Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

— Confia em mim.
— Que tipo de confiança pode me garantir um estranho?
— Confia em que levo criando beleza toda minha vida, e que nunca, em meus trinta e dois
anos, pensei em destruí-la. — Limpou a garganta, sem que seu olhar apartasse jamais do meu.
— Quando era pequeno, meu pai colecionava borboletas. Quando fiz oito anos me deu a
coleção que tinha demorado anos em reunir. Senti devastado ante toda aquela beleza sem
vida. Como pode imaginar meu pai não sabia o que fazer comigo.
— Sim, imagino. — Tomei fôlego quando sorriu com doçura,
— Não posso compreender como pode alguém admirar a beleza, e logo destruí-la em um
intento de mantê-la consigo. Ao final, enterramos aquela coleção de borboletas em um
pequeno funeral no fundo do quintal.
— Eu cresci em um edifício de apartamentos de Nova Iorque. — Traguei saliva, e mantive
meus olhos em seu rosto. Mal podia acreditar que Alfonso não tivesse baixado o olhar nem
sequer por um momento.
Deixei cair a bata, e um calafrio correu por minhas costas enquanto a seda descia por minha
hiper-sensibilizada pele até cair totalmente. Estava exposta, vulnerável. Assustava poder
agradá-lo. Assustava não poder fazê-lo.
Passados dois anos da última vez que estive nua na frente de um homem. Despir-se para
alguém era algo íntimo, muito mais íntimo que eu permitisse em muito tempo. Em alguma
parte do caminho tinha dado a Alfonso a confiança que me pedia.
Exposta e preocupada, vi como retrocedia um par de passos. Permaneci imóvel enquanto o
olhar do Alfonso deixava meu rosto, e vagava lentamente sobre meus seios, e depois mais
abaixo. Inalou bruscamente, conteve o fôlego, e depois o liberou como tivesse se esquecido de
como respirar. Sua reação ajudou a deixar escapar parte da tensão enroscada em meu interior.
Ninguém pode permanecer impassível ante a admiração de alguém.
— Deite-se — Disse amavelmente.
— De lado? — Perguntei baixinho, desejando que minhas entranhas deixassem de tremer.
Assentiu em silêncio, segurou minha mão até que estive de joelhos, e então me liberou.
Encontrei seu olhar e não vi nada exceto aprovação. Deus, aquele homem era incrível, e sua
aprovação significava mais para mim do que tinha esperado. Retrocedeu um par de passos e
deteve para me olhar. Seus olhos se moveram desde meus pés até minhas pernas, depois até
meus seios, e, finalmente, até meu rosto.
— Linda. — Se virou e cruzou a sala para agarrar algo. Voltou até mim com um pedaço de seda
vermelha e a segurava na frente dele, vendo a ela, e a mim. Alfonso se deteve, e então agitou
a cabeça e se afastou de novo. Desta vez trouxe uma pequena almofada, que colocou sob
minha cabeça.