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Capítulo: 5? Capítulo

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Christopher foi até Dulce. Agarrou-lhe o saco e o jogou em seu escudeiro. Então Dulce teve sua resposta. Elevando o olhar para Christopher, viu-o montar rapidamente e logo lhe estender a mão.
Dulce começou a retroceder. Que Deus a ajudasse, mas ia desafiar-lo! Sabia que se tentava escalar a distância que a separava do alto daquele cavalo dele que parecia um demônio, terminaria cobrindo-se de o controle assim mesma perdendo o conhecimento ou, o que seria ainda pior, começar a gritar. Se tinha que ser sincera, Dulce acreditava preferir a morte à humilhação.
O corcel lhe dava ainda mais medo que o barão. Dulce se achava tristemente falta de educação, e não possuía nenhuma sozinha das habilidades básicas que compunham a arte da subida. Lembranças de uns dias nos que ela ainda era muito jovem, quando Guilhermo tinha utilizado aquelas escassas lições de equitação que chegou a lhe dar como uma ferramenta mais para obter sua submissão, ainda retornavam a sua memória de vez em quando. Agora que já era uma mulher, Dulce se dava conta de que não havia razão alguma para todos esses medos deles, mas mesmo assim a criança assustada que havia dentro dela continuava rebelando-se tercamente com um temor tão obstinado como carente de lógica.
Deu outro passo atrás. Então sacudiu lentamente a cabeça, rechaçando a ajuda de Christopher. Sua decisão tinha sido tomada. Com isso a obrigaria a matá-la se o barão realmente estava disposto a fazer tal coisa, mas Dulce não ia subir ao corcel.
Sem pensar nem por um só instante em aonde ia, Dulce deu meia volta e pôs-se a andar. Tremia de tal maneira que deu vários tropeções. O pânico ia crescendo rapidamente dentro de seu ser até que terminou vendo-se quase cegada por ele, mas mesmo assim manteve o olhar firmemente dirigido para o chão e continuou andando para diante, dando um passo resolvido detrás de outro.
Deteve-se quando chegou ao corpo mutilado de um dos soldados de Guilhermo. O rosto do homem se achava horrivelmente desfigurado. Aquele espetáculo demonstrou ser o ponto mais à frente do qual Dulce já não podia seguir adiante. Ficou imóvel ali, no centro do açougue, contemplando ao soldado morto até que ouviu o eco longínquo de um grito cheio de agonia. O som não podia ser mais dilacerador. Dulce se levou as mãos aos ouvidos para tratar de sossegar aquele ruído, mas a ação não serviu de nada. O horrível som seguiu e seguiu.
Christopher esporeou a seu cavalo fazendo-o avançar assim que ouviu que Dulce começava a gritar. Chegou até ela, inclinou-se e tomou em seus braços, levantando-a rapidamente do chão sem que tivesse necessidade de fazer nenhum esforço para isso.
Dulce deixou de gritar assim que ele a tocou. Christopher dispôs sua grosa capa até que sua prisioneira ficou completamente coberta por ela. O rosto de Dulce descansava sobre os elos de aço de sua cota, mas mesmo assim Christopher dedicou tempo e atenção a jogar para diante uns quantos pregas da capa dela, de tal maneira que sua bochecha ficasse em cima do suave forro de pele de ovelha.
Nem por um só instante lhe pareceu que houvesse nada de estranho naquele repentino seu desejo de tratá-la com delicadeza. A imagem de Dulce ajoelhando-se ante ele e tomando seus pés quase congelados debaixo de seu próprio vestido para lhes dar calor passou rapidamente ante seus olhos. Aquilo tinha sido um ato de bondade, e agora Christopher não podia fazer menos por ela. Depois de tudo, ele era o único responsável por que Dulce tivesse sentindo tal dor em primeiro lugar.
Dulce deixou escapar um prolongado suspiro. Já parecia. Por todos os infernos, e pensar que além disso tinha começado sendo um plano tão fácil de levar a cabo! Sempre se podia confiar em uma mulher para que o complicasse todo.
Agora havia muitas coisas que tinha que voltar a examinar. Embora o barão sabia que Dulce não era consciente disso, não cabia dúvida de que ela o tinha complicado todo. Disse-se a si mesmo que teria que colocar um pouco de ordem em toda aquela confusão. Agora o plano se viu alterado tanto se lhe gostava como se não, porque Christopher sabia, com uma certeza que o assombrava e o enfurecia de uma vez, que nunca deixaria Dulce partir.
Christopher sujeitou a sua prisioneira com mais força e finalmente deu o sinal de ficar em marcha. Ficou atrás para formar o final do longo cortejo. Quando o último de seus soldados tinha saído dali, e já só se encontrava flanqueado pelo Eddy e o jovem escudeiro, dedicou uns minutos preciosos a contemplar a destruição.
Dulce jogou a cabeça para trás para poder ver claramente o rosto do Christopher. Este teve que sentir como ela elevava o olhar para ele, porque baixou lentamente o seu até que se encontrou olhando-a diretamente aos olhos.
- Olho por olho, Dulce - disse-lhe.
Dulce esperou que lhe contasse algo mais, que explicasse o que era o que tinha feito seu irmão para provocar semelhante represália. Mas Christopher se limitou a seguir contemplando-a em silêncio, como se estivesse desejando com todas suas forças que ela entendesse. Dulce já tinha compreendido que ele não ia oferecer nenhuma desculpa para ser tão implacável. Os vencedores não precisavam justificar-se.
Voltou-se para as ruínas e então se lembrou de uma das histórias que lhe tinha contado seu tio, o pai Berton, a respeito das guerras púnicas que aconteceram na antigüidade. Havia muitas histórias que tinham ido sendo transmitidas com o passar do tempo, a maioria das quais estavam bastante mal vista pela Santa Igreja. Mas mesmo assim o pai Berton as tinha repetido a Dulce, educando a da maneira mais inaceitável possível e, de fato, de um modo que podia terminar sendo castigado mediante a imposição de uma severo disciplina no caso de que quem mandava na igreja tivessem chegado a ter idéia do que estava fazendo o sacerdote.
O açougue que acabava de presenciar tinha feito que Dulce se lembrasse da história de Cartago. Durante a terceira e última guerra entre dois grandes poderes, os vencedores destruíram por completo a cidade assim que Cartago teve caído. O que não tinha sido queimado até converter-se em cinzas tinha sido enterrado debaixo do fértil chão. Nem a uma sozinha pedra lhe permitiu seguir em cima de outra. Como última medida, os campos foram cobertos com sal para que nada crescesse ali no futuro.
A história se repetia aquela noite; agora tanto Guilhermo como tudo aquilo que lhe pertencia estavam sendo profanados.
- Delenda est Carthago - sussurrou Dulce para si mesmo, repetindo o juramento feito fazia já tanto tempo por Cartilha, um tribuno da antigüidade.
A observação que acabava de fazer Dulce deixou um pouco surpreso Christopher, que se perguntou como tinha chegado a adquirir tal conhecimento.
- Certo, Dulce. Ao igual a Cartago, seu irmão deve ser destruído.
- E eu também pertenço ao Guilh... a Cartago? - perguntou Dulce, negando-se a pronunciar o nome de seu irmão.
- Não, Dulce. Você não pertence a Cartago.

Fim do Capitulo 2

Dulce assentiu e depois fechou os olhos, inclinando-se para diante até que ficou apoiada no peito dele.
Christopher utilizou sua mão para lhe levantar o queixo, obrigando-a a que voltasse a olhá-lo.
- Não pertence ao Guilhermo, Dulce - disse-lhe - . A partir deste momento, pertence-me . Entendeste-o?
Dulce assentiu com a cabeça.
Christopher afrouxou a pressão com que a sujeitava quando viu o muito que a estava assustando. Seguiu contemplando-a por um instante e logo muito devagar e, sim, com muita delicadeza, cobriu-lhe a face com a capa.
Desde seu cálido esconderijo junto a ele, Dulce falou em um sussurro:
- Parece-me que preferiria não pertencer a nenhum homem.
Christopher a ouviu. Um lento sorriso atravessou seu rosto. O que quisesse ou deixasse de querer lady Dulce não significava absolutamente nada para ele. Porque agora lhe pertencia, tanto se o desejava como se não.
Lady Dulce tinha selado seu próprio destino.
Tinha-lhe esquentado os pés.

Capítulo 3

Tratar com injustiça desonra mais que padecê-la.

PLATÓN, Gorgias

Foram para o norte, cavalgando sem parar durante o resto da noite e a maior parte do dia seguinte, detendo-se só em um par de ocasiões para dar uma pausa a seus cavalos da árdua marcha imposta pelo barão. A Dulce lhe permitiu desfrutar de uns quantos momentos de intimidade, mas o fato de que suas pernas apenas se pudessem sustentar seu peso convertia a tarefa de atender suas necessidades pessoais em uma exaustiva prova; além disso, antes de que tivesse tido ocasião de estirar seus músculos que não paravam de protestar, voltava a ser içada ao corcel de Christopher.
Como o fato de que fossem muitos lhes proporcionava segurança, Christopher decidiu seguir pelo caminho principal. Era um péssimo atalho no melhor dos casos, com muita espessura e ramos nus que convertiam a marcha em uma contínua provocação inclusive para o mais acostumado dos cavalheiros. Os escudos dos homens permaneciam elevados durante a maior parte do tempo. Dulce, entretanto, achava-se bem protegida, firmemente circundada como estava debaixo da capa do Christopher.
Os soldados contavam com o bom serviço que lhes emprestava sua pesada equipe, salvo os que se tocavam com os cascos cónicos que deixavam a face ao descoberto e cavalgavam com as mãos nuas; graças a isso o estado de abandono do atalho não tinha mais efeito sobre eles que o de fazer ir um pouco mais devagar.
  
A cruel tortura que supôs aquela cavalgada se prolongou durante quase dois dias. Quando Christopher anunciou que iriam passar a noite em um claro que tinha divisado, Dulce já estava firmemente convencida de que o barão não era humano. Tinha ouvido como os homens se referiam a quem os mandava como um lobo e entendeu muito bem aquele odioso paralelismo, porque Christopher luzia o perfil dessa terrível besta de presa em cima de seu brasão branco e azul. Aquilo a levou a fantasiar que a mãe de seu captor tinha que ter sido uma diabinha surta do inferno e seu pai um enorme e feio lobo, e que essa era a única razão pela qual podia chegar a manter uma marcha tão exaustiva e desumana.
Quando por fim se detiveram passar a noite, Dulce estava morta de fome. Sentou-se em um penhasco e contemplou como os soldados se ocupavam de suas monturas. Essa era a primeira preocupação de um nobre, decidiu Dulce, sabendo como sabia que um nobre perdia toda efetividade sem seu corcel. Sim, os cavalos estavam primeiro.
A seguir se acenderam pequenas fogueiras, com oito a dez homens ao redor de cada uma delas, e quando todos os fogos ficaram acesos, houve ao menos trinta fogueiras, perfilando todas elas os cansados ombros de quão soldados ao fim estavam felizes por descansar. A comida chegou em último lugar, um parco jantar consistente em pão duro e queijo que tinha ido ficando amarelo. Chifres cheios de uma cerveja que sabia a sal circularam também entre os homens, mas Dulce se fixou em que os soldados só bebiam uma pequena porção dela. Pensou que a cautela possivelmente se impôs a seu desejo de desfrutar da bebida, porque certamente precisariam encontrá-lo mais limpos possível durante aquela noite, acampados como se achavam em uma posição tão vulnerável.
Estava o sempre presente perigo das bandas formadas por homens que, tendo perdido seu lar, converteram-se em abutres que esperavam a ocasião de cair sobre quem quer que fosse mais fraco que eles, e também estavam as bestas selvagens que percorriam os bosques com uma intenção muito parecida.
O escudeiro de Christopher tinha recebido a ordem de ocupar-se de atender as necessidades do Dulce. O moço se chamava Ansel, e Dulce em seguida soube pelo franzimento de seu cenho que o trabalho que lhe tinham atribuído não era muito de seu agrado.
Quão único consolava a Dulce era saber que cada légua que foram avançando para o norte a aproximava uma légua mais a seu próprio destino secreto. Antes de que o barão de Wexton interferisse com seus planos, ela tinha estado planejando sua própria fuga. Ia à casa de sua prima Edwythe em Escócia. Agora Dulce compreendia quão ingênua tinha sido ao pensar que seria capaz de levar a cabo semelhante tarefa. Sim, já se tinha dado conta de sua loucura e inclusive admitia que não tivesse chegado a durar mais de um dia abandonada a seus próprios recursos, montando a única égua do estábulo de Guilhermo que não a teria feito cair de sua cadeira. A égua, com a garupa bastante caída e já muito velha, não tieria tido a resistência necessária para semelhante viagem. Sem uma arreios robusta e uma roupa adequada, a fuga não teria sido mais que uma forma de suicídio. E o mapa que Dulce tinha desenhado a toda pressa apoiando-se na memória cheia de vãos do Simon a teria feito ir em círculos.
Embora admitia que em realidade não era mais que um sonho insensato, Dulce decidiu que teria que seguir agarrando-se a ele. Agarrou-se a aquele brilho de esperança pela singela razão de que era quão único tinha. Christopher certamente vivia o bastante perto da fronteira escocesa para que se pudesse chegar até ela a pé. Quão longe poderia estar da casa da prima de Dulce? Possivelmente inclusive poderia ir até la andando.
Os obstáculos terminariam vencendo-a no caso de que lhes permitisse chegar a encontrar um ponto de apoio. Dulce deixou a um lado a razão e se concentrou em fazer a lista de tudo o que ia necessitar. Primeiro um cavalo que pudesse levá-la, logo as provisões e, em último lugar, a bênção de Deus. Depois de haver o pensado um pouco, Dulce decidiu que tinha investido a ordem de importância, e acabava de colocar a Deus no primeiro lugar da preparada e ao cavalo no último quando viu Christopher dirigindo-se para o centro do acampamento. Santo céu, acaso não era Christopher o maior de todos os obstáculos aos quais teria que enfrentar-se? Sim, Christopher, em parte homem e em parte lobo, seria o obstáculo mais difícil de quantos deveria superar.
Christopher não lhe havia dito nenhuma sozinha palavra desde que tinham saído da fortaleza de Guilhermo. Durante esse tempo, Dulce esteve a ponto de enlouquecer de preocupação de tanto pensar naquela apaixonada afirmação de que agora lhe pertencia. E o que se supunha que significava isso exatamente? Desejou ter tido o coragem de lhe exigir uma explicação. Mas agora o barão se mostrava tão frio e distante com ela que Dulce o encontrava muito aterrador para que se sentisse capaz de aproximar-se.
Deus, estava esgotada. Não podia preocupar-se com ele agora. Quando tivesse descansado, já encontraria alguma maneira de escapar. Esse era o primeiro dever de uma prisioneira, não?
Dulce sabia que ela não tinha nenhuma experiência no que fazia referência a tais questões. Do que servia que soubesse ler e escrever? Ninguém chegaria ou seja jamais daquela insólita habilidade dela, dado que não se considerava aceitável que uma mulher tivesse recebido semelhante classe de instrução. Mas se a maioria dos nobres nem sequer eram capazes de escrever seus próprios nomes! Confiavam nos clérigos para que se encarregassem de desempenhar aquelas tarefas tão carentes de significado para eles.
Dulce não culpava a seu tio de sua falta de instrução. Aquele sacerdote ao que sempre tinha querido tanto sentiu prazer em lhe ensinar todas as histórias da antigüidade. A que contava as aventuras do Odiseo terminou chegando a ser a favorita de Dulce. O guerreiro mitológico se converteu em seu companheiro quando era uma garota que passava todo seu tempo terrivelmente assustada. Dulce fingia que Odiseo se encontrava sentado junto a ela durante as largas e escuras noites, ajudando-a a mitigar seu medo de que Guilhermo viesse e a levasse de volta para casa.
Guilhermo! Seu negro nome bastava para fazer que lhe formasse um nó no estômago. Sim, seu irmão era a verdadeira razão pela que agora Dulce carecia de todas as habilidades necessárias para a sobrevivência. Nem sequer era capaz de montar a um cavalo, pelo amor de Deus! Isso também tinha sido culpa de Guilhermo. Seu irmão a tinha levado a cavalgar umas quantas vezes, quando ela tinha seis anos, e Dulce ainda recordava aquelas saídas com tanta claridade como se tivessem sido no dia anterior. Como tinha feito o ridículo Dulce, ou ao menos isso era o que lhe tinha gritado Guilhermo, dando botes sobre a cadeira igual a se fosse um montão de palha precariamente amarrado a seu suporte!


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Autor(a): candyroxd

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E assim que seu irmão se deu conta de quão assustada estava Dulce, o que fez foi atá-la à cadeira de montar e lhe dar uma palmada na garupa ao cavalo para que se lançasse em um desenfreado galope através dos campos.O terror de Dulce tinha excitado a seu irmão. Quando ela finalmente aprendeu a ocultar seu medo, Guilhermo cessou ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:26:19

    Não para eu to lendo sua WN,
    e tó adorando, continua tá maravilhosa

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:25:39

    Continua, tá d+, adorei
    Tá perfeita, amei
    Posta+++
    Bjs

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:25:08

    Tá muito bom, não abandona

  • marques Postado em 10/07/2008 - 20:24:26

    Posta +++++++++
    Bjs

  • deborah Postado em 09/12/2007 - 13:04:07

    posta mias tá muito lega!!!


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