Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Depois do trabalho, corri para me esconder em meu apartamento. Passei dois anos vivendo
em Boston, e tinha utilizado esse tempo para criar um espaço que era único, e só meu. O
apartamento tinha quatro cômodos, incluindo a cozinha e o enorme banheiro. Meus móveis
eram modernos sem serem desagradáveis, e tinha usado uma cor creme na parede de cada
cômodo. Então, quanto estive de bom humor, comprei almofadas e tapetes escandalosamente
coloridos e espalhei pelos cômodos. Poderia admitir a mim mesma que meu apartamento era
meu santuário longe do mundo. Tinha aprendido, a duras penas, o quão cruel pode ser a vida.
Tirei os sapatos e os deixei junto à porta. Depois de dar uma olhada na correspondência e
atirar a publicidade ao lixo, levei o resto à mesa da cozinha e sentei.
O primeiro envelope era de Nova Iorque, e tinha o endereço de meu ex-noivo Martin no
remetente. Minha relação com Martin tinha sido uma das poucas de minha vida que se
converteu em amizade quando o sexo terminou. Parecia um convite de casamento. E era.
Franzi o cenho enquanto lia os detalhes, e logo o atirei sobre a mesa. Sabia que não podia ir.
Voltar para Nova Iorque, embora fosse para o casamento de um amigo, era completamente
impossível para mim.
O convite de casamento me incomodou, e sabia por que. Era egoísta e terrivelmente cruel,
mas me doía que Martin encontrou alguém com quem compartilhar sua vida. Embora sem
dúvida o merecesse. Martin era o melhor homem que tinha conhecido. Uma parte muito
egoísta de mim esperava que seguisse à espera nos bastidores por mim. Zangada comigo
mesma, esfreguei a cara.
Levantei, fiz um sanduíche e voltei para a mesa. Então abri o resto da correspondência, até que
somente ficou um enorme envelope do museu para o que tinha trabalhado em Nova Iorque.
Temerosa, abri-o e pulverizei o conteúdo sobre a mesa. Não recordava haver inscrito na lista
de correio do museu com o endereço de minha casa, mas devia havê-lo feito. Tinha sido um
engano estúpido. Os brilhantes folhetos publicitários deslizaram um sobre o outro quando
agarrei um comunicado de imprensa com uma foto do Jeff King nele. Tinha sido promovido, e
agora tinha o posto que eu deixei fazia mais de dois anos.
Deus, eu o odiava. Perguntei se chegaria o dia no qual poderia olhar seu rosto e não sentir suas
mãos destroçando as vísceras. Quase podia cheirar sua colônia. Enfurecia que simplesmente
sua fotografia tivesse o poder de invadir e ferir.