Fanfic: Dívida de Honra - AyA (Adaptada) FINALIZADA | Tema: AyA

Alfonso parecia ter recuperado a alegria e levou-a pelas ruas de Veneza. Se sentaram num
barzinho ao ar livre, sob uma enorme árvore. As pessoas que já estavam sentadas olharam
com curiosidade para Anahí e Alfonso, e uma mulher comentou em voz alta a evidente
felicidade daquele par tão harmonioso.
O garçom se aproximou e reconheceu Alfonso, imediatamente, falando com ele em italiano.
— Você parece ser muito conhecido em Veneza — comentou ela. –
— Meu trabalho me traz sempre para cá — explicou ele, bem humorado.
— Não é maravilhoso? — exclamou Anahí, os cabelos dourados brilhando ao sol. — Na
Inglaterra estava tão frio! Parece que estamos na primavera, não é?
— Mas já é primavera... ou quase. O tempo agora vai começar a mudar. E em abril aqui já faz
calor. ..
O garçom trouxe a refeição, uma deliciosa salada de camarões, seguida de veado grelhado,
temperado com alecrim, e um prato de massas cheirando a manteiga e salsa. O vinho tinto era
leve e aqueceu sua alma. Comeram e conversaram tranquilos, e aos poucos Anahí sentiu que
toda a tensão tinha desaparecido.
— Faz muito tempo que trabalha para Luke? — Alfonso perguntou, depois de uns minutos de
silêncio.
— Cinco anos. Você mora tão perto.. . é surpreendente que nunca tenhamos nos encontrado!
— exclamou ela, sem pensar. Um brilho de ironia surgiu nos olhos verdes.
— Muito surpreendente. Mas costumo viajar muito. Acho que temos um bocado de
coisas para sabermos um do outro. ..
Imediatamente, Anahí se retraiu.
— Não tenho muito para contar — disse ela.
— Pois acho que tem — afirmou Alfonso, se inclinando para ela.
— Dez anos! Onde esteve? O que fez em todos estes anos?
— Muito pouco. — Tentava falar com naturalidade. — Depois que minha mãe morreu... —
Calou-se, angustiada. Fora a última vez que se viram, até se reencontrarem novamente, e ela
sabia que ele também se lembrava disso. —- Depois disso, fomos morar com tia Constance.
Meu pai viajou para o Marrocos, depois outra vez para a Itália. Nós não o vemos muito. Bem. .
. terminei o colégio, fiz o secretariado; depois tia Constance morreu e me deixou uma
pequena herança. Comprei um apartamento em Londres e levei Mia para viver comigo.
Daí fui trabalhar com Luke, na galeria. Só isso.
— Nunca pensou em se casar?
— Não — respondeu ela, e desviou o olhar.
— E a firma de meu pai trata de seus investimentos. É o dinheiro que herdou de sua tia?
— Sim. Seu pai sempre foi muito bondoso. Para Mia e para mim. — Vacilou, sabia que
estava pisando em terreno perigoso. Olhou apreensiva para Alfonso. — Senti muito a doença
de seu pai. Ele está melhorando?
— Não vai viver muito — respondeu Alfonso, sem emoção aparente.
— Tem angina e os médicos lhe deram, no máximo, seis meses de vida.
— Oh, Alfonso, sinto tanto! — exclamou, pondo a mão no braço dele.
— É melhor assim. Desde que minha mãe morreu, ele não quer mais viver. Eles se
reconciliaram depois, sabia?
Anahí sentiu o sangue lhe subir ao rosto.
— Sim, eu sabia — respondeu, suavemente.
— Que desperdício! Um absurdo desperdício! — exclamou Alfonso, subitamente amargurado.
— Eles foram muito felizes? — perguntou ela, receando dizer alguma coisa que o irritasse.
— Antes de ele conhecer sua mãe, foram — respondeu ele, os olhos verdes a encará-la
com frieza. Calou-se um instante, antes de continuar: — Pelo menos acho que sim, não posso
garantir. Mas sua mãe era realmente irresistível, não era? Era uma mulher perigosa, e isso
parecia torná-la mais atraente. E também era linda. Uma beleza assim sempre é perigosa.
Ela olhou para ele, envergonhada. Sabia que devia defender a mãe, mas de que adiantaria? O
que Alfonso havia dito era a pura verdade.