Fanfic: Black Shadows | Tema: Justin Bieber

A viagem era curta, demoramos no máximo dez minutos, até a senhora dizer que tínhamos chegado.

- Os quartos de hóspedes não estão prontos, mas ficas no quarto do meu filho, ele não se vai importar. – Sorriu. – E a propósito, chamo-me Pattie.

- Eu não vos quero incomodar. E eu chamo-me Khloe.

- Claro que não incomodas, senão eu não te dizia para vires. Tu tens de estar mais que segura, e tenho a certeza que aqui vais estar.

- Obrigada, mil obrigados. – Disse eu.

Pattie guiou-me até dentro de casa dela. Era uma total mansão, gigantesca. Nunca na vida vi uma coisa assim.

- Vamos, entra. – Disse ela com um sorriso.

Eu estava com um certo receio, uma vez que ali tudo era muito chique e arrumado e eu era apenas uma rapariga cheia de sangue com um trauma horrível da pior noite da minha vida.

- Justin? Estás aqui? – Disse ela enquanto entravamos na sala.

Um rapaz estava sentado no sofá bem em frente à televisão.

- Não consigo dormir. – Virou-se para trás olhando para Pattie. – Quem é essa ? – Olhou também para mim com uma cara de nojo reparando no estado em que eu estava.

O meu coração começou a palpitar e eu comecei lentamente a olhar para o chão cheia de vergonha.

- Acho que era melhor eu ir embora. – Disse baixinho. – Eu arranjo um lugar qualquer onde ficar.

- Nem penses. – Disse Pattie. – Hoje vais ficar aqui. E Justin, não custava nada fazeres um esforço e seres simpático uma vez na vida para alguém. – A voz de Pattie tornava-se rude.

- Tu é que trazes pessoas que não conheces cá para casa e eu é que tenho de ser simpático? – Justin levantou-se do sofá tornando-se um pouco agressivo com Pattie.

- Khloe, anda. Justin, já falamos.

Como ela pediu, eu fui atrás dela por um corredor imenso, cheio de portas e mais portas. 

- Aqui é a casa de banho. – Disse ela abrindo uma porta no fundo do corredor . – Vou ao meu quarto buscar uma camisa de dormir e umas cuecas para ti.

- Está bem. Obrigada.

Depois de ela dar um sorriso, virou costas e saiu da casa de banho, fechando a porta.
Parei no tempo, olhando para o espelho e perguntando a mim mesma como vim aqui parar. Como perdi a pessoa mais importante para mim em minutos e como a minha vida mudou através disso.
São cerca de 5h da manhã e o meu corpo ainda treme de medo a pensar no que pode acontecer depois disto.

- Posso ? 

Os meus pensamentos foram interrompidos por Pattie que me viera entregar a roupa e uma toalha.

- Tens aqui isto. – Deu-me aquilo para as mãos. – Demora o tempo que precisares. O quarto do Justin está pronto, eu vou falar com ele. Depois anda ter connosco à sala.

- Está bem. – A Pattie começava a virar as costas quando eu disse: - E mais uma vez obrigada.

Ela voltou para trás e disse: - Não agradeças. Estavas a sofrer e eu ajudei. Se não fosse eu provavelmente ninguém faria isso.
Olhei para ela com as lagrimas nos olhos, sabendo que aquilo era completamente verdade. As pessoas de hoje podem ver alguém a morrer na estrada e não as ajudam nem com a ponta de um dedo.
A Pattie é uma senhora bondosa e eu apercebi-me disso desde que ela me ajudou e está a fazer isto por mim.
Depois de ela ter saído definitivamente da casa de banho, eu despi-me e entrei dentro da banheira abrindo a agua fria e metendo-me de baixo do chuveiro deixando a agua escorrer pelo meu corpo abaixo e as lagrimas, também essas, escorrerem-me pela cara fora. 
Elas ardiam-me no rosto como se eu estivesse cheia de feridas neste, e as lagrimas fossem o álcool a passar por cima de cada corte.
A minha garganta e a minha respiração eram controladas pelo meu choro e pelo meu sufoco.

Pov. Pattie

- Justin? – Disse enquanto chegava à sala, onde ele ainda estava sentado em frente à tv.

- Diz.

- Estás parvo? Viste como falaste?

- Tu é que trazes para cá pessoas que eu não conheço, ou melhor, nem tu conheces! 

- Ela precisava de ajuda. Não vise o modo que ela estava, não?

- O que? Cheia de sangue? – Disse ele de forma irónica, revirando os olhos.

- Sim! – Respondi com voz autoritária.

- Mil e uma desculpas. Sabes lá o que ela fez para estar assim? Sabes lá se aquilo não é só uma desculpa e ela não faz isto unicamente para alguém ter pena dela e ela vir para casa das pessoas e roubar tudo?

- Por amor de deus Justin! Ela não tem cara disso.

- E eu tenho cara de que? 

- Neste momento? – Levantei-me completamente fula com o meu filho. – Tens cara de criança! Justin, tu não tens 5 anos, tens 19! Vê as coisas como elas são. Onde está o teu lado bondoso? O pai dela matou a irmã e a mãe! Ela estava lá, ela podia ter morrido também.

- Mas isso não justifica, e se for tudo mentira? – Eu notei que ele ficou incomodado que eu contei o que se passara com a Khloe, mas mesmo assim e como sempre, ele quis ficar com a ultima palavra.

- É só um dia! Deixa de ser assim. Provavelmente, amanhã ela já vai embora. Agora, não sejas mais desagrável.

- Não prometo nada.

- Prometes sim. – Franzi o sobreolho, e ele respondeu-me.

- Oh, está bem.

Pov. Khloe 

Mal acabei de tomar banho, fiz o que Pattie me havia dito e fui ter com ela à sala.

- Está tudo bem? – Perguntei eu enquanto a via discutir com Justin.

- Tudo ótimo. – Respondeu com um sorriso. – Eu levo-te até ao quarto do Justin.

- O que ? – Disse Justin.

Provavelmente, ele não sabia da ideia de Pattie em me por a dormir no quarto dele.

- Ela vai dormir no teu quarto. – Disse Pattie olhando para ele.

- Não há problema, eu fico aqui. Não iria conseguir dormir e não. – Disse eu com voz doce.

- O Justin não se importa, e tens de descansar.

- Claro que me importo. – Protestou ele.

- Justin! – Gritou Pattie.

- Está bem… Eu não me importo. – Deitou-se no sofá concentrando-se completamente na televisão.

Depois disso, Pattie levou-me até ao quarto dele.
Era um quarto gigante, maior que o apartamento onde estava eu e a minha família.

- Descansa bem. – Disse Pattie dando-me um beijo na testa. – Eu vou dormir um pouco também.

- Está bem. Durma bem.

Ela foi-se embora fechando a porta, e eu atirei-me para a cama desfazendo-me em lagrimas.
Por muito que eu tentasse dormir ou descansar não conseguia. Alias, era o que menos conseguia fazer naquela altura.
A cada segundo que eu fechava os olhos, era como se revivesse o terrível momento do inicio desta madrugada.
Do nada, ouço o barulho de alguém a mexer no puxador da porta.

- Desculpa, não sabia que ainda estavas acordada. Só vim aqui pegar umas coisas.

- Tudo bem. Alias o quarto é teu. – Respondi levantando-me e limpando o rosto.

Justin é diferente dos outros, eu sinto isso. Vejo isso no olhar dele.
Ele é amargo, quer transmitir aos outros a crueldade, mas no fundo ele tem um bom coração.
A minha mãe era igual. O que ela fez pior foi deixar-se levar pelo meu pai, meter-se nas drogas e começar a fazer tráfico. Deixar a família e especialmente os filhos recém-nascidos. Foi cruel, mas nos últimos tempos ela mostrava-se arrependida, talvez fosse por isso que o meu pai… bem, fez o que fez.

- Estavas a chorar? – perguntou ele.

- Não. – Sorri forçadamente tentando esconder a minha tristeza. – Tens a certeza que não queres ficar aqui? Eu não me importo de ficar na sala. – Desviei o assunto.

Ele olhou para mim durante uns segundos e depois respondeu: - Sim, eu tenho a certeza.

- Mas eu não consigo dormir, podes ficar aqui.

- Bom… Sempre podes ir para a minha beira, eu também não consigo dormir.

Eu não sabia se haveria de aceitar ou recusar. Ficar sozinha num momento destes tinha as suas vantagens como também tinha as suas desvantagens.
Se eu ficasse sozinha, apenas a olhar para as paredes ficaria a pensar em tudo e a reviver momentos, mas se estivesse acompanhada podia ser que por momentos o meu sofrimento fosse esquecido.

- Bem, eu acho que vou contigo.

- Estas a vontade. – sorriu. 

Talvez fosse mesmo como eu pensasse que é, talvez o meu pensamento à cerca dele estivesse certo.
Os dois saímos do quarto em direção à sala, onde ele se sentou numa ponta do sofá e eu fiz o mesmo no lado oposto.

- A minha mae falou-me o que se passou contigo. – Enquanto dizia isso fixava-se na televisão sem olhar para mim.

- Hum… - Murmurei. Sem duvida ele tinha tocado na ferida e eu morria por dentro.

- Queres falar… Sobre isso… ou assim? – Dizia ele pausadamente.

- Nem sei o que é melhor.

- Guardar as coisas para ti nem sempre é bom. – Finalmente ele olhou para mim e ai eu percebi que sim, ele tinha um lado doce, mas nem toda a gente o via.

- Bem, e o que queres que diga?

Ele levantou-se e chegou-se mais para a minha beira sentando-se mesmo ao meu lado.

- O que te vai na alma.

- Eu nem sei o que me vai na alma, é tudo tão confuso. De repente perdi tudo o que tinha.