Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

— Gosta de faisão?
Novamente, a comida estava perfeita, mas era com dificuldade que Anahí engolia cada
bocado. Sabia que ele a observava atentamente, e conservava os olhos baixos, cada vez mais
nervosa.
— Você não mudou muito — disse ele, tão de repente que ela quase deixou cair o copo. —
Me lembro de quando você nasceu. Eu tinha sete anos, e minha mãe recebeu a notícia pelo
telefone. Naquela época, nossas famílias ainda eram amigas. Foi antes de. . . — Ele emudeceu
por alguns instantes, mas depois prosseguiu: — Vi você crescer, Anahí.
— Não me lembro. . .
— Pois eu sim — disse ele, os olhos novamente frios. — Uma vez, fui com meu pai visitar
vocês. Moravam com uma tia. . .
— Tia Constance. Ela morreu.
— Ela mesma. Acho que sua mãe ainda vivia. Você só apareceu na hora do chá. Sentou-se num
canto e não disse uma única palavra. Uma menina pálida, com um cabelo extraordinário! Devia
ter uns doze anos.
— Não me lembro. — Mas ela se lembrava. Se lembrava de cada vez que o encontrara. Um
rapaz moreno que observava a todos com desprezo.
Ele deu uma risada irónica.
— Você deve se lembrar bem de Kit, não? Um flerte de adolescentes. Lembra-se de quando
nós quatro passamos o verão juntos? Um ano antes de sua mãe morrer na Escócia.
Anahí pousou os talheres. Sabia que estava muito pálida. —- Não quero falar sobre isso!
— Recordações em demasia? Como quiser.
— E não quero mais comer.
— Entendo. Aceita um café?
Ela se levantou repentinamente, quase virando a cadeira.
— Quer acabar logo com isto? Não aguento mais.
— Talvez fosse melhor se eu tivesse deixado você pensar que eu era Kit. — Ela olhou para ele,
surpreendida com o veneno que havia em sua voz. — Seria mais suportável, não é Anahí?
— Não! Não seria! Eu. . .
— Vamos subir agora?
Ele se levantou e Anahí percebeu que ia pegar outra vez em seu braço. Adiantou-se a ele e
seguiu para a sala, embora Alfonso tivesse chegado a tempo de lhe abrir a porta, com
insolente cortesia. Sem olhar para ele, Anahí seguiu até o hall e entrou na sala.
-— Aqui mesmo? — perguntou, se aproximando da lareira. Ele ficou imóvel, fitando-a. Ela
tremia violentamente, mas estava decidida a acabar com aquele sofrimento, queria voltar para
casa, longe daqueles olhos que a faziam recordar um passado nebuloso. Tentando controlar as
mãos, procurou baixar o zíper das costas. Alfonso a observava, sem tentar ajudá-la. Mas o
zíper se prendeu nos longos cabelos, e ela, muito vermelha, com os olhos cheios de lágrimas,
tentava soltá-lo. Ele pareceu hesitar, mas depois se aproximou.
— Deixe-me ajudá-la.
As mãos frias dele tocaram em suas costas, baixando o zíper até os quadris. Ela segurou o
vestido por um momento, enquanto ele recuava um passo, os braços cruzados, observando-a,
como se ela fosse um objeto inanimado, uma estátua. Anahí sentia uma raiva impotente! Ele,
e não ela, é que deveria estar envergonhado! Afrouxou as mãos e o vestido de longas mangas
escorregou até o chão. Estava sem sutiã e os belos seios rosados apareceram em seu
esplendor. Alfonso soltou uma exclamação abafada.

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