Fanfic: MULHER DE GELO - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA

Emma leu o rótulo das garrafas de vinho que Anahi levara.
— Piat d`Or? Maravilhoso! Obrigada. — Colocando a sacola sobre o console do hall, abraçou Anahi efusivamente. — Estou muito feliz por revê-la. Fazia séculos que não nos encontrávamos!
— Acho que sim. — Anahi desvestiu o spencer creme, pendurando-o no closet do hall. — Sua aparência está ótima, Emma.
— Você diz isso agora! Se me visse durante o surto de sarampo! Nem quero lembrar! — Olhou para o vestido preto de Anahi. — Bem, nem preciso dizer que você está elegantíssima. Ah! Nem sei o que faria por um vestido como o seu. Em que parte do mundo o encontrou?
— Minha mãe o comprou em New York. Meus pais passaram o Natal lá.
— Você emagreceu. Provavelmente, devido à gripe. — Segurando no braço de Anahi, conduziu-a à sala de estar.
Emma era uma mulher alta, elegante, que abandonara a carreira de estilista de modas para cuidar do marido e dos filhos. Costumava dizer que, depois que as crianças crescessem, teria muito tempo para dedicar-se à profissão.
Quando atravessavam o hall, Emma murmurou:
— Espero que não se importe. Charlie convidou um amigo para jantar conosco. Todos ficamos surpresos quando ele disse que viria. Já o havíamos convidado muitas vezes antes, mas...
Abrindo a porta francesa que dava para, a sala de estar, recuou para que Anahi entrasse primeiro. Com um sorriso de satisfação, Anahi entrou na sala já tão familiar. A lenha queimava na lareira e o tapete chinês proporcionava um clima de conforto e elegância.
Charlie estava sentado ao lado da mesa de bebidas. Cumprimentou-a, porém, Anahi não o ouviu. Tampouco era para ele que olhava.
Perplexa, fitava o homem encostado na lareira. Sorrindo para ela. Tinha as mãos nos bolsos da calça preta, e um brilho de admiração nos olhos castanhos.
— Ei, Charlie. — Anahi conseguiu manter o autocontrole. Com um sorriso forçado, virou-se para Alfonso. — Por que Alfonso... — Hesitou, mas, depois, não resistiu à ironia. — Muito interessante encontrá-lo aqui.
— Maravilhoso revê-la. — Alfonso sorria discretamente.
— O que vai beber, Anahi? — Charlie entregou um copo para Alfonso. — Sua ginger ale, senhor!
— Uísque com soda, Charlie. — Anahi precisava de uma bebida forte, para superar a primeira parte da noite.
— Sente-se, Anahi. — Emma apontou o sofá ao lado da lareira. Atravessando a sala, Anahi acomodou-se. Aproximando-se do marido, Emma retomou a conversa. — Como estava dizendo, assim que Charlie chegou em casa, Alfonso ligou para saber sobre a viagem de vocês. Charlie, então, o convidou para jantar conosco. Para nossa surpresa, ele logo aceitou.
Anahi percebia que Alfonso não tirava os olhos dela, mas evitava olhá-lo.
— Onde você estacionou, Anahi? — Charlie abrira as cortinas, observando a rua. — Seu carro está atrás do de Alfonso?
— Não. Vim de táxi. Pretendo tomar vinho no jantar, e dirigir depois de beber não é uma boa opção.
— Garota ajuizada! — O comentário só poderia partir de Alfonso. — Porém, nem pensar em gastar dinheiro com táxi para voltar. Eu a levarei para casa.
— Nem pensar! — Anahi falou sem refletir. Apressou-se em corrigir a falta. — Oh, é muita gentileza sua, mas, realmente, não precisa se preocupar.
— Não seja boba, Anahi! — Emma lhe entregou o drinque. — E caminho para Alfonso.
Um silêncio pairou na sala, enquanto todos os olhos se voltavam para Anahi. Emma tinha razão. Ela e Charlie moravam em North Shore e Alfonso, obrigatoriamente, passaria próximo ao seu apartamento. Mais uma vez, agiria como uma criança teimosa, se recusasse a carona. Além do mais, não pretendia despertar as suspeitas dos amigos.
— Claro — concordou com um sorriso esfuziante. Segurou o copo que Emma lhe oferecia. — Obrigada, Alfonso, adorei seu oferecimento.
Bebeu um gole da bebida. Ir para casa, sozinha com Alfonso, seria o fecho de ouro para aquela noite que considerava arruinada desde o momento em que o vira na sala. De repente, conscientizou-se de que, em parte, era culpada pela presença dele na casa de Charlie e Emma. Contara-lhe que jantaria na casa dos amigos e, quando percebeu que Alfonso duvidava, desafiou-o a telefonar para Charlie.
Ele aceitara o desafio. Entretanto, o que mais intrigava Anahi era o fato de Alfonso insistir em vê-la, uma vez que já havia uma mulher na vida dele. Laura. Uma mulher casada.
Enquanto sorvia lentamente o drinque, ocorreu-lhe que, talvez, Alfonso quisesse usá-la para não despertar suspeitas. Talvez imaginasse que, apresentando-a como sua namorada, as pessoas de suas relações fechariam os olhos para o fato de ele estar envolvido com uma mulher casada.
Esse pensamento que, em princípio, parecera um disparate, foi se transformando em probabilidade, durante o jantar. Alfonso estava sendo extremamente atencioso com ela, a ponto de Anahi sentir-se embaraçada. E, várias vezes, percebera Emma e Charlie trocando olhares significativos.
Depois do jantar, voltaram à sala de estar. Anahi sentou-se no mesmo sofá. Irritou-se, quando Alfonso sentou-se a seu lado. Num gesto descontraído, ele esticou o braço nas costas do sofá. Embora não tocasse em Anahi, bastou essa proximidade para desconcertá-la.
Por volta das dez horas, Alfonso se levantou. Aliviada, Anahi respirou mais à vontade, imaginando que ele escolhera outro lugar para sentar-se.
Em vez disso, falou:
— Bem, meus amigos, creio que é hora de irmos. Charlie já está bocejando e Ani também parece cansada. Se nos derem licença, pegaremos nossos casacos e o caminho de casa.
— Acertou, Alfonso — Charlie concordou, enlaçando Emma pelos ombros. — Realmente, estou caindo de sono. Já não tenho mais a mesma resistência de antes. Acho que estou ficando velho!
Anahi levantou-se. Bebera pouco. Apenas o drinque quando chegara e um copo de vinho durante o jantar. Portanto, não poderia culpar a bebida pela vertigem que fazia sua cabeça girar, pela tensão e excitação que a invadiam. Havia algo pairando entre ela e Alfonso, desde o momento em se viram, na casa de Charlie.
E, intimamente, Anahi sabia que, independente do que acontecesse entre ambos naquela noite, ela nunca mais seria a mesma.