Fanfic: Segredos - Ano I (Harry Cedrico, Hermione Pansy, Fred Jorge) | Tema: Harry Potter

Molly ficou horrorizada ao saber do acontecimento na Copa e analisou meticulosamente cada um dos garotos para ver se estavam realmente bem, tendo um cuidado quase que exagerado com Harry e Hermione, não que seus filhos fossem menos importantes, mas como os dois grifinórios estavam sob a responsabilidade de sua família, nada mais justo que zelar pela total segurança dos mesmos.

–Molly querida, as crianças estão bem. – informou Artur pela milionésima vez tentando acalmar a esposa que pouco ligava para o que o marido dizia.

–Por Merlin, poderia ter acontecido algo com vocês Artur... Comensais da Morte andando por aí... – A matriarca da família Weasley não conseguia nem pensar direito só em imaginar que algo grave poderia ter acontecido; a simples menção dos Comensais fazia sua pele tremer de forma nada agradável 

Depois da inspeção a Sra. Weasley mandou os garotos diretamente para o banho, enquanto preparava algo para comerem.

Enquanto subiam as escadas, Hermione chamou por Harry, que parou bruscamente no degrau enquanto os irmãos Weasley subiam rapidamente. Ele sentou-se onde havia estacionado e esperou a amiga aproximar-se.

–Noite difícil não é mesmo?! – comentou a garota desabando ao lado do amigo.

O garoto levantou uma das sobrancelhas apenas confirmando com a cabeça, realmente a noite havia sido bem difícil em todos os âmbitos possíveis 

–Está acontecendo alguma coisa? – disparou a amiga de maneira inocente, encostando a cabeça no ombro de Harry, buscando ali algum conforto.

–Hum... Do que está falando exatamente?! – respondeu o moreno com outra pergunta. Harry estava muito confuso com o dia agitado que tiveram, apesar de confiar em Hermione, era difícil explicar o que estava acontecendo sem ele mesmo saber com precisão.

Mione sorriu com carinho para o amigo e levantou-se do degrau, não o forçaria a ter uma conversa se o mesmo não se mostrava preparado para tal ato.

–Vem... Melhor irmos logo, para não nos atrasarmos. – disse a garota.

Harry apenas confirmou com a cabeça, parece que Hermione havia entendido o seu desejo intimo de não responder perguntas aparentemente complicadas. Os dois voltaram a subir as escadas, depois cada qual foi para um lado.

Quando entrou no quarto de Rony, o ruivo estava usando a varinha para guardar suas coisas, interrompendo o feitiço com a chegada do companheiro de quarto 

–Demorou... Aconteceu alguma coisa? – perguntou o ruivo com um fingido desinteresse. 

–Não. Hermione queria me fazer uma pergunta, só isso. – respondeu sem querer prolongar a conversa, responder os questionamentos da senhorita Granger já era um tanto constrangedor, esperar o mesmo de Rony já seria algo mais torturante, nunca escondera nada do amigo até então... Mas talvez o ruivo não fosse tão receptivo a certos assuntos.

Harry começou a arrumar suas coisas o mais rápido que pode, não estava gostando de ser bombardeado de perguntas, nunca agiu muito bem sob pressão e isso se encaixava ainda mais perfeitamente quando se tratava dos seus amigos, só achava que no momento precisava ficar um pouco sozinho para enfim colocar os seus pensamentos novamente em ordem.

–Ta estranho desde a hora que nos encontramos com os Diggory no caminho para a Copa. – disse o ruivo sentando na cama de frente para o amigo, não havia maldade ou malicia em suas palavras, era mais provável que o amigo estivesse preocupado com sua quietude.

–Não é verdade... Acho melhor irmos, sabe bem que a Sra.Weasley não gosta quando demoramos para o jantar. – com certeza Harry era o rei das desculpas esfarrapadas, mas quem disse que ele se importava?!

Rony não falou mais nada, apenas levantou da cama e andou em direção a porta, Harry ficou feliz pelo amigo ter dado o assunto como encerrado, já que na maioria das vezes Rony pressionava Harry até descobrir a verdade. Os dois desceram calados enquanto faziam o caminho de volta a cozinha.

***

O jantar seguiu um pouco tenso, bem diferente do que Harry costumava passar com a família Weasley. Por ordem severa de Molly, o assunto sobre a Copa Mundial de Quadribol foi proibido durante o jantar, mas mesmo assim alguns pequenos comentários eram soltos de forma espontânea. Depois de estarem satisfeitos, alguns seguiram para os quartos, outros continuavam na cozinha com o Sr. Weasley, e Hermione ajudava a Sra. Weasley com as louças.

–Obrigada querida, não precisava se incomodar com isso, agora vá descansar... Gina já deve estar na cama. – agradeceu Molly sorrindo carinhosamente para a castanha.

–É sempre um prazer ajudá-la. – respondeu a garota sorrindo, mas evidenciando o seu cansaço em sua voz.

Já devia estar tarde, pois Hermione começava a sentir o corpo e os olhos cansados ou talvez fosse simplesmente o fim da carga de adrenalina que receberam durante o fim da Copa. Assim que terminou de ajudar a Sra. Weasley na cozinha, a jovem refez o caminho até o quarto de Gina lentamente, o dia com certeza foi bastante puxado, algo dizia que os Comensais eram apenas a ponta de um terrível iceberg que estava por vir, mas ela agora estava cansada demais para pensar nisso. Mione deu um grande bocejo e abriu a porta do quarto, a ruiva estava semi nua de costas para a porta, isso parecia uma cena normal até o ponto em que Hermione sentiu o rosto corar, era algo estranho, afinal Gina era sua amiga e além disso uma garota... Garotas não ficam coradas com garotas, certo?!

–Oi Mione, entra... Precisamos dormir bem, amanhã voltaremos para Hogwarts. – disse Gina com o sorriso meigo de sempre.

Hermione ficou parada por algum tempo na porta observando a garota se vestir e deitar na cama logo em seguida, a castanha ficou levemente paralisada com o registro dos seus olhos.

–Mione? – chamou Gina olhando para a amiga um tanto intrigada.

Hermione saiu do seu estado hipnótico ao escutar a voz da amiga, sentiu que o rosto estava ficando mais corado, não sabia nem o porque, mas queria muito que Gina não tivesse percebido.

–Está tudo bem. – respondeu fechando a porta do quarto e indo até o banheiro trocar de roupa.

Gina apenas acompanhou a amiga com os olhos, enquanto Mione estava no banheiro, a ruivinha olhava para o teto para passar o tempo, pensando em assunto aleatórios e dando uma atenção mais do que merecida a um pôster de uma seleção de quadribol.

A grifinória mais velha voltou para o quarto já pronta para cair na outra cama, parecia pensativa – bem isso não era uma novidade, se tratando de Hermione Granger – mas pensativa demais. Gina foi até ela e deitou-se por cima lhe dando um “abraço” de urso e um beijo no rosto.

–Boa noite Mione. – desejou a ruivinha docemente.

Hermione sentiu o corpo ter um leve tremor com a pressão do corpo da garota mais nova, o que fez com que se mexesse um tanto incomodada, mas nada de alarde, apenas estava estranhando seu corpo agir de forma tão diferente.

–Boa noite... Gina. – a garota correspondeu ao abraço e ao beijo da amiga igualmente carinhosa.

Gina voltou para sua cama e as duas deixaram o sono tomar de conta do corpo lentamente

***

–Mione... Mione...

A garota de cabelos castanhos virava de um lado para o outro na cama, mas a tentativa de se livrar da voz que a chamava era inútil. Dando-se por vencida, Hermione abriu os olhos com muito esforço, a imagem embaçada a sua frente logo se fez nítida, revelando o belo par de esmeraldas de Gina Weasley, que lhe encarava de forma serena e aparentemente divertida.

–Bom dia sua dorminhoca. – brincou a ruiva, sentando-se ao lado da amiga.

–Bom dia... – respondeu Hermione com a voz aparentemente cansada. -... Que horas são?

–Vim te acordar por conta disso, estaremos saindo em menos de uma hora para a estação. – respondeu Gina após consultar o relógio.

Hermione abriu os olhos assustada, deu um salto da cama e saiu correndo para se arrumar e checar se estava tudo certo para voltar a Hogwarts. Gina apenas sorria vendo a amiga se atrapalhar com a pressa exagerada, não precisava de tanto, mas se tratando da castanha o perfeccionismo em qualquer coisa era sempre palpável.

– Bem, se precisar é só chamar. – informou a ruiva se dirigindo até a porta do quarto. – estão todos na cozinha.

A garota de cabelos claros apenas confirmou apressadamente com a cabeça, sem dar muita atenção a amiga.

***

Quarenta minutos depois, todos estavam prontos para ir para a estação, acompanhados pelo Sr. e pela Sra. Weasley. Ao chegarem a King’s Cross, encontraram aquele mesmo tumulto que indicava o início de mais um ano letivo em Hogwarts, bruxos se misturavam aos trouxas, que preocupados demais com as suas vidas nem notavam a movimentação - mais do que estranha - que levava a plataforma 9³/4. Harry sorriu enquanto via os Weasley’s mais velhos se despedirem dos pais e atravessarem a plataforma, o garoto lembrava como se fosse ontem, a primeira vez que encontrara aqueles mesmos Weasley’s, a dúvida e medo de perder o expresso para Hogwarts... Quem diria que ele passaria por tantas coisas depois daquele dia, coisas que mudariam consideravelmente sua vida... Também era quase impossível não pensar em sua própria família, imaginar como seriam os seus embarques para Hogwarts se seus pais estivessem vivos, olhar para os Weasley’s e tentar se imaginar daquela forma; o moreno respirou fundo e soltou o ar devagar, evitando assim que seu peito doesse menos com tudo aquilo.

Era a sua vez, Harry abraçou a senhora Weasley, que acariciou seu rosto docemente, de forma tão maternal como sempre, que o garoto não sabia como se portar, nunca recebera tal carinho, era um pouco difícil se acostumar levando em conta o “adorável” tratamento dos seus parentes trouxas.

–Tome cuidado, meu filho. – aconselhou a mulher, dando-lhe um abraço carinhoso.

–Molly... O garoto vai acabar perdendo o expresso. – comentou Artur apresando-a.

Harry sorriu e recebeu mais um olhar doce da mulher, ao se desvencilhar dos braços dela, o garoto cumprimentou rapidamente o Sr. Weasley antes de ir.

– Boa sorte Harry! – desejou o homem antes que ele cruzasse a passagem.

Harry olhou para os lados a procura dos amigos, mas os mesmos já estavam embarcando a procura de uma cabine possivelmente vazia. O moreno acelerou o passo e momentos depois estava novamente com os amigos, Rony e Hermione.

A garota apesar da expressão cansada, analisava milimetricamente as notícias do Profeta Diário, principalmente a enorme página principal que carregava a reportagem sobre o desastre na Copa.

–Não consigo entender como eles conseguiram driblar a segurança. – disse Hermione indignada, referindo-se aos Comensais da Morte.

–O ministério também está tentando entender, segundo o papai havia vários seguranças. – Rony havia falado pela primeira vez no dia, desde a noite anterior o garoto estava bastante reservado. – aconteceu bem debaixo do nariz de todos.

Uma voz bastante conhecida estava se aproximando, assim como o barulhinho inconfundível do carrinho de guloseimas. Rony levantou-se animadamente, Harry seguiu o amigo, caindo à atenção em uma garota que estava com um pequeno grupo de amigas, era uma oriental muito bonita que pertencia a Corvinal, seu nome era Cho Chang. Enquanto Rony se decidia, Harry observava a garota que lhe sorriu timidamente, o garoto correspondeu ao sorriso e viu a garota partir com as outras. Chang parecia ser uma garota muito doce, era apanhadora da sua casa e muitos diziam que ela era namorada de Cedrico, apesar de Harry não ter muita certeza disso, lembrar-se do aluno da Lufa-Lufa causou-lhe um leve arrepio e novamente o grifinório faria uma nota mental de evitar pensamentos sobre o mesmo.

–Deseja alguma coisa querido? – perguntou a senhora que conduzia o carrinho.

–Não obrigado. – respondeu o garoto com um meio sorriso.

Harry sentou-se novamente sério, encostou sua cabeça perto do vidro da janela e apenas ficou ali, pensando pesadamente, mesmo que prometesse para si que não se renderia a tal ato.

“Porque?... Só queria um bom motivo pra toda essa loucura”

Seus pensamentos foram interrompidos por uma leve fisgada na testa, uma “amiga” já conhecida.

–Está doendo de novo, não é mesmo Harry? – disse a garota por cima do jornal, levemente preocupada. 

Harry às vezes gostaria que Hermione não fosse tão perspicaz, a garota parecia captar as coisas no ar.

– Não é nada, estou bem!

Hermione foi um pouco mais para frente do assento e baixou o tom da voz.

–Sabe... Você deveria informá-lo, Sirius gostaria de saber o que anda acontecendo com a sua cicatriz e o que houve na Copa.

Como Harry sabia que a amiga não relaxaria até ele mandar notícias para Sírios - e Rony não estava lhe dando muito apoio o moreno resolveu relatar os recentes acontecimentos ao padrinho. O grifinório retirou a bela ave branca que estava na gaiola e lhe encarregou de entregar a correspondência.

- Leve-a até Sírius. – disse Harry acariciando Edwiges.

A coruja piou alto e prendeu o envelope no bico, após acariciar novamente a ave, Harry abriu a janela sentindo o vento gélido em seu rosto, Edwiges saiu voando e em poucos segundos sumiu como um ponto do céu imenso.