Fanfics Brasil - CAPÍTULO - 11 MULHER DE GELO - AyA - Adaptada Finalizada

Fanfic: MULHER DE GELO - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA


Capítulo: CAPÍTULO - 11

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Quando Anahi e Alfonso voltaram à villa, Derek descansava sozinho, ao lado da piscina. Parecia sóbrio. Levantou-se rapidamente, tão logo os viu caminhando em sua direção.
— Sentem-se — convidou-os, meio embaraçado. — Vou buscar algo para beberem. O que você quer, Anahi?
— Um copo de limonada gelada vai bem. — Ela se estendeu numa cadeira, protegida pela sombra de um guarda-sol. Tirou o chapéu, usando-o como leque para abanar-se. — Não sabia que era tão quente por aqui.
— Limonada gelada. E você, Herrera? Gim com tônica, talvez?
— Não, obrigado. Limonada, para mim também.
— Tem certeza? — Derek parou na porta da sala.
— Absoluta. Raramente bebo álcool.
Derek ergueu a sobrancelha, mas não comentou nada. Avisando que voltaria logo, entrou na casa.
Anahi também surpreendeu-se com as palavras de Alfonso. Sentiu que a olhava sob as lentes dos óculos de sol. Observava-a, esperando por uma resposta, talvez. Parecia haver algo obscuro na atitude dele. Um desafio. Ela se reclinou na espreguiçadeira, bocejando.
— Não combina com sua imagem — Anahi ironizou. Em pé, na beira da piscina, ele cruzou os braços.
— Minha imagem? Anahi deu de ombros.
— Ora, não se faça de desentendido! Ambos sabemos que a imagem do correspondente estrangeiro obstinado, que vive correndo o mundo enfrentando o perigo e outras coisas assim, não passa de um clichê. Pelo menos para a maioria das pessoas.
Não negue que não costuma passar o tempo livre em barzinhos, conversando com colegas de outros jornais.
— Por que está me provocando, Ani? — Colocou as mãos nos bolsos do short, e, com passos lentos, aproximou-se, parando na frente dela.
— Provocando? — Tentou ignorar as batidas descompassadas de seu coração, causadas pela proximidade de Alfonso. — Acha que o estou provocando?
— O que é que você está fazendo, então? — Sob a voz aveludada, havia um tom ameaçador.
— Apenas tentava iniciar uma conversa. — Bocejando novamente, gesticulou com aparente indiferença. — Estou tão acostumada a trabalhar com Charlie que, por um momento, esqueci que você não é ele. Desculpe. Vamos falar sobre outro assunto. A propósito, não havia reparado como você está bronzeado.
Alfonso assoviou.
— Nem perguntei como foi a entrevista desta manhã — Anahi prosseguiu, num tom descontraído. — Acha que iniciou bem?
Ele respirou fundo, como se tentasse conter a irritação que Anahi provocara nele. Por fim, disse com calma e firmeza:
— Não. Flame foi extremamente superficial era todos os assuntos que abordou. Não falou nada de novo, apenas repetiu o que os jornais e revistas estão cansados de publicar.
— Por exemplo?
— Bem, que nasceu em Londres, Inglaterra, há vinte e nove anos. Filha única de um representante comercial e de uma dona de casa. A família é muito unida; porém, como os pais não gostam de publicidade, prefere mantê-los afastados da imprensa. Ganhou dos pais, como presente pelo vigésimo aniversário, uma viagem à Califórnia, onde foi descoberta por um agente cinematográfico, que procurava um rosto desconhecido para o filme Amber Angel e...
— O resto é história — Anahi completou. — Sentando-se, fitou-o com uma sobrancelha erguida, forçando-se a ignorar, pelo menos por um instante, a tensão que sempre parecia prestes a explodir entre ambos. — Você está pensando o mesmo que eu?
Alfonso tirou os óculos escuros, guardando-o no bolso da camiseta.
— O que você, curiosa Ani, está pensando? — Seu olhar era impenetrável.
Ela percebeu que, com muita sutileza, Alfonso lhe devolvera a pergunta. Mas não se importou.
— Que a intenção de Flame não é apenas a de conceder uma simples entrevista — sussurrou. — Há algo de misterioso nisso tudo.
— Tudo o que conversamos... Sim, acho que você tem razão. A conversa que tive com Flame me faz lembrar um quebra-cabeças não completado. Apesar da parte já pronta ter sido minuciosamente montada, o restante das peças está espalhado. Algumas podem até estar faltando. E suspeito que você, de algum modo, se enquadra nesse jogo. Ainda não tenho certeza de onde, nem como, mas...
— Eu? — Anahi interrompeu-o, surpresa. — Não creio. Nunca vi Flame em toda minha vida, antes de hoje!
— Não esqueça de que foi noiva do homem com quem ela pretende casar-se. Tenho a impressão de que a exigência de ter você como fotógrafa não se deveu apenas ao prêmio. Acredito que houve algo de pessoal na escolha.
— Desculpem-me pela demora.
Derek saiu da sala com uma bandeja nas mãos. Anahi e Alfonso entreolharam-se em silêncio.
— Tive um trabalho enorme para achar os limões — Derek explicou, sentando-se. Serviu as bebidas. — Hoje é a tarde de folga de Monique. Aos sábados, costuma visitar a irmã. — Virou-se para Anahi. — Oh! Antes que esqueça, Flame pediu-me para dizer-lhe que a está esperando no quarto dela, dentro de dez minutos. Está- pronta para começar a sessão de fotos. Sozinha. — Hesitou por um instante, como se quisesse acrescentar mais alguma coisa, mas mudou de idéia. Olhou para Alfonso. — Que acha de uma banho de piscina, Herrera?
— Boa idéia. —- Levantou-se. — Vou trocar de roupa. Não precisa de nada do quarto, querida?
Anahi não respondeu de imediato. Alfonso estava mesmo decidido a desempenhar o papei de seu namorado, diante de Derek. Acariciando o braço dele, fitou-o com um sorriso doce.
— No momento, não, meu amor. Mais tarde, talvez... — Deixou as palavras soarem sugestivamente.
Os olhos dele brilharam de surpresa. Inclinando-se, beijou-a de leve no rosto.
— Não prometa nada que não pretenda cumprir, Ani! — murmurou ao ouvido dela, para que Derek não ouvisse. — Está brincando com fogo, doçura.
Um arrepio percorreu-lhe a espinha, quando os lábios dele tocaram o lóbulo de sua orelha. Esse contato despertava em Anahi um turbilhão de emoções, que dançavam por todos seus nervos. Sem dúvida, estava brincando com fogo! Entretanto, com Derek os observando, não tinha outra alternativa, exceto participar da encenação.
— Você conhece minha opinião a respeito das pessoas que não cumprem suas promessas — ela ronronou.
Sorrindo com um toque de malícia, Alfonso voltou-se para Derek:
— Voltarei logo._ Afastou-se com passos indolentes. Assim que Alfonso subiu as escadas, Derek observou:
— Esse comentário foi uma indireta para mim, não?
— Que comentário? — Anahi ergueu as sobrancelhas. Embaraçado, ele passou a mão pela barba.
— Sobre pessoas que não cumprem suas promessas. Você não é nada sutil, Anahi.
— Engano seu, Derek. Não pensava em você quando... Derek se ergueu num salto.
— Olhe, sei que mereço todos os seus insultos, porém...
— Pare, Derek! — Pondo-se também em pé, Anahi o encarou. — Tem minha palavra de que meu comentário foi para Alfonso. Só para Alfonso. No que me diz respeito, suas promessas não cumpridas são águas passadas.
Alguma coisa no seu tom de voz pareceu convencê-lo. Derek pendeu os ombros.
— Que confusão! Não tinha a menor idéia de que Flame a convidaria para vir à ilha, Anahi. Acredita?
— Claro que acredito! Sua surpresa em rever-me foi tão evidente quanto a minha.
— Há algo que preciso explicar-lhe.
— Derek, você não me deve nenhuma explicação, OK? Nós nos separamos e seguimos caminhos diferentes. Hoje, cada um tem sua vida. Ambos estamos envolvidos com outras pessoas. Tenho... Alfonso, e você, Flame.
— Flame, — Movimentou a cabeça várias vezes. — O que sinto por ela é muito diferente do que senti por você, Anahi. Bem, isso não é surpresa, já que são mulheres tão diferentes! Ela é explosiva, irascível, temperamental. Na maior parte do tempo, não sei de onde ela vem, nem para onde vai. Mas, para mim, é a única mulher no mundo.
Perplexa, Anahi notou as lágrimas brilhando nos olhos verdes de Derek. Ele abriu os braços, num gesto de súplica.
— Podemos colocar uma pedra sobre o passado, Anahi?
— Oh, Derek... — Impulsivamente, segurou as mãos dele. — Sim, porque nosso relacionamento já faz parte do passado. Estou realmente feliz por você ter encontrado outra pessoa.
— No momento em que a vi, pensei que você tivesse mudado, se tornado uma mulher amarga. Todavia, não mudou... apesar de tudo. Você ainda é a mesma doce e carinhosa Anahi que conheci. — Depois de uma leve hesitação, ele se inclinou, beijando-a na face. Um beijo leve, inofensivo.
Anahi sorriu. A despeito do sofrimento que Derek lhe causara, não alimentava qualquer ressentimento contra ele. Derek não podia evitar de ser o tipo de homem que era. Assim como ela não podia evitar de ser o tipo de mulher que era.
— Você também, não mudou nada, Derek. Agora, se me der licença, melhor me preparar para a sessão de fotos com Flame.
Enquanto caminhava em direção à porta da entrada, olhou distraidamente para a villa. O que viu provocou-lhe um arrepio na espinha. Da janela de um quarto do lado oposto ao que dividia com Alfonso, por trás das cortinas de seda, alguém a observava. Flame!
A figura desapareceu rapidamente... Não tão rápido que não pudesse ser reconhecida.
Com certeza, a atriz a havia visto conversando com Derek. Devia também tê-la visto segurando as mãos dele, e o beijo de Derek em seu rosto.
Desanimada, imaginou que Flame não faria o mínimo esforço para colaborar com a sessão de fotos. Encararia Anahi como uma rival, o que, obviamente, atrapalharia o bom andamento do trabalho.
Enfrentar Flame seria ura pesadelo!
Enquanto caminhava mal-humorada para seu quarto, Anahi admitiu que a sessão fora frustrante, irritante e totalmente improdutiva.
Passara mais de duas horas com Flame. Gastara muitos rolos de filme com a atriz se deixando fotografar nas mais diferentes poses. Desde o início, Anahi percebera que, independente da maneira com que posicionava o corpo, o sorriso de Flame era falso. Usou de toda sua experiência e tato para que a estrela relaxasse, permitindo, assim, que a verdadeira mulher se revelasse diante da câmera.
— Desculpe, querida — Flame dizia, com ar de contrição. Porém, Anahi notava que Flame se deixava fotografar com o mesmo sorriso forçado. Depois de uma série de fotos sem graça, decidiu pedir à atriz que tentasse colocar mais humor, mais emoção, mais vida em sua expressão. De repente, captou um brilho de maldade e satisfação nos olhos verdes de Flame. Chocada, compreendeu que, apesar da aparente cooperação, o que Flame pretendia, na verdade, era sabotar a sessão.
Enquanto focalizava a estrela através da lente de sua Nikon, perguntava-se que tipo de armadilha Flame lhe preparara. Sim, porque não tinha a menor dúvida de que ela lhe armara uma cilada. A opinião de todos os críticos de cinema era unânime em relação à estrela famosa, e já havia até se tornado um clichê: a câmera amava Flame Cantrell.
Todas as câmeras, claro. Exceto a de Anahi Portilla!
Com os lábios contraídos, Anahi abriu a porta do quarto. Jogou a máquina fotográfica na cadeira. A sessão de fotos com Flame Cantrell fora uma total perda de tempo. Pior do que isso. Fora um verdadeiro insulto para ela, como profissional.
— Flame Cantrell! — resmungou. — Você é uma grande...
— Ah, ah...
Assustou-se com Alfonso, que saía do banheiro, com uma toalha azul enrolada na cintura. Trazia uma toalha branca nas mãos, com a qual enxugava os cabelos. Ele a fitava com curiosidade.
— Desculpe. — Com esforço afastou os olhos do corpo seminu. Saiu para o balcão. — Pensei que ainda estivesse na piscina, com Derek.
— Não precisa desculpar-se. Imagino que sua sessão com a grande dama empatou com a minha.
Com o rosto ardendo de irritação, virou-se para Alfonso.
— Acertou. Por mim, sairia desta casa agora mesmo e...
— Arruinaria sua reputação... talvez, até sua carreira. — Ele movimentou negativamente a cabeça. — Quer se tomar conhecida como a fotógrafa que desertou de uma entrevista exclusiva com a estrela mais temperamental da América do Norte?
Anahi sabia que ele estava certo; mas tal constatação não melhorou seu estado de espírito.
— Pois bem, você tem idéia do motivo pelo qual ela nos convidou para virmos até aqui, se não está disposta a colaborar conosco?
— Vamos analisar os fatos. — Alfonso jogou a toalha branca sobre uma poltrona e caminhou em direção à cama. — Fato número um: foi ela quem pediu a Ken para mandar uma equipe até a ilha. Certo?
— Certo. Fato número dois: de acordo com as palavras de Ken, e da própria Flame, ela exigiu que a fotógrafa fosse eu.
— Fato número três: ela não contou a Derek que a havia convidado para vir para cá. A surpresa dele não deixa dúvidas quanto a isso.
— Surpresa ou raiva?
— A raiva foi para Flame. — Alfonso franziu as sobrancelhas. — Lembra-se do que ele disse, assim que a viu? "Por que trouxe Anahi para cá? Repeti inúmeras vezes..." O que Derek repetiu inúmeras vezes?
Anahi encolheu os ombros.
— Quem poderá saber? — Apesar da seriedade da situação, descobriu-se distraída com o homem com quem conversava.
Alfonso estava sentado na beirada da cama. cada vez que gesticulava, a toalha azul se abria um pouco, revelando mais, muito mais, do que Anahi desejava ver.
Passou a ponta da língua pelos lábios secos.
— Por que será que todas as mulheres prestes a se casar querem pôr o futuro marido em contato com as ex-noivas? — Alfonso indagou, colocando, distraidamente, a mão no peito, próximo ao mamilo esquerdo. Como que hipnotizada, Anahi olhava para os dedos dele. O mamilo era marrom, um pouco mais escuro que a pele bronzeada, e rodeado por alguns pêlos pretos, encaracolados.
— Ani?
— Sim? — Notou que fie esperava por uma resposta. Nem se lembrava da pergunta! — Desculpe. — Virando o rosto, passou a mão pela fronte. — Não consigo me concentrar. — Quando os olhares se encontraram novamente, Alfonso também parecia perdido nos próprios pensamentos.
Ele se ergueu. Com passos lentos, caminhava até ela.
— Ani, não me olhe assim. A menos que queira...
— Desculpe. — Sentiu-se invadida por uma onda de pânico. — Não sabia que o olhava de um modo diferente. Talvez, seja a claridade. Oh, que calor insuportável! — Correu até o refrigerador, abrindo a porta. — Quer beber alguma coisa?
— Um refrigerante.
Alfonso parará atrás dela. Pegou duas garrafas de refrigerante. Quando se voltou, para entregar-lhe a garrafa, pensou que o coração explodiria dentro do peito. Fazia quatro anos que Derek rompera o noivado. Durante esses quatro anos, nunca mais dividira o quarto com um homem. E o homem que a fitava com um brilho de desejo nos olhos causava-lhe algo que jamais havia sentido com Derek.
Respirou fundo. Ninguém no Clarion acreditaria que Alfonso Herrera conseguiria derreter a Mulher de Gelo, sem tocá-la, Apenas com um olhar. Só não entendia como um homem tão sensual como Alfonso, que tinha todas as mulheres aos seus pés, poderia se interessar por alguém tão comum quanto ela.
— Oh, Ani. Adoro desafios.
Sem saber, Alfonso lhe dera a resposta que precisava.
— Aposto que sim! — exclamou. — Por esse motivo, tornou-se um jornalista de sucesso. Quer desafio maior do que sentar-se num bar de um país qualquer e...
Ele soltou uma gargalhada.
— Creio que está sendo repetitiva. Esgotou sua munição? Ofendida, Anahi afastou-se.
— Vou buscar os copos.
Tirou dois copos de cristal da prateleira, colocando-os sobre o balcão do pequeno bar. Em silêncio, observava Alfonso colocar o refrigerante nos copos. A sensualidade de seus movimentos perturbou Anahi, que fechou os olhos. Quando os abriu, ele parou com a expressão zombeteira de Alfonso.
Com o copo na mão, recuou alguns passos, sentando-se no primeiro lugar que encontrou. Por acaso, era a cama. Embaraçada, sorveu alguns goles da bebida. Detestava a idéia de estar agindo como uma adolescente tímida. Decidiu portar-se como a mulher segura que Alfonso imaginava que ela fosse.
Esforçando-se para mostrar-se natural, reclinou-se sobre um travesseiros. Alfonso sentou-se ao lado dela. Anahi sentiu quando a bainha da toalha roçou em sua perna. Não pôde evitar olhar para o dorso nu, cujo bronzeado contrastava com o azul da toalha.
Horrorizada, sentiu-se impelida a, num gesto de extrema loucura, segurar as bordas da toalha, até abri-la por completo. Levando o copo à boca, bebeu todo o líquido de um só gole.
— Por que não se veste? — ela perguntou inesperadamente. — Quando liberar o banheiro, vou tomar um banho.
— Já liberei o banheiro. — Tirou-lhe o copo vazio da mão. Caminhando até o bar, colocou-o sobre o balcão. — Pode usá-lo à vontade. Apenas uma coisa antes...
— Hum...
— Quando estávamos na varanda com Derek, você disse que havia algo que eu poderia fazer, mais tarde. Já é mais tarde, Ani. Devo lembrá-la de que deixou claro que não é do tipo de pessoa que não cumpre promessas?
Anahi sentiu um frio no estômago. Deveria ter imaginado que, a pretexto daquela simples brincadeira, ele voltaria assediá-la.
— Não sou mesmo! — Riu.
— O que isso quer dizer, Ani? — Havia algo no tom brincalhão da voz dele que fez com que as pulsações de Anahi se acelerassem.
Tentou, em vão, encontrar uma resposta que não a comprometesse. Alfonso sentou-se novamente, na beirada da cama.
— Se não consegue pensar em nada, talvez eu lhe possa ar uma sugestão.
Ele não a tocava. Nem era preciso. Uma pequena distância B separava. Mesmo assim, Anahi podia sentir a força e o magnetismo que emanavam do corpo dele.
— Sugestão? — repetiu meio confusa, adivinhando o que ex tinha em mente.
— Sim — ele murmurou. — Uma sugestão. O que eu gostaria fazer é pegar... esta trança... — Anahi agora já não podia recuar. — Sim, Ani, pegar esta trança e desfazê-la.


Anahi suspirou aliviada. O pedido de Alfonso era simples demais. Não havia por que protestar. E, se tentasse escapar, ele usaria a trança para mantê-la presa. Não via motivos para não atender à vontade dele. Levaria apenas alguns segundos.
— Bonitos cabelos! — ele murmurava, enquanto desfazia a trança. — E um pecado mantê-los sempre presos, escondendo tanta beleza. Devem estar sempre soltos, caindo sobre os ombros, brilhando em todo seu esplendor, para o mundo admirar. Assim... E assim que quero vê-los. — Sentiu os dedos dele brincando entre as mechas douradas. — Oh, Ani! — murmurou, roucamente. — São tão macios e aveludados quanto eu imaginava. Os fios escorregam em minha pele, como cetim. — Enterrou o rosto naquela cascata de ouro, inspirando longamente. — Ah, esse perfume me traz lembranças de agradáveis tardes de verão e de caminhadas pelos prados alpinos.
O coração de Anahi descontrolara-se totalmente. Havia sinceridade na voz dele. Havia paixão. Seu corpo parecia derreter ao som daquelas palavras. Lembrou-se da decisão de não atirar-se nos braços dele. Porém, sentia que suas defesas estavam prestes a cair por terra. Precisava fazer alguma coisa, dizer alguma coisa, para quebrar aquele clima sensual que crescia assustadoramente entre ambos.
Segurou os pulsos de Alfonso, afastando as mãos dele.
— Você disse que queria apenas destrancar meus cabelos — reclamou, com a respiração alterada. — Não disse que desejava escrever um poema sobre isso.
— Achei que poderia. Entretanto, meu talento não chega a tanto.
— Você gostaria de ser poeta? — Anahi indagou, surpresa.
— Não. Não é exatamente o que desejo fazer. Quero escrever... — Parou repentinamente.
Anahi esperou; porém, como ele continuasse calado, pediu:
— Continue. Gostaria de escrever o quê? Ele hesitou, antes de responder:
— Oh, nada! Esqueça.
— Não. Agora, estou curiosa. Por favor, conte-me o que gostaria de escrever.
Levantando-se, fitou-a com expressão séria.
— Você tem um sonho secreto, Ani?
Anahi refletiu no seu sonho secreto, que jamais revelaria a alguém. Muito menos a Alfonso.
— Sim. Creio que todos temos.
— Acredito que o meu seja o sonho de todos os jornalistas que conheço. — Sorriu, embaraçado.
— Ali! Já sei. — Ela concordou com um movimento de cabeça. — Você quer escrever um romance.
— Acertou no alvo, madame!
Com as mãos na cintura, Alfonso esperava pela reação dela. Surpresa, Anahi percebeu um brilho de vulnerabilidade nos olhos castanhos. Um brilho mais eloqüente do que centenas de palavras. Pela sua expressão, Alfonso imaginava que Anahi riria dele.
— Acho maravilhoso! — confessou, emocionada por ele ter lhe confiado seu sonho secreto. Com certeza, não costumava fazer esse tipo de revelação. — Tem idéia da história que gostaria de escrever? Oh, desculpe. E uma pergunta boba. Claro que já deve ter um esboço.
— Graças à minha profissão, já vi muitas guerras e muito sofrimento, Ani. Há anos, sonho em fazer algo para tornar o mundo melhor. — Abriu os braços num gesto de desalento. — Claro, talvez isso seja uma utopia. Uma meta impossível. Que peso teria o empenho de uma única pessoa, diante do esquema estabelecido 


pelos donos do poder e do dinheiro? Porém, podemos tentar mudar esse esquema. Esse é um modo de começar. Pelo menos, é assim que vejo as coisas. Não podemos esperar que os governantes mudem o sistema. Em muitos casos, eles estão empenhados demais em realizar seus próprios objetivos. Não querem perder o controle do barco.
Anahi o olhava fascinada. Preocupada demais em hostilizá-lo, nunca imaginara que Alfonso se preocupava com os problemas sociais. Não ousou interrompê-lo.
— Gostaria de escrever um livro que convencesse as pessoas de que elas podem mudar os acontecimentos, e que mostrasse a elas como agir para conseguirem essa mudança. Sim, Ani, já tenho um esboço. Meus personagens principais, um homem e uma mulher, são presidentes de dois países vizinhos, à beira de uma guerra. Acontece que, no início da história, os dois se encontram e se apaixonam loucamente. Em segredo, tomam-se amantes. A mulher engravida, carregando no ventre o filho do inimigo. E fácil imaginar o conflito que ambos enfrentam. O que dará impulso à história será a luta dos personagens para evitar uma guerra entre os dois países. Não só pelo filho de ambos, mas, obviamente, por todas as crianças.
Alfonso continuou expondo suas idéias. Além de interessada no assunto, Anahi o estudava atentamente. Alfonso mudara, enquanto falava a respeito do livro. O brilho de ironia desaparecera de seus olhos, bem como o tom arrogante e atrevido que usava quando falava com ela. Seu olhar parecia distante, a voz vibrava com intensidade, os gestos transmitiam a força que pretendia dar ao enredo. Alfonso lhe abria o coração. E sua masculinidade nunca parecera tão latente. Diante de tanta energia e determinação, Anahi sentiu que a hostilidade que nutria por Alfonso desaparecia, dando lugar a uma profunda admiração.
Admitiu que ele era o modelo ideal de homem. Não só devastadoramente atraente, tremendamente sensual, como também um homem de honra, cujos valores coincidiam com os dela; e ele tinha um senso de decência e integridade que a tocavam demais.
— Então, Ani...
Com grande esforço, concentrou-se no que ele dizia.
— Você afirmou que também tem um sonho secreto. Vai me contar qual é, agora que já conhece o meu?
Seu sonho secreto! O sonho que jamais se realizaria. Apesar da dor e da agonia, apagara de sua mente qualquer pensamento relacionado a esse sonho. Olhou para Alfonso, para os olhos bonitos, para as feições bem delineadas, para os lábios sensuais entreabertos num sorriso ansioso. De repente, teve a impressão de que a terra se abria, arrastando-a para um buraco escuro e profundo.
— Oh, meu Deus... — As palavras escaparam de sua boca, antes que pudesse evitá-las. Sentiu o sangue fugir de seu rosto, enquanto as batidas do coração se descontrolavam. Num salto, saiu da cama.
— Você está bem? — Alfonso perguntou, preocupado.
— Estou bem — murmurou, num fio de voz.
— Não, não está. Diga-me o que...
Com passos trêmulos, Anahi caminhou até 


o banheiro.
— Estou bem — repetiu, com tanta rispidez que ela própria se surpreendeu. — Apenas um pouco fraca. Acho que é por causa do calor. — Fechou a porta do banheiro, apoiando-se na pia.
— Ani?
— Importa-se de deixar-me sozinha por alguns minutos? — ela pediu. — Se quiser, pode se trocar e descer.
Após um breve silêncio, Alfonso perguntou:
— Tem certeza de que está bem?
— Sim. Estou bem, não se preocupe.
— Nesse caso... — ele hesitou por um instante. — OK. Eu a deixarei sozinha. Virei buscá-la dentro de meia hora.
— Não será preciso. Descerei quando estiver pronta. Permaneceu imóvel até ouvi-lo sair do quarto. Só então levantou a cabeça e mirou-se no espelho. A imagem refletida era muito diferente da que vira pela manhã. O rosto transtornado, o pânico estampado no olhar, os lábios trêmulos.
De repente, admitiu que a última coisa que desejava na vida acontecera: apaixonara-se por Alfonso Herrera.
Entardecia, quando, cerca de meia hora depois, Anahi terminou de se vestir. Saiu para o balcão. No ar, a mistura de diversos perfumes com o cheiro de mar. De longe, vinha o som de conversa e risos.
Em silêncio, caminhou até o topo da escada. Inclinando-se, espiou a varanda.
Flame, Derek e Alfonso estavam sentados ao redor da mesa com tampo de vidro, saboreando um drinque antes do jantar. Seus olhos se fixaram em Alfonso. Os cabelos pretos, a camiseta branca que ressaltava os ombros fortes, o som de seu riso meio rouco... Seu coração se contraiu numa agonia profunda, Depois de Derek, nunca mais se apaixonara. Não queria apaixonar-se novamente. Não queria sofrer pela segunda vez.
Entretanto, apaixonara-se. E — ironia do destino — por um homem que adorava crianças. Percebera a decepção estampada nos olhos dele quando dissera que não havia lugar para crianças em sua vida.


 


 


 


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Autor(a): ayaremember

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Anahi voltou para o quarto. Alfonso era do tipo de homem que, provavelmente, sonhava com uma esposa e filhos. Uma esposa que faria do lar um oásis de paz, depois de um dia cansativo de trabalho e preocupações. Uma mãe que criaria um ambiente aconchegante para os filhos trazerem seus amigos.Ele sonhava com uma mulher completa. Não com uma mu ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 27



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  • lyu Postado em 19/10/2013 - 23:33:38

    mais ja acabou? pq essa foi tao pequena! Ain q triste!

  • isajuje Postado em 18/10/2013 - 20:20:20

    Como assim, acabou? Você tinha que ter me preparado psicologicamente para isso menina. SOCORRO. Por que fizeste isto comigo? O que te fiz? Ok, sem crise u.u KKK amei o final. Amei tudo. E fiquei surpresa pelo o Alfonso já ter sido casado e ser viúvo e ter uma filha! Coitado. Bom, que ótimo que eles tiveram um final feliz. É bom saber que ao menos na ficção eles ficam juntos #CriseDeTraumadaPonny

  • steph_maria Postado em 17/10/2013 - 22:59:55

    Acabouuuu =/ ameiii essa web foi perfeita *-----*

  • ligia Postado em 17/10/2013 - 21:27:31

    Amei a web pena que já acabou :(, foi linda!!!

  • luisa_ Postado em 17/10/2013 - 14:22:15

    OMG Alfonso apaixonado Pela Ani <333 Ani apaixonada pelo Alfonso <333 Amo, amo, amo essa web

  • juhlanzani Postado em 16/10/2013 - 02:00:14

    Nova leitora!! Como assim Poncho?? O.o Eu aqui crente que tu ia a pedir em casamento, e no final a convida pra uma festa? PQP KKKK' Posta mais, quero ver o que vai acontecer agora.

  • isajuje Postado em 15/10/2013 - 19:40:17

    O Poncho tá apaixonado por ela a muito tempo colega. Desde o primeiro beijo não parou de pensar nela. Acho que não só é apaixonado como também a ama e não, não estou exagerando KKKKK que momento difícil para ela contar a verdade. Ela auto se rejeita achando que nenhum homem poderia querer ela não podendo ter filhos. Coitada. Poncho, representa ae cara KK mostre o seu amor.

  • ligia Postado em 14/10/2013 - 14:11:39

    A web esta linda!!! Acho que o Poncho já esta apaixonado pela Any.

  • lyu Postado em 14/10/2013 - 00:33:52

    AIN PONCHO DIZ ALGO LINDO VAI

  • luisa_ Postado em 12/10/2013 - 21:14:12

    Eu acho melhor o Alfonso não estar brincando com a a Ani se não eu dou uns tapa na cara dele u.u Amo sua web é maravilhosa <33 Posta logo que eu não me aguento de curiosidade.


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