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Capítulo: 4? Capítulo

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Apenas prestou atenção a Dulce e manteve seu olhar dirigido para Christopher, mas ela pensou que se colocou ali para protegê-la. Tão só uns momentos antes tinha visto como Christopher o fazia um gesto ao moço.
Fazendo um desesperado esforço, Dulce tratou de centrar seu olhar no rosto do escudeiro. O moço mordiscava nervosamente o lábio inferior. Dulce não estava muito segura se aquela ação era causada pelo medo ou pela excitação e então o moço correu para diante, voltando a deixá-la desamparada.
Voltando-se para Christopher, Dulce viu que tinha deixado cair seu escudo e logo contemplou como o escudeiro corria a recuperá-lo para seu senhor.
Em sua pressa, o moço deixou cair sua própria adaga.
Dulce correu para ela, recolheu-a do chão e logo voltou para poste se por acaso se dava o caso de que Duncan olhasse para ela. Ajoelhou-se no chão, com sua capa ocultando sua ação, e começou a cortar a corda que lhe atava as mãos. O acre aroma da fumaça chegou até ela. Dulce levantou a vista justo a tempo de ver como uma língua de fogo estalava através da entrada aberta do castelo. Os serventes se mesclaram com os homens que combatiam, tentando ganhar sua liberdade enquanto corriam para as portas. O fogo correu atrás deles, abrasando o ar.
Simon, o primogênito do magistrado saxão e agora já um ancião, correu para Dulce. As lágrimas corriam por seu curtido rosto e o desespero tinha curvado seus robustos ombros.
- Pensava que lhes tinham matado, minha senhora - sussurrou enquanto a ajudava a ficar em pé.
O servente lhe tirou a adaga de entre os dedos e cortou rapidamente a corda com ela. Uma vez que ficou livre, Dulce lhe colocou as mãos junto aos ombros.
- Se salve, Simon - disse-lhe - . Esta não é seu batalha. Corre, se afaste daqui. Seu família te necessita.
- Mas você...
- Vai-te, antes de que seja muito tarde - implorou-lhe Dulce.
Sua voz soou enrouquecida pelo medo. Simon era um homem bom e temeroso de Deus que tinha sido muito amável com ela no passado. Achava-se preso, igual aos outros serventes, pela posição e a herança, atado pela lei à terra de Guilhermo, e por si só isso já era sentença mais que suficiente que um homem tenha que carregar. Deus não podia ser tão cruel para exigir também sua vida.
- Venha comigo, lady Dulce - suplicou-lhe Simon - . Esconderei-te.
Dulce sacudiu a cabeça, lhe negando aquilo que lhe pedia.
- Tem melhores possibilidades sem mim, Simon. O barão de Wexton iria detrás de mim. Não discuta, por favor - apressou-se a acrescentar quando viu que Simon se dispunha a protestar de novo - . Vai-te! - disse, gritando a ordem e lhe dando uma ênfase adicional quando suas mãos empurraram os ombros de Simon.
- Que o Senhor lhes proteja - murmurou Simon. Entregou-lhe a adaga e se voltou para dirigir-se para as portas. O ancião apenas se afastou uns quantos passos de sua senhora quando foi jogado ao chão pelo irmão de Christopher. Eddy, em sua pressa por atacar a outro dos soldados de Guilhermo, acabava de chocar acidentalmente com o servente. Simon já tinha conseguido ficar de joelhos quando Eddy se voltou subitamente, como se acabasse de dar-se conta de que havia outro inimigo mais à mão que o anterior.
A intenção de Eddy não podia estar mais clara para Dulce. Gritando uma advertência, apressou-se a colocar-se diante do Simon enquanto empregava seu corpo para proteger a seu servente da espada de Eddy.
- Te afasta a um lado! - gritou Eddy, com a espada levantada.
- Não! - Gritou Dulce a sua vez - . Terá que me matar para chegar até ele.
Eddy reagiu imediatamente elevando um pouco mais sua espada, o que indicava que isso ia ser precisamente o que faria. Seu rosto estava avermelhado pela fúria. Dulce pensou que Eddy era mais que capaz de matá-la sem que logo chegasse a padecer nem um só instante de remorso por isso.
Christopher viu o que estava acontecendo e correu imediatamente para Dulce. Todos sabiam que Eddy tinha muito mau humor, mas mesmo assim a Christopher não preocupava que seu irmão pudesse fazer mal a Dulce. Eddy morreria antes que infringir uma ordem. Irmão ou não, Christopher era barão dos feudos de Wexford e Eddy era seu vassalo. Eddy honraria esse vínculo e Christopher não tinha podido ser mais claro: Dulce lhe pertencia. Ninguém devia tocá-la. Ninguém.
Os outros serventes, quase trinta em total, também presenciaram o que estava ocorrendo. Quem não se achava o bastante perto da liberdade se apressaram a formar um grupo detrás do Simon em busca de amparo.
Dulce sustentou o olhar cheia de fúria do Eddy com uma expressão cheia de compostura, mostrando uma tranqüilidade que desmentia o terremoto que estava acontecendo em seu interior.
Christopher se deteve junto a seu irmão bem a tempo de observar a estranha reação de Dulce. Sua prisioneira elevou lentamente a mão para seus cabelos e logo se separou a espessa massa de cachos do lado de seu pescoço. Falando com uma voz que não podia estar mais cheia de calma, sugeriu que Eddy afundasse sua espada ali e, se tinha a bondade, que fosse o mais rápido possível ao fazê-lo.
Eddy pareceu ficar atônito com a reação de Dulce a sua fanfarronada, e foi baixando lentamente sua espada até que a ponta ensangüentada ficou dirigida para o chão.
A expressão de Dulce não se alterou enquanto dirigia sua atenção para o Christopher.
- É que o ódio que sente pelo Guihermo se estende a seus serventes? - perguntou-lhe - . Matas a homens e mulheres inocentes porque a lei os obriga a servir a meu irmão?
Antes que Christopher pudesse articular uma resposta, Dulce lhe deu as costas. Logo agarrou da mão ao Simon e o ajudou a levantar-se.
- Ouvi dizer que o barão de Wexton é um homem de honra, Simon. Não te separe de mim. Faremo-lhe frente juntos, meu querido amigo. - E, voltando-se novamente para o Christopher, acrescentou - : e veremos se este nobre é um homem de honra ou se não se diferencia em nada de Guilhermo.
Então Dulce ficou subitamente consciente de que sustentava a adaga em sua outra mão. Escondeu a evidência detrás de suas costas até que sentiu um súbito rasgar-se no forro de sua capa, e logo deslizou a faca dentro da abertura, rezando para que a prega fosse o bastante forte para poder sustentá-lo. A fim de cobrir sua ação, gritou:
- Todas estas boas gente tentaram me proteger de meu irmão, e morrerei antes que ver como lhes coloca a mão em cima! A escolha é tua.
Quando respondeu a seu desafio, a voz do Christopher estava cheia de desprezo.
- A diferença de seu irmão, eu não faço presa dos fracos - disse ao Dulce - . Vai-te, ancião, e abandona este lugar. Pode te levar contigo a outros.
Os serventes se apressaram a obedecer. Dulce os viu correr para as portas; aquela amostra de compaixão por parte do guerreiro a surpreendeu.
- E agora, barão, tenho uma petição mais que te fazer - disse, voltando-se novamente para o Christopher - . Rogo-te que me mate agora. Já sei que sou uma covarde ao pedi-lo, mas a espera se está voltando insuportável. Faz o que deva fazer.
Acreditava que ele tinha intenção de matá-la. Christopher voltou a sentir-se assombrado por seus comentários, e decidiu que lady Dulce era a mulher mais estranha com a que ja encontrou.
- Não vou matar te, Dulce - anunciou antes de dar meia volta e afastar-se.
Uma súbita onda de alívio se desenhou de Dulce. Acreditava que Christopher lhe tinha respondido lhe dizendo a verdade. Quando lhe pediu que acabasse de uma vez com aquela vil ação, ele tinha parecido sentir-se tão surpreso que... Sim, agora lhe estava dizendo a verdade.
Dulce se sentiu vitoriosa pela primeira vez em toda sua existência. Tinha-lhe salvado a vida de Christopher, e viveria para poder falar disso.
A batalha tinha terminado. Os cavalos tinham sido liberados dos estábulos, e expulsos detrás dos serventes através das portas abertas uns instantes antes de que novas e destrutivas chamas devorassem a frágil madeira.
Dulce foi incapaz de sentir nem a menor sombra de indignação ante a destruição do lar de seu irmão. Aquele lugar nunca lhe tinha pertencido a ela. Ali não havia lembranças felizes.
Não, não tinha maneira de sentir indignação. A vingança do Christopher era o justo castigo aos pecados de seu irmão Guilhermo. Aquela escura noite se estava fazendo justiça graças à mão de um bárbaro vestido com roupas de cavalheiro, um radical para a maneira de pensar do Dulce, que se atrevia a passar por cima a forte amizade que unia ao Guilhermo com o rei da Inglaterra.
O que lhe tinha feito Guilhermo ao barão de Wexton para merecer semelhante represália? E que preço teria que pagar Christopher por sua ousadia? Exigiria Carlos II, quando se inteirasse daquele ataque, a vida de Christopher? Sem dúvida o rei comprazeria Guilhermo se ordenava semelhante ação. Diziam que Guilhermo exercia um insólito domínio sobre o rei, e Dulce tinha ouvido dizer que eram uns amigos muito especiais. Só na semana anterior se inteirou do que realmente significavam todas as obscenidades murmuradas em voz baixa. Marta, que tinha a língua muito larga e estava casada com o encarregado dos estábulos, tinha tido um grande deleite de revelar a baixeza de sua relação já entrada a noite, depois de ter bebido muitos goles de cerveja.
Dulce não tinha acreditado. Ficou vermelha e o negou todo, dizendo a Marta que Guilhermo tinha permanecido solteiro porque a dama a qual entregou seu coração tinha morrido. Marta se tinha zombado da inocência de Dulce, e finalmente terminou obrigando a sua senhora a admitir a possibilidade.
Até aquela noite, Dulce não tinha caído na conta de que alguns homens podiam chegar a agir muito intimamente com outros homens, e a revelação de que um desses homens era seu irmão e se dizia que o outro era o rei da Inglaterra fazia que todo fora ainda mais repulsivo. Seu asco se tornou físico: Dulce recordava que tinha vomitado o jantar, o qual fez Marta rir.
- Queimem a capela.
A ordem de Christopher ressonou através do pátio, fazendo que os pensamentos de Dulce voltassem para presente. Recolhendo as saias, correu imediatamente para a igreja com a esperança de ter tempo para tirar dali suas escassas posses antes de que a ordem fosse levada a cabo. Ninguém parecia estar lhe emprestando nenhuma atenção.
Christopher a interceptou no preciso instante em que Dulce chegava à entrada lateral. O barão de Wexton deixou cair bruscamente suas mãos sobre a parede, lhe impedindo o passo a ambos os lados. Dulce deixou escapar um ofego de surpresa e se voltou para elevar o olhar para ele.
- Não há nenhum lugar no que possa te esconder de mim, Dulce.
Sua voz era suave. Deus, quase parecia aborrecido.
- Não me escondo de ninguém - respondeu Dulce, tratando de manter afastada a ira de sua voz.
- Então, é que desejas arder com sua capela? - Perguntou-lhe Christopher - . Ou possivelmente pensa utilizar esse passadiço secreto do que me falou...
- Nenhuma das duas coisas - respondeu Dulce - . Todas as minhas posses se encontram dentro da igreja. Dispunha-me às recolher. Disse que não foste matar-me e pensei que poderia levar minhas coisas comigo.
Como Christopher não respondeu à explicação que ela acabava de lhe dar, Dulce fez outra tentativa. Dar forma a um pensamento coerente, não obstante, era algo que funcionava muito difícil com Christopher olhando-a tão fixamente.
- Não te pedirei uns arreios - disse-lhe - , a não ser unicamente minhas roupas que estão atrás do altar.
- Não me pedirá isso? - Christopher sussurrou a pergunta. Dulce não soube como reagir a ela, ou ao sorriso que tinha passado a lhe dedicar - . Realmente espera que eu acredite que estiveste vivendo na igreja?
Dulce desejou ter coragem suficiente para lhe dizer que dava igual o que ele acreditasse ou deixasse de acreditar. Deus, realmente era uma covarde! Mas os muitos anos de duras lições sobre como controlar seus verdadeiros sentimentos lhe foram de grande utilidade naquele momento porque lhe proporcionaram uma expressão tranqüila, obrigando a sua ira a ficar de lado. De fato, inclusive as arrumou para encolher-se de ombros.
Christopher viu inflamar a faísca da ira no azul dos olhos de sua prisioneira. Aquela emoção se advinha tão pouco com a serena expressão de seu rosto e desapareceu tão rapidamente, que esteve convencido de que não tivesse surpreso de não ter estado observando-a com tanta atenção. Para não ser mais que uma mulher, Dulce sabia controlar-se com assombrosa habilidade.
- Me responda, Dulce. Desejas que eu acredite que estiveste vivendo nesta igreja?
- Não estive vivendo ali - respondeu Dulce quando não pôde seguir suportando a penetrante olhar do Christopher nem um só instante mais
- Só escondi ali minhas coisas para assim poder escapar pela manhã.
Christopher franziu o cenho enquanto refletia sobre o que acabava de ouvir.
Acaso tomava por louco para pensar que ele chegaria a acreditar uma história tão descabelada? Nenhuma mulher abandonaria as comodidades de seu lar para viajar durante aqueles meses tão duros. E aonde queria que acreditasse que se dirigia?
Tomou a rápida decisão de demonstrar a falsidade da história do Dulce, só para ver qual era sua reação quando a mentira fosse descoberta.
- Pode ir recolher seus coisas - disse-lhe.
Dulce não ia discutir sua boa sorte. Acreditou que ao dar sua aprovação, Christopher também estava aceitando seu próprio plano para deixar a fortaleza.
- Então posso deixar esta fortaleza?
A pergunta saiu de seus lábios antes de que pudesse conter-se. E Deus, como lhe tremeu a voz ao fazê-la.
- Sim, Dulce, deixará esta fortaleza - conveio Christopher.
Chegou a lhe sorrir. Aquela súbita mudança em sua disposição deixou um pouco preocupada a Dulce. Elevou o olhar para ele, tratando de lhe ler a mente. Era uma tarefa impossivel, como compreendeu em seguida. Christopher ocultava muito bem seus sentimentos, muito para que ela pudesse decidir se estava dizendo a verdade ou não.
Passando por debaixo de seu braço, Dulce pôs-se a correr pelo corredor que havia na parte de atrás da igreja com Christopher indo detrás dela.
O pequeno saco de roupas seguia estando onde o tinha escondido no dia anterior. Dulce tomou em seus braços e logo se voltou para olhar a Christopher. Dispunha-se a lhe expressar sua gratidão, mas titubeou assim que voltou a ver a expressão de surpresa em seu rosto.
- Não acreditavas? - perguntou, e em sua voz havia tanta incredulidade como a que se achava presente na expressão dele.
Christopher lhe respondeu com um franzimento de cenho. Logo deu meia volta e saiu da igreja andando com passo rápido e decidido. Dulce o seguiu. Agora suas mãos estavam tremendo de uma maneira que era quase violenta em seus intensos estremecimentos. Dulce decidiu que só se tratava do horror da batalha que tinha presenciado e que começava a sortir efeito. Tinha visto tanto sangue, tantos mortos... Seu estômago e sua mente se rebelavam, e o único que podia fazer era rezar para que fora capaz de manter a compostura até que Christopher e seus soldados se forem.
Assim que saiu da capela, arrojaram tochas acesas ao interior dela. Como ursos famintos, as chamas devoraram o edifício com uma selvagem intensidade.
Dulce esteve contemplando o fogo durante um bom momento, até que se deu conta de que se estava agarrando à mão de Christopher. Então se separou imediatamente dele.
Voltou-se e viu que tinham levado ao pátio interior os cavalos dos soldados. A maior parte dos homens de Christopher já tinham montado e aguardavam ordens. No centro do pátio esperava a mais magnífica das bestas, um enorme corcel branco quase duas mãos mais alto que qualquer dos outros cavalos. O escudeiro de cabelos loiros permanecia imóvel diretamente em frente do animal, tentando conservar as redias em suas mãos sem que tivesse muito êxito nesse trabalho. Aquele impressionante animal sem dúvida pertencia a Christopher, uma besta adequada para a estatura e a fila do barão.
Christopher assinalou o corcel a Dulce, lhe indicando que devia ir para ele. Dulce franziu o cenho ante sua ordem, mas logo pôs-se a andar instintivamente para o enorme cavalo. Quanto mais perto estava dele, mais assustada se sentia. Um negro pensamento foi cristalizando no canto mais escondido de sua confusa mente.
Santo Deus, não iam deixa-la ali.
Dulce respirou fundo, tentando acalmar-se. Disse a si mesma que estava muito afetada para pensar com claridade. Pois claro que o barão não ia levar-la consigo. Por que ia fazer tal coisa, quando ela não era o bastante importante para tomar tais moléstias?
Decidiu que mesmo assim precisava ouvir sua negativa.
- Não pensará me levar contigo, verdade? - balbuciou. Sua voz soou claramente enrouquecida pela tensão, e soube que não tinha conseguido evitar que o medo chegasse a fazer ato de presença nela.


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Autor(a): candyroxd

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:26:19

    Não para eu to lendo sua WN,
    e tó adorando, continua tá maravilhosa

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:25:39

    Continua, tá d+, adorei
    Tá perfeita, amei
    Posta+++
    Bjs

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:25:08

    Tá muito bom, não abandona

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:24:26

    Posta +++++++++
    Bjs

  • deborah Postado em 09/12/2007 - 13:04:07

    posta mias tá muito lega!!!


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