Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Estava feito. Uma ligeira brisa fez as chamas das velas estremecerem. Anahí fechou os olhos,
um instante. Era sua voz, ela havia jurado. As palavras tinham vindo à sua boca sem que ela se
tivesse forçado a pronunciá-las. Do fundo de seu coração, havia respondido e dito sim. Uma
mulher estava diante do altar, mas a adolescente é que havia falado.
Alfonso lhe colocou a grossa aliança de ouro no dedo, e ela percebeu que suas mãos tremiam
e estavam geladas. Ele tinha mentido, pensou ela, olhando para as mãos dele, e aquilo a
aterrorizava. Olhou para ele, esperando ver em seu rosto algum sinal de arrependimento. Mas
os olhos dele estavam baixos e o rosto, impassível.
Ajoelharam e o pastor os abençoou. Depois se levantaram outra vez. O órgão tocava Mozart,
pensou Anahí. Sim, era Mozart.
Alfonso se virou e lhe levantou o véu. Seus olhares novamente se encontraram, apagando
todo o resto. Lágrimas vieram aos olhos de Anahí, quando, surgindo do nada, uma esperança
aqueceu seu coração. Mas morreu logo ao se chocar com o olhar cortante e gelado.
— Devo beijá-la agora, Anahí — sussurrou ele, e ela ergueu o rosto.
Foi um beijo leve, em que ele mal tocou seus lábios, e ela vacilou. Depois beijou-a na testa,
como poderia ter feito com uma criança. Pronto, estava terminado.
Alfonso tinha preparado uma pequena recepção, na casa de um amigo seu, perto da capela.
Myers, ajudado por um outro garçom, atendia aos convidados, servindo deliciosos canapés. A
princípio, o pequeno grupo conversava embaraçado, mas aos poucos foi se descontraindo.
Luke conversava com lady Warrender, a quem Anahí convidara especialmente. Anahí percebeu
que dois amigos de Alfonso, presentes à festa, se sentiam deslocados, e teve vontade de rir.
Por que Alfonso insistira naquela hipocrisia?
— Minha querida! — exclamou lady Warrender, depois de dar os parabéns a Alfonso. — Você
me disse que não pretendia se casar!
Anahí sentiu as faces em fogo.
— Não pretendia mesmo — respondeu. — Foi... foi de repente.
— Foi mesmo? — a simpática mulher comentou, sem acreditar. — Mas parece que se
conhecem desde crianças. . . Mia me contou.
— Oh, sim, é verdade.
— Pois desejo aos dois toda a felicidade, minha querida. Agora, tome seu champanhe. Está
linda, mas muito pálida. . .
Aos poucos, o ambiente foi se animando e Anahí fez o que esperavam dela: conversou com
Harry e Mia, com Luke, com os dois amigos de Alfonso. Alfonso também parecia à
vontade. Circulava entre os convidados, mas sempre voltava até onde ela estava, com
solicitude e interesse. Em determinado momento, Alfonso conversava com Harry sobre a
escola comum, e ela ouvia casos que o amigo de Alfonso contava.
— Desejo toda a felicidade para vocês dois. E estou contente por Alfonso, ele teve muita sorte
em encontrar você, Anahí — disse o homem. Anahí gostaria de saber por que ele tinha dito
aquilo, mas ele se afastou, ao mesmo tempo que alguém, segurou seu braço.
— Anahí! Ora, ora, ora! Depois de tantos anos!
Ela deu meia-volta e gelou. Dois claros olhos cinzentos, num rosto bronzeado e irônico a
fitavam. Os cabelos eram castanhos, e não negros, como os de Alfonso, e a boca, no rosto
agradável, era muito infantil.
— Kit!