Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Anahí sorriu, contrafeita. Conhecia muito bem as mudanças de humor da irmã. O desafio era
sempre o prelúdio de uma confissão. Abraçou a outra pelos ombros, repetindo uma cena
comum entre as duas.
— Não pode ser assim tão terrível — disse, com meiguice. — Conte para mim. Sabe que
posso ajudar você.
— Não pode! Não desta vez. Ninguém pode.. .
— Pode, sim. . . eu posso — insistiu Anahí, tentando manter a voz calma, mas sentindo os
primeiros sinais de medo. Mia estava tremendo.
— Essas roupas. .. — Ela hesitou. — Annie, o dinheiro para comprar as roupas. . . eu roubei!
Anahí olhou para a outra, atônita.
— Você roubou? — perguntou, olhando chocada para o rosto desfeito da irmã. — Mia, você
não pode ter feito uma coisa dessas! Não pode ser!
— Eu roubei! Estava desesperada, precisando de dinheiro, será que não compreende? Foi
depois que conheci Harry. Ele me convidava para ir a todos aqueles lugares superchíques, para
dançar, para festas, e eu. .. eu queria ficar bonita para ele. Queria vestir o mesmo tipo de
roupa que as outras garotas vestiam e.. .
— Mas, Mia, você já tem montes de roupas! — Anahí interrompeu, atordoada.
— Não, não tenho! Tenho coisas horríveis e velhas, que todos já conhecem! Queria coisas
novas. . . acho que queria impressionar Harry e aquela megera da mãe dele, que empina o
nariz para mim, todas as vezes que vou lá. Eu amo Harry, Annie, e quero casar com ele, droga!
Anahí suspirou. Tinha escutado esse refrão não sabia quantas vezes, durante os últimos três
meses- Achava Harry um ótimo rapaz, mas não tinha a impressão de que ele considerasse
seriamente a hipótese de casar com Mia. Desviou o olhar.
— O dinheiro, Mia. De onde você o tirou?
— Da firma — respondeu a irmã, olhando-a em desafio. Anahí sentiu o sangue gelar.
— Da Herrera & Kennedy? Mia, não é possível. . .
— Eu tirei! Era uma tentação tão grande! E tão simples.. . — Sua respiração estava irregular, e
mais uma vez ela abaixou a cabeça, escondendo o rosto perturbado com os cabelos castanhos. —
Sei que você pensa que eles são só advogados de família. Mas eles não lidam apenas com
pequenas heranças, como a sua. Trabalham também para
muita gente rica. — Hesitou, antes de continuar: — Eles têm uma cliente, uma solteirona
caduca, que mora em Yorkshire. A mulher é doida por animais. Fui eu que datilografei o
testamento dela. Imagine, vai deixar tudo o que tem para um asilo de gatos!
— E daí?
— Daí que eu achei que era um desperdício. A firma costuma enviar, em nome dela, cheques
para diversas associações de proteção a animais, dinheiro que é retirado dos juros que ela
recebe de ações. Quem assina os cheques é o sr. Herrera, que lhe envia também um relatório
mensal, explicando onde o dinheiro foi gasto. Muitas vezes, eu bati esses relatórios e enviei os
cheques. Mas, há três meses mais ou menos, quando o velho sr. Herrera ficou doente, deixou
um maço de cheques na mesa... Só peguei alguns, Annie, foi um impulso não sei como! Eu. ..
eu escrevi o nome da firma fui até o banco e retirei o dinheiro. Não descontei todos os
cheques de uma vez, é claro, porque poderia causar suspeitas. Um pouco cada semana.
Ninguém suspeitou, porque constantemente eu descontava cheques para o sr. Herrera. Foi tão
fácil, Annie! — Olhou suplicante para a irmã.
—- Mas eles tinham que ser endossados atrás. . . e ainda havia o relatório. . . — disse Anahí,
cada vez mais assustada.
— Ah, isso não foi problema! — Mia se vangloriou. — Consigo imitar a assinatura do sr.
Herrera até de olhos fechados. Depois, quando bati o relatório, só mudei alguns números.
— Você. .. você falsificou a assinatura dele?
— Claro. Fui obrigada. Eles não me entregariam o dinheiro, no banco, se eu assinasse meu
nome.
Anahí sentiu-se mal de repente.
— Quanto foi. . . Mia?