Fanfics Brasil - 1. You have the gift. @ save the cheerleader

Fanfic: @ save the cheerleader


Capítulo: 1. You have the gift.

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@ 1. You Have The Gift.


O
ultimo cliente do bar já atravessava a porta de saída fazendo o pequeno sino
preso ao seu topo emitir um som alto e irritante que ecoou por todo o ambiente
vazio e silencioso. Eu limpava o balcão tranquilamente quando olhei através das
janelas iluminadas pelo luar. O cara que tinha acabado de sair, cambaleava
tentando se equilibrar nas pilastras de entrada, e acabou caindo no chão e
repousando por lá mesmo. Ótimo, mais um bêbado para dar trabalho ao John amanhã
de manhã. Olhei o relógio na parede, ele registrava vinte e duas horas e
quarenta. Era relativamente cedo, comparado aos horários habituais de fins de
semana do Bloodie´s . Dobrei o pano o qual eu usava para limpar o balcão e o
coloquei embaixo do mesmo. Tirei o avental, desliguei as luzes, tranquei todas
as portas e saí pelos fundos. A porta dos fundos dava diretamente no
estacionamento rodeado por uma extenso espaço de árvores altas.
  Foi bom John ter confiado em mim esta noite
para fechar o bar. Quer dizer, não que eu não seja responsável, na verdade
dizem que eu sou até demais. Mas eu sou a mais nova dos empregados (John não
gosta que nos refiramos à nós mesmos como empregados, ele prefere o termo
companheiros de bar subordinados ao John, totalmente diferente) e os únicos que
eu vi até hoje a ter a tarefa de fechar o bar foram Thomas e Allie, que são bem
mais antigos que eu aqui. John disse que viu algo diferente em mim quando me
viu passar pela porta no dia em que nos conhecemos. Eu entrei no bar
completamente desnorteada e eu chorava bastante, no começo nem foi meu intuito
conseguir um emprego aqui, mas John sempre foi do tipo gentil e justiceiro
então tudo aconteceu rápido. Talvez seja por ele conhecer a minha história que
confie tanto em mim.


Andei
até o meu carro segurando as chaves e as girando no ar, quando ouvi um barulho
vindo de dentro da floresta. Era um barulho alto que se movia rapidamente, mas
à medida que eu me aproximava da floresta ele diminuía. Parei imediatamente e
olhei à minha volta. Não havia mais ninguém além de mim e o vento uivante. Eu
devia estar escutando coisas ou era algum babaca drogado perdido no meio da
floresta. Devia ser só o cansaço, talvez essa tarefa de fechar o bar fosse só
muito pesada para mim. Achei melhor entrar logo no carro antes que o sono
chegasse e eu tivesse de parar o carro no meio da estrada para dormir um pouco.
Abri o carro e me joguei dentro dele que estava quente e aconchegante apesar do
imenso frio que estava lá fora. Dei a partida e logo eu já estava fora do
estacionamento e dentro da estrada deserta e escura. Resisti à minha vontade de
ligar o som do meu carro e parei de encarar o rádio. Música não ajudaria com o meu
sono, me ajudaria a ficar relaxada e pegar no sono. E u agradecia por hoje ser
sábado e eu não ter de trabalhar ou ir à escola amanhã. Enquanto eu me perdia
em meus pensamentos um barulho comum soou por todo o carro. Ah não, eu estava
ficando sem gasolina. Mas como era possível, eu tinha o abastecido hoje mesmo e
eu não saí do Bloodie´s um só segundo. Droga lembre-me de trazer gasolina
extra, caso o meu carro queira ficar de TPM. Assim que o ponteiro da gasolina
se aproximava de zero a velocidade do carro foi diminuindo e eu tive que
joga-lo para o acostamento quase o levando para dentro da floresta. Onde diabos
eu arranjaria um posto de gasolina perto daqui ? Eu não conseguia me lembrar
de nenhum que fosse relativamente perto. Saí do carro e me encostei na capota,
respirando fundo. Estava tão frio que eu mal conseguia mexer os meus músculos,
pareciam ter congelado totalmente. Ok, eu tinha que pensar em algo rápido, eu
não podia ficar ali parada esperando chover gasolina ou alguém passar
milagrosamente na estrada e jogar um galão de gasolina para mim. Nenhuma das
duas opções iria acontecer então eu resolvi caminhar até um posto que eu
conhecia. Não ficava perto, mas era melhor do que dormir na floresta.


Consegui
arranjar um pequeno galão perdido no porta-malas de meu carro e o segurei
andando rente à pista ainda no acostamento. Era incrível como Midtown podia
parecer extremamente perigosa e assustadora à noite e totalmente inofensiva de
dia. Eu acredito ser pelo seu excesso de florestas gigantescas e pelo ar
rústico e sombrio que a cidade mantinha como aparência principal. Quer dizer,
de todos os poucos lugares que eu me recordava ter visitado durante toda a
minha vida, nenhum se comparava à Midtown no quesito horror. Mas apesar dessa
sua característica peculiar eu não podia deixar de confessar que eu adorava
isso. Era uma das coisas que eu mais gostava nesse lugar. O fato de que ela
podia te manter confortável e ao mesmo tempo insegura. É claro que eu já tinha
me acostumado com isso, afinal eu me considero velha o bastante na cidade para
não ter mais medo dela. Não o medo que eu senti quando cheguei aqui. Eu
continuava andando inexoravelmente em busca do posto de gasolina, meus músculos
estavam enrijecidos e o frio congelava os meus dedos descobertos. Eu ainda
olhava por todos os lados à procura do barulho que eu havia escutado à um tempo
atrás no estacionamento do Bloodie´s. Qual é, eu não sabia por que ainda me
sentia preocupada com aquilo. Era óbvio que devia ser só loucura da minha
cabeça.
  Controlei-me e parei de encarar
todas as árvores por qual eu passava e tentei olhar apenas para frente mantendo
os meus olhos nas linhas amarelas da pista. Depois de mais ou menos uma meia
hora caminhando eu enfim conseguia ver a placa bem antiga e maltratada do posto
de gasolina. Até que enfim, eu achei que ia acabar voltando para casa a pé.
Continuei andando e vi que agora meu corpo tinha sombra, ela ia aumentando a
cada minuto. Olhei por sobre o meu ombro e vi um carro longo se aproximando,
então resolvi sair do acostamento e adentrar um pouco à floresta. Nunca se sabe
quando você pode ser atropelado. Deus, eu era tão paranóica. John já me dissera
antes que eu me preocupava demais com as coisas, que eu era muito cuidadosa.
Segundo ele seria bom que eu corresse um pouco de perigo de vez em quando, só
para variar. Correr perigo em Midtown devia ser a coisa mais fácil de se fazer,
também devia ser a atividade número um para se exercer, já que todos
consideravam um tédio essa cidade. Eu acho que já estava seguindo o conselho
dele. Quer dizer, andar sozinha na estrada às onze da noite procurando gasolina
era perigoso. Não era? Que seja. O carro se aproximou um pouco mais de mim
e diminuiu a velocidade até que ficamos lado a lado. Olhei para o lado receosa
e intrigada.


Seu
condutor era um cara de cabelos dourados, cujos fios eram cortados
irregularmente e estavam jogados pelo rosto, ele aparentava ter mais de 35
anos.


-
Não é nada seguro uma garota estar andando sozinha à essa hora. – seus olhos
brilhavam enquanto me analisavam.


-
Eu sei disso. – o olhei rapidamente e logo cortei o contato visual girando a
minha cabeça novamente para frente.


-
É sério, alguém pode tentar te seqüestrar. – dessa vez ele não estava olhando
para mim ele mantinha os olhos severamente na estrada apesar de não ter o que
observar nela.


-
Ninguém teria um motivo para me seqüestrar. – eu confesso que estava um pouco
assustada com esse cara. Quer dizer, um cara aparece do nada no meio da
estrada, em um sábado à noite e puxa conversa com você. Uma conversa bem
estranha na verdade. Então só por precaução aumentei a velocidade dos meus
passos. Era assim que eu agia quando algum rastro de perigo tentava se
aproximar de mim. Eu era extremamente segura.


-
Tem certeza ? – seus olhos azuis se viraram completamente para mim e me
fuzilaram com profundeza e seriedade. Foi nessa hora que eu parei de andar e
fiquei completamente imóvel à sua frente. Também foi quando dois grandes homens
com cabeças raspadas abriram a porta do banco de trás e saíram vindo à minha
direção. Eles mostravam os dentes em um largo sorriso malicioso enquanto eu
continuava imóvel. Eu devia ter ficado totalmente horrorizada quando os dois me
agarraram pelo braço e me jogaram dentro do carro, que a última coisa que eu vi
foi um borrão de luz vindo de fora do carro e então eu desmaiei.


Quando
acordei novamente eu não estava mais no carro com assentos de couro preto e
gelado do cara louro que havia puxado uma conversa comigo no meio da estrada.
Eu estava em um galpão grande e escuro, e eu não conseguia me mover direito.
Mas eu não sabia o porquê, pois estava relativamente escuro para descobrir. De
repente eu não me senti tão segura, de repente eu não achei uma boa idéia ter
saído no escuro para procurar gasolina, de repente eu não achei tão legal
correr perigo. Era a primeira vez que eu fazia isso, e eu já tinha me dado
muito mal. Quem era esse cara a final ? A pergunta principal é, o que ele
quer comigo ? Quando eu disse que ninguém teria um motivo para me seqüestrar
eu fui sincera. Não existia um motivo são e coerente que passasse pela minha
cabeça. Só coisas de filmes de terror em que um bando de psicopatas escolhia as
suas vítimas na estrada para se divertir um pouco ou por possuírem problemas
mentais. Ele podia ser um psicopata. Isso podia ser só um jogo para ele, e eu
era a peça principal. Minha cabeça girava e eu estava ficando tonta quando a
luz se acendeu e o cara louro estava novamente á minha frente. Seus olhos azuis
estavam mais vivos do que nunca. Mas agora eles eram tranqüilos.


O
galpão estava praticamente vazio, exceto por três carros, um que eu pude reconhecer
bem e outros desconhecidos, uma mesa e uma poltrona giratória de couro marrom.
Agora eu sabia o motivo o qual eu não conseguia mover o meu corpo. Eu estava
presa em uma daquelas cadeiras elétricas. Oh Deus, ele iria me fritar? Era
isso? Ele era realmente um psicopata idiota e nada criativo saído de um
filme de terror? Ou podia ser só um jeito de me torturar o que era pior do
que me matar eletrocutada logo. Pelo menos a cadeira era confortável. Não era
uma daquelas cadeiras de madeira duras e desconfortáveis que os psicopatas
usavam. Talvez ele fosse diferente. Ele nem tinha usado clorofórmio para me
fazer desmaiar, bom essa parte eu fiz sozinha mesmo, nem me bateu com nada. Ah
Meu Deus, eu devia ter enlouquecido. Por quê diabos eu estava me preocupando se
ele seria um maluco original quando na verdade eu tinha que pensar em um jeito
de sair dali. Desde quando eu tinha perdido a minha sanidade? Eu não sabia o
que iria acontecer comigo, mas era óbvio que não seria coisa boa. Não havia
mordaças em minha boca ou coisas do tipo, apenas o meu braço estava preso dos
braços da cadeira com grossas e frias pulseiras de metal. Ele se aproximou de
mim e eu automaticamente encolhi meus ombros.


-
Então você acha que ninguém teria um motivo para te seqüestrar? – ele
perguntou se encostando à mesa que havia à minha frente. Parecia uma daquelas
salas de interrogação das delegacias, só que era bem maior.


Eu
engoli seco e não o respondi. Foi quando ele pegou a poltrona de rodas a
arrastando até bem próximo de mim e sentou se nela. Isso nos deixou bem próximo
um do outro.


-
Ora, ora. – ele folheava um bloco de folhas que estava em suas mãos. – Sophie
Leighton, não achei que teríamos essa conversa tão cedo. – agora ele observava
algumas fotos as quais, um tempo depois, eu percebi estar nelas. Eram fotos de
quando eu era criança e outra foto era do anuário do colégio. Espere aí. Como
ele sabia o meu nome, e acima de tudo como ele tinha essas fotos?
  – Seus pais dificultaram bastante o nosso
encontro. – ele levantou os seus olhos da papelada em seu colo e olhou para
mim. Tá bem, ele sabia o meu nome, ele tinha fotos minhas e conhecia os meus
pais. Como era possível? Puxei em minha memória toda a minha árvore
genealógica e ele não se assemelhava a nenhum dos meus parentes. Não, eu
definitivamente não o conhecia. Mas ele me conhecia, de alguma forma.
 


-
Como você conhece os meus pais? – minha garganta estava tão seca que essa
frase saiu roca como se eu estivesse sem voz, mas ele pareceu entender o que eu
quis dizer.


-
Vamos dizer que eu e seus pais éramos antigos amigos. – antigo amigo? Meus
pais nunca tinham mencionado ou apresentado um antigo amigo. Eu baixei meus olhos
e examinei os documentos que ele portava. Eram meus documentos. Certidão de
nascimento, registros escolares. Como ele tinha conseguido tudo isso? Um
psicopata não se daria à tanto trabalho. Quer dizer, para que isso tudo se no
final ele iria me matar. Talvez não fosse esse o seu objetivo.


-
Sabe, seus pais tornaram isso muito mais difícil quando fugiram e levaram você.
– tudo bem, agora eu não entendia absolutamente nada. Eu não sabia que meus
pais tinham fugido de algum lugar, e claro eu não sabia o motivo. Ele realmente
devia conhecer os meus pais. – Foi uma decisão um tanto estúpida. Eles mal
sabiam no que isso podia dar. - ele encostou suas costas no encosto da cadeira
e apoiou o queixo em uma das mãos. Ele estava curioso. Eu estava começando a me
assustar de novo com o profundo conhecimento que ele manipulava sobre a minha
vida. Mas de qualquer maneira eu ainda não sabia a que isso nos levaria.


-
O que você quer comigo e como sabe tanto sobre os meus pais? – questionei
engolindo seco novamente, mas agora minha voz estava clara e tranqüila.


-
Pobre Sophie. – Ele tocou meus cabelos e desceu sua mão até o meu queixo. Senti
uma total repulsa por ele e virei minha face. – Vejo que seus pais não contaram
nada à você. – Ele retirou suas mãos de mim percebendo que eu estava incomodada
com o seu toque.


-
Contar o que? – eu estava sentindo a minha respiração ofegante e o sangue
fluir por todo o meu corpo.


Ele
levantou da cadeira e foi até a mesa deixando os documentos em cima dela.


-
Seus pais sabiam que você teria o dom. – disse ele apoiando as duas mãos sobre
a mesa e olhando para mim – Eles sabiam que você se tornaria um
deles. – ele deu ênfase à palavra deles.


-
Quem são e
les? – Eu estava com
medo de perguntar mas mesmo assim o fiz. Medo era algo que eu não me permitia
sentir agora, eu tinha de ser forte ou nunca entenderia o que estava
acontecendo.


Ele
se espantou com a minha pergunta e fez uma cara de horror.


-
Seus pais nunca os mencionaram? – Ele ergueu as sobrancelhas e arregalou os
olhos.


-
Não. – eu disse quase sufocando pois tinha esquecido de respirar.


-
Oh Deus, é pior do que eu pensava. – ele olhou para a mesa e balançou a cabeça.
– Escute Sophie, sua mãe e seu pai tinham o dom. Ele é passado geneticamente,
foi o que aconteceu com você quando você nasceu. – sua voz era cautelosa. – Mas
você cresceu como uma criança normal, pois seus pais decidiram poupa-la de ser
diferente dos outros, mas eu achei que eles iriam te contar quando você
completasse 16 anos. É o que normalmente acontece. – ele saiu detrás da mesa e
sentou-se nela. – Quando você completou 10 anos seus pais decidiram fugir com
você, a fim de que você tivesse uma vida normal longe de onde você tinha
nascido. Longe de todos que sabiam que seus pais tinham o dom. Aos 15 anos seus
pais foram procurados para saber o seu paradeiro, mas não foram encontrados.
Então começou uma busca violenta atrás deles, foram colocados até cartazes de
recompensa para quem os achassem vivos. Foi então que... – ele não conseguiu
continuar mas eu já sabia o que vinha depois disso. Eu senti que havia uma bola
gigantesca em minha garganta que não me deixava engolir ou respirar direito. –
Foi então que eles morreram. – murmurou ele, ficando alguns segundos
em silêncio. Ele parecia tentar encontrar as palavras certas para expressar o que viria pela
frente.


- Poucas
pessoas sabem da verdade. A maioria acha que os seus pais morreram em um
acidente de carro. – eu fazia parte da maioria, já que eu achava que eles
tinham morrido em um carro em chamas, quer dizer foi o que me disseram. Mas
como podia ser mentira? Seu meus pais não tinham morrido em uma acidente de
carro então...como eles tinham morrido?


-
Como eles morreram? Quer dizer, de verdade. – meus olhos estavam ardendo e
eu senti que a qualquer momento um mar de lágrimas os invadiria.


Ele
hesitou.


-
Eles eram procurados por ter fugido com você. No estado em que você nasceu, era
proibido fugir com pessoas que tinham o dom. O estado possuía as suas próprias
leis que vigoravam fortemente sobre todo o território, o governo tinha que
permitir isso antes. Haviam tropas ilegais comandadas pelo estado para cumprir
esse tipo de serviço, eram praticamente assassinos de aluguel subordinados ao
estado. Então elas foram atrás de vocês e foi depois de cinco anos que
conseguiram encontra-los aqui. Eu acho que o resto você já pode deduzir. – ele
respirou fundo e sentou-se na cadeira novamente como se estivesse morbidamente
cansado, jogando praticamente todo o seu peso contra o encosto da cadeira.


Eu
estava confusa demais para poder responder. Então fiquei calada e absorta em
meus pensamentos. Eu não conseguia falar, mas na minha cabeça havia um
turbilhão de perguntas. Eu queria saber tudo e ao mesmo tempo preferia não
saber nada e apenas esquecer que isso tudo aconteceu. Eu queria ir para casa.
Eu estava cansada e o dia começava à nascer lá fora. Cada vez que eu piscava
parecia ser um esforço insuportável. Minha boca estava seca e meus ossos doíam,
eu havia passado à noite sentada em uma cadeira. Presa à ela. Enfim essa
cadeira elétrica não me parecia mais tão confortável.


-
O-o que é o dom? – eu resolvi perguntar o que mais me intrigava.


Ele
hesitou novamente. Eu não tinha certeza se ele queria que eu soubesse.


-
É um pouco complicado, e é diferente para cada indivíduo. Basicamente ele se
define quando são recombinados os dons de duas pessoas. – seus olhos não
pareciam tão vivos quanto eu tinha visto da última vez, agora estavam exaustos.
– Eu ainda não sei qual dom você possui. Pode ser o mesmo que os de seus pais
ou pode ser que os dois tenham resultado em um diferente. Isso só você vai
saber.


-
Você quer dizer que eu tenho poderes? – Não podia ser. Eu julgava que aquilo
fosse apenas a realidade dos quadrinhos e filmes de ficção. Eu tinha poderes? Quais poderes? Como isso funcionava? Eu estava certa de que queria
saber como tudo isso funcionava.


-
Teoricamente. Mas é preciso que você tenha muito cuidado com eles e é preciso
muita prática para dominá-los.


-
E como eu faço isso? – eu não queria saber mas não pude segurar a pergunta
dentro da minha boca.


-
Você tinha que achar um instrutor ou algo do tipo. Não existem muitos deles por
aí. – o quê? Isso era brincadeira certo? Havia um instrutor de poderes,
ou melhor, dons. Isso realmente estava saindo do controle. De repente eu me
senti estrelando mais uma seqüência de Karatê Kid.


-
Você é um deles? – talvez ele pudesse me explicar melhor tudo, apesar de que
eu ainda não tinha decidido se iria seguir com isso ou apenas esquecer.


-
Oh não. Você pode tentar sozinha se quiser. É mais complicado e perigoso, mas
funciona se você realmente se esforçar. – ele deu um sorriso de apoio.


Fomos
tomados por um silêncio profundo. Eu ainda estava organizando as idéias na
minha cabeça que parecia um quebra-cabeça com várias peças faltando.


-
Então, você vai me soltar e me deixar ir para casa? – eu tinha me esquecido
de que estava presa em uma espécie de cadeira elétrica em um galpão que eu nem
ao menos sabia onde ficava. O meu carro ainda continuava sem gasolina no meio
do nada. Pela cara que ele fez em seguida ele parecia estar pensando a mesma
coisa, exceto a gasolina e o carro.


-
Oh, claro. – ele correu até mim com uma feição urgente. – Eu tinha me esquecido
disso. Desculpe. – ele abriu as pulseiras de metal libertando meus pulsos
vermelhos. Eu passei as mãos por eles que estavam quentes e dormentes. – Eu não
achei que a nossa conversa seria tão...calma.


-
Você costuma prender todos a quem interroga em uma cadeira elétrica? – não
sei se queria saber a resposta, mas ele não tinha se mostrado nada psicopata
como eu achava que ele era no início, na verdade ele foi bem gentil. Apesar de
tudo.


-
Não, eu simplesmente achei que você seria diferente. Não achei que os seus pais
não haviam lhe contado nada sobre o dom. Normalmente as pessoas que tem o dom
não são nada pacíficas então é preciso medidas drásticas. – depois de ter me
soltado ele se dirigiu à mesa, guardou todos os documentos e os colocou em uma
pasta preta de couro. – Venha eu te levo até a sua casa. - eu ainda não tinha
certeza se podia exatamente confiar nele, mas ele não me parecia tão ameaçador
agora. E além do mais como eu iria sair dali se eu nem sabia onde estava? E
julgando pelo meu estado mental, no momento eu não fazia idéia se seria capaz
de andar.


-
Tudo bem. – eu levantei da cadeira e cambaleei um pouco tonta me segurando nela
ainda. Ele percebeu que eu estava desnorteada então veio até mim e colocou o
meu braço em volta de seu pescoço me dando apoio.


Ele
me levou até o carro e me colocou no banco da frente cuidadosamente. Entrou no
carro e deu a partida.


-
Desculpe por te fazer passar por tudo isso. Eu não fazia idéia...- ele se
sentia completamente envergonhado.


-
Não tem problema. – era verdade que tudo tinha sido um pouco insano demais, mas
eu entendia. Eu acho. – Então, eu ainda não sei o seu nome. – não era algo que
eu planejava perguntar algumas horas atrás, mas agora eu estava realmente
curiosa.


- James
Fency. – ele mantinha os olhos concentrados na estrada iluminada pelo sol
quente da manhã que se iniciava.


-
Você trabalha para quem afinal? – era o que eu mais queria saber naquele
ponto da situação.


-
Nós somos um tipo de serviço secreto de Midtown.- ele hesitou, ele não tinha
certeza se podia ou não falar mais do que isso.
  – Eu fui mandado até você por motivos de proteção. Você está sendo
procurada pelo governo por causa de seus pais. Meu intuito era te avisar. –
isso ele tinha conseguido, na verdade ele tinha conseguido bem mais que isso.
Ele tinha avisado coisas demais.


-
Sophie...Não sei como te dizer isso, mas você precisa tomar muito cuidado. –
havia urgência em sua voz. – Eles não vão te dar um desconto por você ser
jovem. Eles vão te caçar até te encontrar e eles não são o tipo de pessoa que
desiste com facilidade. – suas olheiras estavam proeminentes em seu rosto
branco.


-
Eu te aconselho a tentar achar um lugar que seja seguro, longe daqui. Só por
uns tempos, até que eles esfriem um pouco. – James tinha um ar de paternidade
que te fazia sentir segura perto dele. Eu fiquei feliz por ele estar se
preocupando comigo, era algo que ultimamente eu não via muito.


-
Tudo bem, eu sei me cuidar. – eu não tinha a menor idéia do que eu iria fazer
agora, depois de ter descoberto tantas coisas e ao mesmo tempo. Eu não sabia
quem eram essas pessoas que me procuravam, mas se ele estava se dando ao
trabalho de me alertar, eu realmente tinha de tomar cuidado.
  


Continuei
olhando o nascer do sol através das janelas do carro. Foi então que me lembrei
que tinha abandonado o meu carro no meio do nada. Eu não podia deixa-lo lá. Ele
podia ser roubado, ou quem sabe como eu conseguiria encontra-lo de novo.


-
Hum, tem um problema. – eu comuniquei à ele com uma voz de culpa.


-
Que problema? – ele estava ainda atento e curioso ao mesmo tempo.


-
Quando você me viu andando ontem à noite eu estava procurando gasolina para o
meu carro, que ficou no meio da estrada. – eu o observei e ele estava bem calmo
na verdade.


-
Não se preocupe, eu já cuidei disso. – o movimento de carros havia aumentado um
pouco na pista, pois nos aproximávamos do centro da cidade.


-
Como assim...- ele não me deixou terminar e logo acrescentou.


-
Sophie, eu sei praticamente tudo sobre você. Eu sei que você trabalha no
Bloodie´s e que ontem você ficaria de plantão e fecharia o bar. Foi fácil, eu
só tive que tirar a gasolina do seu carro e você teria de sair à procura de
mais. – eu estava totalmente surpresa. Além de me prender em uma cadeira
elétrica e me seqüestrar ele ainda tinha planejado a falta de gasolina? Só
me traumatizar pelo resto da vida não bastava, ele tinha que armar tudo isso.


-
Nossa, vocês não brincam mesmo em serviço. – eu disse sarcástica.


-
Exatamente. – ele assentiu não se sentiu nada incomodado com a minha acidez ao
fazer aquele comentário.


O resto da viagem foi silenciosa e desconfortável. Mas
o cansaço fez com que eu não me importasse. Primeiro eu tinha sido seqüestrada
por uma cara que trabalha em uma espécie de FBI, esse mesmo cara tirou toda a
gasolina do meu carro só para eu ter que andar alguns quilômetros atrás de um
posto de gasolina como uma louca até ele achar que devia agir, depois ele havia
me levado para um fim de mundo e me prendido em uma cadeira elétrica. Mas o
pior tinha vindo depois, quando ele esparramou todas as informações que eu
nunca imaginaria algum dia saber. Era uma história longa e confusa demais para
mim naquele momento então, resolvi só fechar os olhos e repousar a minha cabeça
sobre o banco de couro. 


obs: as coisas podem estar indo meio devagar, mas é só nesse primeiro capítulo :D depois melhora xx



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Autor(a): biteme

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