Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

Fomos até lá e sentamos na primeira fileira da arquibancada. Estava tendo treinamento lá. Os meninos jogavam. O Dudu, Paulinho, Rodrigo e o Gabo. Acenei pra eles e me virei pro Lucas.

– então – eu disse suspirando – eu queria ter esse papo contigo pra gente resolver a nossa situação, né? Se é que ainda temos alguma coisa pra ser resolvida... – eu disse rindo. Estava super nervosa.

– pois é... Eu não sei como resolver mesmo. Desculpa-me se eu te trato mal de vez em quando, mas é que eu ainda não sei controlar meus ciúmes. Não deveria tê–lo, mas não consigo evitar – ele dizia olhando pra baixo.

– eu também não consigo – sorri e olhei pra baixo também.

– mas eu acho que com o tempo vai passar, sabe? – ele me olhou no mesmo momento eu que eu me virei. Nossos olhares se encontraram.

– eu te liguei ontem. Fui insistente, mas acho que te atrapalhei, né? – falei acanhada.

– eu vi... É só que ontem eu estava num mal dia.

– ah sim. Tudo bem.

Ficamos alguns instantes nos olhando e fomos interrompidos pelo celular dele apitando. Ele tirou do bolso e leu. Devia ser mensagem.

– desculpa... É pra avisar que vai ter um resumo sobre o filme – ele disse disfarçando.

– ah sim, então precisamos ver o filme, né?

– é...

– era a Mari? – perguntei desviando o olhar.

– era. Então, o que resolveremos? – ele disse coçando a nuca.

– Eu não sei... – dei de ombros.

Ficamos naquela situação. Nenhum dos dois falava nada. Meu celular tocou e era a Carol, pra eu não demorar porque a professora iria passar um trabalho.

– acho que temos que ir – eu disse me levantando.

– espera... E como ficamos? – ele segurou no meu antebraço.

– olha Lucas – respirei fundo e tomei coragem pra falar – primeiro eu quero saber se você está disposto a esquecer tudo. Eu sei que é difícil, eu te magoei muito, mas pra termos algo de novo, precisamos estar com a cabeça boa. Se não virá mais e mais brigas.

– é realmente difícil... Não dá pra esquecer o que aconteceu entre você e o Bernardo. E também essa tua relação com o Andre não me desce – ele disse me olhando.

– nem a sua com a Mari me desce. E agora?

– é... Ta rolando algo entre nós – ele disse abaixando a cabeça.

– to sabendo – falei triste e me sentei novamente – ta feliz ficando com ela?

– acho que sim – ele fez uma careta e se levantou.

Pôs uma das mãos no bolso e ficou parado na minha frente, entre minhas pernas. Colocou uma mão no meu rosto e ficou me olhando.

– e é sério entre vocês? – eu abaixei a cabeça.

Ele se aproximou mais de mim. Pude sentir sua respiração. Ele me olhou nos olhos, mas não respondeu minha pergunta.

– Lucas, eu não tenho nada... – no momento em que eu ia dizer que não tinha nada com o André, ele me interrompeu com um beijo no rosto.

– nunca ninguém vai te substituir – ele sussurrou no meu ouvido e se afastou de mim.

Assim que estava a uma pouca distância eu lhe chamei, não entendi o porquê daquilo.

– Lucas...

Ele se virou pra mim e fechou os olhos. Eu apenas fiquei o observando, ele então respirou fundo como se tomasse coragem pra falar algo.

– estamos namorando Mabi – quase cuspiu as palavras.

– hã... Vocês... Como? – eu falei assustada, na verdade fiquei sem reação. Chorar? Berrar? Bater nele? Nada! Eu não conseguia pensar em nada.

Após 15 segundos ele abriu os olhos e se virou de costas pra mim.

– Então é isso... – falei alto – você está decidido? Não teremos outra chance... – eu disse engolindo o choro.

– é – ele respirou fundo.

– tudo bem – eu disse quase choramingando – seremos amigos, né? – sorri falsamente e deixei uma lágrima escorrer. Minha voz saia arranhando a garganta.

– Mabi eu não quero te magoar – ele disse se virando de frente e se aproximou de novo ao ver–me chorar.

– não me magoou Lucas, apenas estou pagando pelo o que eu fiz – limpei minhas lágrimas, mas inevitavelmente outras caíram em seguida.

– mas... – ele se aproximará mais vindo com as mãos em meu rosto.

– vai pra sala – eu interrompi sua fala e seu movimento ao inclinar o corpo pra trás – tua namorada está esperando. Vocês têm uma resenha a fazer.

– não vou te deixar aqui – ele negava com a cabeça.

– mas eu quero ficar sozinha – falei com certa brutalidade.

– está certo... Você vai ficar bem? – ele perguntou parecendo preocupado.

– sim. Não se preocupe, estou ótima – ri e fui irônica.

Ele ficou me olhando um tempo enquanto eu fitava o chão. Logo ele se afastou e saiu andando. Ouvi uma porrada na porta de ferro do ginásio. Foi um estrondo bem alto. Todos se assustaram, os meninos correram lá pra ver, mas não tinha nada. O Dudu veio até mim e se sentou ao meu lado.

– você ta bem Mabi?

– to... Só aquelas incessantes brigas com o Lucas... – eu disse rindo falsamente.

– eu me lembro delas no acampamento... Mas vocês terminaram?

– hurum – eu disse limpando as lágrimas – essa foi a última – eu sorri pra ele – e você pequeno, como está? Ainda com aquela menina lá da praça?

– ah não... Eu to namorando agora – ele disse corando levemente.

– com quem?

– a Eva... – ele disse fazendo careta.

– ah não acredito!! A pirralha? – o zoei.

– pois é. Paulinho não ligou. Dei uma chance a ela. Não é tão boba quanto eu achava. Tem um tempinho já, estamos bem felizes – ele sorriu e o professor chamou pelo seu nome – bom vou lá, mas esse pé?

– escorreguei no sorvete derramado no chão – fiz uma careta e ele riu voltando pra quadra.

Sai de lá e mandei um SMS pra Carol “Amor, eu não to bem. Leva meu material pra casa.Bjs.” Fui andando pelo corredor com a cabeça a ponto de explodir. Parei um pouco e olhei no relógio do celular, marcava 10:55. Será que o André já havia entrado no estágio? Que droga, como eu iria pra casa? Minha cabeça doía demais, eu sentia um zumbido no ouvido, meu corpo estava um pouco mole. Não sei o que acontecia. Na verdade eu sabia sim, o desespero tomava conta do meu corpo. Não me sentia bem mesmo. Então resolvi arriscar com o André, quem sabe ele pudesse apenas me levar pra casa. Peguei o celular e liguei pra ele. 

– Inicio da ligação –

– oi princesa encantada – ele atendendo rindo.

– oi dé – falei manhosa – ta no estágio?

– to sim, por quê?

– ah... Nada.

– diz, ta precisando de alguma coisa?

– na verdade sim... Eu queria ir pra casa. To na escola, mas não to bem. Só liguei achando que você não estaria no estágio.

– eu te busco. Já chego ai.

– não André – eu gritei – você ta trabalhando, eu pego um táxi, sei lá.

– nada disso. Vou ai.

– Fim da ligação –

Ele desligou o celular e me deixou falando sozinha. Pelo menos me sentir melhor sabendo que ele viria. Eu já disse que o André é maravilhoso? E também já disse que eu não mereço tudo o que ele faz por mim? A Luana perdeu um homem e tanto. Quando pensei nela me deu um nó na garganta. Aquela era outra que não me descia. Que raiva daquela idiota que fez tanto o André sofrer. Que nem eu fiz pro Lucas. Eu ri com o meu pensamento idiota. Fiquei pensando se o André e a Luana ainda teriam contato. Olhei pro corredor e eu não tinha nem cruzado 3 salas e ainda faltavam bem umas 7. Fiquei com mais raiva ainda! Maldito pé, malditas muletas! Eu já estava cansada de pular em um pé só. Meus braços doíam. Minha cabeça iria explodir a qualquer momento. Resolvi passar na enfermaria pra pegar um analgésico. Cheguei à metade do corredor quase trotando, com um pé só. Ia com muita raiva, de tudo. Comecei a dar passadas mais largas com as muletas até que perto do bebedor eu só ouvi um “VUPT”. Senti meu corpo despejando no chão e minha perna não machucada ralando no piso do corredor. Logo ardeu. Larguei as muletas e soltei meu corpo pra trás. Vi que havia sangue no ralado. Olhei pros lados e eu havia caído no molhado. “PERFEITO!” Pensei. O que de melhor me aconteceria naquele dia?

– ei, ta bem? – ouvi uma voz masculina.

– nossa! Que maravilha, como não pensei nisso também? – eu falei pra mim mesma.

– ei Mabi, você ta bem? – era o Pedro ao meu lado.

– to ótima! – respondi irônica. Ele e o Lucas resolveram brincar com a minha cara, né?

– deixa eu te ajudar – ele se agachou ao meu lado.

– NÃO ME TOCA! – eu grite e ele se assustou.

– e vai levantar daí como? Vamos logo pra enfermaria birrenta! – ele disse bravo. 

Realmente, eu não teria opções. Ele me pegou no colo e fomos até a enfermaria. Ele entrou apressado e me pôs em cima da maca. Nem prestamos atenção que tinha outra pessoa ali com a enfermeira.

– o que aconteceu? – o Lucas perguntou sentado.

– eu que pergunto o que aconteceu? – eu falei olhando pra enfermeira limpando a sua mão com algodão e água oxigenada.

– nada – ele disse emburrado – e ta fazendo o que ai PV?

– calma esquentadinho – ele disse com um sorriso cínico – só vim ajudar minha ex.

– sem segundas intenções? Duvido! – o Lucas disse desviando o olhar – Ai – ele gritou quando a enfermeira espirrou algo em alguns cortes no peito de sua mão.

– calma crianças – a enfermeira pediu – o que aconteceu moçinha?

– escorreguei perto do bebedor – eu disse com cara de dor.

– deixa me ver... Hum... Fez um ralado feio, hein?! Essas lindas pernas não estão com sorte né? As duas agora machucadas – ela disse pra descontrair.

– são lindas do mesmo jeito – o Pedro as olhou com malicia.

– ow Pedro vaza, já a trouxe aqui, então vaza – o Lucas disse rude.

Eu e a enfermeira olhamos feio pra ele, como se advertíssemos.

– não é melhor você ir pra casa? – o Pedro me perguntou.

– eu vou sim, daqui a pouco, mas pode voltar pra sala, vai perder a resenha.

– é moçinho, melhor voltar pra sua sala. Se a inspetora te pega aqui, até eu levo carão – a enfermeira disse rindo. 

Ele me olhou e saiu da sala dando uma fuzilada no Lucas com os olhos.

– o que esse idiota...

– Lucas cuida da sua namorada que eu cuido de mim, ok? – o interrompi falando ríspida.

– crianças, por favor – a enfermeira pediu novamente – assim que eu terminar de limpar esse ferimento vocês conversam, ta? Só não gritem aqui.

Ela olhou pro Lucas que assentiu com a cabeça e me olhou, mas eu fiz negativo com a cabeça. Ela limpou tudo e se afastou de nós.

– vou pegar água pra você tomar um analgésico, ta? – ela me disse.

Assenti com a cabeça e ela saiu. Ele se aproximou de mim e antes que falasse eu logo me adiantei.

– escorreguei na água que havia no chão e só tinha o Pedro no corredor pra me ajudar – falei seca.

– eu não ia falar nada. Apenas ia te perguntar por que você está tão grossa comigo.

– não sei – respondi mais seca ainda e me pus a pensar. Realmente eu não sabia o motivo. Quer dizer, eu sabia, era obvio. Será que foi porque eu fui trocada pela azeda? Ok ok, não quero relembrar isso.

– hum... Ta assim pelo o que eu disse? – ele perguntou desconfiado.

– o que você acha? – falei cerrando os olhos.

– desculpa...

– você não tem com o que se desculpar Lucas.

– então não me trate assim... – ele fez uma carinha muito linda.

– você estava me tratando dessa forma há uns dias atrás, lembra? Eu não reclamei.

– é... Eu sei – ele coçou a nuca e apoiou os braços na maca, se inclinando quase em cima de mim – mas era por... Hã... Ciúmes – ele disse a última palavra em tom mais baixo.

Eu permaneci em silêncio.

– quer carona pra casa? – ele perguntou.

– não, obrigada. Já tenho – assim que falei meu celular apitou, era SMS do André avisando que estava lá na frente – falando nisso, já vou.

Virei meu corpo pra descer da maca e ele permaneceu no mesmo lugar.

– me dá licença? – pedi.

Ele retirou apenas uma mão da maca e eu pus minhas pernas pra baixo. Assim que me sentei, ele voltou com o braço pro mesmo lugar, dessa vez com o corpo ereto, me deixando presa entre seus braços. Ficamos com os rostos bem próximos.

– Lucas para, por favor – eu pedi sussurrando.

– com o que? – ele perguntou olhando pros meus lábios.

– de fazer isso. Não quero que sua namorada fique com raiva de mim – eu menti, na verdade não estava nem ai pra ela, mas eu tinha que acabar com aquele clima. Ele não a escolheu? Que fique só com ela agora!

– namorada... – ele riu e parece que lembrou que tinha uma. Abaixou a cabeça e depois voltou a me olhar – não vou deixá–la fazer nada com você.

– a única pessoa que você tem que defender agora é ela – eu sorri cínica. Sorri de nervosa na verdade, tê–lo tão perto, me encarando assim me deixava nervosa.

– ainda me preocupo com você – ele disse baixinho.

– eu tenho outras pessoas pra se preocupar, valeu – continuei a sorrir.

– tipo o André? – ele ergueu uma sobrancelha.

– também... – dei de ombros – tenho meu pai, o Felipe, a ca...

– agora vai ficar com ele? – ele me interrompeu.

– ele pediu uma chance, eu disse que só depois que eu e você resolvêssemos tudo. Não custa nada tentar.

– mas você não gosta dele Mabi – ele dizia com um tom de indignação.

– quem te disse?

– gosta? – ele disse em um tom de... Hã... Desgosto?

– você gosta da Mari por acaso?

– até que fim te achei garota – o André entrou junto com a enfermaria.

O Lucas se afastou e ficou ao meu lado escorado na maca.

– oi dé – sorri ao vê–lo. Graças a Deus alguém pra me tirar dali.

– oi princesinha. O que foi dessa vez? – ele parou na minha frente e olhou pra minha perna.

– escorreguei de novo. Malditas muletas – resmunguei.

– tadinha – ele apertou minha bochecha e eu fiz bico. Ele olhou pro lado e viu o Lucas lá. Fez uma cara engraçada franzindo a testa – oi Lucas.

– e ai André – ele falou desinteressado.

– me deixou esperando lá fora. Vim te procurar. Ainda bem que encontrei a enfermeira no caminho – ele disse me abraçando.

– me tira daqui, por favor – falei chorosa no seu ouvido.

– tudo bem, vamos – ele concordou se afastando de mim.

– seu remedinho mocinha – a enfermeira me entregou um e esticou outro pro Lucas – e aqui o seu. Logo essa mão vai doer.

– o que foi na mão Lucas? – o André perguntou.

– um acidente – ele sacudiu a mão de punhos fechados. Só então eu vi que estava enfaixada – to indo. Obrigada por tudo – disse pra enfermeira.

Assim que ele saiu, eu perguntei a ela.

– olha, ele pediu segredo... – eu a olhei pedindo, por favor, que me contasse e ela disse baixinho – ele disse que por impulso socou a porta de ferro do ginásio. Quando eu perguntei por que, ele apenas disse que era mais uma das burradas que estava fazendo na vida. Mas eu não entendi meus jovens – ela disse sacudindo os ombros.

O André me olhou desconfiado e eu fingir não saber do que se tratava.

– me ajuda? – pedi pro André a fim de mudar de assunto.

– claro. 

Ele me desceu de lá e me pegou no colo.

– deixa que eu vou sozinha dé. Micão andar na escola carregada né? – o olhei feio e ele riu.

– você que sabe – deu de ombros.

Sai andando mancando da única perna que eu podia pôr no chão. Confesso que estava engraçado. Pra quem via, porque pra mim não estava nada legal. Parei em um banco no pátio e me joguei sentada nele, ofegante.

– e aí cabeça oca. Ainda ta com vergonha do mico? – o André me zoou.

Olhei pra ele cerrando os olhos. Peguei meu celular e mandei um SMS pra Carol: “miga, cai no corredor, ralei a perna, fui pra enfermaria e agora o dé vai me deixar em casa ¬¬ dá meu material pra ele? Vai estar na porta da sala. Bjs.” Ela respondeu com algo muito consolador: “PUTAQUEPARIU! KKKKKKKKKKK Azarada! Vou avisar a prof. Galera gazetou a aula mesmo.”

– pega meu material lá dé? Nesse corredor mesmo. A penúltima sala, a Carol te espera lá – eu pedi. Ele assentiu com a cabeça e saiu.