Fanfic: Eu quero segurar a sua mão (Faberry, PucKurt, Brittana) | Tema: Glee

A aula havia acabado de começar, mesmo assim ainda havia alguns retardatários pelos corredores, talvez fosse a primeira vez, ou talvez não, mas Rachel Berry tinha a certeza de que estava matando a primeira aula porque necessitava de ar, precisava manter a sua cabeça no lugar. Ela andava na direção contraria a todos, sem se importar com as pessoas que esbarravam nela. Ao atravessar as portas do McKinley sentiu o ar frio tomar os seus pulmões, seus passos eram largos em direção as arquibancadas enquanto as grossas lágrimas corriam pelo seu rosto. Rachel desabou em um canto qualquer e se encolheu, seu coração doía de um jeito que ela sabia que não devia. Porque todas aquelas brigas tinham esse efeito sobre ela? Porque algo tão pequeno sempre a deixava aos prantos?

–Dia difícil?!

Rachel se assustou e limpou as lágrimas rapidamente; mas ao ter certeza de quem era ficou um pouco mais tranqüila.

O rapaz aproximou-se dela e se sentou ao seu lado, era algo um pouco estranho, já que os dois nunca foram muito íntimos. Rachel respirou fundo e confirmou com a cabeça, dando um sorriso sem graça enquanto brincava com os próprios dedos.

-E você? – disse a morena com a voz baixa, não estava muito a fim de conversa, mas agradecia a presença de alguém do glee no momento.

-Dia difícil! – afirmou o garoto de olhos azuis com o mesmo sorriso triste dado pela pequena diva. – outra D.R. com a Fabray?! – perguntou Kurt sem o seu tom irônico que usava quase sempre.

Apesar do outro não estar usando o seu tom habitual para brincadeirinhas um tanto maldosas, Rachel se assustou, arregalou os olhos e abriu a boca diversas vezes, mas nenhum som saiu.

-UAU! Deixei Rachel Berry sem palavras, isso deveria ser registrado. – Kurt passou o braço pelos ombros da colega e tentou lhe dar o seu melhor sorriso, fazendo assim que a garota melhorasse um pouco. Queria ajudá-la, mas o seu instinto curioso também falava alto no momento. – você só fica assim por causa da Quinn, talvez não tenha notado, mas essa tensão entre vocês seja algo bem maior que apenas o Hudson.

Rachel o olhou ainda assustada, afinal o que ele estava insinuando? Que ela e Quinn sentiam algo além da rivalidade?! Não, não mesmo! Ela esperou por alguma risada, algo que indicasse que aquilo fosse apenas uma brincadeira, mas o garoto não parecia estar brincando.

-O que aconteceu dessa vez? – perguntou Kurt sério.

A morena não sabia o que fazer, nunca conversara com ninguém sobre isso - a não ser os seus pais ou algumas coisas secretas que anotava em seu diário, mas esse não correspondia as suas expectativas. Talvez Kurt lhe ajudasse, ele também parecia a um bom tempo abatido e vulnerável assim como ela, a pequena diva precisava desabafar com alguém.

Flashback -Rachel

Parecia ser um dia como outro qualquer. Depois do ensaio matinal que sempre fazia antes das aulas, Rachel checou as horas apenas como rotina e saiu do auditório, tomando o rumo para a sua aula de calculo. Passou por Finn que estava conversando com alguém que nunca havia visto antes e sorriu, mesmo que o quarterback não tivesse notado a sua presença.

A poucos metros de distância Rachel era fuzilada por um par de olhos furiosos, mas a morena estava tão alheia aos seus pensamentos que apenas voltou a realidade quando sentiu ser puxada pelo braço por alguém, sendo impedida de entrar na sala.

-Mas... O que... – reclamou ela levemente irritada com a surpresa.

-O que pensa que está fazendo?! – perguntou uma voz fria, e Rachel ficou tensa ao ver que suas preces não foram atendidas.

Era Quinn Fabray, e minha nossa... Como os seus olhos estavam diferentes, carregavam um brilho tão intenso que chegava a se assemelhar a ouro líquido. Rachel sabia que estava furiosa, mas mesmo assim não deixou se intimidar pelo olhar da outra, a morena se manteve firme.

-Não sei do que está falando. – respondeu ela quase que atropelando as palavras.

-Eu vi o jeito que você olhou para o meu namorado Manhands! Qual o seu problema, não consegue arrumar alguém e fica aí como um urubu esperando a carniça?! – Quinn falava de maneira perigosa, seu humor estava mudando constantemente, a gravidez não estava ajudando muito nesse quesito.

-Creio que ele seja livre para falar com quem quiser. – respondeu Rachel tentando esconder a dor que as palavras da loira sempre lhe causavam. – o que houve Quinn, medo de perder o namorado depois que engravidou?! Você deve sentir muita falta do seu corpinho, já que não tem muitas pessoas olhando pra você agora.

A ex líder das Cheerios fechou os punhos e olhou do jeito mais desprezível possível para a outra. Rachel tentava sentir pelo menos raiva da garota que tanto já havia lhe humilhado, mas simplesmente não conseguia, principalmente com aquele brilho tão intenso que os olhos castanho-esverdeados de Quinn haviam adquirido; a morena só conseguia pensar em como aqueles olhos de anjo poderiam pertencer a uma pessoa tão desprezível, covarde e fria.

-Bem lembrado Berry, mesmo grávida as pessoas ainda olham mais pra mim do que pra você. – disse destilando o resto do seu veneno.

Rachel sentiu um nó em sua garganta e saiu, não iria para a primeira aula, não conseguiria respirar o mesmo ar que a loira na sala, ela saiu dali o mais rápido possível... Precisava esquecer aquele cheiro, aqueles olhos, precisava esquecer Quinn Fabray.

***

Quinn sentiu um nó se formar em sua garganta, era estranho o fato de que nunca se sentira mal mantendo Rachel no seu devido lugar e longe de Finn, mas agora parecia que as lágrimas da Berry eram como uma kriptonita, que a deixava sempre fraca e confusa... Quinn Fabray odiava se sentir assim, mas adorava a idéia de deixar os outros confusos.

A ex cheerio atribuiu toda a sua confusão de sentimentos a sua gravidez, pois ela tinha plena consciência de que não era daquele jeito. Ela andou apressada pelos corredores sentindo seu coração apertado, sorriu brevemente ao achar a pessoa que procurava, afinal não era tão difícil achar Finn Hudson entre os poucos alunos que ainda se aventuravam pelos corredores do McKinley. “Droga, ele está conversando com alguém” Ela suspirou irritada ao ver que o namorado estava conversando com um outro aluno, Quinn nuca vira aquele garoto de moicano na escola, mas pelo jeito que os dois se falavam pareciam velhos amigos “dane-se! Preciso falar com ele agora mesmo”. A loira aproximou-se e não teve como os dois não notarem a sua presença, Finn deu um sorrisinho bobo, o mesmo que dava todas as vezes que via a namorada; e Noah... Bem, apenas foi fuzilado com os olhos pelo outro.

–Pode ir tirando o olho que essa é minha Puckerman. – disse Finn dando um leve soco no ombro do outro.

Quinn puxou o namorado para baixo e o beijou com uma certa urgência, surpreendendo o quarterback, pois normalmente a loira não era de fazer aquilo, principalmente na frente de outras pessoas - claro havia casos em que ela fazia questão de abrir uma exceção, como Rachel. O judeu pigarreou chamando a atenção dos dois que pareciam ter se esquecido dele.

-Desculpe. – Finn passou o braço pelos ombros da ex cheerio. – essa é a minha namorada Quinn. E esse é o meu amigo que havia comentado, o primo do Kurt.

Quinn cumprimentou o rapaz de olhos verdes e sorriu brevemente.

-Melhor irmos para a aula, já estamos atrasados. – alertou a garota.

-Ah... É mesmo. – confirmou Finn do jeito aéreo de sempre.

Assim Finn e Quinn seguiram em uma direção e Noah que já estava mais que atrasado logo no seu primeiro dia seguiu na direção oposta.

O jogador não tinha a mesma aula que a namorada, no entanto as salas eram próximas e o rapaz sempre fazia questão de deixá-la sempre na primeira aula. mais uma vez ela se aproximou do rapaz e beijou-o com vontade, Finn segurou o rosto dela e pausou o beijo lentamente; ele olhou nos olhos da loira a procura de respostas, mas eles pareciam turvos.

-Aconteceu algo? – perguntou um pouco desconfiado.

Quinn respirou fundo e negou com a cabeça, não queria ter aquela conversa, muito menos com o seu namorado.

–Nos vemos depois. – disse a garota de um modo um tanto frio e entrando na sala sem nem ao menos olhar para o quarterback. Aquela oscilação de humor estava deixando-o louco. 

Minutos atrás

Noah estava andando pelos corredores com uma das cheerios, e isso claro... Chamou a atenção de várias pessoas, que cochichavam enquanto dos dois conversavam como se conhecessem a anos. Santana apontou para um rapaz alto que se destacava entre os outros, Noah olhou para Finn como se o mesmo não tivesse mudado muito, já que o amigo sempre foi o maior de todos.

-Se precisar de algo é só me ligar. – disse Santana com um sorriso sugestivo.

O judeu passou a mão pelo moicano e sorriu, realmente estava começando a gostar do McKinley; ele lançou o seu sorriso mais sedutor e respondeu:

-Tenho certeza que irei precisar brevemente. – Santana mordeu o lábio inferior e saiu sem desviar os olhos daqueles magníficos orbes verdes.

Após a garota se afastar Noah adotou novamente uma postura mais séria, pois teria que resolver algumas coisas com Finn Hudson.

-Olha, olha, achei você Frankenstein. – falou com um tom zombeteiro que sempre gostou de usar com o mais alto.

Finn fechou a porta do armário com uma força um tanto desnecessária, mas que em nada assustou o outro; o quarterback olhou feio para o rapaz de moicano que estava a sua frente, e mesmo sem reconhecê-lo ele sabia muito bem quem era, pois apenas uma pessoa teria coragem o suficiente para chamá-lo por aquele apelido... E essa pessoa era Noah Puckerman. 

-Quem é vivo sempre aparece mais cedo ou mais tarde. – disparou Finn. 

-Ok! Sem brincadeiras, preciso perguntar uma coisa. – o judeu pareceu um pouco desconfortável, mas mesmo assim não abandonou a sua firmeza. Finn apenas o olhava como se desse permissão para que a pergunta fosse feita.

-O que aconteceu entre você... E o Kurt? – perguntou baixando o tom de voz ao pronunciar o nome do primo.

Finn olhou um pouco receoso para os lados, temendo que algo fosse escutado por algum estudante do McKinley.

-Eu não sei do que está falando. – respondeu o jogador no mesmo tom baixo que o outro.

O judeu suspirou parecendo um pouco impaciente e segurou no casaco da escola que Finn vestia, trazendo-o para mais perto. 

-Eu não sou idiota Hudson, e eu sei também que o que você menos queria era ter concorrência com Kurt novamente, então eu acho bom você me contar a verdade agora mesmo! – a voz do outro saiu entre os dentes e um tanto ameaçadora. Finn deu um sorriso quase que imperceptível, pois apesar da grande mudança por fora Noah Puckerman agia do mesmo jeito quando era criança.

O quarterback até pensou melhor em responder, mas ao notar que a namorada se aproximava acabou por mudar completamente de assunto antes que ela percebesse algo estranho, o que fez Noah levantar uma das sobrancelhas um pouco intrigado; mas a sua resposta veio logo em seguida. Uma jovem loira havia se aproximado dos dois, e como ela era linda, Noah tentou recordar de alguma vez que tenha visto uma garota tão bela, mas sem sombra de dúvidas aquela era a primeira vez. Finn e a garota se beijaram e parecia ter sido algo de surpresa, pois a cara que o jogador fez foi impagável... Noah foi um pouco mais descarado e analisou o corpo da loira, ela estava grávida de no máximo 3 ou 4 meses. Tudo começou a se juntar como peças de um quebra-cabeça, e pelo menos o motivo da mudança repentina do assunto ele entendeu. Depois de conversarem brevemente e o judeu ter o seu momento de “vela” Finn resolveu fugir com a namorada, os três já estavam atrasados e para o primeiro dia de Puckerman isso não era boa coisa.

–Terminamos aquele assunto depois. – disse Finn segurando na mão da namorada, que olhava um tanto intrigada para os dois, como se por trás da fala do namorado existisse algum tipo de código.

Noah apenas confirmou com a cabeça e assim cada um foi para o seu lado.

***

Naquele mesmo dia, um pouco mais tarde, Finn levou o novo companheiro até o vestiário para apresentá-lo aos outros jogadores de futebol. Noah não tocou mais no nome de Kurt ou na conversa que havia tido mais cedo com o quarterback, Finn havia prometido que conversariam em uma outra ocasião e assim ele esperaria.

–Pessoal esse é o nosso mais novo reforço. – anunciou Finn chamando a atenção dos colegas de time. – o nome dele é Noah Puckerman.

-Com esse moicano e esse sobrenome, já ganhamos a temporada. – brincou Azimio. – acho que vou te chamar de Puck. – disse dando alguns tapas no ombro do novato.

O judeu soltou uma gargalhada ao ouvir o seu mais novo apelido.

-Então o que temos preparado para o novato amanhã? – perguntou Karofsky, já com um sorriso malicioso.