentimento pelo Bernardo. E sabendo de tudo que vocês passaram, como sofreram e do amor entre vocês, eu acho que não vale a pena brigar com você por isso –– eu sorri.
Ficamos ali por mais algum tempo conversando. Contei-lhe sobre o Fred e meus sentimentos confusos, medos, aflições e etc. Ela me aconselhou a esquecer Bernardo e Fred. Dois sem futuro quando se fala de relação. E no fundo ela tem razão. Entramos no carro e íamos à academia apenas dar um oi pro André que já havia ligado cinco vezes pra saber se iríamos para a aula.
–– um dia desses, ele me perguntou se você e o Bê tinham voltado –– Mabi me disse enquanto dirigia.
–– quem? –– a olhei confusa.
–– o André –– ela sorriu.
–– quem me dera –– eu gargalhei.
–– ele é tudo –– ela piscou pra mim –– acredite.
–– eu imagino –– falei com malicia –– mas ele é areia demais pro meu caminhãozinho.
–– até parece –– ela revirou os olhos –– você que nunca deu confiança pra ele, mas ele te acha super bonita.
–– sei –– eu ri ainda sem acreditar.
Chegamos à academia e ficamos apenas conversando com o André. Não fizemos aula. Papo vai, papo vem, a Mabi acabou passando o número do meu celular pro André e me deu o dele. Não sei bem o que eles conversaram, mas ela disse que ele tinha interesse em mim sim. Eu nem acreditei. Ele era muito gato e muito legal. Além do mais, não era galinha como a maioria dos meninos hoje.
Bernardo narrando
Cheguei ao apto e fui tomar um banho. Já se passava das dez horas e eu iria me atrasar para a aula. Vesti uma roupa rápido enquanto sorria me lembrando da noite de ontem. Eu havia gostado mais do que devia e por mais excitado que eu tivesse ficado, não precisei transar com ela para ficar feliz. Fui até a cozinha beber água e encontrei a Tati tomando café enquanto sorria mexendo no celular.
–– bom dia –– falei estranhando aquilo.
–– oi Bernardo. Bom dia –– ela sorriu.
–– hum... –– murmurei –– oi.
–– quer tomar café? –– ela perguntou sem tirar os olhos do celular.
–– não, já tomei, valeu –– falei de sobrancelhas erguidas.
–– ah sim –– ela falou sem interesse –– nossa, já são quase onze horas –– ela disse assustada –– me empolguei com as mensagens e acabei esquecendo da minha aula.
Ela se levantou e foi para o seu quarto enquanto mexia no celular e ria. Não sei quem era, mas eu não gostei daquilo. Senti uma pontada de ciúmes por ela estar feliz ou sei lá o que ela tivesse. Fiquei na cozinha pensando nisso e quando me dei conta havia passado mais tempo do que previsto. Fui até a sala, mas algo me dizia para falar com a Tati. Voltei ao quarto dela e bati na porta. Ela gritou para entrar. Assim que abrir a porta, ela vestia apenas uma calça jeans e um topo preto. Olhei seu corpo de cima a baixo me lembrando muito bem de cada pedaçinho dele.
–– oi –– ela ergueu uma sobrancelha.
–– ah, posso entrar? –– perguntei sorrindo e ela deu de ombros –– eu só queria saber se você ta bem.
–– ótima e você? –– ela perguntou enquanto procurava uma blusa no guarda roupas.
–– to bem também –– falei confuso –– você ta estranha.
–– não to nada Bernardo –– ela sorriu de um jeito que me fez sorrir em seguida.
–– ta até mais bonita –– deixei as palavras saírem sem querer.
–– não sei se isso foi um elogio, mas mesmo assim obrigada –– ela disse passando perfume –– to atrasada. Beijos.
–– eu te levo –– falei por impulso.
–– não precisa, vou de táxi mesmo –– ela pegou sua bolsa e gritou saindo do quarto.
–– ué, não vai com o Fred? –– perguntei mais por curiosidade do que por provocação.
–– há essa hora? –– ela olhou no relógio e sorriu –– ele ta na faculdade há muito tempo e eu perdendo inúmeras aulas.
–– e quem era no celular? –– perguntei seguindo-a pelo apto.
–– Bernardo –– ela se virou pra mim ainda sorrindo –– somos apenas amigos. Não te devo mais satisfação.
–– realmente –– falei sem graça diante aquilo –– mas é que eu pensei que fosse o Fred –– dei de ombros.
–– quando eu te disse que não tinha nada com o Fred, eu não mentia pra você –– ela falou desmanchando o sorriso do rosto –– você terminou comigo por ciúmes do Fred por que você quis. Não tinha e não tem nada entre nós.
–– e quando eu disse que minha paciência estava no limite por causa dessa amizade, eu também não estava blefando –– falei alterando um pouco o tom de voz.
–– talvez eu não tenha levado tão a sério –– ela sorriu fraco.
–– você pagou pra ver –– eu disse irônico.
–– pois é, mas eu não imaginava que os seus sentimentos fossem tão fracos a esse ponto –– ela disse mais irônica ainda e cruzou os braços.
–– ah não –– eu ri sem acreditar naquilo –– você vai pôr a culpa em mim? –– pus as mãos no meu peito e ergui as sobrancelhas.
–– não estou culpando ninguém –– ela disse com desdém –– agora vamos esquecer esse assunto, por que nosso namoro já acabou e eu não quero ficar remoendo o passado –– abriu a porta da sala e saiu fechando-a atrás de si.
Fiquei parado apenas a olhando ir. “passado?” como assim passado? Quer dizer que ela tinha me esquecido. Quer dizer que eu ficava remoendo o sentimento por ela à toa enquanto ela nos considerava passado? Fiquei irritado com o que havia escutado dela que quando me dei conta já era quase meio dia. Peguei as chaves e fui voando para a universidade. Assim que entrei na sala o professor estava saindo com o material.
–– já acabou? –– perguntei sem graça.
–– chegou cedo, hein Bernardo?! –– ele brincou comigo –– pra próxima aula –– falou rindo e saiu.
–– foi mau, professor –– dei um sorriso e caminhei até as cadeiras –– Carla, eu...
–– você perdeu matéria –– ela me interrompeu –– depois eu te passo tudo, por que tem trabalho em dupla pra fazer.
–– me desculpa, eu fiquei... –– tentei me explicar novamente.
–– Diego –– ela me interrompeu mais uma vez –– vou ir almoçar com vocês –– disse a ele e a Mabi que estavam saindo da sala –– você não vem? –– perguntou à mim –– temos outra aula em trinta minutos e eu ainda preciso pegar um táxi pro trabalho –– falou se levantando e saiu na minha frente.
–– você vai pro estagio comigo –– eu revirei os olhos e fui atrás dela.
–– só pra garantir –– ela sorriu e parou ao lado do Diego.
–– gazetando aula Bernardo? –– Diego disse sorrindo e fez um cumprimento com a mão.
–– tive uns problemas e me atrasei –– falei sem sorrir –– oi Mabi –– falei olhando-a.
–– oi Bernardo –– ela sorriu fraco e voltou a olhar pra frente.
–– Carla posso falar contigo a sós? –– perguntei próximo ao ouvido dela e ela parou, me olhando sem paciência.
–– diga –– bufou.
–– só queria explicar por que...
–– você não precisa me explicar nada Bernardo –– ela falou de novo e eu ergui as sobrancelhas –– você não me deve satisfação. Entende isso.
–– claro que eu te devo Carla. Eu fiquei de te buscar e não apareci –– falei inconformado.
–– mas não deu de você ir –– ela falou –– é simples. Você não tem obrigação comigo. Claro que se você tivesse me ligado, eu teria ficado menos aborrecida, só que não deve ter dado pra você me avisar. Eu peguei um táxi e vim. Simples –– ela deu de ombros.
–– ta puta comigo? –– perguntei acariciando o rosto dela.
–– não, ué –– ela balançou os ombros.
–– você se quer me ligou –– tirei o celular do bolso e mostrei à ela.
–– e por que eu ligaria? –– ela riu.
–– por que eu me atrasei –– falei indignado.
–– Bernardo... –– ela abriu um sorriso e suspirou –– eu não sou louca que nem essas meninas que você costuma ficar. Eu não me apaixono no primeiro beijo, eu não vou ficar te ligando cinqüenta vezes seguida, eu não vou dar crise de ciúmes se você olhar pra outra mulher, eu não vou ficar com raiva se ficar com outra em uma balada, muito menos dar escândalo por alguma coisa que você faça –– ela dizia com a voz calma e eu ia ficando mais confuso cada vez –– não espere essas atitudes de mim, por que eu não sou adolescente.
–– se eu te beijar agora, você vai ficar com raiva ou vergonha? –– perguntei mordendo meu lábio inferior.
–– claro que não –– ela deu de ombros –– ninguém aqui tem nada com a minha vida. Eu beijo quem quiser, a hora que eu quiser.
Eu sorri e me inclinei para beijá-la, mas ela desviou.
–– mas isso não quer dizer que eu esteja com vontade –– ela sorriu e saiu andando para dentro do refeitório.
Fechei os olhos e ri de mim mesmo. Realmente, ela tinha razão. Era diferente. Ela não era uma adolescente dessas que eu estava acostumado a pegar. O difícil era eu saber agir com a Carla. Não sei se ela estaria interessada mim da mesma forma que eu estava por ela. E eu não tinha a mínima idéia de como fazer isso.
[Um mês depois...]
Um mês se passou e as coisas continuavam inalteradas. Eu e a Carla estávamos na mesma. Ou melhor, não estávamos. Realmente acredito que ela só queria minha amizade, por que voltamos a ser como antes. Saímos juntos, almoçávamos juntos, fazíamos trabalho juntos, trabalhávamos juntos e ela não me dava nem um tico de esperança. Eu não havia insistido mais. Já tinha levado dois foras e não quis perder a amizade dela por causa de algo que era tão evidente. Ela não gostava de mim. Com a Tati as coisas estavam estranhas. Ela andava feliz demais. Saia à noite sozinha, quer dizer, saia com alguém, mas eu não sabia quem. E não era com o Fred, por que ele vinha aqui procurá-la quando ela não estava. E sabe o que era o pior de tudo? Ela não me contava da vida dela, mas me tratava como amigo. Toda simpática e prestativa como era antes. Até almoço ela fazia para nós dois. Ciúmes? Sim, eu tava me remoendo.
Era um sábado e eu deixei a Suzana em casa. É, continuamos saindo e ela voltou a insistir naquele lance de ter um compromisso. Não sei pra que. Estava tudo tão bom assim com ela. Depois de discutimos um pouco sobre isso, dirigi pro meu apto. Peguei o elevador e fui digitando uma mensagem para a Carla. Já eram três e meia da manhã e eu queria acordá-la só pra irritar. O elevador chegou em meu andar e eu desci ainda com os olhos fixos no aparelho em minhas mão. Tirei as chaves do bolso da calça e quando ergui meus olhos para a fechadura, vi o que eu menos queria ver. Tati beijando o André. A fúria que eu senti naquele momento era praticamente a mesma de quando eu senti quando terminei com ela no dia em que ela foi à praça com o Fred. Arranhei a garganta, fazendo barulho para que eles se desgrudassem. Deu certo. O André encerrou o beijo com um selinho e os dois me olharam. Ele sorria e ela estava constrangida.
–– e aí Bernardo –– o André disse esticando a mão.
Eu apenas olhei para a mão dele e depois para Tati. Ela arrumava o cabelo de forma tímida e procurava não me olhar nos olhos.
–– a porta ta trancada? –– perguntei a ela e vi André recolher a mão até o bolso da calça dele.
–– creio que sim –– ela respondeu sem graça –– nem entrei ainda.
–– certo –– assenti com a cabeça e pus a chave na fechadura com certa dificuldade, já que eu estava tremendo de raiva –– você pode não demorar muito aí por que eu queria falar com você.
–– ta –– ela franziu a testa e concordou.
–– é sobre o apto –– expliquei.
–– tudo bem. Já to indo –– ela respondeu e eu abri a porta.
–– boa noite Bernardo –– André falou em um tom irônico.
–– olha André –– falei dando um passo pra trás e o encarando –– eu vou pegar o número do teu celular com a Tati e depois te passo o telefone da minha nova namorada, pra quando nós terminarmos, você poder ir atrás dela –– falei cínico e entrei batendo a porta.
Ouvi a risada dele do lado de fora, fazendo meu sangue ferver mais ainda. Imediatamente a porta se abriu com força e o salto batendo enfurecidamente no chão se aproximou de mim.
–– imbecil! –– ela disse alterando o tom de voz –– qual o teu problema, Bernardo?
–– você fica se agarrando com esse idiota na porta do apto –– falei no mesmo tom que ela e percebi que ele estava parado logo atrás.
–– idiota é você –– ela falou –– por que você consegue me ver feliz, hein?!
–– claro que eu gosto de te ver feliz, mas não precisava vir esfregar que esta saindo com esse... –– falei apontando o dedo para ele que apenas nos olhava –– esse... Cara se manda daqui. Que merda! –– eu berrei pra ele que nem se moveu.
–– ele não vai sair –– Tati franziu a testa e riu.
–– deixa Tatiana –– o André falou com a voz calma, parando atrás dela –– amanhã eu te ligo e combinamos o que fazer.
Ela se virou de frente a ele, que selou seus lábios aos dela e acariciou seu rosto. Meu sangue ferveu.
–– claro que não André –– Tati falou indignada –– você concordou em subir comigo e vai ficar. O Bernardo não manda nem em mim e nem nesse apto –– ela falou se virando pra minha frente.
–– eu moro nesse apto e não quero esse cara aqui –– falei irritado.
–– eu também moro nele e trago quem eu quiser –– ela falou caminhando e parando em minha frente –– você trazia a vagabunda da Suzana pra cá antes de nos namorarmos e uns dias depois de termos terminado –– ela sussurrou com os olhos cheios d’água –– você sabe, eu sei que sabe, o quanto isso me magoou. Então agora respeite meu namoro, por favor.
–– namoro? –– eu murmurei sem acreditar –– vocês... –– o olhei e ele sorria, com as mãos dentro dos bolsos.
–– há um mês –– ela disse limpando as lágrimas e continuou a me fitar.
Eu não sei o que se passava dentro de mim. Era uma confusão que misturava ciúmes, com raiva e a sensação de perda. Eu sabia que não tínhamos volta. Meus sentimentos por ela já não eram os mesmo, mas saber que a Tati estava feliz com um cara que já tinha tirado minha felicidade uma vez, não estava sendo nada legal.
–– ok –– falei coçando a nuca –– fique com ele aqui. Façam o que quiserem –– dei uns passos pra trás e parei ao lado da porta do meu quarto –– eu... Eu... Hã, eu preciso sair daqui.
Desviei da Tati, que estava parada no corredor e fui em direção à porta. O André abriu espaço e escorou na parede. Pus a mão na maçaneta e antes de eu girar, ela chamou pelo meu nome.
–– pra onde você vai? –– ela me perguntou parecendo surpresa por eu sair àquela hora.
–– não sei –– falei sem me virar –– talvez pra casa dos meus pais.
–– por favor, não vai perturbar a cabeça da Mabi –– ela falou engolindo a seco o que havia dito.
Ergui as sobrancelhas e me virei para ela. O André também parecia surpreso.
–– o que você quis dizer? –– perguntei.
–– ela me contou Bernardo –– ela respondeu sorrindo cínica e depois abaixou a cabeça –– não vai atrás dela. Você sabe que no fundo ela te ama e isso só vai confundi-la novamente.
–– não foi bem isso que pareceu –– sorri fraco.
–– ela nunca vai assumir que isso seja verdade –– o André falou antes que eu saísse –– e antes que você fale alguma coisa, eu sei. Eu a namorei e eu sei disso.
–– não se preocupe que eu não vou para casa dela –– falei olhando para Tati e ignorando o André.
Desci o elevador querendo esmurrar as paredes. Entrei no carro e meu carro parece que dirigiu automático para a casa da Carla. Quando parei na frente, olhei o prédio e suspirei jogando a cabeça para trás. O relógio marcava mais que quatro horas da manhã e com certeza ela estaria dormindo. Peguei meu celular e dei um toque no dela. Ninguém atendeu. Travei o carro e subi pro apto dela. Toquei a campainha duas vezes e uns minutos depois ela abriu a porta com uma cara de sono e um tanto descabelada.
–– o que aconteceu? –– ela perguntou me olhando assustada e depois segurou em meu braço me puxando para a sala.
–– não vai brigar comigo pelo horário? –– perguntei surpreso enquanto me sentava no sofá.
–– você me ligar pra zoar é normal –– ela revirou os olhos –– mas aparecer aqui há essa hora e com essa cara, é por que algo aconteceu –– Carla ergueu a sobrancelha e suspirei.
–– só discuti com a Tatiana –– falei sem entrar em detalhes –– posso ficar aqui? –– a olhei receoso.
–– o tempo que você quiser –– ela sorriu de lado –– só não quero cueca jogada no chão e nem que mije na tampa do vaso.
–– eu ia pedir pra passar a noite, mas já que você ofereceu o apto todo, amanhã trago uma mala –– falei descontraído.
–– palhaço –– ela me deu um empurrão e se levantou –– vem –– esticou a mão e eu segurei.
Fomos andando até o quarto dela e assim que entramos ela se jogou na cama.
–– boa noite –– ela disse se cobrindo e em questão de segundos fechou os olhos e apagou.
–– boa noite –– murmurei.
Tirei a roupa e me deitei de costas pra ela. Meu pensamento estava no meu apto. Na Tati com o André. Eu não entendia o que estava sentindo. Era mais ciúmes do que qualquer outra coisa. Mas não conseguia entender o porquê dos ciúmes, se eu tinha certeza que não gostava mais dela com segundas intenções
[Carla narrando]
Deitei na cama de frente para a parede da janela e fechei os olhos. Minha vontade era de perguntar o que tinha acontecido. O motivo da briga. Mas preferi ficar na minha pra não me magoar mais. Já não bastava ter me decepcionado com o fato de que eu estava certa em relação à ficar comigo ser apenas uma curiosidade. Depois daquela vez não rolou mais. Ele até tirou umas graças comigo, mas não era exatamente o que se pode chamar de “interesse” em mim. A amizade prevaleceu, mas os meus sentimentos por ele ainda era os mesmo. Ele me interessava e ainda mais depois daquela noite. Acordei no dia seguinte e ele ainda dormia. Tomei banho, troquei de roupa e o chamei. Enquanto ele foi em casa se trocar, fiz o café.
[Bernardo narrando]
Fui pro meu apto e tomei banho e troquei de roupa. Peguei meu material, uma blusa pra ir para o estagio e mais uma troca de roupa. Do meu quarto eu ouvi risadas da Tati e com certeza do André. A porta da sala se bateu, então eles estavam chegando. Deviam estar vindo do boxe. Esperei as vozes sumirem e saí.
Autor(a): raquel_gomes
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
[1 semana depois] Estou há uma semana praticamente na casa da Carla. Passo o dia na faculdade e no estagio. Passo no meu apto à noite apenas pra pegar uma roupa e voltou pro apto da Carla. Durmo, tomo café e quando não vou para a casa dos meus pais, eu pago o almoço dela. Não acho justo que ela fique cozinhando pra mim. Ness ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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sharonvondy60 Postado em 13/11/2013 - 07:05:01
A web Ja acabou Mahri '-' . acho que ela vai respostar em Cilada, Vc vai voltar a acompanhar ?
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sharonvondy60 Postado em 13/11/2013 - 07:02:03
Awn Ameiii o FiNal muito Lindo me emocionei ate por tudo ter acabado bem T..T Saudades agora "-"
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mahri Postado em 12/11/2013 - 14:42:25
Ela começou a postar cilada,mas perdeu os capítulos aí começou essa web,só que ela ta demorando mt pra acabar
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sharonvondy60 Postado em 12/11/2013 - 14:29:43
Cilada . essa Web ta aqui No site ? Menina Vc Sumiu, Vc ta bem pelo menos ? #volta logo.
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mahri Postado em 10/11/2013 - 02:09:59
Ei tava lendo a web cilada,só que não consegui ver o final pq deletaram, tem como vc me dizer se a Bah e o Rick ficao juntos?
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sharonvondy60 Postado em 08/11/2013 - 05:01:44
Hum, Ta CompLicada a historia Hein : /
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mahri Postado em 07/11/2013 - 23:48:15
Nosso Amor e Ódio Eterno... Vício
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sharonvondy60 Postado em 07/11/2013 - 12:48:11
Mahri : Kkkk... eu to lendo pela 2 Vez. Realmente a primeira Vez deles Foi Awnn Perfeita ? verdade o liu e um best Mesmo. Quem diria que o mateus ficaria com a beth ? eu gostei . pensei que a paula ficasse com um dos irmaos da larissa . e Eu pensava que o lucio era drogado, mas ja desconfiava que ele lutava por ai mesmo tbb . Ahhh
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mahri Postado em 06/11/2013 - 00:45:46
Sharonvondy60: não eu não tenho webs. Eu já li pela 3 vez terminei hj,eu amo o cap da 1 vez deles;não tem como não se apaixona pela web e não amar o Lúcio,fiquei com pena do Alex em relação ao filho,mas ele mereceu. Adoro o Liu um super amigo ele eu tbm adorava as cantadas baratas do Martins kkkkkk
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sharonvondy60 Postado em 05/11/2013 - 15:05:08
mahri : Voce tem Webs ?