Fanfics Brasil - CAPÍTULO - 13 À CAÇA - AyA - Adaptada Finalizada

Fanfic: À CAÇA - AyA - Adaptada Finalizada | Tema: AyA


Capítulo: CAPÍTULO - 13

1518 visualizações Denunciar


Os pássaros deixaram de cantar.
Fez-se uma quietude repentina nas gretas e nas árvores da quebrada, um silêncio que realçava seus instintos. Começou a contar. Um. Dois. Três.
Lá, para o sudeste do campo, o falcão peregrino apareceu voando, veloz como um avião de combate, o perfil impecável e elegante, um rastro solitário de vida em um céu largo de cor azul intensa.
Tragou ar em silêncio e com isso sentiu o aroma penetrante e tangível dos pinhões e as groselhas. Seu lar. Desejava ficar ali para sempre, nesse canyon, com seus depredadores.
Theron navegou as correntes de ar, combinando largas batidas de asas com descidas. Desenhou uma curva e aterrissou na borda da ravina onde tinha oculto seu ninho, em um nicho natural da parede de rocha sedimentária avermelhada.
Fazia três semanas, ver Theron tinha sido toda uma festa de boas-vinda, e decidiu ficar mais tempo de que devia para observar seu pássaro.
Os machos do falcão peregrino são territoriais e realizam umas acrobacias aéreas impressionantes para seduzir à fêmea. É uma espécie de armadilha, por assim dizer. Quando o macho convence uma fêmea de que é o falcão peregrino mais elegante que tenha conhecido, ela permanece na saliente rochosa do precipício um dia sim e outro também, e abandona o ninho uma só vez ao dia para caçar.
Theron tinha uma companheira. Estariam juntos até que ela morresse. Era um belo exemplar, e ele a tinha batizado como Aglaia. Esplendorosa. Nada igualava a magnificência de uma fêmea de falcão postada no alto do precipício, mostrando o peito. Ela queria estar aí, entregava-se a seu fechamento. Theron defendia o precipício; Aglaia ia de bom grado para que a protegesse.
O falcão peregrino é a ave mais veloz do reino animal. Ele nunca se cansava de vê-los rasgando os ares, e era capaz de esperar sentado do amanhecer até a noite para ver caçar aquelas aves majestosas. Com a cabeça erguida, observavam sua presa com um olho, logo pregavam as asas e se lançavam em vôo. Justo antes de chegar, o peregrino freava sua queda e descarregava um golpe à presa com suas garras afiadas. Chac! Morto com o impacto.
Também podiam agarrar um pássaro em pleno vôo, coincidindo com sua trajetória para cortá-lo em um plano reto. Todas as aves eram presas potenciais. Nenhuma podia ganhar no caçador em manobras.
Caaaaaaac–cac–cac. Caaaaaaac–cac–cac.
Theron era livre de verdade. Algo que ele nunca obteria. Apanhado e sozinho, sua necessidade de possuir o inalcançável, de caçar os impostores, era muito maior que sua busca da liberdade.
Ainda assim, ele tinha muito em comum com o falcão peregrino. Quando começou a estudar o falcão peregrino, faz dezesseis anos, este era uma espécie quase extinta. Estavam derrotados, mas não aniquilados. E um dia voltaram em toda sua glória, e ele sempre esteve presente, em cada passo do caminho, para escrever a crônica de sua vitória.
Sempre lhe irritou que muito poucos de seus colegas queriam documentar a vida do peregrino. Cumpriam com os horários estabelecidos, um só semestre, o exigido, para logo sair disparados a procurar trabalho em alguma grande empresa ou em uma organização sem fins de lucro, ou em um organismo público. Diziam que seguiam a pista ao falcão peregrino, que importava, mas na realidade lhes dava igual.
Falar não custava nada.
Sacudiu a cabeça, sentindo que a raiva se desbocava. Concentre-se.
Olhou com os binóculos para a parede do precipício onde Theron e Aglaia tinham construído seu ninho. Ao deixá-los, faz dez dias, tinham posto fim aos jogos de cortejo, mas ignorava se já havia ovos.
Assim que se dedicou a observar. Durante horas. O sol derramava seus raios por toda a campina, convertendo o bosque castanho da manhã em um glorioso leque de cores. Começou a fazer calor, e ele tirou a jaqueta. Comeu o sanduíche insípido, mais por costume que por fome.
Quando o sol cruzou o Equador do meio-dia, Aglaia mostrou a cabeça. Logo apareceu Theron, e os dois permaneceram na borda da saliente, o rei e sua rainha, olhando para seus domínios.
Caaaaaaac–cac–cac. Cooo cooo.
Caaaaaaac–cac–cac. Caaaaaaac–cac–cac.
Sentia o coração cheio para ouvir como se comunicavam ambos os caçadores. Se Aglaia deixava o ninho, significava que havia ovos. Esperou e observou, paciente, totalmente quieto entre as árvores e arbustos.
Desdobrando suas poderosas asas, Aglaia deu um salto e baixou como uma bala para a quebrada que se abria mais abaixo, antes de desenhar uma curva para cima e ao redor do precipício. O silêncio voltou a fazer-se no bosque. A caça tinha começado.
Theron viu sua companheira desaparecer e voltou para o nicho da rocha. Intercambio para a incubação. Theron protegia os ovos enquanto sua companheira caçava.
Nada podia lhe dar mais prazer. Tinha saudades de escalar a parede e ver Theron de perto. Tinha-o feito várias vezes antes. Aquele trabalho, que exigia uma grande forma física para seguir, documentar e escrever sobre a vida dos peregrinos, culminava quando agarrava os ovos para incubá-los em cativeiro.
Mas não tinha passado a noite caminhando pelo leito frio do rio, lutando contra a mata, cruzando os lodaçais de argila vermelha que abundavam na área noroeste do Colorado só para trazer os ovos de volta à universidade e incubá-los. Havia retornado para observar e escrever e resistir a tentação de voltar a caçar.
Faz quinze anos só tinha querido encontrar sua companheira a que seria a mulher perfeita para ele.
Mas não havia mulheres perfeitas.
Todas mentiam, todas manipulavam. Inclusive a doce, a muito doce Penny... por que havia dito que já não se via com o esportista? Por que havia dito que o tipo nem sequer lhe caía bem?
Ele sabia. Quando a viu beijando o outro.
Penny era uma mentirosa, como todas as mulheres neste mundo. Diziam uma coisa e faziam algo completamente diferente. Diziam que o amavam, prometiam que não lhe fariam mal, mas elas não amavam ninguém e sempre faziam mal.
Como sua mãe.
Sua mãe, com palavras melosas que eram pior que a picada de uma vespa. Sua maneira de tocá-lo, de obter que fizesse coisas por ela.
Toque-me aí. Não, não, não, aí. Sim. Não pare.
Se não fazia o que ela queria, o castigo era ainda pior.
Carinho, é por seu próprio bem. Tem que aprender.
Agarrava-lhe o pênis até fazê-lo chorar. Rogava-lhe que o soltasse. Faria o que ela quisesse, só para que não lhe fizesse mal.
E depois, sua irmã, sempre montada em cima dele, dizendo que o ajudaria. E o ajudou, durante um tempo. Ajudou-o até que ele confiou nela. E ela voltou a lhe fazer dano e tudo recomeçou...
Tudo começou quando tinha seis anos. Quando seu pai partiu sem dizer uma palavra. Ele acreditava que sua mãe o tinha matado, mas a verdade era ainda pior.
Seu próprio pai não o amava.
Acaso seu pai não sabia que sua mãe o fazia dano? Não via a verdade? Acaso não se importava?
Fechou os punhos sobre seu diário de notas sobre o falcão, e um soluço amargo escapou de sua garganta. O que importava?
Apoiou-se na árvore mais próxima e fechou os olhos, respirando a fragrância penetrante do pinheiro, a seiva agridoce e pegajosa, a terra úmida, as folhas e plantas apodrecendo-se.
Voltou a viver a caçada.
Sua presa era boa, mas ele era melhor. Ela corria, mas ele nunca a perdia de vista.
Viu-a cair, ouviu o rangido do osso por cima da chuva que caía e, no último momento, decidiu usar a faca.
Não tinha nenhuma graça disparar sobre uma presa caída. Era um gesto muito pouco esportivo.
Estava castanho, era quase meia-noite, mas a pele branca azulada da garota se destacava como um fulgor na escuridão.
Puxou-lhe o cabelo molhado para trás com a mão esquerda e, sem vacilar, baixou a faca e lhe cortou o pescoço esbranquiçado. O calor de seu sangue o surpreendeu.
Saboreou umas gotas que lhe salpicaram os lábios.
Deixou-a cair aí onde estava e olhou.
A caça tinha terminado, mas já o corroia o impulso de encontrar outra presa. O coração lhe pulsava com força e o sangue fluía por seu corpo como uma corrente enquanto abandonava às lembranças. Aquele poder intoxicante que sentia quando a tinha só para ele. A sensação de vitória que, desgraçadamente, diminuía dia a dia até que não ficava mais alternativa que voltar a caçar. A emoção da caça era como uma breve animação, e já voltava a lhe fazer falta. Tinha saudades ter esse poder em suas mãos.
Entretanto, antes tinha algo importante que fazer. Ali, com Theron, Aglaia e seus ovos. Observando, esperando, escrevendo.
Seus pássaros o necessitavam.
Tinha que resistir ao impulso.




 


Esse é bom capitulo para conhecer um pouco o açougueiro.  ;) 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): ayaremember

Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Muito antes que o sol aparecesse entre os Montes, Alfonso despertou, preso de certa agitação, ainda preso em sonhos onde aparecia Anahi.Os que sabem repetem o mantra: O tempo tudo sana.Era uma mentira. Algumas feridas nunca sanavam, sobre tudo quando o ferido não parava de arrancar as crostas.Anahi vivia e respirava para o Açougueiro. Para a justi ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • lyu Postado em 05/11/2013 - 14:50:19

    uhuhul vai mata ele!

  • steph_maria Postado em 28/10/2013 - 23:09:39

    Surteiii com esses capitulos, tão perfeito, o açougueiro quase sendo encurralado, Anahi e Alfonso enfim juntos de novo quase morri aki *-------* posta maisssss

  • lyu Postado em 27/10/2013 - 02:34:57

    acho q é esse: David Larsen

  • steph_maria Postado em 26/10/2013 - 22:17:04

    SURTANDOOOO COM ESSES CAPITULOS GENTE!!! *__* a Caça tah perfeita finalmente sabemos quem é o açougueiro e a Puta kkkkkkkk só estou me preparando pq imagino o pobre Nick deve sofrer na mão do açougueiro =/~ mas apesar disso tudo o que são AyA? estao ficando proximos e Anahi aceitando ser consolada por ele me mataaaaa

  • lyu Postado em 22/10/2013 - 01:41:46

    a puta é mulher do juiz. mais

  • ponnynobre Postado em 18/10/2013 - 21:59:02

    Que lindo Anahi e Alfonso se acertando aos pouco. que merda esse homem pegou outra garota :(

  • isajuje Postado em 18/10/2013 - 20:14:12

    A Puta KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK é pra rir mesmo. Esse O Açougueiro é um cara muito retardado. Tudo se tornaria mais fácil se ele matasse A Puta. Não vi nenhum impedimento nisso. A Puta deve ser mesmo a mulher do juiz com o seu irmão. É o que eu acho. Credo. Muito nojento. E AyA juntos *u* quero mais. Ps.: desculpe comentar pouco preciso comentar em um moooooonte aqui

  • isajuje Postado em 15/10/2013 - 19:43:01

    Menina, como você pode postar dois capítulos e nos deixar assim? KKKKKK nossa curiosidade, ansiedade, e nosso trauma precisa de mais capítulos. Foi muito romântico esse beijo, cheio de ternura bleh. Não acredito que falei nisso mas ok. Pode continuar.

  • ponnynobre Postado em 14/10/2013 - 22:30:29

    Alfonso é sempre tão lindo com ela ♥ demorou mais o beijo foi lindo

  • ponnynobre Postado em 14/10/2013 - 22:29:25

    QUE LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOS. POSTA MAIS POR FAVOR!!!!!!!!!!!!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais