Fanfic: Nem sempre o amor pode está certo. 1º Temporada e 2º Temporada | Tema: web novela

O PV me lançou um olhar feroz e o segurança fez sinal com a cabeça pra ele entrar. O tal amigo dele se aproximou e o puxou pelo braço. Antes de ele sair, se aproximou do Fred, que já tinha voltado para a fila.

– cuidado aí camarada. Ele adora roubar a namorada de inimigo e de amigo também – deu dois tapinhas no ombro do Fred.

– não tem problema “camarada” – o Fred fez aspas com as mãos – eu sei muito bem segurar minha namorada.

A Tati e as meninas riram e ele não gostou nem um pouco da resposta. Eu ri também e ele me olhou feio. Olhou pra Tati de cima à baixo.

– ta pegando essa? – perguntou de mim enquanto olhava pra Tati.

– PV vamos entrar porra! – o amigo dele gritou.

– bem que me disseram que você era idiota – a Tati disse sorrindo – mas só acreditei agora.

Ele ficou encarando a Tati enquanto nós riamos. Ele olhou pra mim quase me fuzilando com os olhos.

– bem ao teu nível mesmo – falou pra mim e entrou na boate.

– otário – sussurrei.

– gente que menino idiota – a Liane comentou.

– o que tem de bonito, tem de grosso – a Raquel disse.

– bonito? – a Tati fez uma careta – que garoto ridículo.

Nós rimos e continuamos na fila esperando e falando de outros assuntos. Um pouco antes de entramos a Tati me cutucou.

– oi – falei virando pra trás.

– Bernardo, quem é Mabi? – ela perguntou.

– ah – eu sorri – aquela minha ex que eu te contei.

– a do ursinho?

– como você sabe? – ergui as sobrancelhas.

– eu vi no seu quarto – ela sorriu sem graça – você a ama, né?

– ah Tati. Outra hora a gente fala disso, ta? – tentei desconversar – quando você estiver sóbria, ok?

– mas eu não to bêbada – ela disse inconformada.

– sei sei – revirei os olhos.

Entramos na boate e as meninas logo a carregaram pra pista. Eu e o Fred ficamos sentados conversando. Comentávamos quando passava alguma mulher gostosa, mas ele parecia bem desanimado. Depois de quase 2 horas ali, as meninas ainda não haviam aparecido. Eu e o Fred havíamos bebido tudo o que podíamos beber. Estávamos dirigindo, por isso bebemos pouco.

– to com sono – comentei com o Fred.

– vamos procurar as meninas? – ele sugeriu.

– vamos – falei levantando–me.

Procuramo-las pela boate e as achamos bebendo e dançando bem no centro da pista. Avisamos em seus ouvidos que já iríamos embora. Entramos no carro e percebi que a Tati estava um tanto bêbada. De sono e de álcool. Em poucos minutos ela dormiu no banco do carro. Quando chegamos ao apto, a tirei do carro e fui abraçado nela para se equilibrar. Fomos direto pro seu quarto.

– Tati, vou ligar o chuveiro e você tira sua roupa e toma um banho, ta? – falei calmo e ela assentiu com a cabeça – vou fazer um café pra você.

Sai do quarto, peguei um copo de água, fiz um café forte e peguei um comprimido pra prevenir a sua ressaca amanhã. Voltei ao banheiro e ela estava enrolada em uma toalha sentada. Segurei–a pelos braços e fomos para seu quarto.

– tome – sentei ao seu lado na cama e lhe dei a xícara.

– ta quente – ela reclamou fazendo careta.

– me dê aqui – peguei da mão dela e fiquei assoprando liquido a fim de esfriá–lo.

Ela me olhava um pouco desconfiada, mas nem eu mesmo sabia por que estava fazendo aquilo.

– acho que está bom – estiquei a xícara a ela novamente.

Ela deu um gole e me olhou.

– esfriou – sorriu com indícios de felicidade.

Aquele sorriso era o mais lindo que ela tinha. Não sei se pelos dentes branquinhos e retos, ou pelos lábios rosados e um pouco cheios ou talvez pelo como seus olhos sorriam ao mesmo tempo em que os lábios. Fiquei viajando em seu sorriso enquanto ela tomava todo o café, devagar. De golinho em golinho.

– pronto! – ela me esticou a xícara.

Levantei e peguei o copo de água e o comprimido. Entreguei em sua mão e ela tomou.

– quer que eu pegue uma roupa ou você já consegue ficar de pé? – perguntei.

– pode deixar comigo – ela sorriu timidamente.

– vou esperar aqui fora.

Sai do quarto e pus as coisas na cozinha. Estava lavando o que havia sujado quando ela entrou na cozinha. Estava com os cabelos molhados, soltos e penteados para trás. Vestia um baby doll branco com estampas de bichinhos. Olhei–a e sorri.

– só falta as pantufas e um ursinho de pelúcia em mãos – falei rindo.

– bobo – ela disse.

– assim que eu terminar aqui, te ponho na cama, ta?

– você não precisa lavar a louça e nem me por na cama – ela revirou os olhos.

Nem respondi. Quando terminei de lavar, fomos para o seu quarto. Ela deitou na cama e eu a cobri com o edredom. Liguei o abajur e apaguei a luz. Sentei ao lado dela e lhe beijei na testa.

– porque você está me tratando assim? – ela perguntou me olhando nos olhos.

– porque você precisa de cuidados – dei de ombros – por quê? Se sente incomodada? Não gosta?

– é que ninguém nunca cuidou assim de mim – ela disse triste.

– e seu pai? – perguntei surpreso.

– não tinha tempo pra mim. Vivia em plantões, hospitais, cirurgias...

– e sua mãe?

– morreu quando eu era pequena. Câncer – ela sorriu falso.

– desculpa Tati, eu...

– tudo bem – ela me interrompeu e sorriu com verdade.

– e quem criou você? – perguntei e ela não respondeu – se não quiser falar...

– qualquer pessoa que meu pai pagasse. Um dia eu fazia a lição com a empregada, outro a cozinheira me ajudava estudar pras provas, saia pra fazer compras com a babá, às vezes o motorista me levava pra aula, outras vezes o jardineiro me buscava na escola de bicicleta – ela sorriu – eram pessoas muito boas. Meu pai só pagava. Tudo o que ele fez minha vida toda foi pagar tudo pra mim – ela entristeceu a voz.

– nossa Tati, não imaginava que o Álvaro fosse assim... – fiz cara de nojo.

– nem eu Bernardo. Só descobri isso quando cresci e comecei a entender que não tinha o que as outras pessoas tinham.

– o que? – perguntei confuso.

– amor – ela sorriu e se virou de lado – boa noite.

– boa noite Tati – sorri e sai do quarto.

Tomei um banho, pus uma samba canção e fiquei deitado na cama. Eu pensava nas palavras dela. Fiquei triste em saber dessa história da Tati. Talvez começasse a entender o jeito dela. Retraída, confusa, solitária. Ela havia se acostumado com aquela vida sozinha e independente. Ouvi meu celular apitar, avisando que tinha chegado mensagem. Olhei e era de umas 2 horas antes. Era da Suzana. “Onde está Bernardo? Queria você.” Eu sorri ao me lembrar do que aconteceu no banheiro. Fiquei com tesão só de lembrar-me dela. Na sua roupa, seu corpo, seu perfume, seus beijos, sua calcinha... Ok, eu precisava de um banho frio. Fiquei em baixo do chuveiro de molho por um bom tempo. Sempre que eu pensava na Suzana, eu me lembrava da Mabi. Na verdade me lembrava em como eu era feliz com ela antes de tudo aquilo acontecer. Tinha saudade dela, obvio, e da sua amizade. Eu precisava de alguém assim. Mas no momento eu tinha a Suzana e a Tati. Duas meninas totalmente opostas, mas que juntas talvez fosse o que a Mabi era pra mim. Uma amiga e namorada. Enxuguei–me e voltei a dormir.

Domingo acordei com a Tati me cutucando.

– Bernardo. Já são 9 horas.

– e daí Tati?! Deixa–me dormir – resmunguei.

– nada disso. Venha – ela puxou meu edredom e corou ao ver–me só de cueca – mas se vista antes.

– ah Tati – resmunguei novamente – estou cansado de andar vestido em casa. É calor – revirei os olhos.

– você não andando nu – ela disse sem jeito – tudo bem. Agora vamos.

Levantei–me com dificuldade e fui cambaleando de sono até a cozinha. Havia suco de laranja, frutas, café, bolo, pão, queijo e presunto, achocolatado em cima da mesa. E parecia tudo muito gostoso.

– nossa... Minha mãe ta aí? – perguntei brincando e ela me deu um tapa.

– fiz pra você, bobo – ela riu – em agradecimento por ter cuidado de mim.

– nossa Tati, não precisava.

– vamos comer logo.

Sentamos à mesa e nos deliciamos. Comi tanto que nem almocei. À tarde comi mais bolo com suco e à noite pedimos sanduíches. Comida saudável que é bom, nada. Ficamos o dia inteiro vendo filme. Divertíamo–nos muito juntos. Foi o melhor dia desde que eu cheguei aqui. Senti como se eu estivesse com meus amigos de infância. Até vídeo game jogamos.

A semana seguinte se passou da mesma forma. Estava tudo perfeito. Eu e a Tati nos dávamos melhor a cada dia. Eu a sentia como uma irmã mais nova. Era legal ter alguém pra me divertir, conversar, dividir as coisas e eu poder cuidar. Tínhamos uma relação de irmãos mesmo. A amizade era intensa. Assim também estava minha amizade com Fred. Algumas vezes jogávamos futebol com os meninos em uma praçinha ali perto. Ele já se recuperava do término do namoro, pois já até cogitava sobre outras gatinhas. E a Tati também havia se aproximado da Liane e da Raquel. Quando a Luiza dormia na casa do Téo. O que era quase sempre, a Tati ficava até tarde na casa das meninas vendo filme, conversando e uma vez até dormiu lá. O JP ficou bolado quando eu e o Fred falamos da Suzana. E a Suzana... Ah, a Suzana. Ficamos mais outras vezes, mas não havíamos ido além, ainda. Acredite ou não, não tinha um lugar legal. Ela morava com o irmão mais velho, então não rolava no apto dela. E eu não me sentia confortável levando–a pro meu apto. O fato de ter outra pessoa dividindo–o comigo, me incomodava. Mas ela sabia como me deixar louco. Esse mês a conta de energia veio até mais baixa. Deve ter sido de tanto que eu precisei usar o chuveiro de água gelada. Isso fez a energia diminuir. E aquela matéria que eu pagava com a Mabi? Estava deliciosa, digo, era legal.

O mês passou voando e já estávamos perto do carnaval. O pessoal do prédio estava querendo ir à um clube e eu iria topar o que eles me propusessem. Meus pais queriam que eu fosse ficar o feriado viajando com eles. Mas nem rolava, eu queria curtir com meus novos amigos. Combinamos todos de sentarmos todos juntos no intervalo de uma das aulas. Era quinta e o carnaval começaria na sexta à noite. Às 18 h estávamos no refeitório da faculdade. O JP, como sempre, era o mais animado. Ele queria ir a todas as festas que teriam na cidade. Acredito que ele queria era pegar o maior número de meninas possíveis.

– acho que se formos todos os dias, vamos ficar muito cansados rapidamente – a Raquel falou.

– também acho. Podemos revezar os dias de festa – a Luiza sugeriu.

– vamos pro baile, pra rua, trio. O que? – o Fred perguntou.

– vamos começar por amanhã – o Téo disse – onde iremos ir?

– na avenida? – a Tati perguntou tímida. Ela nunca sugeria os programas, pois não conhecia nenhum.

– pode ser – JP deu de ombros – vamos dar uma volta lá. Beber um pouco e veremos onde tem festa. Combinado?

– certo – concordei – e sábado? Vamos naquele baile famoso?

– claro. É ótimo – a Raquel concordou.

– e a parte de revezar pra descansar, entra onde? – a Liane perguntou.

– domingo podemos ir à praia – a Tati disse com receio de falar.

– boa idéia. Dá pra tomar um banho, relaxar, pegar um sol – a Liane disse.

– e vamos sair no trio quando? Segunda ou terça? – a Luiza perguntou.

– depois a gente vê as bandas que sairão. Beleza? – o Téo finalizou o papo.

Voltamos pra aula e não falamos mais nisso.

[...]