Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

Ele não disse nada. Aproximou–se mais de mim e logo senti sua respiração quente se misturando a minha. Seus doces lábios tocaram os meus e impreterivelmente sua língua entrou em minha boca. Eu retribuí àquele beijo de forma calorosa. Fazia tempo que não nos beijávamos. Eu cheguei a pensar que havia esquecido como eram seus beijos. Calmos e cautelosos, mas sempre os mais gostosos. Ele me puxou pela cintura e colou nossos corpos. Passei os braços pelo seu pescoço e prendi meus dedos em seus cabelos. Havia um desejo enorme naquele beijo. De ambas as partes. Como se ansiávamos por aquilo há muito tempo. E a verdade era que era verdade. Ambos queríamos aquilo, muito. A chuva e o frio haviam sido esquecidos por nós. O calor do corpo de Lucas me fazia ignorar a quantidade de água caída em mim. Interrompi o beijo por algum motivo que até eu desconheço. Parecia que por um instante eu consegui pensar na besteira que estávamos fazendo.

– porque você faz isso comigo, hein?! – afastei meus lábios e fechei os olhos, respirando fundo.

– porque eu ainda gosto de você – ele sussurrou com o rosto perto do meu. Abri meus olhos e ficamos nos encarando.

– e porque está com a Mari?

– to tentado gostar dela, mas não consigo te esquecer – ele disse engolindo a seco no final da frase.

– a gente só faz merda, né?! – falei em forma de resmungo – você poderia ter me dado aquela chance, em vez de fazer isso. Mas agora...

– mas agora eu posso te dar... – ele disse me interrompeu. Segurou em minhas mãos e sorriu.

– não Lucas. Mas agora eu quem não pode aceitar sou eu – falei triste – não posso deixar o André pra ficar com você.

– mas você nem gosta dele Mabi – ele afirmou.

Eu não respondi. Continuei o olhando.

– não gosta, né? – ele insistiu.

– Lucas, isso não vem ao caso... – eu disse desviando o olhar.

– claro que vem. Você vai ficar com alguém que não gosta?

– e a Mari? – eu disse já irritada com a insistência dele. Como que ele muda de opinião do nada?

– eu converso com ela. Ela é uma pessoa legal, vai me entender.

– não dá Lucas. Não somos compatíveis. Não daremos certo nunca, não sei pra que insistir... – eu disse com os olhos cheios de água.

– se quisermos, podemos fazer dar certo... Não vou consegui te esquecer. Depois desse tempo todo, de todas as besteiras que fizemos, depois de tentar com outras meninas... Nada faz eu te esquecer.

– um dia você vai conseguir... Eu já te magoei demais, melhor...

Ele não me deixou terminar a frase. Avançou em cima de mim, me roubando outro beijo. Seu corpo automaticamente aderiu–se ao meu e ele foi me empurrando até o capô do seu carro. Ele parecia não se importar com a chuva que caia, com o alarme que poderia ser acionado, com as pessoas que saiam correndo da boate e entravam em seus carros, com alguém que o conhecia pudesse contar pra namorada dele, ou com o meu namorado, que poderia estar vendo... Ele realmente parecia não se importar com nada. Encostou meu corpo no carro. Suas mãos me seguravam pelo rosto, mas logo ele as desceu e envolveu minha cintura. Inevitavelmente minhas mãos foram parar a sua nuca. Ele levantou meu corpo e me pôs sentada na parte da frente do carro e se encaixou entre minhas pernas. Eu sabia que o que eu estava fazendo era errado. Era uma idiotice, assim como tudo que eu fiz esse ano. Só eu pra conseguir errar tanto. Meus pensamentos eram interrompidos a cada toque seu em meu corpo. Ele pôs sua mão em minha coxa e passou a beijar meu pescoço. Eu queria sair dali, aliás, não queria, eu tinha que sair de perto dele. Fazer aquilo era um erro absurdo. Só que aquilo era bom demais pra ser errado. Mas era. Dessa vez meus pensamentos foram interrompidos por outra coisa. Ou melhor, pessoa.

– caralho! Não acredito! Que merda vocês estão fazendo? Estão ficando doidos?

Imediatamente nos afastamos. Era o Felipe. Não consegui olhá-lo na cara. O Lucas tirou o boné e o pôs pra frente, olhou o Felipe apenas uma vez e se pôs a fitar o chão. Escorreguei de cima do capô do carro e me envolvi com meus próprios braços. O frio voltava a me afligir. O Felipe também estava molhado, não tanto quanto nós. Ele gritava muitas coisas pra nós dois, mas eu confesso que não conseguia ouvir 50%.

– vocês são dois idiotas! Em vez de ficarem juntos de uma vez, ficam fazendo isso. Porque não ficam juntos enquanto estão solteiros? Sempre têm que magoar outras pessoas. Não se cansam não? – o Fê berrava pra gente.

As pessoas que saiam da boate passavam correndo pra não se molhar, mas sempre davam uma espiada na gente. Eu não queria que ninguém visse e contasse pro André. Eu não podia magoá–lo. Definitivamente não podia.

– vocês não vão falar nada? Vão me deixar aqui gritando sozinho? – o Fê disse cruzando os braços. Ele estava muito irritado.

Eu olhei pro Lucas ao mesmo tempo em que ele me olhou, porem permanecemos em silêncio. Desviei o olhar para o Felipe.

– caramba! Não to acreditando nisso – ele berrou novamente – eu to aqui todo molhando, perdendo minha noite pra salvar a pele de vocês e simplesmente vocês ficam calados? O que pensam que estão fazendo aqui?

– eu só queria conversar... – o Lucas disse cabisbaixo.

– conversar Lucas? – o Felipe perguntou com ironia – vocês estavam fazendo tudo menos conversar – ele riu – a sorte de vocês, se é que se pode chamar assim, é que quem viu vocês saindo foi a Karen e o Diego. Imagina se fosse o caio? Ou a Deb? Ou até o próprio André? Pensaram nisso?

– não, eu não pensei em nada Felipe – o Lucas disse nervoso também – fiz tudo por impulso, ta? A culpa é minha, ela não queria nada.

– mas também não evitou – ele respondeu com sarcasmo me olhando. Eu o olhei e voltei a fitar o chão – ta todo mundo lá dentro procurando vocês. O André já ligou inúmeras vezes pro teu celular. Se o Diego não tivesse me falado que viu vocês saindo, estaríamos até agora feito otário procurando vocês lá dentro. Ou melhor, você, Mabi! Porque todo mundo acha que o Lucas foi embora porque a Mari já foi!

– desculpa Felipe, não quis estragar a noite de ninguém. Diz pro Andre que eu vou de táxi, ok? – falei sem olhar pra nenhum dos dois e sai andando em direção à rua.

– deixa que eu te levo – o Lucas segurou em meu braço.

– não – falei seca – não precisa.

– a gente precisa conversar melhor.

– vocês não têm jeito mesmo! – o Felipe disse rindo debochadamente.

– não temos nada mais pra conversar Lucas. Por favor, me deixa – eu disse soltando sua mão do meu braço.

– e nós dois? Como fica?

Eu ri, abaixei a cabeça e respirei fundo pra falar aquilo. Ele não merecia ouvir e eu não merecia falar. Mas era preciso por um fim.

– como você mesmo já me disse: não fica! – levantei as mãos – simples assim – sorri falso.

– mas Mabi... Eu fui um idiota...

– foi mesmo, mas a Mabi foi mais. Então vamos sair da chuva – o Fê o interrompeu e saiu andando.

– Lucas, não dá pra eu ficar com alguém que não confia em mim.

– e não dava pra eu ficar com alguém que tem um amigo como o André, cheio de intimidade Mabi. Tenta ver o meu lado também.

– concordo com você. Mas o André sempre me ajudou. Sempre nos ajudou. Ele nunca me agarrou a força ou pediu pra eu desistir de você. Ele esperou eu me resolver contigo pra me pedir uma chance. Agora, e você, Lucas? Eu sempre soube que a Mari era cheia das intenções contigo e você negava. Agora estão aí, namorando... – eu ri – sabe o que é mais engraçado? É que ficamos juntos tanto tempo e você nunca me pediu em namoro ou falou em ter algo sério comigo, mas com a Natasha e a Mari, foi logo na primeira vez que ficaram, né?

– não inventa Mabi. Já lhe pedi em namoro sim...

– claro que pediu. E três horas depois terminou jogando a história do Bernardo na minha cara – eu disse irritada. Não sabia por que, mas eu estava começando a ficar com raiva do Lucas.

– mas quem fez a besteira foi você – ele disse irritado.

– então pronto Lucas. Eu errei e você não perdoou meu erro. Resolvido, ok? Chega. Cansei! – eu gritei.

– cansou de que? – ele perguntou sem entender.

– dessa tua indecisão. Que droga! – eu gritei mais alto – ai eu largo o André, volto com você, você briga de novo comigo por qualquer motivo que seja, termina comigo e depois aparece namorando outra menina que não gosta, me pede pra voltar e assim o ciclo se repete... – falei atropelando as palavras. Ele apenas ficou me olhando.

Ficamos parados, os dois em silêncio, nos encarando.

– ow chega, né? Daqui a pouco vocês se matam aí – o Felipe disse ao voltar – vamos Mabi, eu te levo – ele me abraçou de lado e saiu me puxando – e você Lucas, vai pra casa esfriar essa cabeça.

– Mabi... – ele me chamou.

Eu parei de andar, mas continuei de costa a ele. Ele se aproximou de nós. Apenas o Felipe virou pra olhá–lo.

– eu juro que desisto de você se me disser o motivo pelo qual não me quer mais.

– não dá Lucas. Não dá pra ficarmos juntos – eu disse de costa, mas em um tom de voz alto o suficiente para ele escutar.

– diz isso olhando nos meus olhos – ele pediu e eu permaneci imóvel – me diz o moti...

Virei-me pra ele, interrompendo–o.

– eu não te amo mais – eu falei rápido. Nem eu acreditava que havia falado aquilo.

– hã? – o Felipe exclamou.

– to feliz com o André. Eu gosto dele e não de você – completei.

Lucas não teve resposta. Nem reação. Ficou parado lá me olhando. Parecia incrédulo. O Felipe também me olhava sem entender nada. Virei-me e sai andando pro carro do Felipe. Ele destravou e eu entrei. O Fê entrou em seguida e ficou me olhando. Eu via o Lucas parado no mesmo lugar.

– me leva pra casa – eu pedi sem tirar os olhos fixo do painel do carro.

– vou só avisar à Carol – ele disse pegando o seu celular no porta trecos do carro.

Ligou pra ela, explicou que eu e o Lucas tivemos uma discussão feia e que estava me levando pra casa. Pediu pra avisar ao Andre também, mas sem a parte do Lucas. Saímos do estacionamento e ele permanecia ali, parado, na chuva. Fiquei com um aperto no coração. Minha vontade era de chorar muito. Mas não ali na frente do Fê. Não queria explicar nada pra ninguém. Fomos pra casa em total silêncio. Ele dirigia e vez ou outra me olhava. Eu estava no mundo da lua. Não conseguia imaginar o motivo pelo qual o Lucas mudou de idéia assim do nada. Como que ele me dá um fora, namora outra e do nada, três semanas depois ele se arrepende de tudo e volta atrás? Não conseguia entender... Paramos na garagem de casa, eu desci e fui direto pro meu quarto. Tirei as roupas molhadas, tomei um banho quente e me deitei pra dormir.

– FELIPE NARRANDO –

Assim que chegamos em casa, ela desceu do carro e entrou sem ainda dar uma palavra. Meu celular tocou em seguida. Era o André. Estava vindo deixar o pessoal aqui e queria falar comigo. Após uns minutos eles chegaram. Já Haviam deixado a Karen, o Rapha, o caio e a Deb. Estava apenas ele, Carol e Diego.

– me diz o que aconteceu – ele foi logo perguntando.

– nada André. Foi o que a Carol te contou – eu disse desconcertado, não sabia o que ela havia dito.

– e o que ela disse? – ele cruzou os braços e fez uma cara furiosa. Confesso que fiquei com medo. O cara é forte pow.

– Carol, o que... – eu ia dizendo.

– vão me contar a verdade ou vão ficar inventando historinhas aí? – ele disse rudemente.

Eu, a Carol e o Diego nos entreolhamos e nenhum de nós disse nada.

– Diego – o André o chamou – me diz o que você sabe.

– hã... – o Diego me olhou e eu fechei os olhos e assenti com a cabeça. A bomba iria explodir.

– olha André, a única coisa que eu vi, foi a Mabi saindo da boate puxada pelo Lucas. Assim que eu a vi, perguntei aonde ela iria e ela sacudiu a cabeça como se dissesse que não sabia de nada.

– e o que mais?

– só sei isso. De resto eu fiquei lá dentro com vocês.

– ótimo. Felipe – se virou pra mim – vai me contar ou vou ter que descobrir sozinho?

Continuei calado. Olhei pra Carol e ela fez sinal pra que eu decidisse o que falar. Preferi não arriscar.

– olha André. Eu cheguei lá fora e eles estavam conversando. Na verdade discutiam, mas não sei o que era – eu menti em partes.

– ok – ele disse seco, tirou o celular do bolso e disse o número do Lucas – é esse?

– é – confirmei.

– ok. Amanhã eu bato um papinho com ele. Boa noite pra vocês – ele disse sério e saiu. Entrou no carro e foi embora.

A Carol se aproximou e me abraçou de lado. O Diego logo perguntou.

– conta logo o que foi – ele pediu.

– também quero saber – Carol disse.

– o Lucas e a Mabi estavam encostados no carro dele na maior pegação – eu disse rindo. Ainda não acreditava naquela cena.

– como? – a Carol exclamou surpresa.

– ta falando sério? – o Diego disse também incrédulo.

– sério pow... Eles se assustaram quando eu cheguei lá. Fiquei sem acreditar, sabe? Não sei que merda passa na cabeça daqueles dois...

– mas eles ficaram na chuva só pra se beijar? Não faz sentindo isso... – a Carol dizia ainda sem acreditar.

– eu acho que eles estavam mesmo era discutindo e um beijou o outro. Acredito que o Lucas, porque a Mabi não aparentava estar nada bem. Quando os vi, falei umas coisas lá pra eles, mas não disseram nada. Afastei-me e eles começaram a discutir. Eu tinha voltado pra pegá–la e ouvi-o pedindo outra chance a ela, mas ela disse que eles não dariam certo, uns lances de confiança e tal... E por fim, ela disse que não gostava mais dele. Não o amava, na verdade. Que estava feliz com o André. Foi isso.

– a Mabi não esqueceu o Lucas, tenho certeza – o Diego disse.

– também não acredito nisso – a Carol disse – ela gosta do André. Eu sei disso, mas ainda ama o Lucas.

– também não acredito, mas ela que estava cansada da indecisão dele... Acho que acabou de vez o lance...

– UAU! – a Carol exclamou – nunca achei que a Mabi tivesse coragem de fazer isso. Ainda mais com o Lucas.

– eu também não... Imaginava com o PV, o Bernardo, mas o Lucas. Pelo o que ela me falou sobre ele lá em São Paulo, parecia estar muito apaixonada... – o Diego disse.

– vamos subir então – eu pedi.

– vamos – a Carol concordou.

– se quiser um lugar quentinho pra dormir, minha cama está à disposição, viu Carol? – o Diego disse baixinho próximo ao ouvido dela.

– ow idiota, eu ouvi isso, viu?! – eu disse rudemente.

– a escolha é dela – ele piscou e subiu as escadas correndo.

– otário! – resmunguei.

– ai Fê! É brincadeira dele... – ela disse rindo – agora vamos tomar um banho quente e brincar pouco – deu um sorriso malicioso e me puxou pela camisa molhada.

– opa... – exclamei e entramos no quarto.