Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Fechou os olhos, mas nem assim as imagens desapareciam. Dançavam em sua mente com uma
clareza alucinante. Ele a tinha segurado pelo braço e puxado para si. A sala estava quente, tão
sem ar que mal conseguia respirar. Estremeceu e, tentando se acalmar, arregaçou a manga.
Olhou para o braço, assustada. Ficava com marcas roxas com muita facilidade, e Kit tinha
deixado sua marca. Sentia um ódio violento.
Não teve ideia do tempo que ficou ali, sentada, mergulhada em
lembranças. Foi despertada pelo som de passos na escada. Levantou-se, trémula, quando a
porta se abriu, e Mia e Harry entraram. Mia usava o casaco de peles e seus olhos
procuraram os da irmã, numa pergunta muda.
Anahí olhou-a assustada. Estava com uma aparência terrível, branca como cera. Harry a
amparava, carinhoso. Antes que Anahí chegasse perto, já a tinha acomodado na poltrona.
— O que aconteceu, Harry? Onde vocês estavam?
Ele parecia muito preocupado. Será que Mia lhe contara tudo?
— Anahí, estou contente por você já ter voltado. Mia me telefonou, hoje de
manhã, estava se sentindo muito mal. E eu a levei ao médico.
Anahí se ajoelhou ao lado da irmã, segurando sua mão.
— Meu bem, o que você tem?
— Não é nada — respondeu Mia, impaciente. — Provavelmente, um resfriado ou coisa
assim. Não sei por que fiquei preocupada. O médico só me disse que preciso ficar descansando
e me agasalhar.
— Isso não vai fazer mal a você, meu amor — disse Harry, rindo.
— Temos abusado bastante, ultimamente. . . — acrescentou, malicioso, e Mia desviou
o olhar.
— Vou acender o fogo —- falou Anahí, aflita para mudar de assunto. — É melhor você
ficar em casa, hoje Mia. Eu também vou ficar. Telefonarei avisando Luke, na galeria. Tenho
certeza de que ele não vai se importar.
Ocupou-se da lenha e do carvão, procurando não escutar a conversa sussurrada de Mia e
Harry. Depois foi buscar uma manta, com a qual aconchegou a irmã. Harry estava sentado no
braço da poltrona, abraçando os ombros de Mia, o rosto abaixado para o dela.
— Aceita um cafezinho, Harry?
— Obrigado, mas preciso voltar ao trabalho — disse ele, levantando-se. — Já estou muito
atrasado. — E, virando-se para Mia:
— Vai ficar bem, meu amorzinho? Hoje à noite volto aqui, logo que conseguir sair do trabalho.
— Vá logo! — gritou Mia, irritada. — A Bolsa de Valores é capaz de fechar, se você não
chegar logo! Droga! Logo hoje que tínhamos aquela festa!
— Aposto que não vamos perder grande coisa. — Beijou o rosto da moça. — Descanse, meu
amor. Anahí tomará conta de você. Lá pelas sete, o mais tardar, estarei de volta. E sabe de
uma coisa? Vou trazer umas coisinhas gostosas. E champanhe. O que você quer mais? Salmão
defumado, patê...
— Traga o que quiser — disse Mia. — Só de pensar em comida, meu estômago vira!
Anahí percebeu que Harry ficou subitamente sério e acompanhou-o até a porta. Mia não
se emocionava com o carinho do rapaz. Se alguém falasse com ela assim.. .
— Por que não telefona mais tarde? Talvez ela já esteja se sentindo melhor.
— Boa ideia. Telefono depois — disse Harry, sorrindo para ela.
— Vou trazer um jantar gostoso para nós. Para nós três, Anahí. Quando ele foi embora, Anahí
voltou devagar para a sala, Mia
estava no mesmo lugar com as mãos estendidas para o fogo.
— Então? — perguntou, assim que a irmã apareceu.
— Mia, acho que não consegui nada.
— O quê? — Seu belo rosto ficou vermelho. — O que quer dizer com isso? Tem que ter
conseguido! O que aconteceu? O que deu errado? Não arranjou o dinheiro?
— Não, o dinheiro eu posso arranjar, mas. . .
—. Mas o quê? — interrompeu Mia, a voz revelando toda a sua aflição. — Não falou com
Kit?
Anahí abaixou o olhar. Seu rosto queimava.
— Sim. Eu. .. eu falei com ele.
— E ?
— Ele não vai nos ajudar, Mia.