Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Quando se separaram, ficaram diante um do outro, os olhos revelando o quanto se queriam,
sem necessidade de palavras. Estavam ofegantes e Anahí tremia, sem conseguir falar, a boca
seca e os lábios intumescidos dos beijos vorazes, os seios palpitantes, ansiando pelo toque
daquelas mãos.
Ele a tomaria nos braços, tinha de fazê-lo, mas em vez disso, Alfonso ficou imóvel, os olhos
escurecidos, apenas apertando sua mão. Depois, devagarzinho, levantou a mão esquerda de
Anahí, onde brilhava a aliança do casamento, e a levou aos lábios. Os olhos dela se encheram
de lágrimas. Queria dizer tantas coisas! Queria explicar tantas coisas! Mas Alfonso soltou sua
mão e recuou um pouco, como se quisesse evitar um novo contato com ela- Quando voltou a
falar, sua voz estava controlada e fria!
— Não planejei isto, Anahí.. . Deve estar pensando. .. — Fez um gesto largo, indicando o
quarto luxuoso. — Sinto muito.
Ela baixou os olhos e deixou cair os braços.
—Eu... eu sou sua esposa.
Imediatamente se arrependeu. Não era isto o que desejava dizer, e as palavras tinham saído
com um tom resignado que ela não pretendia. Fez-se um breve silêncio.
— Sim — disse ele, mas Anahí não levantou os olhos. Bruscamente, deu as costas para ela,
fazendo o coração de Anahí chorar de dor. — Até certo ponto. Nós dois concordamos e você
deixou claro quais eram as condições. Não tenho intenção de pressionar você em mais nada.
Particularmente, nas atuais circunstâncias. — Ele sorriu com amargura. — Tenho certeza de
que você pensa que eu planejei tudo isto.
— Não, não penso.
— Consegue confiar tanto assim nas pessoas?
Podia ser um cumprimento, mas parecia mais uma acusação. Anahí se afastou e foi até a
janela, apoiando a cabeça contra o vidro, sentindo-se exausta. Gostaria de ficar sozinha, pelo
menos poderia chorar. A dor e a desesperança feriam seu coração, mas ela continuou calada.
— Foi você quem convidou Kit para o casamento? — perguntou ele, atrás dela.— Disse a ele
para onde íamos?
A pergunta a deixou tão surpresa, que ela virou e ficou olhando pasmada para Alfonso.
— Eu? Não convidei nem via Kit há muitos anos — respondeu sem vacilação.
— Muitos anos, é? Pois então refez a amizade com muita rapidez.
— O quê?
— Não importa — respondeu Alfonso, se dirigindo para a saleta ao lado. — Quer comer
alguma coisa? Quer champanhe?
— Estou sem fome — respondeu Anahí. — Prefiro me deitar, agora.
— Pois então, boa noite — disse friamente. Quando Anahí hesitou, ele sorriu. — Está em
segurança, não se preocupe. Não vou encostar em você.
— Mas onde você.. . isto é. ..
— Não pretendo dormir. Prefiro me embebedar. Boa noite, Anahí. Sem olhar para trás, ele
entrou na saleta e fechou a porta. Pouco
depois, ela o ouviu abrir o champanhe. Deprimida, mal sabendo o que fazia, abriu a maleta
que trouxera com ela no avião. Como um autómato, lavou e secou os longos cabelos e vestiu
uma bela camisola, presente de Mia. Nunca compraria uma peça tão luxuosa, toda de
renda e seda pura, que moldava os seios firmes e flutuava, mal cobrindo as pernas em sua
semitransparência. Ao ganhá-la de Mia, tivera a intenção de escondê-la, mas, num súbito
impulso, a havia guardado na mala. A seda era agradável e macia, e, tremendo um pouco, se
enfiou entre os alvos lençóis. Quando apagou a luz, percebeu pela fresta da porta que a luz da
saleta ainda estava acesa. Fechou os olhos. Sua noite de núpcias... Lágrimas ardentes lhes
escorreram pelo rosto e ela se lembrou do breve momento no barco, quando
acabavam de chegar, quando finalmente, pareciam se entender, fazendo-a se sentir tão feliz.
Finalmente adormeceu.