Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela
– MABI NARRANDO –
Acordei perto de 1 da tarde, com a Clotilde me chamando pra almoçar. Minha cabeça latejava de dor. Tomei um banho, pus um short jeans e uma regata folgadona. Passei no quarto do Fê e só tinha a Carol lá dormindo. Pulei na cama e a sacudi, ela nem se mexeu. Tirei o edredon e vi que ela estava sem roupa. Dei uma risada e a cobri de novo, desci pra cozinha. Encontrei papai, Marta e Felipe almoçando.
– bom dia família – eu disse ao me sentar.
– bom dia? – a Marta riu – boa tarde Mabi.
– minha filha você não acha que vocês estão chegando tarde demais em casa não? – meu pai disse olhando pra mim e pro Felipe.
– tarde não, cedo, né? – a Marta consertou.
– é, não to gostando de saber que vocês ficam a noite toda na rua, sem nem avisar pra gente onde estão.
– desculpa pai. É que fomos a uma boate ontem e estava bom demais lá, sabe? – eu disse de cabeça baixa, odiava discutir com meu pai.
– ta, tudo bem, mas maneirem com os horários, ouviu Felipe?
– sim Sr. Vamos mandar mensagens pra vocês dizendo onde estamos e vamos também voltar mais cedo.
– deixe as crianças amor – a Marta disse ao meu pai – eles precisam se divertir.
– crianças mãe? – o Fê fez uma careta.
– é, você é meu bebezinho – ela apertou a bochecha dele.
Nós rimos.
– posso pedir mais uma coisa? – meu pai falou sério e nós assentimos com a cabeça – vão devagar com a bebida, ta?
– sim Sr – eu e o Felipe respondemos juntos nos entreolhando desconfiados.
– chega de briga, almoço é pra comermos em paz. Mabi, não esquece que às 15 horas temos salão, as meninas vão?
– acho que só a Carol.
– ta certo, espero vocês às 14:30, ok?
Assenti com a cabeça e terminei de comer. Me levantei, escovei os dentes e fui me trocar. Pus uma calça jeans e uma blusinha azul, enquanto calçava uma sandália me lembrei da Carol. Droga! Precisava acordá–la.
Corri pro quarto do Fê, ele estava vendo TV na cama e ela dormindo ainda.
– Fê, chama a Carol que já são 2 horas, daqui meia hora a tua mãe vai pro salão.
– ta, vou logo pegar algo pra dor de cabeça que ela vai acordar mal.
– manda ela tomar banho que eu vou pegar uma roupa minha pra ela vestir.
Após uns 20 minutos a Carol me aparece de toalha no meu quarto, com a cara péssima, dei uma calça jeans e uma regata, ela se vestiu e fomos esperar a Marta na sala, jogadas no sofá.
– e aí? Como foi a noite? – perguntei com um sorriso no rosto.
– sei lá, dei e dormir, acho que foi isso – ela disse de olhos fechados.
Eu ri.
– você é podre Carol!
– eu sei disso, mas e você? Quem cuidou de ti?
– o Lucas.
– ah é, ele entrou no quarto quando eu estava com o Felipe. Agora que me lembrei, putz! – ela pôs a mão na testa – que vergonha, preferia não ter lembrado.
– ah tranqüilo, acho que ele não viu nada – joguei verde.
– é mesmo, não deve ter visto não. Bom, mas me conta, e vocês? Rolou?
– é... – eu abaixei a cabeça – ficamos – eu disse baixinho.
– sua vacaaaa – ela gritou e jogou uma almofada em mim – como assim? Conta-me tudo, começando pelo fato de você está com o Bernardo e ficar com o Lucas, e quando estava com o Lucas ficava com o Bernardo – ela me olhou confusa.
Eu ri. A Marta desceu na hora, não deu tempo de contar. Fomos ao salão, fizemos unhas, depilação, maquiagem, sobrancelha e penteado.
– pra que toda essa expectativa pro baile? – a Carol perguntou com desdenho.
– ah amiga, a última vez em que eu fui, há uns anos atrás, só tinha socialite, gente importante, impressa, sabe? Dizem que o condomínio é de um cara podre de rico, então geral vem.
– saquei... To nem ai pra esse baile. Vou por você e pelo Felipe – ela deu de ombros.
– eu também não. Só vou pelo meu pai.
– mas então... Conta-me o que houve ontem à noite – ela pediu.
Ficamos sentadas no sofá do salão esperando a Marta e então contei–lhe tudo. Saímos de lá umas 6 horas. Chegando em casa, subimos pro meu quarto. Ao chegar à porta me deparei com o Bernardo sentado em minha cama. Levei um susto, a Carol também ficou surpresa.
– o–i... – gaguejei.
– oi Mabi. Oi Carol.
– hã... Oi Bernardo – ela respondeu.
– podemos conversar? – ele pediu sério a mim.
– Amiga vou ali com o Felipe, ta? – a Carol disse saindo.
Fiquei parada na porta do quarto. Não sei por que, mas sentia que não vinha coisa boa.
– diz – encostei-me à porta e cruzei os braços.
– vai ficar ai na porta? – ele ergueu uma sobrancelha.
Dei de ombros.
– você ta linda.
– obrigada – disse seca.
Entrei, encostei a porta e caminhei próximo a cama.
– já entrei, fala agora – pedi.
– o que ta acontecendo?
– como assim?
– ta seca, grossa, fria – sua expressão era de nojo.
– não to não – eu disse achando aquilo patético.
– comigo está...
– ah... – abri a boca, mas não saia nenhuma palavra, não sabia o que dizer.
– ontem parecia estar sem paciência comigo, depois que chegou em casa ficou com a janela fechada, recusou várias ligações minhas e depois teu celular só ficou desligado. O que houve? Fiquei preocupado.
– ah... Eu estava bem ruim, sabe? Não sei nem cadê meu celular.
– sei... Se estava tão ruim, quem cuidou de ti?
– ah... Ér... – fiquei nervosa, não sabia se dizia a verdade – o Felipe. Acho, eu estava ruim, né? Não lembro – menti.
– hum... Ah sim. E posso saber de quem é esse boné?
Ele tirou um boné de trás de si e o pôs em frente a mim. O boné era do Lucas, tinha um “L” bordado, que ele adorava, usava sempre.
– sei lá Bernardo! – joguei os braços pro ar em sinal de impaciência – Não é do Felipe não? – respondi indo em direção ao banheiro.
– ah... Claro, como não pensei nisso! – ele disse como se tivesse lembrado repentinamente – até por que Felipe começa com L, né Mabi? – ele foi sarcástico.
Eu não respondi, fiquei dentro do banheiro me olhando no espelho e pensando em que falar. Será que eu deveria abrir o jogo logo e terminar com ele?
– Mabi? – ele disse rudemente.
– oi Bernardo... – eu disse impaciente.
– por acaso o Lucas subiu com vocês?
– não sei, eu estava BÊBADA, lembra? – enfatizei “bêbada”.
– para de mentir pra mim!! – ele disse impaciente.
Ele então se levantou e foi ao banheiro comigo. Escorou-se na porta e se pôs a me fitar.
– me diz logo o que aconteceu com o Lucas aqui, se não... – ele não completou a frase.
– se não o que Bernardo? – eu gritei – você vai... Me bater? Ah não não... Vai terminar comigo?
– não é isso Mabi... – ele sussurou como se pedisse pra eu parar de dizer aquilo.
– ah já sei! Vai armar com a Nat pra ela sumir com o Lucas e eu nunca mais ficar perto dele! – eu disse cheia de sarcasmo.
– para de graça e me explica, por favor – ele disse agora de modo calmo.
– não tenho o que explicar.
Ele então fitou a parede do lado oposto ao nosso.
– Bernardo? – o chamei e ele não respondia.
– o–o que– que isso? – ele disse gaguejando e apontando pra parede.
– o que? – eu me virei e vi uma camiseta pendurada – ah... – fiquei de boca aberta sem saber o que dizer mais uma vez.
Ele foi até lá e tirou a camiseta, eu sabia que era do Lucas, me lembro dele sem camisa dentro do box comigo. Esperava que o Bernardo não se lembrasse do que o Lucas vestia na boate.
– o Lucas estava com essa blusa ontem – ele parecia assustado – como você me explica isso?
Fiquei nervosa, ele lembrava.
– não tive muito tempo de prestar atenção no Lucas ontem pra saber o que ele estava vestido – eu disse irônica.
– engraçado isso... Porque percebi que vocês trocaram muitos olhares ontem – ele foi mais irônico ainda.
– ta Bernardo – o fitei – o que você quer? Porque ontem você já me irritou o suficiente.
– eu te irritei? – ele se fez de vitima.
– é e sinceramente? Eu tinha razão, não consigo mais te namorar, não dá! Eu não gosto de você o suficiente pra isso.
– ah Mabi, para! Vai terminar por causa disso?
– só por causa disso? – perguntei surpresa – isso é TUDO – eu ri.
– o que você quer? Diga–me...
– Bernardo você tem me controlado feito um bicho de estimação. Ta chato, arrogante, insuportável, quer me agarrar a toda hora e em qualquer lugar, só pensa em sexo... Você ta fazendo igual ao Pedro – eu disse com nojo.
– impossível não pensar em sexo estando com você – ele disse sorrindo.
Eu permaneci séria.
– é isso que você quer? Sexo? – eu ergui a sobrancelha – está me usando pra se satisfazer?
– por Deus Mabi, não é isso! – ele exclamou.
– pois foi o que me pareceu – eu cruzei os braços.
– só que você é linda demais, e quando estamos juntos... – ele não completou.
Fiquei calada, fiz um gesto com as mãos para ele continuar.
– como se você não soubesse, né? – ele disse parecendo ser obvio, eu balancei a cabeça negativamente – ah velho... Eu não consigo me segurar, você é gostosa DE–MAIS – ele disse pausadamente.
– claro, isso explica tudo, né? – dei uma risada irônica.
– não amor, é que agora que você é minha e eu posso te ter a qualquer hora...
– eu não sou sua, Bernardo! – o interrompi berrando – e muito menos você pode me ter a hora que quiser! Você não é meu dono!
– mas sou teu namorado, cara! Estamos juntos, então é normal que eu te queira. Aliás, que homem não te quer?
Eu o olhei feio, indignada com aquilo. Sentia-me um objeto.
– Digo vocês três são lindas demais, ontem na pista, praticamente, todos ficavam olhando pra vocês – ele disse impaciente.
– eu não vi nada disso.
– mas eu vi, ta? Eu tive que ver minha namorada rebolando no meio da pista da boate junto com as amigas enquanto todos as olhavam, inclusive o Lucas, que mesmo com a Nat, não tirava os olhos de você! – ele explodiu.
Eu fiquei calada um tempo, assustada pela reação dele.
– mas o Rapha e o Fê não agem como você...
– eles não têm o Lucas pra atrapalhar a vida! – ele disse ainda furioso – pra destruir o relacionamento deles.
– quem está destruindo o nosso relacionamento é você, Bernardo – eu disse secamente, mas mesmo assim me senti culpada por ter ficado com o Lucas.
– ta amor, me desculpa, eu vou controlar meu ciúmes, vou tentar...
– não dá Bê, cansei – eu o interrompi.
– cansou de que? Não temos nem uma semana de namoro – ele disse incrédulo.
– eu não gosto de você pra namorar... E me sinto culpada por isso – eu abaixei a cabeça.
– não Mabi, não me diz isso, por favor – ele se aproximou de mim tentando me abraçar.
– por favor, peço eu Bê. Respeita minha decisão.
– você ainda gosta dele, né? É por isso, né? Você não queria transar comigo por causa dele?
– claro que não Bernardo! O problema é que eu queria outras coisas enquanto você não podia encostar-se a mim que já queria sexo – eu disse com nojo.
– ah... Mas que homem que não fica exitado quando está com você?
Eu fechei os olhos e engoli aquilo a seco. Como ele tinha se tornado tão idiota?
– e nem me fale no Lucas, porque ele é um frouxo – ele disse rindo.
– ele não é frouxo, Bernardo, ele é muito homem! – eu gritei – Muito mais que você... Ele sabe respeitar uma mulher – eu disse em tom mais baixo.
– ta vendo? Como você quer que eu não fique puto? Você vive defendendo ele, mesmo estando comigo.
Eu não respondi. Virei-me pro espelho e fiquei olhando minha maquiagem. Droga! Eu estava toda suada.
– me dá licença Bernardo? Quero me arrumar pro baile – eu disse o empurrando levemente.
– só depois que você me responder...
– o que? – eu revirei os olhos.
– o boné e a blusa são do Lucas, tenho certeza disso! Como vieram parar aqui?
– não Bernardo! – respondi impaciente – não sei como você pode ter certeza que são dele.
– o boné porque tem um L bordado? E a blusa porque fui eu quem deu pra ele no aniversário dele inicio do ano...
Na hora eu fiquei em estado de choque. Devo ter ficado azul, roxa, rosa, sei lá. Fui pega na mentira, só me restava contar a verdade.
– ok, ele que me trouxe pro quarto, me pôs no chuveiro e deve ter molhado, não sei como ele saiu sem blusa daqui – contei a verdade, porque eu realmente não sabia, havia dormido.
– Vocês transaram?
– não!
– ahh... – ele fitou o teto – pelo menos isso, né? Mas claro que foi você que não quis, né?
– não... – respondi abaixando a cabeça.
– hã? Como não? – ele pareceu surpreso.
– quer a verdade mesmo Bernardo? – eu disse gritando, fiz uma pausa e respirei fundo – nós não transamos porque ELE não quis, mas eu ainda gosto dele... – eu falei mais calma.
– que droga! – ele gritou e esmurrou a porta do banheiro.
Eu fiquei extremamente assustada. Arregalei os olhos e fiquei o olhando. Olhei pra porta e vi que teve uma leve rachadura. Ele veio vindo na minha direção, me apavorei e fui andando pra trás.
– desculpa Mabi... Foi sem querer.
– não Bernardo, sai, quero ficar sozinha, por favor... – eu disse me tremendo.
– posso saber o que está acontecendo? – o Felipe entrou no banheiro.
Eu desviei do Bê e abracei o Fê.
– o que foi Bernardo? – ele perguntou secamente.
– nada Felipe, estamos conversando, pode nos dar licença?
– não... – eu sussurei – não quero mais falar com você.
– Mabi ainda precisamos conversar.
– precisamos sim, mas não agora. Mais tarde no baile eu te procuro, temos muitas coisas pra por em pratos limpos – eu disse mais calma.
– eu venho te buscar pro baile.
– não. Vou com meu pai e a Marta.
– a gente sai junto deles... – ele fez uma cara de dó.
– não estamos mais juntos Bernardo. Põe na tua cabeça que terminou.
– mas Mabi...
– Bernardo, por favor, tá? – o Felipe pediu – vocês estão nervosos demais e já são 7:30, às 9 minha mãe quer ir pro clube. Vamos todos nos arrumarmos.
– ta Felipe. Mais tarde nos falamos – o Bê disse.
Ele me deu um beijo no rosto e foi embora. Eu e o Fê fomos pro quarto e eu o abracei bem forte. A Carol entrou no quarto.
– o que aconteceu amiga?
– achei que ele fosse me bater. Estava muito nervoso – umas lágrimas escorreram borrando minha maquiagem.
– calma, estamos com você, ta? Vamos limpar esse rosto e depois nos vestimos.
– ta. Preciso de um banho – eu disse me levantando.
O Fê saiu do quarto e a Carol foi com ele. Peguei meu celular e disquei o número do Lucas. As duas primeiras vezes não atendeu, na terceira a Nat atendeu, mas o som estava alto, não dava pra entender.
– Início da ligação –
– alô – ela atendeu.
– oi, o Lucas, por favor.
– o que você quer?
– hã?
– o que você quer com o meu namorado, Mabi?
– namorado? Natasha? – perguntei confusa.
– é Mabi! – ela disse impaciente.
– cadê o Lucas? Preciso falar com ele.
– sobre o que?
– não te interessa, me chama logo ele.
– não – ela riu.
– deixa de graça, é urgente Natasha! Onde vocês estão? O som ta super alto, não dá pra te entender direito.
– estamos na casa dele.
– na casa? – fiquei surpresa – me deixa falar com ele – eu disse angustiada.
– PEM PEM PEM – ela gritou – resposta errada vadia! Ele não pode e não quer falar contigo.
– sua biscate! – eu gritei cerrando os dentes – grrrrrrr cadê ele?
– ele está no banho queridinha e eu to aqui na caminha dele, esperando–o para o segundo tempo, entende? – ela riu – ficamos bem suados depois do que fizemos e ele foi ficar cheirosinho pra mim novamente – ela fez uma pausa – ah e o som alto, é pros pais dele não ouvirem os nossos GEMIDOS – ela enfatizou a última palavra.
– vaca! – eu berrei.
– Fim da ligação –
Desliguei o celular nervosa. Joguei-me na cama e pus a chorar. Não acreditava que o Lucas havia transado com ela mesmo me prometendo aquilo de manhã. Fiquei arrasada. A Carol entrou no quarto.
– o que foi Mabi? – ela ficou assustada.
– cara, não acredito Carol, ele mentiu pra mim – eu disse chorando.
– ele quem Mabi?
– o Lucas! Liguei pra ele agora e a Nat atendeu, disse que ele estava no banho e que eles haviam transado.
– ahh... Que filho de uma p... – ela não disse a última palavra – não acredito que logo o Lucas foi fazer isso!
– pois é. Também não to acreditando.
– mas pare de chorar, vamos arrumar essa maquiagem e ficar linda pra hoje!
– não quero mais ir Carol.
– claro que vai! Vai dizer o que pro teu pai?
– sei lá! Dor de barriga?
– e também vai perder a oportunidade de descobri com o Bê o que ele aprontou?
Fungei um pouco e decidir ir pro baile, afinal como eu iria mentir pro meu pai?
– tudo bem amiga, eu vou, mas pelo papai.
– eba! – ela comemorou – vamos nos arrumar então.
Pus uma toca no cabelo, fui tomar meu banho, limpei o rosto, sem desfazer o que restava da maquiagem, depois fui me vestir. Pus meu vestido tomara que caia bege com renda dourada discreta e calcei um sapato bege com strass. A Carol retocou minha maquiagem e, impreterivelmente, às 9 horas estávamos prontas.
– LUCAS NARRANDO –
Depois do almoço dormi mais um pouco, estava exausto da noite anterior. Acordei próximo das 6:30 da tarde morrendo de preguiça. Fiquei um pouco deitado na cama pensando na Mabi, nas coisas que haviam acontecido pela manhã. E principalmente em como terminar com a Nat. Se ela não gosta de mim, porque faz tanto escândalo? Meus pensamentos foram interrompidos pelo bip do relógio, já eram 7 horas, meus pais queriam sair pro baile às 8:30, porque começaria às 9 e eles eram pontuais. Fui até a cozinha, fiz um sanduíche de queijo e comi com suco de laranja. Lavei o que tinha sujado e resolvi tomar banho, até eu vesti aquela parafernalha que minha mãe havia me obrigado a usar, levaria uma hora. Peguei minha toalha e ouvir o intefone tocando, em seguida não tocou mais, concluí que alguém já tinha atendido e não era pra mim, porque os meninos nunca tocam o interfone, eles pulam o muro e tocam a campainha. Entrei no box e liguei o chuveiro. Tomei um banho de uns 20 minutos. Estive em baixo da água quente por tempos a fim de que passasse minha preguiça e cansaço. Quando saio do banheiro, enrolado com a toalha na cintura, me deparo com a Nat deitada na minha cama.
– hã... Oi Natasha – eu disse surpreso.
– oi bebê.
– o que faz aqui? – eu disse sorrindo sem graça.
– surpresa! – ela disse erguendo os braços – vou pro clube com vocês.
– é? – arregalei os olhos ao perguntar – teus pais não se importaram, não?
– ah não, eles entenderam que eu tinha que ir com meu namorado.
– ah sim – eu disse confuso – mas então, você poderia me dar licença? Preciso me trocar.
– se troca ué?! Vai dizer que está com vergonha de mim?
– não, é só que gosto de privacidade.
– não existe isso entre casais amorzinho – ela disse se sentando na cama.
– tudo bem! – exclamei.
Peguei uma cueca na gaveta, meias e o cabide com minha roupa.
– aonde vai? – ela perguntou.
– me trocar no quarto de hóspede.
Ela então se levantou da cama e foi até mim. Tirou as roupas de minha mão e jogo em cima da cama.
– ei Nat, se amassar minha mãe me mata pow, você não imagina como ela é frescurenta!
– é mesmo, se amassar ficar feio, né? – ela perguntou sorrindo.
– é – revirei os olhos.
Ela pôs as mãos pra trás do corpo e desceu o zíper do seu vestido, deixando–o escorregar até o chão.
– pronto! Não vai mais ficar nada amassado – ela exclamou.
– não Nat, veste isso, meus pais estão em casa – eu disse olhando pro outro lado.
– até parece que eles não fazem isso – ela revirou os olhos – me olha Lucas.
Permaneci olhando pro lado oposto ao dela. Então ela puxou minha toalha e jogou em cima da cama.
– ah Natasha, para mew! Já pedi – fui até a cama e peguei a toalha, me cobrindo novamente.
– que foi Lucas? Não me quer?
– não! – falei alto.
– quê? – ela disse com os arregalados.
Sentei–me na cama, apoiando os cotovelos no joelho. Ela ficou me fitando, incrédula. Pus as mãos no rosto e arfei.
– se veste Nat, por favor.
Ela não disse nada, se aproximou da cama e ficou parada na minha frente. Tirei as mãos do rosto e a olhei nos olhos, inevitavelmente, passando o olhar pelo seu corpo, que era bonito. Ela estava apenas de calcinha, pequena por sinal.
– Nat, não me leve a mal...
Não consegui completar a frase, ela empurrou meu corpo, fazendo–me cair deitado na cama e rapidamente se sentou em cima de mim, logo inclinando o corpo sobre o meu.
– deixa toda essa coisa de garoto puro de lado. Não ligo pra isso... – ela sussurou no meu ouvido.
– não to fingindo nada Natasha, realmente não to a fim.
– ai Lucas, deixa de ser frouxo! – ela revirou os olhos.
– velho, não to a fim. Não insiste! – eu disse irritado.
– porque não quer?
– porque vocês têm mania de achar que só porque eu sou homem, tenho que transar com qualquer mulher? – eu disse a tirando de cima de mim.
– eu não sou qualquer uma, sou tua namorada Lucas! – ela disse alto.
– psiuuu – eu pedi a ela – meus pais estão em casa, fala baixo!
– por quê? Eles não podem saber que o filhinho deles é um frouxo? Que recusa sexo com a própria namorada?
– não quero que eles saibam que a minha “ex” é uma louca – enfatizei “ex”.
– ex? Ta terminando comigo porque eu quis transar com você? – ela riu e se levantou pra por o vestido – você por acaso não é gay, né? – ela me olhou de lado.
– não sou Natasha, não é porque eu não te quero que eu sou gay ou um frouxo, acontece de ser rejeitada, às vezes, né?! – fui irônico.
– claro que é! Nunca me rejeitaram assim, você não é normal.
– e o Rapha? É gay ou frouxo por acaso? Você está comigo porque ele não te quis, lembra? – disse sorrindo.
Ela se aproximou de mim, já vestida e me deu um tapa na cara.
– você ainda vai implorar pra me ter de volta.
E saiu do quarto batendo a porta. Eu me deitei na cama e fiquei rindo sozinha. Peguei meu celular pra ligar pra Mabi e contar que eu e a Nat não estávamos mais juntos, mas ela não atendeu. Fui me vestir e depois fiquei sentado na sala esperando meus pais.
– MABI NARRANDO –
Meu pai começou a nos chamar na sala, ele estava na sala com a Marta e o Felipe. Estava nervoso porque um tal Marechal estaria lá, e o cara é o superior dele. Meu pai é tenente. Descemos as escadas e os olhos dos três brilharam.
– vocês tão lindas meninas – disse a Marta.
– e gostosas – o Fê completou.
– olha o respeito menino! – meu pai gritou pra ele.
– calma “papai” – ele brincou nos arrancando gargalhadas – com todo respeito meninas, mas vocês estão gostosas pra caralho!
Meu pai jogou uma almofada nele.
– aí... Eu disse que era com respeito, viu?
– Felipe, calado você ganha mais – meu pai disse rindo.
– poxa, e cadê a liberdade de expressão desse País? – o Fê zombou.
Meu pai o ignorou, virou pra nós duas e nos olhou da cabeça aos pés.
– vocês vão vestindo isso?
– é pai, ta feio?
– ah... Ér... Não, pelo contrario, vocês estão lindas, mas não acham muito adiantado pra idade de vocês não? – meu pai disse coçando a cabeça.
– adiantado tio? – a Carol perguntou confusa.
– é, o vestido... Muito adulto pra vocês.
– não tem nada de adulto não Mabi, teu pai ta viajando. Roberto deixa as meninas – a Marta o advertiu.
– claro que tem, cadê o vestido rosa que eu te dei Beatriz?
Eu ri.
– pai, aquele vestido rosa, com as mangas bufantes e com tule na saia?
– é, esse mesmo! Era lindo, me lembro que tinha uma flor na cintura.
– o senhor me deu aquele vestido aos 8 anos pai – eu fiz cara de duvidas, não acreditava naquilo.
O Felipe e a Carol riram.
– você fica linda nele, bem melhor do que esse pedaço de pano – ele apontou pro meu vestido.
– pai! – o advertir.
– ta, desculpa.
– vamos logo Roberto – a Marta o chamou.
Ele fez um gesto engraçado com a cabeça como se dissesse “é o jeito, né?!”. Saímos andando na frente deles. Entramos todos no carro.
– Carol – ele a chamou.
– oi tio.
– você não vai sentir frio nas costas não? – ele disse se referindo ao vestido dela que era frente única, com um decote nas costas.
Ela riu.
– não tio.
– se ela sentir eu to aqui pra aquecê–la – disse o Felipe abraçando–a.
– Felipe! – a Marta o advertiu – deixa de ser malicioso menino.
– ué amor, ele é só uma criança, deixa ele – meu pai foi irônico.
Todos nós rimos. Seguimos pro baile. Entramos no salão e estava tudo muito lindo e bem organizado, a decoração era impecável. Procuramos nossa mesa e sentamos. Logo o celular do Felipe tocou, era a Deb. Ele achou estranho e nos passou o celular. Olhamos assustadas e descemos as escadas pra mesas de ciumento, por causa do som.
– Inicio da ligação –
– oi Deb – falei.
– amigas, to aqui na rampa de entrada, venham me buscar?
– ta.
– Fim da ligação –
Virei–me pra Carol confusa.
– a Deb está lá na frente.
– hã? Sério?
– vamos lá – eu disse.
Puxeia pela mão e fomos até lá, a encontramos parada lá, com o vestido que havíamos comprado, ela parecia impaciente. Assim que chegamos, ela logo nos abraçou, bem forte.
– o que foi Deb? – Carol perguntou.
– eu e o Paulinho terminamos – ela disse com os olhos cheios d água.
– como assim? – perguntei confusa.
– ah, ontem saímos da praça e ele me levou pra casa dele e queria... Hã... Queria... Aquilo, sabem? – ela disse deixando uma lágrima escorrer no seu rosto.
– ele queria transar? É isso? – a Carol concluiu.
– é. Eu não me sinto pronta, então brigamos e eu terminei com ele, ele não me entendeu, não entendeu meus motivos, que raiva! – ela disse brava.
– calma amiga – eu a abracei novamente – estamos aqui.
Ficamos abraçadas à ela por um tempo até que o Caio e o Rapha chegaram. O Caio estava de terno e gravata, igual ao Felipe, uma graça e o Rapha de terno azul escuro, mas sem gravata, lindo demais.
– o que houve? – o Caio perguntou.
– nada – eu disse olhando pras meninas.
– claro que aconteceu, porque ta chorando Deb? – ele se aproximou dela.
– nada Caio. Deixa-me – ela disse furiosa.
– o que foi Deb, me conta – ele insistiu.
– já disse que não foi nada – ela gritou e se virou pra sair andando.
Ele foi atrás dela e a puxou pelo braço fazendo seu corpo se virar de frente para o dele.
– me diz! – ele disse imponente.
– droga Caio, eu e o Paulinho terminamos, ta bom pra você? Pode ficar feliz – ela disse grossamente enquanto chorava.
– Deb... Eu... Hã... – ele gaguejava sem saber o que falar.
– o que foi Caio? Deveria estar feliz, você agorou tanto esse meu namoro...
– desculpa Deb, não era de verdade... Só que eu... Hã...
– o que? – ela disse ainda chorando.
Ele a puxou pra perto e se abraçaram, confortando–a em seu peito. O Felipe chegou até olhando estranho pros dois.
– o que foi ali? – ele perguntou.
– Deb terminou com o Paulinho ontem e o Caio estar reconfortando–a – eu disse piscando.
– saquei – ele sorriu maliciosamente – Mabi teu pai ta chamando vocês duas lá na mesa.
– ta, vamos lá Carol – eu a puxei pela mão – dá licença Rapha.
– claro – ele sorriu – ah Mabi, viu a Karen?
– ainda não, acho que ela não chegou ainda – dei um sorriso.
Viramos-nos e fomos descendo a rampa quando escutei meu nome ser chamado. Virei-me e era o Lucas, que estava próximo aos meninos. Ele estava com uma calça social cinza, uma blusa social de mangas compridas azul clara e um colete cinza fazendo par com a calça por cima da blusa e calçava um tênis. Parecia estar estranho, mas na verdade ele estava lindo, lindo de morrer. O fiquei olhando, mas meus olhos pareciam decepcionados ao vê–lo.
– oi Mabi – ele disse sorrindo – oi Carol.
– oi Lucas – ela disse seca.
Eu não respondi.
– posso falar contigo? – ele disse sem tirar o sorriso do rosto.
– não – fui grossa.
– o que foi Mabi? Aconteceu alguma coisa?
Eu não respondi novamente, me virei e sai.
– você que tem que dizer Lucas – a Carol disse.
– dizer o que Carol? – ele disse confuso.
– se aconteceu alguma coisa... Aliás, aconteceu, né?
– aconteceu?! – ele disse sem entender nada – não to entendo Carol.
– afff, eu esperava isso de qualquer pessoa Lucas, menos de você.
Ela então deu as costas e veio atrás de mim. Ele ficou lá parado, tentando entender o que acontecia. Chegamos à mesa e meu pai queria nos apresentar pras umas pessoas importantes. Cumprimentamos todo mundo e nos sentamos lá, com cara de tédio. A Karen chegou com os pais e só deu tchau de longe. Logo os pais do Bernardo chegaram e se sentaram próximos de nós. O Bê foi até mim.
– vamos conversar? – ele disse no meu ouvido.
– ainda não to calma – falei seca.
– qual é Mabi? Vem.
– não e não insiste, quando eu estiver a fim, te procuro.
– beleza – ele abaixou a cabeça e voltou pra mesa dele.
Ficamos uma parte da noite ali, sentadas, logo a Deb se juntou a nós e o Felipe também. Serviram o jantar, comemos e ficamos vendo o discurso sobre o condomínio, as homenagens e os homenageados. Meu pai foi um deles.
– isso ta um tédio – a Carol disse revirando os olhos.
– também acho – eu disse dando um bocejo – Marta, a gente vai ao banheiro, ta? – disse no ouvido da Marta.
Ela assentiu com a cabeça e nós três nos levantamos, fizemos sinal pra Karen que veio logo atrás. Descemos as escadas e fomos lá pra perto da piscina, bem distante dos olhos de quem estava no salão de festa. Sentamos nas mesinhas e ficamos por lá. Logo o Lucas apareceu.
– Mabi – ele me chamou – poderia falar contigo?
– melhor não Lucas – eu disse sem nem olhá–lo na cara.
– meninas, alguma de vocês podem me dizer o que aconteceu? Eu não to entendendo nada – ele disse afoito.
As meninas se entreolharam e permaneceram caladas.
– ah gente... Até parece que vocês não sabem – ele disse rindo ironicamente.
– ah gente, dá licença, ta? – eu me levantei e sai andando.
Ele veio atrás de mim e me puxou pelo braço.
– fala comigo, por favor – ele pediu.
Eu parei e fiquei olhando pro chão, eu ria, de nervosismo.
– olha pra mim Mabi, me diz o que aconteceu, pelo amor de Deus.
– Lucas, eu não acredito que você mentiu pra mim. Isso é ridículo. Foi vingança? Foi porque eu já fiz isso com você? – eu disse olhando pra ele.
– como o que eu fiz? Não sei do que você está falando – ele disse confuso.
– Ah ta marreco! Vai negar agora...
– negar o que Mabi? Juro que não to entendendo...
– eu liguei pro teu celular pra dizer que eu e o Bernardo tínhamos brigado feio, que eu tinha terminado com ele... – fiz uma pausa e comecei a chorar – e...
– vocês terminaram? Sério? Que bom por que... – ele dizia empolgado.
– e a Nat atendeu... – o interrompi falando bruscamente.
– a Nat? – ele perguntou surpreso.
– é Lucas, a Nat... – eu disse furiosa.
– desculpa Mabi, eu não sabia que ela tinha atendido meu celular, eu tava no banho e...
– ah, ela tava lá mesmo, então? E você tomando banho... – eu o interrompi surpresa.
– é eu estava, mas não sabia que ela tinha atendido meu celular.
Eu balancei a cabeça negativamente e comecei a chorar. Ele parecia não entender nada, me olhava estranho.
– o que foi Mabi? – ele disse limpando minhas lágrimas.
Eu tirei a mão dele do meu rosto e dei um passo pra trás.
– e depois do que aconteceu você ainda vem falar comigo numa boa? – eu perguntei.
– o que aconteceu? Conta-me logo porque não sei nada do que você esta falando.
– a Nat me disse que você estava no banho porque vocês haviam transado.
– o que? – ele gritou e depois começou a rir.
– o que tem de engraçado Lucas? – eu disse cruzando os braços.
– eu e a Nat? Claro que não Mabi... – ele ainda ria.
– olha Lucas, o que aconteceu entre vocês não me interessa, mas você tinha me prometido terminar com ela hoje de manhã e faz isso...
– ei, calma – ele me interrompeu – não transei com ela hoje, ela entrou no meu quarto enquanto eu tomava banho, depois que eu a vi lá nós discutimos, eu terminei e ela saiu.
Eu fiquei o olhando pra ele sem saber se deveria acreditar ou não.
– Mabi, você não está acreditando nela não, né?! – ele perguntou.
– não sei Lucas...
– droga Mabi! Você me disse que não iríamos mais cair na deles e agora isso?
– me dá um tempo Lucas, preciso respirar um pouco, por favor.
Eu me afastei dele e sai andando. Ele ficou lá parado resmungando coisas do tipo: não acredito, de novo isso... Me afastei dele e sentei sozinha em uma mesa do outro lado da piscina. Pus os punhos sobre a mesa e cai no choro. Abaixei minha cabeça e fiquei pensando no que fazer e em quem acreditar. Após uns minutos escuto passos se aproximando.
– oi.
Levantei a cabeça e dei de cara com o Bernardo sentado à minha frente. Fechei os olhos e respirei fundo.
– o que foi agora? – perguntei.
– a gente pode conversar?
– claro Bernardo – eu disse com um sorriso irônico no rosto.
– então, você estava falando sério hoje à tarde? – ele perguntou super calmo e humilde.
– sim Bernardo, nós terminamos – eu disse ainda sorrindo.
– pow Mabi. Por quê? – ele disse alterando o tom de voz.
Eu respirei fundo e fiquei de olhos fechados.
– acabou Bê, não tem volta, eu não quero.
– puts... E decidiu isso por quê?
– por que eu não gosto de você o suficiente pra namorar...
– mas gosta o suficiente do Lucas pra me deixar por ele, né?
– não sei... – menti um pouco.
– droga! – ele disse botando as mãos na cabeça.
– não quero mais falar disso, se você não se importa...
– tudo bem. Ta a fim de ficar sozinha aí?
– sim...
– vou voltar pra lá então. Acho que não adianta eu falar mais nada, né?
– não.
– me responde uma última coisa... Você terminou comigo pra voltar pro Lucas?
– não Bernardo. Aliás, não sei. Vocês estão me deixando doida – eu disse apoiando as mãos sobre a mesa e em seguida pousando meu rosto nelas.
– você gosta tanto assim dele? Só me responde isso – ele perguntou nervoso.
– gosto... – eu disse rápido, de supetão – acho que o amo – dessa vez falei baixinho, em tom mais calmo.
A feição dele mudou, passou a me olhar assustado.
– Mabi, nós temos uma história de muitos anos, desde criança, nos fomos o primeiro do outro em tudo, o amor foi uma conseqüência de anos de paixão... E do nada você me diz que ama o Lucas – ele gaguejava.
– não é do nada Bê.
– é sim, você o conhece há uns 6 meses no máximo?
– amor não tem tempo, simplesmente acontece.
– você prefere o Lucas a mim? É definitivo?
– sim.
Ele se afastou de mim e parecia furioso.
– vocês são muito diferentes, não vão dar certo.
– não posso saber se não tentar.
– você também poderia ter tentado comigo – ele disse baixinho.
– Bê para! Nós tentamos, não deu, pra mim não deu. Tem coisas que tem tempo pra acontecer e nosso tempo já passou.
– você ta decidida mesmo? – ele disse olhando pra cima.
– sim. Não sei se vou voltar com ele agora, preciso resolver umas coisas antes, mas eu ainda o quero.
Ele respirou fundo e sua face começou a ficar vermelha. Percebia–se que ele estava furioso.
– fiz tanta coisa, não adiantou nada – ele disse bufando.
– como assim? O que não adiantou? – fiquei assustada.
– nada – ele disse se afastando mais.
– vem aqui Bernardo, agora quero saber. O que você fez? Isso tem a ver com aqueles papos da Nat?
Ele ficou me olhando, parecia nervoso, muito nervoso.
– Bê me diz! – eu gritei – Além disso, um tempo atrás o Lucas me mandou perguntar de ti sobre ele ficar com a Nat. Não entendi.
Ele demorou um tempão pra me responder.
– hum... Não sei.
– Não mente pra mim Bernardo, me conta tudo – eu disse furiosa.
– não sei Mabi. Sério – ele ria.
Minha paciência foi se esgotando, eu não sabia o que fazer pra arrancar a verdade dele.
– se não quer falar sobre a Nat, então me diz por que vocês discutiram naquele dia na praça.
– Você faz muitas perguntas – ele disse ainda rindo.
– Bê não to rindo, to falando sério. Eu gosto muito do Lucas, não queria ficar afastada dele, mas não dá pra reatar sem entender o que está acontecendo.
– porque eu contaria? Não temos mais chance... – ele deu de ombros.
– Ele não tem culpa do que aconteceu. Eu que fiz a burrada de ter ficado com você, não deveríamos ter ficado nunca.
– Por quê? Você disse que gostava de mim.
– mas não do jeito certo Bernardo, não pra ficarmos juntos ou pra arriscar meu relacionamento com o Lucas como eu fiz.
– Lucas, Lucas, Lucas... Tudo é o Lucas – ele arfou – que procaria, tudo é esse garoto. Não sei se tu lembras mais ele também pegou a Nat.
– ele me disse que só ficou com a Nat por culpa tua e é isso que eu quero saber! – eu gritei.
– beleza Mabi... Eu te conto tudo – ele respirou fundo.
Fiquei em silêncio uns minutos e ele andava de um lado pro outro, impaciente.
– sabe o dia da rave? Antes de você descer pra calçada, eu falei com o Lucas, perguntei se vocês iriam ficar, algo do tipo, ele desconversou, sabe como ele é. Ai eu menti pra ele, disse que você me falou no MSN que vocês não tinha nada sério e que você disse que se eu quisesse você ficaria comigo sem problemas.
– Mas isso é mentira Bê. Porque você inventou isso? Nem ficar nós ficamos na rave.
– Queria que vocês brigassem, queria que vocês terminassem, pra eu poder ter mais chances com você. Só não esperava que você fosse voltar com ele depois – ele falava muito nervoso.
– Não acredito Bernardo – eu comecei a me tremer toda – Droga cara! Pra que você fez isso, hein?! Demora tanto pra gente se acertar e você estragou tudo.
– Desculpa Mabi, achei que você fosse ficar com raiva dele e ficar comigo naquele dia.
– Você viu que não deu certo, né? Nem te vi na rave – fiz uma pausa – E o tem a ver com a Nat? Porque você não o obrigou a ficar com ela, nem na rave e nem na praça.
– não necessariamente – ele disse baixinho.
– Como assim? – eu arregalei os olhos.
– Eu falei com a Nat no MSN antes da rave, disse que o Lucas tava a fim de ficar com ela porque o Rapha tava de ciuminho, então se visse os dois juntos ela poderia ter mais chances. Ai ela perguntou se você e o Lucas estavam juntos, eu menti novamente e disse que não, mas que você estava apaixonada por ele e achava que o Lucas gostava dela e não de ti. Ai ela comentou que ia ficar com ele só pra se vingar de ti pela Mel.
– Bê eu não acreditando que você fez isso... – eu disse boquiaberta.
Fui me afastando dele e ele vinha pra perto de mim.
– calma Mabi, vamos conversar... Desculpa-me...
– e naquele dia na praça, você tem alguma coisa a ver? – eu disse com voz de choro.
Ele hesitou um momento e depois começou a falar.
– Você estava brigada com ele, eu não entendi o porquê já que no sábado anterior vocês estavam bem, mas aproveitei disso e falei com a Nat de novo, ela disse que iria ficar com o Lucas na praça de qualquer jeito. Os meninos vieram aqui em casa antes de sairmos e o Lucas viu nossas plaquinhas na janela. Ele leu o que eu coloquei e sua resposta, eu disse que trocávamos mensagens com freqüência e ele não gostou muito. Desceu puto pra calçada. Quando chegamos a praça eu fui perguntar a ele se vocês iriam ficar, ele disse que não, porque estavão brigados, mas que não ficaria com ninguém e menti dizendo que eu e você tínhamos combinado de ficar. Ele acreditou e saiu puto atrás de ti, depois eu já vi vocês discutindo e logo em seguida o vi beijando a Nat, agora o que ela fez pra ficar com ele eu não sei. Desculpa Mabi... Eu te queria de volta, mas agora percebi que não adianta eu fazer isso, você não quer mais, só consegui estragar tua vida – ele começou a chorar.
– se antes eu não queria voltar, agora que não quero mesmo.
Eu sai de lá aos prantos, correndo em direção as meninas. Passei pelo Felipe e pelo Rapha que estavam indo para a mesa das meninas também. Ele me perguntou o que tinha havido, mas não respondi, eu não conseguia falar. Cheguei à mesa e sentei ao lado da carol.
– quero ir embora, me leva pra casa Carol, por favor, preciso ir pra casa.
– calma Mabi, o que houve? – ela perguntava assustada.
– o que aconteceu Mabi? – o Fê veio correndo.
O Rapha veio do outro lado e enxugou minhas lágrimas com um lenço.
– conta o que houve Mabi... – ele pediu.
– me leva, por favor.
Eles perguntaram se tinha algo a ver com o Bernardo. Assenti com a cabeça e o Rapha me levantou abraçado a mim. Logo depois o Bernardo chegou chorando também.
– Mabi, vamos conversar, por favor.
– sai Bê, sai, não fala mais comigo, nem olha na minha cara, sai.
O pessoal nos olhavam sem entender nada, algumas pessoas que passavam por perto também.
– você fica aqui Bernardo, quero falar com você – a Carol disse.
Saímos de lá, Felipe avisou pro meu pai que eu havia me sentido mal e rumamos para o carro.
– o que foi Mabi? – o Fê perguntou.
Eu não respondia, só chorava.
– você precisa se acalmar.
– deixa eu me sentir melhor e a gente conversa – eu disse pra ele.
Assim que chegamos a frente de casa eu parei de chorar, mas subi calada. Fui direto tomar banho, fiquei um bom tempo lá pensando. Sai do banheiro e o Fê estava me esperando no quarto. Troquei-me e deitei na cama. Ele deitou ao meu lado e ficou me fazendo carinho. Após uns minutos comecei a falar com ele. Contei-lhe o aconteceu, ele me aconselhou a procurar o Lucas assim que desse pra conversar e esclarecer as coisas.
– CAROL NARRANDO –
Puxei o Bernardo pra um canto afastado do pessoal.
– ok, me diz... – olhei pra ele e cruzei os braços.
– o que Carol?
– que merda que tu tem na cabeça?
– ahh fala sério Carol.
– to falando Bernardo. Eu não sei o que você fez pra Mabi, mas imagino que não foi coisa boa. Olha o estado que ela saiu daqui.
Ele permaneceu calado. Abaixou a cabeça e ficou fitando o chão.
– não sei no que eu estava pensando quando fiz essas coisas – ele disse quase sussurando.
– eu não sei o que foi, mas com certeza você pensou em você, apenas em você.
– realmente, não pensei que ela fosse ficar tão mal.
– você não pensou Bernardo, esse é o problema. Você nunca pensa – comecei a gritar com ele.
– dá um tempo velho, vai ficar me ofendendo agora?
– você merecia todo e qualquer tipo de ofença. Se eu fosse um homem eu te dava uma surra agora, porque é o que você ta merecendo Bernardo, não sei como Lucas tem paciência contigo.
Ele me olhou assustado, mas não respondeu nada.
– fala alguma coisa – eu gritei.
– Carol, eu não tenho o que falar, ta? Só achei que o Lucas estando fora do meu caminho a Mabi seria minha, gostaria mais de mim... Sei lá.
– mas ela sempre deixou claro que não queria voltar a namorar você... Ai ai, não vou ficar aqui falando tudo que você já sabe. Só espero que dessa vez você tenha aprendido e não volte a errar.
– é, admiti que errei e perdi.
– ótimo! E é bom que não faça mais nenhuma merda – me virei pra sair – ah e cresça Bernardo, cresça, porque até uma manga verde é mais madura que você – sai andando o deixando lá, sem falar nada.
– MABI NARRANDO –
Acordei domingo melhor, decidi procurar o Lucas pra gente se resolver, mesmo com toda aquela história da Nat, eu queria contar pra ele as armações do Bernardo e da Nat. Estava disposta a esquecer o que havia acontecido entre eles, se tivesse acontecido. Fui a casa dele pela parte da tarde, sua mãe disse que ele tinha ido pro clube, fui lá, quando eu cheguei perto do parquinho o vi sentado em uma mesa com a Nat, eles estavam apenas conversando, mas mesmo assim aquilo me chateou demais, voltei pra casa chorando e me tranquei no quarto.
– LUCAS NARRANDO –
Acordei no dia seguinte ao baile com muita dor de cabeça, acho que de tanto beber uns espumantes que meu pai oferecia. Tomei meu café às 10 horas e voltei pra cama. Levantei às 12 horas pra almoçar, tomei meu banho e resolvi ir à casa da Natasha pra esclarecer as coisas. Ligar não resolveria nada, pois ela poderia desligar na minha cara. Avisei a minha mãe que iria ao clube.
Minha mentira acabou dando certo, cheguei a casa dela e ela havia ido pro clube, ajudar na desarrumação da festa. Caminhei até lá, a encontrei sentada em uma das mesas perto do parquinho, estava mechendo no celular.
– oi – eu disse sentando.
– Lucas? O que foi? – ela perguntou assustada.
– precisamos conversar.
–sobre?
– sobre nós termos transado ontem... – ergui uma sobrancelha e ela deu um sobresalto.
– ah... Isso... Hã... Ér... Não rolou né?! Você não me quis – ela fez uma cara de vitima.
– pois é Nat, eu não quis ir pra cama com você, então pra que você foi dizer pra Mabi que nos havíamos transado? – perguntei furioso.
–ah Lucas... Eu só achei que nós iríamos transar, aí me precipitei em dizer as coisas – ela disse no maior cinismo.
– não acredito nisso... Aliás, quem te deu permissão pra atender meu celular?
– afff... quanta besteira Lucas. Você ta muito estressadinho.
– não to estressado não, to chateado com você... a Mabi ta puta comigo por causa disso.
– ahhhhhhhhhhhhhhhhh – ela deu uma gargalhada – sabia que você já tinha se envolvido com essa vaca de novo – fez olhar de tédio.
– olha Nat, não temos mais nada e não rolou nada ontem, então ou você vai de boa vontade esclarecer essas coisas pra Mabi ou eu...
– ou o que lucas? Vai me obrigar? – ela me interrompeu gritando.
– levo a Mabi na tua casa e te faço falar na frente dos teus pais – eu disse mais alto que ela – acho que teu pai vai adorar conhecer o tipo de filhinha que tem, né?
– você não seria capaz – ela baixou o tom de voz.
– ah seria... Como seria Natasha. Você tem até amanhã na saída da escola pra falar com a Mabi – eu disse me levantando.
– ok ok eu falo com ela – ela revirou os olhos.
– na minha frente, ok? – me virei e sai.
Fui pra casa, satisfeito. Liguei no celular da Mabi várias vezes e ela não me atendeu. Decidir esperar à noite pra dá um pulo lá.
Autor(a): raquel_gomes
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
– MABI NARRANDO – Passei a tarde trancada no quarto pensando. Quando anoiteceu o Fê foi lá. – amorzinho, o que se passa? O Bernardo de novo ou não se esqueceu de ontem ainda? – Fê... – eu estiquei os braços pedindo um abraço. Abraçamos-nos e ficamos ali um tempo. Deitei no colo dele e fique ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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sharonvondy60 Postado em 13/11/2013 - 07:05:01
A web Ja acabou Mahri '-' . acho que ela vai respostar em Cilada, Vc vai voltar a acompanhar ?
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sharonvondy60 Postado em 13/11/2013 - 07:02:03
Awn Ameiii o FiNal muito Lindo me emocionei ate por tudo ter acabado bem T..T Saudades agora "-"
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mahri Postado em 12/11/2013 - 14:42:25
Ela começou a postar cilada,mas perdeu os capítulos aí começou essa web,só que ela ta demorando mt pra acabar
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sharonvondy60 Postado em 12/11/2013 - 14:29:43
Cilada . essa Web ta aqui No site ? Menina Vc Sumiu, Vc ta bem pelo menos ? #volta logo.
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mahri Postado em 10/11/2013 - 02:09:59
Ei tava lendo a web cilada,só que não consegui ver o final pq deletaram, tem como vc me dizer se a Bah e o Rick ficao juntos?
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sharonvondy60 Postado em 08/11/2013 - 05:01:44
Hum, Ta CompLicada a historia Hein : /
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mahri Postado em 07/11/2013 - 23:48:15
Nosso Amor e Ódio Eterno... Vício
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sharonvondy60 Postado em 07/11/2013 - 12:48:11
Mahri : Kkkk... eu to lendo pela 2 Vez. Realmente a primeira Vez deles Foi Awnn Perfeita ? verdade o liu e um best Mesmo. Quem diria que o mateus ficaria com a beth ? eu gostei . pensei que a paula ficasse com um dos irmaos da larissa . e Eu pensava que o lucio era drogado, mas ja desconfiava que ele lutava por ai mesmo tbb . Ahhh
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mahri Postado em 06/11/2013 - 00:45:46
Sharonvondy60: não eu não tenho webs. Eu já li pela 3 vez terminei hj,eu amo o cap da 1 vez deles;não tem como não se apaixona pela web e não amar o Lúcio,fiquei com pena do Alex em relação ao filho,mas ele mereceu. Adoro o Liu um super amigo ele eu tbm adorava as cantadas baratas do Martins kkkkkk
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sharonvondy60 Postado em 05/11/2013 - 15:05:08
mahri : Voce tem Webs ?