Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

– BERNARDO NARRANDO –

Quinta seria o penúltimo dia na escola. Depois da entrega de notas, fomos liberados. Os meninos estavam empolgados em ir para a cidade vizinha amanhã. Eu confesso que estava morrendo de vontade de ir pro show e de preferência com eles. Mas como eu não podia e nem queria ir sozinho, achei melhor nem ir. Passei pela cantina e vi o Caio, Rapha e Felipe, com a Deb, Carol e Karen. Não vi nem o Lucas e nem a Mabi. O Lucas eu havia visto na sala de aula, mas a Mabi ainda não tinha visto na escola. Fui até sua sala e tinha poucas pessoas lá dentro, perguntei de alguém a respeito dela e obtive a resposta que ela não virá pra aula. Fui caminhando até o pátio da frente da escola e vi o Lucas sentado sozinho em um dos bancos, apoiava os cotovelos nos joelhos e parecia distraído. Sentei ao seu lado sem que ele se percebesse. Após 2 minutos ele olhou pro lado e me viu. Depois voltou a olhar pra baixo.

– quero conversar com você – eu disse.

– me poupe Bernardo – ele disse frio.

– eu to falando sério.

– eu também estou. Não tenho nada pra conversar com você.

– se não quer falar, não fale. Mas você precisa me ouvir.

Ele riu e balançou a cabeça negativamente.

– o que é agora Bernardo?

– é sobre a Mabi.

– não to a fim de ouvir as suas desculpas por ter saído com ela ontem.

– eu não saí com ela. E não to aqui pra me desculpar, porque não fiz nada.

Ele me olhou e riu debochadamente.

– olha Bernardo, o que você fez comigo e com a Mabi já não foi o suficiente, não? Precisa continuar atrapalhando nossas vidas?

– não to aqui pra brigar, to aqui pra conversar e é importante. Dá pra você vir comigo? – eu disse me levantando.

Ele continuou sentado, me olhando.

– Lucas, eu entendo que você me odeie e não queira falar comigo, mas eu realmente preciso falar com você sobre a Mabi. Não to brincando contigo.

– não to a fim de ouvir Bernardo.

– presta atenção Lucas – eu disse me sentando de novo – eu só to aqui, porque pra mim foi difícil ver a Mabi chorando por você ontem à noite. Enquanto ela ta sofrendo, você está aí a ignorando por conta de um orgulho idiota – falei rudemente.

– chorando? Por quê? – ele me olhou assustado.

– podemos conversar em outro lugar? – pedi me levantando novamente.

– tudo bem.

Ele se levantou e veio comigo. Fomos até o estacionamento e encostamo-nos em meu carro.

– ta de carro? – perguntei.

– não, vim com o Rapha.

– vamos sair daqui então.

– pra onde? – ele perguntou.

– qualquer lugar onde ninguém possa nos interromper – eu disse.

– lá em casa não tem ninguém – ele disse.

Assenti com a cabeça e entramos no carro. Fomos até a sua casa em silêncio. Chegamos lá e entramos para o seu quarto. Ele se jogou na cama e ficou me olhando.

– fala – ele disse.

– vai ficar brincando com ela até quando? – perguntei parado em frente a sua cama, de braços cruzados.

– não estou brincando Bernardo. Só que acontece muita coisa e muito rápido pra eu digerir.

– muita coisa o que Lucas?

– eu e a Mari terminamos porque eu não conseguia esquecer a Mabi, aí eu me declaro pra ela, ela diz que me ama, que quer ficar comigo, mas não quer terminar com o André pra não magoá–lo. Pow Bernardo, ela pensa o que? Que eu vou ficar aqui sofrendo por ela a vida toda? Ela não ta nem ai se isso me machucou ou não – ele disse super irritado.

– ela terminou com o André ontem Lucas – eu disse rindo – passou a noite te ligando e você não a atendeu.

– eu sei. Ela me falou ontem na calçada que eles haviam terminado. Mas não atendi porque estava sem meu celular.

– pois é, mas ela ficou achando que você não queria falar com ela.

– não era isso. Eu até fiquei chateado, mas não iria ignorá–la. Tanto que voltei depois na casa dela, mas ela havia saído.

– então porque não a escutou quando ela foi falar com você? – perguntei irritado.

– porque ela estava saindo do seu carro – ele disse em um tom mais alto – queria que eu pensasse o que Bernardo?

– pensasse que alguma coisa séria pudesse ter acontecido Lucas. Você acha que depois de tudo que eu fiz, ela iria sair comigo? – falei gritando agora.

– realmente – ele sussurrou.

– você não parou nenhum minuto pra pensar nisso, né?

– não.

– muito bom – eu ri debochadamente – por isso que ela tem tanta resistência a voltar pra ti. Você não confia nela. Aí é realmente difícil.

– nesse ponto você tem razão – ele abaixou a cabeça e depois me olhou – mas o que ela fazia com você?

– eu saí pra lanchar ontem de madrugada e a encontrei, andando sozinha, perto do portão do condomínio. Ai eu fiquei preocupado, claro. Parei o carro e fui falar com ela. Ela estava muito mal, chorava muito. Então conversamos um pouco e eu dei carona a ela.

– e o que ela tinha? Aconteceu alguma briga entre ela e o André por terem terminado?

– não. Ela estava assim por sua causa – eu disse o olhando torto.

– minha? Porque eu não atendi o celular?

– é Lucas. Ela ficou se culpando, falando que era idiota por ter pensado no André primeiro. Realmente ela foi tola fazendo isso, mas não precisava ficar se julgando assim. Os dois têm a parcela de culpa.

– nossa... Não imaginava – ele disse fitando o chão – quando vi vocês juntos no carro, a única coisa que eu senti foi raiva.

– eu sei que com raiva nós não raciocinamos direito, mas você sabe que ela te ama. Porque não para com essas briguinhas tolas e fica logo com ela?

– porque não é simples assim Bernardo – ele disse irritado.

– claro que é Lucas. Você acha que se eu tivesse a oportunidade de ficar com ela, eu estaria fazendo esse teu joguinho?

– você teve a oportunidade e desperdiçou – ele se levantou e falou na minha cara.

– não – eu ri – eu não tive. Ela sempre preferiu você. Se a Mabi teve outros garotos depois que te conheceu, não foi porque ela gostou, foi porque ela queria te esquecer.

– se ela me amasse tanto não iria querer me esquecer.

– você já fez o mesmo. Ou quer que eu acredite que você gostava da Natasha e da Mari? – eu ergui uma sobrancelha.

– só quis esquecê–la porque ela estava com outro.

– Lucas, Lucas... Você a ama de verdade?

– claro.

– em tão o que falta pra você ir lá e se acertar com ela?

Ele se sentou e ficou calado. Fitava o chão.

– se você não sabe responder, é porque não falta nada – falei rindo – aliás, falta sim.

– o que? – ele me olhou.

– coragem sua – eu disse calmo.

– Bernardo, não to entendendo o porquê dessa conversa – ele se levantou e começou a falar rudemente – porque você veio atrás de mim? Ainda mais pra pedir pra eu ficar com a Mabi – ele riu – isso to ficando muito estranho. Com certeza...

– porque eu a amo – eu gritei o interrompendo.

Ele parou e ficou me olhando. Fuzilava–me com os olhos. Eu engoli a seco o que acabará de dizer e também permaneci em silêncio.

– por isso que não faz sentindo pra mim – ele disse calmo.

– Lucas, se você amasse muito alguém que não pudesse ter, chegaria um dia em que você iria querer que ela fosse feliz com quem escolheu. Se ela não é feliz comigo, não serei tão egoísta a tal ponto – dei de ombros.

– eu sei o que é isso – ele acenou com a cabeça.

– não, você não sabe. A Mabi te ama Lucas. Ela não gosta, não te adora, não quer ficar contigo por ficar. Ela te ama!

– Certo. Eu já entendi isso – ele disse sorrindo sem jeito – mas porque não damos certo? – a última frase veio junto com um suspiro.

– porque você tem que confiar nela. Ela já abriu mão do Pedro, de mim, do André, até daquele pirralho lá no acampamento, o Dudu, pra ficar contigo. O que mais você precisa?

– de segurança – ele sussurrou – não me sinto seguro ao lado dela.

– engraçado que ela me disse a mesma coisa – eu ri.

– o que ela disse?

– que se sente insegura com você.

– comigo? Nossa, ela não tem por que. Eu não faço nada para que ela desconfie de mim – ele disse pensativo.

– não é isso. Ela se sente insegura porque acha que você vai deixá–la a qualquer momento ou por qualquer briguinha.

– ela também não é fácil, né Bernardo? Ela quer que eu tenha sangue de barata? É muito homem atrás dela, não tenho como competir...

Respirei fundo 3 vezes antes que eu explodisse com ele. Mas não adiantou muita coisa.

– ai ai... Minha paciência acabou Lucas. Eu já disse o que queria. Procure–a e acerte tudo antes do show. Vocês podem ir juntos e curtir legal. Falow? – eu disse abrindo a porta do quarto.

– ta. Valeu Bernardo. Vou pensar e...

Sabe o lance de não explodir? Não deu certo.

– pensar no que Lucas? – eu disse rindo – meu deus, você é muito burro. Para de agir feito criança mimada. Deixa esse orgulho besta de lado e vê se cresce Lucas, por favor, cresce – gritei a última palavra – a Mabi não vai ficar esperando você tomar atitudes mais maduras. Se você ficar vacilando, ela vai procurar alguém mais maduro, como fez com o tal André – abri a porta pra ir embora enquanto ele apenas me olhava – e aproveita o final de semana ao lado dela, pode parecer exagero, mas era tudo o que eu mais queria nesse momento era estar no teu lugar – eu disse triste e fui embora.

Sai de lá com uma sensação de alivio. Depois de tanto sofrimento, esses dois mereciam ficar juntos. Era difícil admitir isso, mas eu estava feliz com o que eu tinha feito. Um pouco masoquista entregar a garota que eu amo pro meu amigo, mas fazer o que, ela não iria me querer mesmo. Fui pra casa e fiquei no computador o resto do dia, até meus pais chegarem.

– Bernardo, vamos jantar – minha mãe falou.

– que milagre vocês por aqui. Passeando? – falei irônico.

– engraçadinho – minha mãe sorriu torto.

– saíram cedo da clinica por quê? Não tem plantão? Não tem paciente?

– senta aí filho. Saímos mais cedo porque precisamos conversar – meu pai disse sério.

– eu não fiz nada. Eu juro – falei com uma mão erguida.

– nós sabemos meu filho. Queremos conversar sobre o seu futuro – minha mãe falou olhando pro meu pai e sorrindo depois pra mim.

– então? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

– você está se preparando pro vestibular? – ele perguntou.

– só com os simulados da escola pai – falei com receio dele brigar comigo.

– já decidiu o que quer?

– to pensando em engenharia.

– boa escolha filho – ele disse contente.

– então era isso? – perguntei os olhando.

– na verdade seu pai tem uma proposta – minha mãe disse sorrindo.

– fala pai – pedi ancioso.

– seguinte Bernardo, se você passar nessa universidade que você quer, eu e sua mãe vamos te deixar morar sozinho.

– sozinho? – perguntei sorrindo de orelha a orelha.

– é. Um apartamento – minha mãe disse – alugado.

– mas como vou pagar pai? O senhor não vai querer que eu trabalhe na clínica não, né? – perguntei fazendo careta, detestava esse lance de hospital, clinica, medicina.

– não – eles dois riram – eu vou te ajudar por 3 semestres. Pagando o aluguel de um apartamento e te dando uma mesada pra você se sustentar – ele disse.

– e depois você terá que já estar pelo menos em um estágio – minha mãe continuou – você terá um ano e meio pra se organizar.

– como sabemos que um estágio não paga muito bem, a mesada continuará por mais um tempo. Certo?

– claro – eu disse sorrindo. Levantei–me e fui abraçá–los e depois jantamos felizes.