Fanfic: Além do Tempo

CAPÍTULO 01

CENA 01 - CASA HUMILDE - NOITE - INT

A imagem percorre sobre uma casa humilde, sem reboco e com as portas caindo. Ouve-se apenas um ruído de dor. Logo vemos uma mão parecendo ser de um homem mais velho, cabelos grisalhos e um rosto machucado pelo tempo, vestindo roupas rasgadas e sujas. Ele olha para um retrato seu e de uma menina parecendo ser sua filha. Aos poucos ele vai tentando rabiscar em um pedaço de papel que acabava de encontrar. 

CENA 02 - AEROPORTO - MANHÃ - EXT

Um avião deixa nuvens escorridas pelo céu. Uma jovem de cabelos ruivos ondulados, olhos esverdeados, se locomove até o portão de desembarque. 

A moça encontra um homem de cabelos cacheados, e olhos azuis, ela o abraça fortemente. Os dois se olham fixamente. 

MULHER - Por que meu pai não veio? 

HOMEM - Eu não consegui achar ele a tempo de avisar que você viria. 

O homem para em frente à mulher e fica olhando ela de cabeça aos pés. 

HOMEM - Você mudou muito, Regina, até parece outra mulher. 

REGINA - Na faculdade eu amadureci muito. Aprendi a ser forte, mas agora vamos andando que eu ainda preciso ver meu pai. 

Os dois caminham em direção a um táxi. 

CENA 03 - CASA HUMILDE - TARDE - INT

Regina vai até a casa humilde da primeira cena. Ela dá um suspiro, tentando empurrar o portão enferrujado de cor verde. Ela caminha devagar sem fazer barulho, porém com medo de pisar sobre o barro que escorria da chuva que parecia ter passado por ali há pouco tempo. Ela olha para a porta verde que está entreaberta...

REGINA - Pai? O senhor está aí? `Grita a moça que parece estar surpresa por não encontrar seu pai

O seu olhar vai percorrendo por toda sala, e logo percorre a cozinha. 

REGINA - Eu sei que eu não avisei que ia chegar de viagem, porém os semestres foram passando tão rápido, quando vi já era hora de vir embora para o Brasil. Ai pai! Cadê você? 

Ela desiste de encontrar o pai e fica inquieta, logo ela vê um pequeno bilhete, que a impressiona por estar escrito com uma letra muito grande e forte. Ela olha e se choca com o que vê escrito: "Quando você voltar eu estarei longe. Fique longe da família Tower.".

Os seus olhos tremem ao ler o papel, e logo vêm pensamentos em sua mente, ela fica paralisada por alguns segundos. Ela olha pela janela que está entreaberta e foca sua visão na casa dos Tower. 

A cena termina.

CENA 04 - SHOPPING - TARDE - INT

Regina está sentada próxima a uma mesinha de uma lanchonete do shopping quando o mesmo homem da primeira cena aparece. Ela parece estar assustada e...

REGINA - O meu pai desapareceu... Eu preciso muito da sua ajuda!

HOMEM - Calma Regina... O que aconteceu? O quê?

REGINA - Meu pai, Vitor. Ele desapareceu. E eu tenho certeza que a família Tower tem algo a ver com isso. 

VITOR - Por que você tem tanta certeza disso?

REGINA - Eu encontrei um papel dizendo pra mim se afastar da família Tower, e eu sempre desconfiei que meu pai tivesse algum segredo com eles. 

VITOR - Eu não sei quem é essa família Tower, mas eu posso te dizer que você tem que ficar calma, não pode ficar tirando conclusões precipitadas. 

Regina faz uma expressão de revoltada. Ela olha para Vitor, e bate com a mão na mesinha. 

REGINA - Eu preciso da sua ajuda. Você vai me ajudar? 

VITOR - O que você quer que eu faça? 

REGINA - Eu sei que você tem muitos contatos Vitor, você nunca foi flor que se cheire, preciso de documentos e um currículo falso. Eu quero de alguma forma me aproximar daquela família e descobrir onde meu pai se meteu. 

VITOR - E o que eu ganho em troca? 

REGINA - Dinheiro! Óbvio. No exterior eu consegui ganhar muito dinheiro, Vitor, eu posso te dar quanto você quiser pra me ajudar...

Regina coloca algumas notas de dólares em cima da mesinha. Os dois se entreolham. Após isso, Vitor e Regina vão embora juntos. 

CENA 05 - EMPRESA KRASSMANN - TARDE - INT 

As horas passam. A imagem abre um brilho forte até aparecer o slogan da empresa "Krassmann", diante da empresa vemos a jovem de cabelos ruivos ondulados. Ela olha para a empresa. 

REGINA - É aqui que vou encontrar as respostas para o desaparecimento do meu pai. `respira aliviada

Ela sobe as escadas devagar. Está com uma saia preta, e um salto alto vermelho. Ela sorri para o jovem da recepção, pega o elevador e esbarra em um rapaz bonito, de olhos verdes e cabelos escuros. Eles trocam olhares e ele faz uma expressão de surpreso. 

RAPAZ - Eu te conheço de algum lugar. `diz ele curioso

REGINA - Você não me conhece. Eu sou a candidata para a vaga de secretária. `diz ela se fazendo de desentendida

RAPAZ - Então é você que irei entrevistar? 

REGINA - Acredito que sim. Você é o Rafael Tower?

RAFAEL - Correto! E você é Vitória Figueiredo, como dizia seu currículo?

VITÓRIA (Regina) - Sim. 

Os dois se cumprimentam, e trocam olhares sedutores, o elevador se abre, e os dois saem juntos. Ele vai à frente entrando em sua sala, ele olha para Regina e faz com a mão que ela pode entrar. Ele entra e logo após fecha a porta. Ele puxa a cadeira e ela senta, logo após ele senta e fixa seu olhar sobre ela. 

Ele pega o currículo da moça que estava em sua gaveta, observa para a pequena foto de Regina na folha e fica trocando olhares.

RAFAEL - Você tem um currículo excelente! 

VITÓRIA (Regina) - Obrigada!

RAFAEL - Mas tem outros currículos muito parecidos com o seu, por que você acha que eu deveria contratar justo você? 

VITÓRIA (Regina) - Boa pergunta! Acredito que você deveria me contratar por que estou preparada para assumir esse cargo e já sinto como se fosse meu. 

RAFAEL - Ótima resposta. Você está contratada!

VITÓRIA (Regina) - Mais nenhuma pergunta?

RAFAEL - Como você disse tão segura, esse cargo já é seu. Agora eu preciso que você comece hoje mesmo, tem muito trabalho pra você aqui, mocinha. A Beatriz vai te auxiliar em tudo que você precisar. 

Ele disca no telefone. 

RAFAEL - Eu preciso que você auxilie a nova secretária em tudo que ela precisar, ok? 

Rafael olha para Regina que se retira educadamente da sala acompanhada por Beatriz. Rafael fica pensativo em meio a rapidez em que contratou a moça. Ele olha para a foto que está no currículo. 

RAFAEL - Eu sinto que eu te conheço de algum lugar... `fala sozinho.

A cena termina.

CENA 07 - EMPRESA KRASSMANN - TARDE - INT 

Na recepção da empresa de cosméticos "Krassmann", Vitória (Regina) está pensando em seu pai. E um flashback vem a sua cabeça: 

A imagem aparece, seu pai e ela mais nova. Os dois estão conversando e rindo juntos, até que seu pai olha para ela e diz:

Mauricio - Eu te amo, filha. E não importa o que aconteça, a gente nunca vai se separar.

Regina - Você promete papai? (abraçando) 

Maurício - Eu prometo meu bebê. 

A imagem volta na recepção. E ela pensa:

VITÓRIA (REGINA) - Eu vou te encontrar mesmo que você esteja morto. Custe o que custar!

Beatriz está andando em sua direção. 

BEATRIZ - Você preparou os papéis que o senhor Rafael solicitou?

VITÓRIA (REGINA) - Sim. Estão todos prontos. Pode deixar que eu vou entregar.

BEATRIZ - Ok. 

Regina vai até a porta e bate devagar. 

RAFAEL - Pode entrar. 

Ela abre a porta e os dois se entreolham. Até que ela entra...

VITÓRIA (Regina) - Com licença, senhor Rafael. Os papéis que o senhor pediu estão todos aqui. 

RAFAEL - Pode deixar na minha mesa. 

VITÓRIA (REGINA) - Está bem.

Vitória vai se retirando. Quando de repente...

RAFAEL - Espera! Eu quero conversar com você.

VITÓRIA (REGINA) - Conversar comigo? Eu fiz algo de errado, senhor?

RAFAEL - Eu só acho que eu preciso te conhecer melhor. 

Um clima estranho se preenche na sala.

RAFAEL - Já que você é minha secretária, você toparia tomar um café comigo depois do expediente? 

VITÓRIA (REGINA) - Tudo bem. 

RAFAEL - O seu namorado não vai ficar chateado? 

VITÓRIA (REGINA) - Não se preocupe, eu não tenho namorado. 

Vitória sorri e vai embora da sala educadamente. Rafael sorri sozinho e solta um ar de alivio.

CENA 08 - EMPRESA KRASSMANN - TARDE - INT 

Vitória (Regina) está saindo da sala de Rafael quando esbarra em um homem de cabelos grisalhos, usando um terno e com um crachá escrito “Presidente”. Ele olha para Regina como se a conhecesse, e faz uma expressão de surpreso.

HOMEM – O que você faz aqui? ‘nervoso

Vitória (Regina) percebe que o homem a reconheceu e tenta se disfarçar...

VITÓRIA (Regina) – Eu trabalho aqui. Sou secretária. Vitória Figueiredo.

HOMEM – Mocinha, você quer me fazer de idiota? Você é a Regina.

VITÓRIA (Regina) – O senhor deve estar confundido.

HOMEM – Devo estar mesmo, me perdoe. É que você me parece muito com a filha de um conhecido meu, e, e por pura coincidência do destino, tem o mesmo sobrenome. Meu nome é Alexandre, me desculpe novamente.

Vitória solta um ar de alívio, mas fica preocupada com o que aconteceu. Alexandre entra na sala com um tom de preocupado. Vitória vai até a recepção e senta próximo a sua mesa...

Beatriz se aproxima de Vitória.

BEATRIZ – Eu vi tudo de longe.

VITÓRIA (Regina) – Viu o quê?

BEATRIZ – Vi como o estúpido do senhor Alexandre, te tratou.

VITÓRIA (Regina) – Ele é sempre assim?

BEATRIZ – Sempre! Aquele homem é um macaco mal-humorado.

VITÓRIA (Regina) – Eu já tive muito medo dele, hoje não tenho mais.

BEATRIZ – Você fala como se conhecesse ele há um tempão.

Beatriz solta uma risadinha, enquanto Regina disfarça.

A cena termina.

CENA 09 - EMPRESA KRASSMANN - TARDE - INT 

Rafael está em sua sala digitando no notebook, quando seu pai aparece nervoso.

ALEXANDRE – Eu quero que você demita a nova secretária. ‘nervoso

RAFAEL – Por quê, papai?

ALEXANDRE – Você é surdo?

RAFAEL – Tudo bem.

ALEXANDRE – Eu não gostei dela.

Alexandre sai da sala nervoso, enquanto Rafael fala sozinho.

RAFAEL – Eu sempre faço suas vontades, papai. Por que vou demitir uma secretária que tem um ótimo currículo, e ainda por cima é bonita?

Ele olha para a foto da secretária que ainda está em sua mesa.

CENA 10 – CAFETERIA - NOITE – INT

Rafael chega à cafeteria, acompanhado de Vitória. Os dois se olham.

RAFAEL – Obrigado por ter aceitado o convite. Você está linda.

Vitória está com um vestido vermelho longo, com um salto preto, que destaca suas curvas.

VITÓRIA (Regina) – Obrigado, senhor Rafael.

RAFAEL – Não me chama mais de senhor, por favor. Eu vou ficar chateado.

VITÓRIA (Regina) – Desculpa, Rafael.

RAFAEL – Eu pensei em você o dia todo, Vitória. Eu não sei nem como te dizer, mas parece que eu te conheço há muito tempo.

VITÓRIA (Regina) – ‘pensando’ Mas você me conhece, e graças a sua família meu pai desapareceu.

Vitória se faz de constrangida.

VITÓRIA (Regina) – Eu confesso que também pensei em você o dia todo.

Rafael sorri contente.

RAFAEL – Eu acho esse lugar tão chato... Parece tão monótono. Você aceitaria ir comigo pra um lugar mais tranquilo?

VITÒRIA (Regina) – Você quer me levar pra um motel? ‘expressão indignada

RAFAEL – Claro que não. Eu quero te levar pra uma praia que eu acho linda, é aqui perto. Quero que você sinta o que eu sempre sinto quando estou sozinho.

Vitória faz que sim com a cabeça e os dois vão em direção ao carro. Os dois chegam à praia. Ele tira a camisa e sai correndo na areia.

RAFAEL – Você não tem ideia Vitória, como esse lugar me faz bem.

Os dois se olham fixamente. Rafael pega na mão de Vitória.

VITÓRIA (Regina) É verdade. É um lugar muito bonito. Eu nunca tinha visto o mar de noite.

Vitória fica impressionada, e acaba se deixando levar pelos encantos de Rafael, os dois se olham fixamente, uma música de fundo é embalada na cena “Tim Maia – Sozinho”.  Rafael coloca suas mãos sobre o rosto de Vitória, e os dois se beijam devagar, ele para de beijá-la e diz...

RAFAEL – Você é um sonho.

Os dois continuam a se beijar.

A cena termina

CENA 11 – EMPRESA KRASSMAN - MANHÃ – INT

Alexandre é um dos primeiros a chegar a empresa, e quando se depara com a presença de Vitória (Regina) na recepção, abre uma expressão de surpreso. Ele fica nervoso e vai andando rapidamente até que ele fica parado em frente a ela, os dois se olham.

ALEXANDRE – O que você faz aqui ainda? ‘nervoso

VITÓRIA (Regina) Desculpa senhor, não entendi sua pergunta.

ALEXANDRE – Eu já vi que o Rafael é um inútil mesmo.

Vitória fica surpresa com a atitude de Alexandre.

ALEXANDRE – Eu quero que você pegue suas coisas e se retire imediatamente, você foi demitida.

VITÓRIA (Regina) – Mas o que eu fiz senhor? ‘assustada

ALEXANDRE – Você acha que eu ia cair nesse seu papo, Regina. Eu não sou idiota. Eu sei que é você, e se você não sair daqui imediatamente, eu posso chamar a polícia e você será presa por identidade falsa.

REGINA – Você pode me prender, mas eu não vou sair daqui, enquanto não descobrir o que você fez com meu pai.

ALEXANDRE – O seu pai sempre foi um fracassado, Regina.

Alexandre chega mais perto de Regina.

ALEXANDRE – Assim como você.

Olha dos pés a cabeça.

REGINA – Assume que você o matou! Seu desgraçado! ‘grita nervosa

ALEXANDRE – Você acha que eu teria coragem de matar alguém? Acha mesmo? Presidente de uma empresa ia se sujar pra matar um pobre que ninguém conhece. Seu pai se matou sozinho Regina, você sabe disso.

REGINA – Você está me deixando confusa, me diz o que aconteceu.

ALEXANDRE – Eu já disse, quero que você saia dessa empresa imediatamente, ou chamarei a polícia.