Fanfic: Belo Desastre - Laliter | Tema: Quase Anjos

Aquele não era o meu lugar! Vozes viravam borrões enquanto pessoas gritavam números e nomes acotovelando-se para trocar dinheiro e gesticulando para se comunicar melhor em meio a tanto barulho. Passei espremida por aquela multidão, logo atrás da Eugênia e do seu namorado.

Nicolas: Fiquem perto de mim, isso piora quando a luta começa. – avisou alto para ser ouvido. Eugênia segurou a mão dele e depois a minha, enquanto seu namorado nos guiava no meio de tanta gente.

- Bem vindos ao banho de sangue. – o som agudo ecoou. O garoto estava em pé sobre uma cadeira e com um rolo de dinheiro na mão, em outra mão ele segurava um megafone. – Sou o André. Quem faz as regras e convoca as lutas sou eu. Nada de encostar-se aos lutadores, nem ajudar, nem mudar a aposta no meio da luta, muito menos invadir o ringue. Quebrando as regras, vocês serão esmagados e jogados para fora, isso vale para as garotas também. Então não usem suas vadias para fraudar o sistema.

Nicolas: Que isso André! – ele gritou em clara desaprovação das palavras do amigo, enquanto balançava a cabeça.

Meu coração batia forte dentro do peito. Eu havia prometido a Eugênia que conseguiria lidar com aquilo, mas aquele lugar era imundo e me dava medo. Ela nunca me colocaria em perigo, mas entrar em um porão com mais ou menos 50 universitários bêbados sedentos por sangue e dinheiro me causava arrepios.

Depois que Eugênia conheceu Nicolas na recepção de calouros, com freqüência, ela o acompanhava às lutas secretas que aconteciam em diversos porões da universidade. Cada evento era realizado em um local diferente que permanecia secreto até uma hora antes da luta.

Quando soube desse submundo, fiquei horrorizada já que sempre freqüentei círculos comportados. Mas Nicolas sempre teve conhecimento daquilo, antes mesmo de fazer parte. Seu primo, Peter, participara de sua primeira luta há meses atrás. Rumores diziam que ele era o competidor mais letal que o círculo já teve, Peter era imbatível. Juntos, ele e Nicolas pagavam o aluguel e as contas do seu apartamento com o dinheiro que ganhavam nas lutas.

André: Esta noite temos um novo desafiante. O lutador de luta livre e astro da Bastem, Marcos Young. – disse com o megafone em sua boca, de novo. Os gritos e movimentos aumentaram em um ritmo febril.

Todos aplaudiram e gritaram assim que Marcos entrou na sala se pondo ao meio do círculo formado por pessoas. Ele dava pulinhos para se preparar e girou o pescoço de um lado para o outro, estava sério e compenetrado. A multidão aquietou-se restando apenas um rugido abafado.

André: O próximo lutador dispensa apresentação, mas, como eu morro de medo dele, vou apresentá-lo mesmo assim. Rapazes tremam nas bases e fiquem de pernas abertas garotas. Com vocês, Peter “cachorro louco” Maddox.

Houve uma explosão de sons quando ele apareceu do outro lado da sala. Peter estava sem camisa, relaxado e confiante. Caminhou a passos largos até o centro do círculo e, com os músculos firmes estirados sob a pele tatuada, cumprimentou Marcos estalando os punhos cerrados nos nós dos dedos do adversário. Os dois se encaravam. A expressão de Marcos era assassina e Peter parecia achar um pouco de graça em tudo aquilo.

Nicolas: O que diabo está fazendo aqui? – senti cinco dedos se afundarem em meu braço e me virei para encarar Nicolas que estava com uma expressão séria. – Você deveria estar com a gente ali.

Lali: Eu não conseguia ver nada de lá de trás. – gritei em resposta e me virei bem a tempo de ver Peter golpeando seu adversário, segundos depois de André dar um sinal para o início da luta.

Marcos ainda tentou acertar Peter com um soco poderoso, mas este conseguiu desviar. Peter fez um círculo e esmagou o nariz do adversário com seu cotovelo. Gotas de sangue borrifaram o meu rosto e se espalharam na minha blusa. Marcos caiu no chão de cimento com um som oco e, por um breve momento, a sala ficou em total silêncio.

Depois a multidão explodiu e eu fui empurrada com todo aquele movimento. Eugênia gritava meu nome em algum lugar lá de trás, mas eu estava hipnotizada com a trilha vermelha de sangue que ia do meu peito até a cintura, era o sangue do homem que estava caído no chão.

Um pesado par de botas pretas parou diante de mim, desviando minha atenção para o chão. Meus olhos foram se voltando para cima: jeans manchado de sangue, músculos abdominais definidos, um peito tatuado ensopado de suor e, finalmente, um par de cálidos olhos verdes. Fui empurrada outra vez, mas Peter me segurou pelo braço antes que eu caísse.

Peter: Ei! Cuidado com ela, idiota. – enxotando qualquer um que chegasse perto de mim. Sua expressão séria se derreteu em um sorriso quando ele viu minha blusa e, então, limpou meu rosto com um lenço. – Desculpe-me por isso, Beija-Flor.

André: Vamos lá cachorro louco, tem uma galera esperando por você. – André deu umas tapinhas na nuca de Peter, mas seus olhos não desviaram dos meus.

Peter: Foi uma pena ter manchado seu suéter. Fica tão bem em você. – no instante seguinte, ele foi engolfado pelos fãs, desaparecendo da mesma maneira como tinha aparecido.

Eugênia: No que estava pensando, sua imbecil? – gritou Eugênia puxando meu braço. – Eu sei que você veio para ver a luta, mas precisava chegar tão perto do círculo?

Nicolas: Vocês nem deveriam estar aqui. – disse ele em um tom de bronca. – Vamos! – Eugênia sorriu para mim e limpou meu rosto. Ela me abraçou forte e fomos embora.

Êeee, o primeiro capítulo foi postado e cabe a vocês dizer o que acharam dele. Espero que tenham gostado. E muito obrigada aos leitores que favoritaram e comentaram pedindo o 1° capítulo. Aí está, para vocês! Beijos amores :*

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