Fanfic: MULHER DE GELO - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA

Anahi não imaginava o que ia pela mente dele. Talvez procurasse por alguma palavra de consolo. Ou por palavras que não traíssem sua decepção. Apesar da tristeza que parecia arrastá-la para a escuridão, ela precisava saber o que Alfonso estava pensando. Virando o rosto, obrigou-se a fitá-lo. — E então? Você não queria me pedir algo? Anahi estremeceu. Teria dado tudo para não ver a expressão de pena e o brilho das lágrimas nos olhos dele. Não precisava da compaixão de ninguém. Muito menos da de Alfonso. — Sim... sim. — Movimentou a cabeça, como se despertasse de um pesadelo. Levantando-se, colocou as mãos nos bolsos das calças. Afastou-se, parando na beira do cais. Anahi esperava, tremendo. Quando Alfonso se voltou, seu rosto estava pálido e taciturno. Caminhou novamente até o banco, parando na frente de Anahi. — É verdade, Ani. Quero lhe fazer uma pergunta. Todas as células do corpo de Anahi estavam despertas. Esperando. Esperando... um milagre, talvez? — Gostaria de ir a uma festa comigo amanhã? Na casa de minha irmã. Anahi oferecera a Alfonso a oportunidade de afastar-se com dignidade. E ele a aproveitara. Ela sabia que aquele não era o pedido ao qual ele se referira na noite anterior. Todavia, não permitiria que Alfonso sequer desconfiasse que ela adivinhara o que pretendera propor-lhe. Para começar, aceitaria seu convite, dando a entender que acreditava nele. — Adorarei ir à festa com você. — Levantou-se. — Obrigada pelo convite. Agora, gostaria que me levasse para casa. Sábado é meu dia de dona de casa. Lavanderia, compras, limpeza... Enquanto voltavam para o estacionamento, Alfonso parecia perdido em pensamentos. Assim que chegaram ao carro, ele perguntou inesperadamente. — Nunca pensou em adoção? Hoje em dia, é comum mulheres solteiras adotarem crianças. — Sei disso. Mas tenho medo. — Acha que não conseguiria amar o filho de outra mulher? Alfonso não percebera que a submetia a uma sessão de tortura. — Não é isso. Acho que, sendo solteira, seria egoísmo adotar uma criança, quando essa criança pode ter mãe e pai. — Ah, entendo! — Ele soltou um longo suspiro. Após fitá-la por um longo momento, Alfonso abriu a porta do carro. Anahi se preparava para entrar, quando, para sua surpresa, ele a abraçou com força. — Obrigado pela sua sinceridade, Ani — murmurou, beijando-a na testa. — Você estava certa. Havia coisas a seu respeito que eu precisava saber. Nunca pude realmente entendê-la, antes. Depois da confissão de Anahi, ele a entendia. Entendera que não era a mulher certa para ele. Para um homem que adorava crianças. Anahi sentou-se no carro. Estava quente lá dentro. Mesmo assim, ela tremia, Na noite seguinte, iria com Alfonso à festa. E, depois dessa festa, seriam apenas amigos. Apenas duas pessoas que, por acaso, trabalhavam no mesmo jornal. Não precisariam mais encontrar-se socialmente. CAPÍTULO XII Anahi detestava coquetéis. Com freqüência, perguntava-se como as pessoas suportavam ficar horas em pé, bebendo, comendo e conversando sobre futilidades. Na opinião dela, havia muitas maneiras mais agradáveis de se distraírem e serem distraídos. Entretanto, como aceitara o convite de Alfonso, não via outra saída exceto participar, com um sorriso nos lábios. Chovia, quando estacionou o carro em Cape Cod, em frente à casa de Laura e Bob. Tensa, tocou a campainha. Esperava que Alfonso lhe abrisse a porta. Enganou-se. Foi Laura, vestindo blusa azul e saia de tweed, quem a recepcionou. — Olá! Entre, por favor. — Pegando o guarda-chuva da mão de Anahi, conduziu-a até um hall iluminado. — Que dia! Frio e chuvoso! — Riu. — Oh! Nem me apresentei. Sou Laura. — Colocou o guarda-chuva num vaso de bronze. — E você, claro, é Ani. Alfonso fala a seu respeito o tempo inteiro. Anahi abriu a boca para esclarecer que seu nome não era Ani. Entretanto, a expressão de Laura era tão amistosa, tão simpática, que se conteve. — Verdade? — perguntou, entregando-lhe a capa de chuva. — Espero que fale bem. Laura sacudiu a capa molhada, antes de pendurá-la no closet do hall. — Para ser sincera, não. — Não? — Se acreditássemos nas palavras dele, você seria a mulher mais impossível do mundo! — Riu. — Oh! — Anahi riu também. — Não acredito que seja realmente impossível. É que Alfonso apenas vê meu lado negativo. Atravessando o hall, entraram na sala de visitas. Anahi surpreendeu-se com a sala vazia e até meio em desordem. Jogado no chão, um exemplar do Clarion com o suplemento Weekends Wonderfull. Sobre a mesa de centro, tinha uma xícara de café. Brinquedos espalhados pelo carpete. Na lareira, o fogo quase apagando. Visivelmente embaraçada, olhou para Laura. — Desculpe. Creio que cheguei muito cedo. Talvez não tenha entendido direito o horário. — Não. Você foi pontual. — Laura caminhou até a lareira e colocou algumas toras sobre as cinzas. Logo, as chamas iluminavam a sala. — Marquei para as quatro horas, mesmo. — Mas... — Anahi não sabia como se expressar, sem parecer rude. Laura fitou-a com curiosidade. — Algo errado? — Se não estou adiantada, então, os outros estão atrasados? — Outros? — Laura surpreendeu-se. — Não entendi. Será que Alfonso convidou outras pessoas? Ontem, quando telefonou, dizendo que a convidara para vir à nossa casa, imaginei que seria apenas você. — Mas... você não está oferecendo um coquetel? — Coquetel? Céus, não! Bob e eu detestamos coquetéis! Nada disso. Hoje é aniversário de Melissa. Comemoraremos assim que voltarem. Bob e Alfonso levaram as crianças ao cinema, menos a pequena Jéssica. — Verificou as horas no relógio de pulso. — Já deveriam ter chegado. Alfonso disse que seria um coquetel? — Não propriamente. Apenas referiu-se a uma festa. Então, nem sei por que, deduzi que seria um coquetel. — Está desapontada? — Não! Eu também detesto coquetéis. — Ótimo. Oh... — Laura pegou o suplemento do chão, foIheando-o até chegar numa página com uma foto de Flame Cantrell à beira da piscina. — Devo cumprimentá-la pelas fotos absolutamente maravilhosas. Quem imaginaria que a sofisticada Flame Cantrell permitiria que alguém a fotografasse de biquíni, com os cabelos molhados e sem um pingo de maquilagem no rosto? — Soltou uma gargalhada. — O artigo de Alfonso também está impecável. Outro jornalista teria transformado a história numa matéria sensacionalista. No entanto, Alfonso a encarou com muito respeito e profissionalismo. Você e meu irmão estão de parabéns. — Obrigada, Laura. Estou contente que tenha dado tudo certo... depois de um início um tanto tumultuado. Laura fechou a revista, colocando-a sobre uma cadeira. — Você deve estar louca por uma xícara de café. Sente-se perto da lareira. Volto num minuto, para conversarmos um pouco, antes das crianças chegarem. Melissa convidou alguns amiguinhos e... bem, já imaginou a confusão, não? Fique à vontade, Ani. Uma festa de crianças! Anahi conseguira esconder a decepção, enquanto Laura comentava sobre as fotos de Flame Cantrell. Porém, uma vez a sós, não se preocupou em disfarçar a contrariedade.