Fanfic: Esperanças

 Estava um silencio na casa. As velas haviam sido apagadas e todos já estavam em seus devidos quartos, com a cabeça pregada no traveseiro sem conseguir dormir. O dia logo nasceria, Dulce triste pensou em seu quarto, deitada na cama olhando atraves da janela. Nunca desejou tanto a eterna escuridão. O medo e anciedade a corroiam por dentro, suas palavras não poderiam ser de completa verdade, não é? Ela pensou.
08 de abril de 1846 ~ 5 anos atrás ~
Era como se as estrelas estivessem caindo do céu, pessoas gritavam, bebês e crianças choravam, depois de altos barulhos uma nuvem de fumaça cobria toda a cidade. O dessespero era visto nas ruas, pessoas imundas, feridas e assustadas por todos os lados. Escondidos em um dos becos escuros das ruas estreitas, o coração acelerado e a respiração ofegante era o unicio barulho que se permitiam fazer. O bebê apertado nos braços de Dulce não chorava como os outros, de algum modo sabia que sua sobrevivencia dependia daquele silencio. A menina pequena, de 6 anos estava com as mãos presas segurando as calças do pai, como um gato entre das pernas do mesmo. Christopher depois de mais uma espiada pela fresta das paredes virou-se para Dulce, apertou mais seus braços, olhou para o bebê o olhou fundo nos olhos dela.
- Siga reto até os portões, tenho certeza que ainda estaram abertos. Haja o que houver, não olhe para trás. Leve-as até as colinas, estarão seguras lá. - Ele sussurrava, sua voz parecia segura de suas palavras ao mesmo tempo que os olhos estavam tristes. Dulce deixou um grito de agonia irromper o silencio.
- Não ! Não irei embora sem você. Se ficar ira morrer, não me force a arrancar o meu coração do peito e viver sem ele. - Lagrimas silenciosas molharam seu rosto. Christopher a abraçou. Roberta, escondida nos seus pés ouvia tudo, quieta. A menina sabia o que aconteceria, entendia o que estava para acontecer. Seu rosto também ficou enxarcado e rapidamente limpou o rosto com os tratos de seu vestido.
- Não, amor. Não pedirei isso. Eu irei busca-la, algum dia e então voltaremos para cá. Não importa quando e como, eu voltarei por você. - Ele abraçou Roberta erguendo-a no colo. A mesma afundou a cabeça no seu pescoço. - E por elas.
Em meio a emoção, lagrimas e suas filhas Dulce e Christopher uniram seus lábios naquele ultimo beijo, antes que ele a empurrasse para fora do esconderijo e ela correr para a liberdade, sobrevivencia e solidão. Sem olhar para trás.
Então o som de vidro espatifando-se contra o chão de madeira tirou Dulce das suas lembranças. Ela enrolou-se em um roupão vermelho, não importou-se em deixar os cabelos soltos e não pos chinelos. Ela acendeu um castiçal antes de abrir sua porta, iluminando o corredor. Seus passos eram silencioos e ela automaticamente seguia os ruidos. Seus pensamentos ainda estavam longes, nas suas esperanças de um dia reencontra-lo, mesma sabendo que aquilo provavelmente nunca aconteceria. Seus ouvidos a levaram até a escadaria e em seguida para o terceiro andar. Cochichos ela ouvia, mas a luz somente revelou sua pequena Roberta e suas mãozinhas catando os cacos de vidro do chão. Passou rapidamente os olhos pela porta verde de detalhes de madeira, ela estava aberta, convidando-as para a escuridão de seu interior.
- De novo, mi niña? - Ela suspirou e disse. Roberta não se mexera, manteu seus olhos no chão e fingia não ouvir. Era uma criança que não vivera a infancia, até seus 5 anos a vida era perfeita. O sol iluminada um céu azul anil, colia maças do pomar atrás de sua casa, sentada no colo de seu pai e o ouvia contar historias sobre Cinderela e Peter Pan. Então, depois disso só houve lagrimas, fome, sofrimento. Uma criança não devia passar por isso, ela pensava. Mas não derramara mais lagrimas desde aquela noite, se recusava a chorar por qualquer coisa que fosse. Papai não gostaria de ver-me chorando, roberta pensava. O sangue pingou se suas mãos no tapete e Dulce abaixou-se para ajuda-la. Estavam no silencio, Dulce amarava um pedaço de peno de seu robe para estanca o sangue as mãos de Roberta quando a mesma disse:
- Eu me lembro daquele dia. - Ela disse olhando para sua mão. Dulce olhou para ela chocada e com lagrimas nos olhos. - Não precisa me proteger da verdade, só não me conte mentiras. - Ela disse, olhou por um segundo nos olhos da mãe e então desviou o olhar para a mão de novo. Dulce engoliu suas palavras, respirou o frio ar da casa e levantou-se puxando Roberta consigo.
- Tem algo que eu gostaria de lhe dar. - Ela disse, então as duas entraram com o castiçal no escuro quartinho da porta verde. Um vento fez as velas se apagarem, mas Dulce já esperava por isso. Ela sorriu tristonha e sussurrou para si mesma: Eu posso até sentir seu cheiro.