Fanfic: MULHER DE GELO - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA

Tudo acontecera há dois meses, mas ela ainda não conseguira encontrar uma explicação razoável para o que lhe acontecera. Percorrendo o corredor que a levaria ao escritório de Ken, tremeu ao rememorar, talvez pela centésima vez, tudo o que se passara naquela tarde de janeiro.
No dia em que Anahi ganhara o McGillivray Award, na hora do almoço, Ken a chamara em seu escritório para contar a novidade. Parecia que ninguém mais sabia a respeito. Pelo menos, ninguém comentara com ela. Não suspeitara de nada quando, por volta das três horas, Ken ligara, pedindo-lhe que fosse ao escritório dele antes de ir para casa. Assim que abriu a porta da sala, foi recepcionada por um coro de vozes gritando "Surpresa!"
Todo pessoal da revista estava lá, esperando por ela. Haviam encomendado comida chinesa e vinho branco.
A única pessoa ausente era Alfonso Herrera. Ele saíra e voltaria ao escritório somente no dia seguinte. Anahi ficou feliz com sua ausência. Por alguma razão inexplicável, não se sentia à vontade perto dele. Alfonso trabalhava como correspondente estrangeiro para o Clarion há quase um ano. De acordo com os documentos, viera de Nova York. Porém, segundo os comentários de Charlie Burke, companheiro de trabalho de Anahi, ele tinha algo misterioso. "Uma pessoa muito reservada", segundo as palavras do próprio Charlie. Entretanto, não era antipático. Pelo contrário. Era muito popular entre todos os funcionários. Anahi sabia que, apesar de sua popularidade, o relacionamento dele com os colegas não ultrapassava os limites da porta do prédio. Não misturava vida social com trabalho.
Depois que a festa terminou, todos se retiraram, exceto Ken, ela e Trish, que punha a sala em ordem. De repente, a porta se abriu, surgindo, para surpresa geral, Alfonso Herrera.
As pernas de Anahi tremeram diante da visão absolutamente devastadora. Irresistível, com os cabelos escuros revoltos pelo vento, calça justa preta jeans e uma velha jaqueta de couro, disse que ouvira a respeito da festa e que decidira ir ao escritório apenas para cumprimentá-la.
Como que hipnotizada, Anahi não se moveu. Alfonso aproximou-se, apertando os ombros dela.
E, então, a beijou...
Ela interpretou aquele beijo como um gesto impessoal, gentil, de felicitação; porém, quando seus lábios se tocaram, o efeito foi muito diferente. Uma carga de sensualidade atingiu-os selvagemente. Anahi sentiu como se seu corpo inteiro estivesse em chamas. A boca de Alfonso era firme e possessiva, a respiração morna e insinuante, os cabelos cheiravam a homem e almíscar. Inegavelmente, era um homem ardente e vigoroso. Anahi jamais fora beijada assim antes. Para complicar mais a situação, o vinho branco que tomara contribuía para derrubar todas as suas defesas, como castelos de areia. Para seu total desespero, correspondera ao abraço de Alfonso, soltando um débil mas significativo murmúrio. Seus lábios se entreabriram com ansiedade, seu corpo moldara-se ao dele, os dedos apertaram com força os botões da jaqueta.
Quando finalmente se separaram, havia um brilho estranho nos olhos de Alfonso, um brilho que desmentia o toque de humor nos cantos dos lábios.
— Bem, surpresa, surpresa — murmurou num tom tão baixo que apenas Anahi ouviu. — Eis uma mulher de verdade!