Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Giovanna abaixou o olhar, sem poder encarar o rosto desfeito da irmã.
— Giovanna, enquanto isso, é melhor não falar com ninguém. Nem com Kit. O melhor
mesmo é pedir demissão do emprego e não aparecer mais lá.
—- O que não vai ser difícil para mim — respondeu Giovanna. — Só de pensar na Herrera &
Kennedy já fico doente. Acha que devo pedir demissão por carta?
— Sim, quanto mais cedo melhor -— respondeu Anahí, e Giovanna se levantou, mas parou
perto da porta hesitante.
— Annie. . . Sabe quanto eu lhe quero, não sabe? Sinto muito pelas
coisas horríveis que falei. ..
— Não faz mal — disse Anahí, sorrindo. -— Pode ser até que você
tenha alguma razão.
— Quem sabe, até vai ser bom Annie... A gente nunca sabe. ..
— Tudo está bem quando termina bem, não é? É, pode ser. . . — disse Anahí, procurando
mostrar despreocupação.
Quando Giovanna saiu, Anahí se levantou, tomou banho e se vestiu. Estava mais calma do que
na noite anterior. De certa maneira, era mais fácil, sabendo que não tinha saída. Precisava
manter controle sobre si mesma, bloqueando toda a dor e o medo. Só devia pensar em
Giovanna e no bebé!
Se pelo menos não houvesse um passado a esquecer! Mas a simples lembrança fazia seu
sangue pulsar mais depressa. Na noite anterior não se sentira fria, nem medrosa. Teria sido
por isso que havia prometido a Giovanna tão depressa que tudo se arranjaria? Será que,
secretamente, não era o que ela também desejava? Não! Tinha que sair, andar um pouco,
tinha que pensar. Era pior ficar ali sozinha, se lembrando. Nesse instante, a campainha soou.
Na soleira da porta, estava uma mulher baixa e gorda, com a aparência ligeiramente
masculinizada, vestida de twdeâ, com um
chapéu severo cobrindo a cabeça grisalha. O rosto era anguloso, e os olhos azuis, vivos e
inteligentes.
— Você deve ser Anahí.
— É, sou eu mesma. . .
— Sou a mãe de Harry.
— Oh, Lady warrender — Era uma grande surpresa. — Quer entrar, por favor?
— Obrigada, minha cara. Giovanna saiu, não é? Ótimo — falou, com voz firme e decidida. -—
Sei que não é muito delicado vir sem telefonar antes, mas queria falar com você. Por aqui? —
perguntou sorrindo, seguindo Anahí, que a levou até a sala. — Mas que agradável! —
exclamou, olhando em torno. Depois se virou para a moça, que estava muito pálida.
— Pelo que vejo — disse, reparando no vestido de malha bege —, você é uma moça sensata.
Não se parece com Giovanna.
— Aceita um café, um xerez, talvez?
— Não, obrigada, minha cara. Não vou me demorar. — Sentou-se pesadamente no sofá.
Anahí se acomodou em frente a ela.
— Bem, minha cara — disse lady Warrender, sorrindo —, estamos numa bela confusão. O que
vamos fazer?
— Escute, lady Warrender — disse Anahí, enrubescendo —, sei que deve ter sido um choque,
mas. . .
— Um choque? Claro que foi! — Tirou um maço de cigarros da bolsa. — Ah, nós sabíamos que
Harry estava apaixonado por Giovanna, naturalmente. Confesso que não estávamos muito
felizes com isso, eu e meu marido. Enfim. . . está feito! Finalmente aconteceu!
— Eu acho. . . acho que os dois estão muito felizes, lady Warrender. E tenho certeza que. . .
— Sim, eu sei — interrompeu a senhora. Mas vamos deixar as trivialidades de lado. Tinha
esperanças de que Harry recuperasse o bom senso, depois de algum tempo. Mas, nas atuais
circunstâncias. . . bem, eles terão que se casar. Não aprovo essa história moderna de aborto e
acho que as pessoas devem enfrentar as consequências de seus atos. Os dois são jovens
demais, é verdade. Eu mesma me casei com quase trinta anos e esperava que Harry tivesse
juízo bastante para fazer o mesmo. Mas a vida é dele, afinal. — Olhou detidamente para
Anahí. — O que quero é saber sua opinião. Será um desastre ou não?
Ela foi tão direta e franca que Anahí não pôde deixar de sorrir.
— Também acho Giovanna jovem demais, e Harry. . . Eu não sei. Mas ele. . . ele tem feito
bem a ela, e acho que, quando chegar a criança. ..
— Giovanna amadurecerá? — completou lady Warrender. — Talvez
sim. Isto às vezes acontece. — Depois perguntou, séria: — Ela o ama mesmo?
— Muitíssimo.
— Ela não é volúvel? Hoje gosta desse, amanhã daquele. . .
— Não, lady Warrender. Sei o que deve pensar de Giovanna: impulsiva, talvez inconstante.
Mas ela não é assim. No fundo. .. — hesitou imperceptivelmente, antes de continuar —-
...ela tem sentimentos firmes e, acima de tudo, ama seu filho. E deseja muito ser uma boa
esposa. Ela me disse isto, ontem à noite.