Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Entrei na galeria Holman e tentei ignorar às duas secretárias da área de vendas olhando
descaradamente. Toda a maldita galeria inteirou do trato que acordei com Alfonso Herrera.
Era difícil decidir entre estar chateada ou contente por isso.
Jane estava esperando fora de meu escritório, e o resto da equipe estava rondando perto de
sua mesa. Passei a seu lado, agarrei o café que ofereceu e tentei sorrir enquanto entrava em
meu escritório e fechava a porta com firmeza atrás dela.
Mantendo o falso sorriso em meu rosto, olhei a Jane diretamente aos olhos.
— Se contar a algum desses traidores daí fora o que vou dizer agora, te mato e destroço seu
cadáver no triturador de papel.
Jane levantou a mão fazendo o sinal universal de honra dos escoteiros, símbolo no qual nunca
confiei.
— Prometo não contar nada aos traidores. Entretanto, se não começar a falar logo, vou
morrer.
— Tudo bem. Despi, desenhou-me, e depois eu coloquei a roupa e parti.
Jane franziu o cenho.
— Isso não merecia minha promessa.
— Foi só um acordo comercial. - Sentei na minha mesa, e suspirei enquanto começava a
ruborizar. — Um acordo tão íntimo que, quando terminou o tempo, quão único queria era sair
correndo dali.
— Fez algo estranho?
Levantei o olhar e ri ante sua expressão indignada.
— Por quê? Será que vai bater nele, se fez?
— Possivelmente.
— Não, não fez nada de estranho. — Suspirei. — Apenas sentou no chão e desenhou.
— Oh. — Jane sentou e olhou um momento a área de trabalho, antes de centrar seus olhos em
mim. — Vai voltar hoje?
— Sim.
— Está se comportando assim somente porque está nervosa, ou de verdade gosta de tudo
isto?
— Bem. — Suspirei, detive pensar antes de responder. — Tudo bem, é adulador que um artista
conhecido internacionalmente sinta inspirado por mim.
— Disse que o inspirava?
— Sim.
Deixou escapar um assobio, e negou com a cabeça.
— Uau. E isso não fez com que seu ego explodisse?
— Bem, não pude discutir. — Encolhendo os ombros, deixei cair meu olhar até a mesa em
frente a mim. — É um homem incrível, apesar de estender uma armadilha para me obrigar a
posar para ele.
— Desejo que um artista famoso e insanamente sexy estendesse uma armadilha para que
despisse para ele.
Ri enquanto se levantava.
— Tome cuidado com o que deseja.
— Não aconteceu nada?
— Esse homem tem algo.
— Sim, os homens que são muito bonitos e ricos sempre têm algo.
Ri e agitei a cabeça.
— É arrogante e dominador. Admito que o acho atraente. Teria que estar morta para não fazêlo.
— Agarrei uma caneta e o golpeei brandamente contra o tampo de vidro da minha mesa. —
Eu realmente gostaria de ter uma mesa de madeira maciça.
— Não combinaria com o resto do escritório.
Enruguei o nariz.
— Não me importo.
— O que mais odeio é que não posso tirar os sapatos. Qualquer um que aproximasse da minha
mesa o veria. — Cruzou os braços sobre seu peito, e suspirou. — Não tenho privacidade.
— Acredito que esse é o objetivo do Milton. — Assinalei a área de trabalho. — Olha lá fora,
tudo o que se vê são pernas. Por isso noventa por cento da equipe são mulheres.
— E por isso é que eu uso calças. Ele não vai passar o dia olhando minhas pernas. — Se girou
em seu assento para me olhar de novo. — Não aconteceu nada?
Sua expressão cética me divertia. De repente, desejei ter algo para contar.
— Bem, tive cãibra na perna, e ele fez uma massagem. — Encolhi os ombros. — Foi um
perfeito cavalheiro.
— Isso é péssimo.
— Sim. — Assenti, e depois a olhei. Estava sorrindo. — Eu não disse isso.
— Já não pode retirá-lo, muito tarde.
— São somente negócios.
— Ah, claro, venha. Esteve nua ante esse homem tão atraente, e o único que fez foi te
desenhar. Ao menos poderia dizer que desenhou sobre seu corpo. Ter-me-ia alegrado o dia. —
Jane suspirou, e cruzou os braços sobre seu peito de novo. — Esse homem é, provavelmente, o
ser humano mais sexy desta cidade.
Rindo, neguei com a cabeça, e depois sorvi meu café.
— Tudo foi totalmente decente.
Jane olhou para a área de trabalho, abatida.
— Posso contar a Tetas Falsas que esse homem te amou durante horas?
Olhei um momento para Sarah e sorri de orelha a orelha.
— Tem que deixar de chamá-la assim. Um dia te vai escapar e vai soltar na cara dela.
Jane levantou e caminhou para a porta.
— Como posso viver através de você, se não tem vida?
Fechou a porta a suas costas, me deixando sentada ali, digerindo suas palavras. Embora não
tinha sido sua intenção, sua observação sobre minha carência de vida tinha doído. Brinquei
com uma caneta, golpeei-o contra minha mesa, e considerei o buraco que havia em minha
vida pessoal. Não podia ignorar o fato de que mal tive um par de encontros em um ano. Dois
deles tinham sido encontros às cegas, uns encontros às cegas que tinham terminado tão mal
que mal podia suportar pensar neles.