Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Havia um homem sentado junto à escrivaninha. Quando ela abriu a porta, ele ergueu os olhos,
atónito. Ficou imóvel, olhando para ela, que também parou, a boca seca. Percebeu que ele
tinha empalidecido, como se visse um fantasma, e que os papéis que segurava lhe escaparam
das mãos, caindo no chão. A expressão dele mudou, enquanto a examinava da cabeça aos pés.
Depois, olhou longamente para seu rosto, sem falar, sorrindo ironicamente, num misto de
admiração e insolência. Devagar, Anahí fechou a porta atrás de si.
A sala estava quente e abafada, parecendo carregada de eletricidade. Anahí olhou, hesitante,
para o homem vestido com inesperada severidade: um terno escuro, camisa branca e gravata
preta. Esperava encontrar Kit com algo mais alegre. Além disso, parecia muito mais velho.
"Não seja idiota! Faz dez anos que o viu pela última vez; o que esperava?"
Era um homem incrivelmente bonito! Não havia em seu rosto nenhum traço de fraqueza. As
feições eram firmes e pequenas rugas perto da boca o tornavam ainda mais severo. Os cabelos
negros, caídos na testa, acentuavam os olhos verdes e frios. Você mudou,
teve vontade de dizer, mas as palavras não saíam. Foi ele quem falou primeiro.
— Que surpresa! — disse, observando as pernas longas, os cabelos dourados, o corpo frágil, o
rosto suave.
De repente, a raiva tomou conta de Anahí. Toda a fúria que controlara, ao falar com Mia,
estourou naquele momento com incrível violência. Que homem odioso! Como ousava sorrir
para ela, depois do que havia proposto à sua irmã? Deu um passo à frente.
— Sr. Herrera? — disse, friamente. — Não deve se lembrar de mim. . .
— Ao contrário, me lembro muito bem — respondeu ele, também frio. — É Anahí, não é?
Anahí Portilla.
Alguma coisa no tom dele a fez estremecer. Ele tinha se recostado na poltrona de couro e
olhava para ela.
— Não fique tão surpresa. — Com um gesto, indicou uma cadeira, em frente à escrivaninha.
— Sente-se. Seu rosto é inesquecível. Como, aliás, o de todas as mulheres de sua família.
Anahí sentiu o sangue lhe subir ao rosto. Não esperava por aquilo; ele era bem mais seguro do
que se lembrava.
— Prefiro não me sentar — respondeu, com decisão. — Não pretendo levar muito tempo
e acho que deve saber por que estou aqui.
— Devo mesmo? — perguntou, parecendo surpreso, o que fez Anahí se revoltar
novamente.
— Tenho certeza de que sim — respondeu, com ironia e desprezo. — Vim por causa de minha
irmã.
— É mesmo? Ainda dedica sua vida a proteger a irmãzinha?
Nesse instante, seus olhares se cruzaram e, por um breve momento, Anahí se lembrou do
olhar de Alfonso. Mas respirou fundo e recuperou o controle. Não adiantava nada ficar
zangada, não podia brigar com ele, tinha que tentar convencê-lo. Armou-se de coragem e
sorriu da maneira mais encantadora possível.
— Talvez seja melhor eu me sentar.
— À vontade.
Ele não se moveu, e ela se sentou, com as mãos cruzadas no colo, olhando-o fixamente.
— Mia me contou tudo, ontem à noite.
— Tudo?
Anahí teve a impressão de que o rosto dele tinha mudado e de que havia certa ansiedade
naqueles olhos frios, o que lhe deu coragem para continuar.