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Capítulo: 14? Capítulo

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O caminho que levava a ponte levadiça se curvava como o ventre de uma serpente ao longo da escarpada ascensão. Depois de que o último de seus homens tivesse deixado atrás as pranchas de madeira que atravessavam o fosso, Christopher fez avançar a seuss arreios. O corcel estava impaciente por chegar a seu destino, e corveteo com um nervoso passo lateral que sacudiu a coxa de Dulce o suficiente para que este voltasse a lhe doer. Dulce fez uma careta ao sentir a pontada, sem dar-se conta de que estava apertando o braço de Christopher.
Ele soube que Dulce sentia dor. Baixou o olhar para ela, viu sua expressão de esgotamento e torceu o gesto.
- Logo poderá descansar, Dulce. Agüenta só um pouquinho mais - murmurou-lhe com voz enrouquecida pela preocupação.
Dulce assentiu e fechou os olhos.
Quando chegaram ao pátio, Christopher desmontou rapidamente e logo agarrou os braços de Dulce. Sustentou-a com firmeza junto a seu peito, deu meia volta e pôs-se a andar para seu lar.
O caminho estava cheio de soldados. Eddy esperava com dois homens diante das portas do castelo. Dulce abriu os olhos e olhou Eddy. Pensou que parecia perplexo, mas não ocorreu a que podia dever-se.
Até que se tiveram aproximado um pouco mais Dulce não se deu conta de que Eddy não a estava olhando, e então a surpreendeu que a atenção deste se achasse totalmente centrada em suas pernas. Olhando para baixo, viu que sua capa já não estava ocultando sua ferida. O maltratado vestido pendurava detrás dela como um estandarte rasgado. Quão único a cobria agora era o sangue, fluindo em um incessante emanar ao longo de toda sua perna.
Eddy se apressou a abrir as portas de uma grande entrada dupla que diminuiu aos homens. Uma rajada de ar cálido deu a boas vindas a Dulce quando chegaram ao centro de um pequeno vestíbulo.
- A escada está no lado equivocado - disse de repente.
- Não, Dulce. Está no lado correto - respondeu-lhe Christopher.
Dulce pensou que sua observação parecia havê-lo divertido.
- Esse não é o lado, correto - contradisse-o - . A escada sempre está no lado direito da parede. Isso todo mundo sabe - acrescentou com uma grande autoridade.
Por alguma razão, enfurecia-a que Christopher não admitisse aquele defeito tão óbvio em seu lar.
- A escada está à direita a menos que se ordene deliberadamente que a construa à esquerda - respondeu Christopher.
Cada palavra tinha sido articulada com muito cuidado. De fato, Christopher se comportava como se estivesse educando a uma criança não muito acordada.
O porquê de repente encontrava tão importante aquela discussão era algo que ficava além da compreensão de Dulce. Mas lhe parecia que era muito importante, e jurou a si mesma que teria a última palavra sobre o tema.
- Então essa ordem terá sido dada por um ignorante - disse a Christopher, levantando a vista para ele para fulminá-lo com o olhar e lamentando que ele não estivesse olhando para baixo para vê-lo - . É um homem muito teimoso - acrescentou depois.
- E você é uma mulher muito teimosa - replicou Christopher. Logo sorriu, sentindo sentido prazer com sua observação.
  
Eddy seguia a seu irmão em silêncio. A conversa que estavam mantendo Christopher e Dulce lhe parecia ridícula, mas se sentia muito preocupado para que pudesse sorrir ante seu tolo bate-papo.
Eddy sabia que Derrick estaria esperando-os. Seu irmão médio certamente estaria dentro da sala. Anahi possivelmente também se encontraria ali. Eddy se deu conta de que agora estava preocupado por Dulce. Não queria que acontecesse nenhuma confrontação desagradável, e esperava que houvesse tempo para explicar a doce e delicada natureza de Dulce a seu irmão Derrick.
A preocupação do Eddy ficou temporáriamente abandonada quando Christopher chegou ao segundo nível e não girou para entrar na grande sala. Tomou a direção oposta, subiu por outra escada e logo entrou na boca da torre. Então seus passos se voltaram menos largos, e a procissão se viu um tanto freada pelas pronunciadas curvas.
A residência do alto da torre estava gelada. Havia um grande lugar para acender fogo aberto no centro do muro circular. Também se tinha acrescentado uma grande janela, justo ao lado daquela chaminé. A janela se achava totalmente aberta, e as portinhas de madeira se balançavam de um lado a outro para terminar chocando ruidosamente com os muros de pedra.
Junto ao muro interior havia uma cama, e Christopher tratou de ser o mais delicado possível quando depositou Dulce ali. Eddy os tinha seguido e Christopher foi dando ordens a seu irmão enquanto ia empilhando partes de madeira dentro da chaminé.
- Chame Gerty com um pouco de comida para Dulce, e diga a Derrick que traga seus remédios - disse-lhe - . Terá que utilizar sua agulha com Dulce.
- Colocará mil objeções - comentou Eddy.
- Fará-o de todas maneiras.
- Quem é Derrick?
A pergunta suavemente formulada procedia de Dulce. Tanto Christopher como Eddy se voltaram para olhá-la. Dulce estava tentando erguer-se para ficar sentada na cama, e franzia o cenho ante a impossibilidade da tarefa. Seus dentes começaram a tiritar devido ao frio e a tensão, e finalmente voltou a desabar-se sobre a cama.
- Derrick é nosso irmão médio, que nasceu entre Christopher e eu - explicou Eddy.
- Quantos Wexton há? - perguntou Dulce voltando a franzir o cenho.
- Em total há cinco - respondeu Eddy - . Mayte é a irmã maior e logo vem Christopher, logo Derrick, logo Anahi, e em último lugar eu - acrescentou com um sorriso - . Derrick se ocupará de sua ferida, Dulce. Conhece todas as maneiras de curar, e antes de que possa te dar conta, já voltará a estar como nova.
- Por que?
Eddy franziu o cenho.
- Por que, o que?
- Por que quer que volte a estar como nova? - perguntou Dulce, claramente perplexa.
Eddy não soube como lhe responder. Voltou-se para olhar Christopher, com a esperança de que ele desse resposta à pergunta de Dulce. Christopher tinha acabado de acender o fogo e agora estava fechando as portinhas. Sem dar a volta, ordenou:
- Faz o que te hei dito, Eddy.
O tom de sua voz não convidava a discutir a ordem, e Eddy foi o suficientemente sensato para obedecer. Tinha chegado até a porta antes de que a voz de Dulce o alcançasse.
- Não traga seu irmão. Posso me ocupar de minha ferida sem ajuda.
- Agora, Eddy.
A porta se fechou com um golpe seco.
Então Christopher se voltou para Dulce.
- Enquanto esteja aqui, não transgredirá nenhuma de minhas ordens. Ficou claro?
Estava indo para a cama com lentas e calculadas pernadas.
- Como vou entender, milord? - sussurrou Dulce - . Não sou mais que um peão, verdade? Não é assim como estão as coisas?
Dulce fechou os olhos antes de que ele pudesse assustá-la de algum jeito. Logo cruzou os braços em cima do peito, em uma ação que pretendia manter afastado ao frio que reinava na residência.
- Deixe morrer em paz - sussurrou a seguir, falando em um tom realmente muito melodramático. Deus, como desejava ter tido a força e a coragem necessárias para lhe gritar! Sentia-se muito desgraçada. Novas dores não demorariam para chegar se o irmão do Christopher também a tocava - . Não tenho o vigor que se necessita para poder suportar as cuidados de seu irmão.
- Sim o tem, Dulce.
O tom do Christopher não poderia ter sido mais doce, mas Dulce estava muito furiosa para que isso pudesse lhe importar.
- Por que tem que contradizer tudo o que digo? Isso é um defeito terrível - murmurou.
Então bateram na porta. Christopher respondeu com um grito enquanto cruzava a residência. Apoiou um ombro no suporte que havia em cima da lareira, com seu olhar dirigido a Dulce.
Dulce sentia muita curiosidade para manter fechados os olhos. A porta protestou com um chiado enquanto se abria, e uma mulher de avançada idade apareceu no vão. Levava uma bandeja de comida em uma mão e jarra na outra, assim como duas peles de animal debaixo de seu braço. A faxineira era uma mulher gordinha com olhos castanhos cheios de preocupação. Atreveu-se a lançar um apressado olhar a Dulce, e logo se voltou para seu senhor para lhe fazer uma torpe reverencia.
Dulce decidiu que a faxineira tinha muitíssimo medo do Christopher. Contemplou a pobre mulher, sentindo uma grande compaixão por ela enquanto a faxineira tratava de manter em equilíbrio os objetos que levava nas mãos ao mesmo tempo que fazia uma genuflexão.
Christopher tampouco o estava colocando nada fácil. Dirigiu-lhe uma seca inclinação de cabeça e logo a enviou para Dulce com um gesto. Não pronunciou nenhuma sozinha palavra de fôlego ou amabilidade.
A faxineira demonstrou ser muito rápida, porque virtualmente correu para a cama logo que Christopher ordenou o trabalho, tropeçando duas vezes antes de que chegasse a ela.
Colocou a bandeja de comida ao lado de Dulce e lhe ofereceu a jarra.
- Como se chama? - perguntou-lhe Dulce à faxineira, falando em voz muito baixa para que Christopher não pudesse ouvi-la.
- Gerty - respondeu ela.
Então a mulher se lembrou dos cobertores que levava debaixo do braço e se apressou a levar a tabela de comida à arca de madeira que havia junto à cama. Logo tampou Dulce com as peles de animais.
Dulce lhe dirigiu um sorriso de agradecimento, e aquilo animou à faxineira a remeter as peles de animal debaixo das pernas de Dulce.
- Pela maneira em que tremem, vejo que lhes estão morrendo de frio - sussurrou.
Gerty não sabia nada da ferida de Dulce. Quando empurrou a pele de animal contra a coxa ferida, Dulce apertou os olhos contra o insuportável insulto daquela nova dor e não disse uma palavra.
Christopher viu o que tinha ocorrido e pensou em gritar uma reprimenda à faxineira, mas o mal já parecia. Agora Gerty lhe estava entregando sua comida a Dulce.
- Obrigado por seu amabilidade, Gerty.
A aprovação de Dulce assombrou Christopher. Olhou a sua prisioneira, viu sua tranqüila expressão e se encontrou sacudindo a cabeça. Em vez de enfurecer-se com a faxineira, lady Dulce a tinha elogiado.
A porta se abriu de repente. Dulce se voltou para ela com os olhos exagerados pelo medo e viu como a porta ricocheteava uma vez contra a parede antes de ficar imóvel Um homem que era um autêntico gigante acabava de aparecer no vão com as mãos apoiadas nos quadris e uma careta feroz desenhada em sua face. Com um suspiro cheio de cansaço Dulce chegou à conclusão de que aquele era Derrick.
Gerty contornou a cama e se afastou pelo corredor no mesmo instante em que Derrick entrava na residência. Uma esteira de serventes o seguiu trazendo consigo terrinas cheias de água e um sortido de bandejas em cima das quais havia recipientes de estranhas formas. Os serventes depositaram suas bandejas no chão junto à cama e logo deram meia volta, inclinaram-se ante Christopher e se foram. Todos agiam igual a coelhos assustados. E por que não iriam fazer isso depois de tudo havia dois lobos na residência com Dulce e acaso isso não bastava para assustar a qualquer pessoa?
Derrick ainda não havia dito nenhuma palavra a seu irmão. Christopher não queria que acontecesse nenhum enfrentamento diante de Dulce. Sabia que ele ficaria furioso, e que isso assustaria Dulce. Mesmo assim tampouco ia retratar-se do que tinha feito.
- Não tem nenhuma boas vindas para dar a seu irmão, Derrick? - perguntou.
A mutreta funcionou. Derrick pareceu ficar surpreso pela pergunta, e seu rosto perdeu um pouco de sua ira.
- Por que não fui informado de seu plano para trazer de volta contigo à irmã do Guilhermo? - perguntou depois - . Acabo de me inteirar de que Eddy sabia desde o começo como coisas iam ser.
- E suponho que também alardeou disso - disse Christopher, sacudindo a cabeça.
- Fez-o.
- Eddy exagera, Derrick. Não tinha conhecimento algum de minhas intenções.
- E qual era a razão para manter em segredo este plano, Christopher? - perguntou Derrick.
- Você teria se oposto a ele - observou Christopher. Sorriu ante sua própria admissão, como se tivesse encontrado um grande prazer na discussão.
Dulce observou a mudança que aquilo produziu nas maneiras do Christopher. Estava realmente assombrada. Que austeramente arrumado lhe via quando sorria! Sim, pensou, parecia humano. Mas como, falou a si mesmo, era tudo o que se permitiria pensar a respeito da aparência do Christopher.
- Quando virou as costas a uma discussão? - gritou-lhe Derrick a seu irmão.
As paredes tinham que estar tremendo a causa do estrépito. Dulce se perguntou se tanto Derrick como Eddy sofreriam de algum problema de audição.
Derrick não era tão alto como Christopher, notava-se quando ambos estavam de pé tão perto um do outro.
Mas se parecia mais a ele que Eddy. Quando franzia o cenho seu rosto adquiria um aspecto quase igualmente ameaçador. Os traços faciais eram quase idênticos, seus franzimentos de cenho incluídos. Mas o cabelo do Derrick não era negro, a não ser tão marrom como um campo recém arado, abundante e grosso. Quando se voltou a olhá-la, Dulce acreditou ver um sorriso que iluminava aqueles escuros olhos castanhos antes de que acontecessem voltar-se tão frios como a pedra.
- Se pensa em gritar, Derrick, devo te dizer que ouço perfeitamente bem - - disse Dulce.
Derrick não replicou. Cruzou os braços em cima do peito e a olhou, escrutadoramente e durante um bom momento, até que Christopher lhe disse que visse sua ferida.
Quando o irmão médio foi para a cama, Dulce começou a assustar-se de novo.
- Preferiria que não te ocupasse de mim - disse, tratando de evitar que lhe tremesse a voz.
- Seus preferências não me concernem - observou Derrick. Agora sua voz era tão suave como o tinha sido antes a dela.
Dulce admitiu a derrota quando Derrick lhe pediu com um gesto que lhe mostrasse qual era a perna que devia atender. Derrick era o bastante enorme para obrigá-la a obedecer pela força, e Dulce precisava conservar todas suas energias para a dura prova que a aguardava.
A expressão do Derrick não se alterou quando ela levantou o cobertor. Dulce se assegurou de defender o resto de seu corpo de seu olhar. Depois de todo, ela era uma dama muito pudica e valia mais que Derrick entendesse aquilo do primeiro momento.
  
Christopher foi para o outro lado da cama. Franziu o cenho quando Derrick tocou a perna de Dulce e esta torceu o gesto em uma careta de dor.
- Será melhor que a sujeite, Christopher - observou Derrick. Sua voz se adoçou, e toda sua concentração estava obviamente dirigida para a tarefa que tinha por diante.
- Não! Christopher? - exclamou Dulce, não podendo manter afastada de seus olhos aquela expressão de frenesi.
- Não há nenhuma necessidade - explicou-lhe Christopher a seu irmão. Logo olhou Dulce e acrescentou - Se chegar a ser necessário, eu a sujeitarei para que não se mova.
Os ombros de Dulce voltaram a descender sobre a cama. Logo assentiu e uma expressão de calma se estendeu por seu rosto.
Christopher estava seguro de que teria que sujeitá-la, já que de outra maneira Derrick não poderia completar o trabalho de limpar a ferida e voltar a juntar a carne costurando-a. Haveria dor, intensa mas necessário, e o que gritasse durante aquela terrível prova não suporia nenhuma humilhação para uma mulher.
Derrick dispôs seus mantimentos e finalmente esteve preparado para começar. Olhou a seu irmão, recebeu seu assentimento de cabeça e se voltou para olhar Dulce. O que viu o deixou o bastante surpreso para que ficasse imóvel. Havia confiança naqueles magníficos olhos azuis, e nem o menor rastro de medo era visível neles. Derrick admitiu que Dulce era realmente formosa, tal como tinha assegurado Eddy.
- Pode começar, Derrick - murmurou então ela, interrompendo o curso dos pensamentos de Derrick.


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Autor(a): candyroxd

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:26:19

    Não para eu to lendo sua WN,
    e tó adorando, continua tá maravilhosa

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:25:39

    Continua, tá d+, adorei
    Tá perfeita, amei
    Posta+++
    Bjs

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:25:08

    Tá muito bom, não abandona

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:24:26

    Posta +++++++++
    Bjs

  • deborah Postado em 09/12/2007 - 13:04:07

    posta mias tá muito lega!!!


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